domingo, 11 de fevereiro de 2024

O livramento


“Livra minha alma da espada, minha predileta da força do cão.” Salm 22:20

É próprio da poesia hebraica, o paralelismo sinonímico; onde, uma ideia é repetida, com palavras diferentes.

Que tipo de espada seria capaz de ameaçar a uma alma? A palavra alma, aparece na Bíblia com significado de espírito, alma, ou mesmo, vida. “Éramos ao todo, no navio, duzentas e setenta e seis almas.” Atos 27:37 Lucas usou nesse texto, almas, significando vidas. Como toda palavra múltipla, ou ambígua, o contexto imediato é que decidirá em qual sentido ela está sendo usada.

Acima, como a espada seria uma ameaça, parece evidente que o autor falava da própria vida. Livra minha vida da espada, da força do cão.

Caso refira-se à alma, estritamente, aí a “espada” pode ser usada como figura, de uma dor à qual a mesma estará exposta, como disse Simeão a Maria, prevendo a dor que ela sentiria ao ver Jesus, “contraditado”, por levar a “liberdade de expressão” às últimas consequências. “Uma espada traspassará também tua própria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2:35

Não significa que a triunidade do ser humano deixe de existir, porque a “alma” pode ser usada como síntese do todo. Seguimos sendo, corpos, almas e espíritos; “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; todo vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” I Tess 5:23

Reitero, o texto pode se referir à alma mesmo, sendo a “espada” uma figura de linguagem, para tipificar a “força do cão”. Como, A Palavra de Deus, a Verdade é figurada como a “Espada do Espírito,” Ef 6;17 todos os ditos, sugestões, perversões do pai da mentira, podem ser arrolados como a espada dele, uma vez que sua força destrutiva reside aí.

Embora, a essência do corpo seja óbvia, alma e espírito têm diferenças tênues, que escapam ao leigo. Os sentidos do corpo são de domínio público; tato, olfato, paladar, visão e audição; os do espírito não são tão meros assim; intuição, comunhão e consciência; os da alma, mente, emoção e vontade.

Por confundir as próprias motivações com a Vontade de Deus, muitos falsos profetas viçam, pensando que suas “boas intenções” são, necessariamente, coisas boas, apenas porque eles querem. “... Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.” Jr 23:16 A visão dos seus corações deriva das suas vontades. Das suas almas, não, do espírito, como num profeta idôneo.

Pelo enganoso engenho das próprias mentes, muitos, privados do necessário temor, medram entregando “em Nome do Senhor”, coisas que O Eterno não ordenou, enquanto, se omitem de entregar o que deveriam. “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23:21 e 22

Como, um, cuja mente enganosa o convenceu a buscar aprovação humana mais que a Divina, se atreveria a denunciar a maldade, invés de acenar com facilidades?

A “força do cão” já o cegou e cooptou; tal “profeta” milita pela causa dele, não, pela verdade. A falta de ousadia para crer e ministrar os eficazes remédios amargos de Deus, o fez fugir rumo às enganosas doçuras do cão, de quem se fez agente; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4:4

Livrar nossas almas da espada é nos manter iluminados o suficiente, para que não confundamos a luz Divina, com as alucinações do Capeta.

Havendo dúvida entre caminhos contraditórios, basta escolher o mais difícil, para não errar; por duas razões: Uma, a carne se opõe a Deus, invés de obedecer; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7 Duas; O Salvador ensinou que o caminho da vida é o mais difícil; “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7:13 e 14

O livramento Divino é uma luz acesa a mostrar-nos o caminho. O que requer que ousemos trilhar por onde nos foi mostrado que é correto. 

Deus trabalha com sementes; o cultivo, delegou a nós. “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

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