domingo, 25 de fevereiro de 2024

Uma pitada de sal


“Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.” Mc 9:50

Estariam os discípulos sem sal? Sal foi usado como uma figura de linguagem, significando sobriedade, probidade, coerência, virtude... Paulo escrevendo aos colossenses aconselhou: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como convém responder a cada um.” Col 4:6

Essa figura é o desdobramento dum preceito entregue no Antigo Testamento. Naqueles dias era imprescindível a adição de sal à carne dos sacrifícios, sob pena de, em um clima quente, a mesma entrar em decomposição, cheirar mal. Então foi ordenado: “Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2:13

Era o elemento a inibir a corrupção das oferendas; assim, integridade, probidade e verdade, são substâncias necessárias no “tempero” que devem ter os renascidos em Cristo, como ensinou Paulo: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

No contexto, encontramos João dizendo: “... Mestre, vimos um que em Teu Nome expulsava demônios, o qual não nos segue; nós lhe proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lhe proibais...” Mc 9:38 e 39

Sal em mim mesmo, é quando eu busco meu aperfeiçoamento nas virtudes de Cristo; se, meu “cristianismo” se resume a avaliar o comportamento alheio, aprovando isso, vetando aquilo, atuo como que, pretendendo ter “sal” nos outros; atento mais aos alheios defeitos, que aos meus; a esses eu poderia corrigir; aqueles, escapam da minha alçada.

Assim, busquem ser virtuosos, mais do que, críticos dos erros alheios, é o sentido do, “tende sal em vós mesmos.” O Senhor que “chama às coisas que ainda não são como se já fossem,” disse: “Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” Mat 5:13

Estritamente, ainda não eram; mas, estavam na escola onde deveriam aprender para serem feitos, então, sal da terra.

Por ocasião do lançamento da música “Evangelho de Fariseus” muitos e alegram apontando seus dedos, aos alvos da música, como se, eles estivessem acima da crítica.

Tendemos a pegar erros alheios como remidores dos nossos, quando, deveríamos tê-los como lupas, para melhor ver nossas falhas, como disse o sanitarista Oswaldo Cruz: “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

A perspicaz capacidade crítica, revela minha culpa, se, incido nas coisas que deploro; “Tu, pois, que ensinas a outro, não ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na Lei, desonras a Deus pela transgressão da Lei?” Rom 2;21 a 23

Não significa que o mal ao nosso redor deixe de ser o que é, apenas porque, eventualmente, também tropeçamos. Ló em Sodoma se afligia pelo que via e ouvia ao seu redor.

O cuidar de si mesmo deve ser prioridade, não, nosso limite. O Salvador expressou: “Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” Mat 7:3 a 5

O fato que devemos ter sal em nós mesmos não nos restringe, ao ponto de não nos “intrometermos” nos erros alheios. É próprio do sal, não existir para si mesmo. Antes para servir em prol dos outros. Assim, o bom porte, a idoneidade de quem professa O Santo Nome, é seu sal; a autoridade derivada daí, permite que, oportunamente, “salgue” ambientes onde a virtude cristã é necessária.

Ao invés do sujo apontar ao mal lavado, como vulgarmente se diz, deve o obediente ter autoridade moral, para corrigir aos que assim não fazem. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10:4 a 6

Os que deixaram a sanidade de Cristo pelas comichões do mundo, confundiram fermento com sal.

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