domingo, 25 de fevereiro de 2024

A nova dieta


“Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração...” Deut 6:6

Como seria possível que, uma ordem recebida fosse albergada no coração? Normalmente, nossos corações acarinham as coisas com as quais se identificam.

Embora tenha grande apelo moral e poético, até; a sentença do salmista: “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11 No prisma prático, isso não se verifica com frequência.

O “combustível” necessário para que façamos esse providencial esconderijo, está atrelado a duas coisas: Discernimento, e amor-próprio. A primeira vítima quando nosso coração se engana, somos nós.

O discernimento capacita-nos a entender o fim dos Mandamentos Divinos; “Ouve, filho meu, e aceita Minhas Palavras e se multiplicarão os anos da tua vida.” Prov 4:10 Invés de limites a castrarem nossos “direitos”, As Divinas Palavras são cercas a nos guardar das ameaças, dos perigos.

Sabendo que algo foi dado para seu próprio bem, pois, apenas carente de amor-próprio, inconsequente, alguém agiria de modo a semear atitudes, cuja ceifa, redundaria em danos; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6:7

Muito além de um capricho Divino, um formalismo para fins estéticos, como se a verdade atinasse mais à aparência que a essência, A Palavra de Deus, atina a vida e morte. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30:19

Assim, a obediência daqueles que a alcançam, mais que um serviço ao Eterno, é uma prova cabal de desejo de vida, sentimento de preservação; embora, O Santo mereça ser amado e honrado, quem O obedece, ama primeiro a si mesmo.

A obediência passa longe das humanas tendências naturais; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Na queda, invés de um upgrade espiritual, como prometeu o traidor, o homem caído foi lançado na escravidão das paixões carnais.

Sabedor disso, O Criador prometeu trocar a “peça” que não funcionava mais, segundo o projeto original, o coração humano; “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36:25 e 26

Cristo chamou a esse “transplante de órgãos” de “nascer de novo.” Condição indispensável pra que possamos ver, ou, entrar no Reino dos Céus. Ver Jo 3;3 e 5

Mesmo nos convertidos que ganharam novo coração, espiritual, em princípio, a obediência não é fácil. Até, após edificados, ainda enfrentam grandes pelejas, dado que o antigo coração se bate, a “revirar no túmulo” desejando voltar à vida. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Notemos que, não são os maus desejos, eventuais, de nossos corações, que sofrerão juízo; antes, aqueles que, tendo palpitado na arena dos desejos ganham depois, o teatro das ações.

Após certa maturidade espiritual, nossos fins deixam de ser infantis, derivados apenas do amor-próprio; então, pelo exercício nas coisas espirituais e as consequências que esse traz, passamos a ter prazer nas coisas que, antes fazíamos apenas pelo temor.

Além do discernimento primário, para entendermos o objetivo das Divinas restrições, o aperfeiçoamento espiritual amplia em nós essa qualidade, pela qual, podemos valorar tudo, segundo o padrão celeste. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

As coisas que, na infância espiritual davam pesado trabalho, na maturidade dão prazer. Esse “paladar adquirido” é prerrogativa de poucos, infelizmente. 

Onde o ímpio busca seus prazeres, o que teme a Deus encontra seus “nãos!” “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1:1

Onde o ímpio nem ousa se aproximar, o homem espiritual vive seu deleite; “... tem seu prazer na Lei do Senhor, na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1:2

Enfim, guardar a Divina Palavra no coração parece uma “barra forçada”, como seria, querer que um lobo comesse grama. Aos que ousam, porém, O Eterno transforma-os em ovelhas; o que, antes fora indigesto, torna-se sua dieta favorita.

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