segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Identidade


“Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e aqui pereço de fome!” Luc 15:17

O filho pródigo, após desperdiçar seus bens, penando nas malcheirosas consequências, entre porcos alheios, tornou a si e olhou para a casa paterna.

O fato do homem ser constituído de corpo, alma e espírito, tendo cada aspecto, seus apelos próprios, enseja que ele “divida-se”, enfrente conflitos íntimos.

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero não faço, mas o que aborreço faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7:14 a 17

O “eu”, como refém de um inquilino opressor que o leva a fazer o que não deseja.

O mero “discordar” do que faz, mostra um tênue feixe de luz inda com “saudade de Deus”; desejo de justiça impotente, ante as pressões por prazeres, militando no ser, refém do pecado. Uma centelha de consciência com a valoração correta, sob um monturo de anseios malsãos que “pisam no jardim” no afã de saciarem-se.

Embora os afeitos a isso nominem à prática como “curtir a vida”, são as digitais do medo da morte; a certeza que suas “vidas” são curtas, e precisam “aproveitá-las”.

Os que são de Cristo não estão mais sob os ditames desse feitor; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12 tampouco, têm uma perspectiva rasa quando à amplitude da vida, como se, essa se restringisse aos dias possíveis nessa terra. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

Por quê? Porque essa vida, no tocante aos salvos, é dedicada às renúncias, para termos nosso ingresso na vida futura. Aqui nos esperam perseguições, aflições; se essas coisas não tivessem uma vindoura recompensa, seríamos piores que os que vivem alheios ao Salvador, fazendo o que lhes dá na telha.

Sendo indispensável passo para seguirmos a Cristo, o “negue a si mesmo”, não significa que isso nos deixará num vácuo; o “si” antigo é condenado junto com seu feitor, o pecado; um novo, segundo Cristo, é gerado em nós quando da conversão. “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:5

Pra que possa alguém “nascer de novo” de certa forma, carece morrer; eis o sentido da cruz! “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6:3

Para Ele a morte foi literal; de nós requer apenas a mortificação, do antigo “eu” com suas doentias inclinações, na vigência do novo homem, espiritual; segundo Cristo, não, conforme anseios do pecado. “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4:22 a 24

O novo “si” não é mais autônomo e senhor das suas vontades, feitoras da perdição, como era o finado; antes, está submisso a Cristo, O Salvador, que depois de regenerar legou O Bendito Espírito Santo, como Guia para nos conduzir por uma vereda santa. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8:1 e 2

O pródigo fora de si, deu-se aos prazeres ilícitos, desprezando consequências. Quando essas vieram, foram sisudas conselheiras para que ele tornasse a si, olhando de novo, para a casa paterna.

O ideal seria que não precisássemos esses “estímulos” para fazermos as melhores escolhas. Todavia, mesmo neles, quem reconsidera e volta ao Pai, ainda encontrará vestes novas e uma festa, como aquele encontrou.

Devemos aprender e manter vivo, que o novo ser não é mais um libertino que rompeu com o Pai, como o antigo. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, que me amou, e Se entregou por mim.” Gál 2:20

Nossa identidade não está no rótulo da nossa preferência; antes, no que direciona nossa obediência. “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...” Rom 6:16

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