quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Os fariseus e as pedras


“... Simei, assim dizia: Sai, sai, homem de sangue, homem de Belial. O Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão teu filho; eis-te agora na tua desgraça, porque és um homem de sangue.” II Sam 16:7 e 8

Enquanto Davi fugia de seu próprio filho, Absalão que tentava tomar-lhe o reino, Simei um benjamita saudoso do reino de Saul apedrejava e amaldiçoava-o, ao risco da própria vida. Abisai pensou calar sua boca. “... Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.” V 9

Porém, Davi não permitiu; “Eis que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lhe disse. Porventura o Senhor olhará para minha miséria e me pagará com bem a sua maldição deste dia.” V 11 e 12

O rei bem sabia que a permissão da espada no seio da sua família tinha sua participação. Fora a sentença do Senhor mediante Natã o profeta, quando do assassinato de Urias, e o adultério do Rei com Batseba.

Todavia, esses erros não legitimavam as pretensões de Simei, tampouco faziam verdadeiras as acusações desse contra Davi.

Poupara a vida da Saul duas vezes, preferindo fugir a matá-lo, quando esse estivera ao seu alcance. Portanto essa acusação de usurpação sanguinária do reino era falsa.

Quem alberga invejas, mágoas, sempre servir-se-á de algum momento de fragilidade, provação de seu invejado para “crescer” contra ele, como se, o momento ruim de outro fosse sinônimo da validação de suas escolhas. Davi agiu com sabedoria, deixou rolar; no devido tempo, a cabeça do amaldiçoador oportuno, rolou também.

Por ocasião do lançamento de certa música chamada “Evangelho de Fariseus” onde a autora, Aimée Rocha critica o “sistema gospel” atual, a indiferença egoísta dos “cristãos” modernos, ouvi os mais controversos discursos. Uns advertindo contra a hipocrisia; pois, a referida música ganhou notoriedade e mídia, graças a uma promoção do “sistema” que a letra critica.

Os mais exaltados dizem que ela “calou a boca de todos os pastores”, desmascarou-os. Nomes como Caio Fábio, Hermes Fernandes e Lanna Holder, aplaudiram efusivamente a difusão de tantas “verdades”, na referida canção.

Com o devido respeito, mas os três citados me lembraram ao Simei apedrejando Davi. Que o rei tinha sua culpa e seus problemas, A Palavra, não omite. Todavia, a acusação do caroneiro do infortúnio alheio não fazia o menor sentido, tampouco seu comportamento insano e suicida, se justificava.

Que há mercenários, desvio de função nos pregadores do Evangelho atual, de acordo, infelizmente. Mas a generalização coloca no mesmo barco gente que navega em águas diferentes.

Os três citados têm sua bronca contra “O sistema” cada um por suas razões. O que têm em comum, é sua simpatia pelos “cristãos” LGBTs. Hermes chegou a discursar empolgado dizendo que os Fariseus trazem consigo seu “fermento”, do qual nos devemos guardar, que seria a “homofobia, o moralismo...”

Se, farisaísmo é isso, então sou fariseu também. Fariseu originalmente significa “separado”; mas como os que se pretendiam assim, se revelaram hipócritas, nos dias do Salvador, a palavra meio que mudou o sentido, passando a tornar-se sinônimo de hipócrita.

Entretanto, rejeitar práticas que A Palavra de Deus rejeita, está longe de ser hipocrisia; está mais para ortodoxia. Quem disse que o antídoto ao moralismo seja a imoralidade?

Claro que “Davi” está mal outra vez; digo, a igreja professa está eivada de problemas. Mas, não serão os que escolhem se desviar “sacralizando” imoralidades que ajudarão na cura dela. 

Deixemos que apedrejem, pois; na hora da separação entre o joio e o trigo o “Separador” não cometerá injustiças.

Sempre oportuno lembrar certa frase citada pelo Padre Paulo Ricardo: “Queres conhecer a estatura a motivação espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.”

Quem vibra com tropeços da Igreja, admitindo ou não, luta contra ela. Está a serviço de quem? 

Gosto de uma frase de Oswaldo Cruz: “Observando aos erros alheios, o homem prudente corrige aos seus.”

Pois, “Simei” observando às falhas alheias, sente-se justificado nas suas. A Palavra é categórica sobre as consequências de nossas escolhas, aprovações. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14:22

Se o erro dos “Fariseus” atuais é fazerem as coisas ao seu gosto, a despeito do que A Palavra ensina, ordena, que moral têm os que adotam a imoralidade sexual como padrão comportamental, para atirarem pedras? Seremos medidos com a mesma régua que medirmos. Que tal guardar as pedras?

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