terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Os profetas doentes


“Qualquer homem da casa de Israel que degolar boi, cordeiro, ou cabra, no arraial, ou quem os degolar fora do arraial, e não os trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecer oferta ao Senhor diante do tabernáculo do Senhor, a esse homem será imputado o sangue; derramou sangue; por isso será extirpado do seu povo;” Lev 17:3 e 4

Instruções contra o egoísmo, no estilo dos “desigrejados”, existiam desde quando a “igreja” ainda era o tabernáculo. Era tolhida a escolha particular, passando por cima das prescrições dadas para o exercício do sacerdócio levítico; portanto, os individualistas da atualidade têm, além dos vetos no Novo Testamento, esses precedentes antigos, tolhendo a separação, onde, Deus anela o culto coletivo.

Em provérbios temos: “Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; se insurge contra toda sabedoria.” Prov 18:1

A pior consequência da individualização das coisas que deveriam ser coletivas, é que o indivíduo acaba afrontando, quem as ordenou. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10:23

Não importa se alguém faz isso ou aquilo, “em Nome do Senhor”. Se o faz de modo avesso ao que foi prescrito pelo Criador, sua fonte é espúria. “... todas as minhas fontes estão em ti.” Sal 87:7

A adoração coletiva, congregacional sempre foi vista com os melhores olhos, como um fator a contribuir para a bênção do Eterno. “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão e desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom; como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” Sal 133:1 a 3

Não significa que devamos nos unir atabalhoadamente, com quaisquer pessoas ou credos, fazendo da união uma coisa sagrada em si. Não sejamos extremados assim. O que Deus preceitua é, antes, unidade que união. “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” Jo 17:21

A unidade prevê sintonia de valores, doutrina, senhorio, crença... embora, cada um possa ter sua individualidade, essa não deve ser exercida no prisma espiritual; apenas, no particular.

“Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus, Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Ef 4:3 a 7

Frustrações acontecem diuturnamente no seio cristão; mas, a solução tencionada pelo Salvador foi a busca do concerto, não, a separação. “... se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” Luc 17:3

Essa tolice onde alguém “descobriu” que, por sermos “Templos do Espírito Santo”, a Igreja somos nós e “não precisamos congregar”, é de uma infantilidade que dá pena. Igreja vem de Eclésia, assembleia.

Já ouvi falar no “exército de um homem só”; agora temos assembleias de um homem só. A Palavra de Deus é categórica: “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Heb 10:25

Sofrer com o concurso dos maus testemunhos e dos escândalos faz parte do “pacote” que recebemos em Cristo. “Porque a vós foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como também padecer por Ele.” Fp 1:29

Quem coloca seus melindres, ressentimentos acima dos deveres em Cristo, pretende, antes, ser servido que servir.

A maturidade espiritual se mostra de outra forma, como ensina Paulo: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Gál 6:1

Sempre os “desigrejados,” saem, porque as igrejas não estão “à altura dos valores deles”, já que são tão brilhantes assim, acima da média, por que não permanecem entre os “doentes” espirituais, ajudando na cura?

Na verdade, o homem ímpio costuma ser um traidor de si mesmo, cego quanto à própria hipocrisia. Se, são mesmo, “Templos do Espírito Santo”, por que, O Espírito que inspirou À Palavra que manda congregar, a eles “fala” o contrário?

O pior dos falsos profetas é o que falseia suas doenças, rotulando-as de saúde.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

O livramento


“Livra minha alma da espada, minha predileta da força do cão.” Salm 22:20

É próprio da poesia hebraica, o paralelismo sinonímico; onde, uma ideia é repetida, com palavras diferentes.

Que tipo de espada seria capaz de ameaçar a uma alma? A palavra alma, aparece na Bíblia com significado de espírito, alma, ou mesmo, vida. “Éramos ao todo, no navio, duzentas e setenta e seis almas.” Atos 27:37 Lucas usou nesse texto, almas, significando vidas. Como toda palavra múltipla, ou ambígua, o contexto imediato é que decidirá em qual sentido ela está sendo usada.

Acima, como a espada seria uma ameaça, parece evidente que o autor falava da própria vida. Livra minha vida da espada, da força do cão.

Caso refira-se à alma, estritamente, aí a “espada” pode ser usada como figura, de uma dor à qual a mesma estará exposta, como disse Simeão a Maria, prevendo a dor que ela sentiria ao ver Jesus, “contraditado”, por levar a “liberdade de expressão” às últimas consequências. “Uma espada traspassará também tua própria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2:35

Não significa que a triunidade do ser humano deixe de existir, porque a “alma” pode ser usada como síntese do todo. Seguimos sendo, corpos, almas e espíritos; “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; todo vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” I Tess 5:23

Reitero, o texto pode se referir à alma mesmo, sendo a “espada” uma figura de linguagem, para tipificar a “força do cão”. Como, A Palavra de Deus, a Verdade é figurada como a “Espada do Espírito,” Ef 6;17 todos os ditos, sugestões, perversões do pai da mentira, podem ser arrolados como a espada dele, uma vez que sua força destrutiva reside aí.

Embora, a essência do corpo seja óbvia, alma e espírito têm diferenças tênues, que escapam ao leigo. Os sentidos do corpo são de domínio público; tato, olfato, paladar, visão e audição; os do espírito não são tão meros assim; intuição, comunhão e consciência; os da alma, mente, emoção e vontade.

Por confundir as próprias motivações com a Vontade de Deus, muitos falsos profetas viçam, pensando que suas “boas intenções” são, necessariamente, coisas boas, apenas porque eles querem. “... Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.” Jr 23:16 A visão dos seus corações deriva das suas vontades. Das suas almas, não, do espírito, como num profeta idôneo.

Pelo enganoso engenho das próprias mentes, muitos, privados do necessário temor, medram entregando “em Nome do Senhor”, coisas que O Eterno não ordenou, enquanto, se omitem de entregar o que deveriam. “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23:21 e 22

Como, um, cuja mente enganosa o convenceu a buscar aprovação humana mais que a Divina, se atreveria a denunciar a maldade, invés de acenar com facilidades?

A “força do cão” já o cegou e cooptou; tal “profeta” milita pela causa dele, não, pela verdade. A falta de ousadia para crer e ministrar os eficazes remédios amargos de Deus, o fez fugir rumo às enganosas doçuras do cão, de quem se fez agente; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4:4

Livrar nossas almas da espada é nos manter iluminados o suficiente, para que não confundamos a luz Divina, com as alucinações do Capeta.

Havendo dúvida entre caminhos contraditórios, basta escolher o mais difícil, para não errar; por duas razões: Uma, a carne se opõe a Deus, invés de obedecer; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7 Duas; O Salvador ensinou que o caminho da vida é o mais difícil; “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7:13 e 14

O livramento Divino é uma luz acesa a mostrar-nos o caminho. O que requer que ousemos trilhar por onde nos foi mostrado que é correto. 

Deus trabalha com sementes; o cultivo, delegou a nós. “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Lutando contra Deus


“Ele disse: Quem és, Senhor? Disse O Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.” Atos 9:5

Recalcitrar: Palavra pouco usada, embora, muito praticada no seu significado; ‘demonstrar resistência para obedecer; não ceder; obstinar-se.’

O Senhor Jesus, ressuscitado, falou isso a Saulo, no caminho de Damasco, aonde ia perseguir à igreja cristã. Poderíamos parafrasear: “É difícil para ti, dares murros em pontas de facas.”

Em seu zelo judaísta, o futuro “apóstolo dos gentios”, pensava estar servindo a Deus, enquanto fazia aquilo. Em dias futuros confessou: “Porque já ouvistes qual foi antigamente minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus, e assolava.” Gál 1:13

O que vivera na sua ignorância espiritual, usou como diagnóstico da situação dos seus concidadãos que não foram iluminados como ele. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça Divina.” Rom 10:2 e 3

A ideia de lutar explicitamente contra Deus deveria ser evitada no nascedouro. “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” Ecl 7:17

A suposta luta colocaria a perder nossas vidas; um pensador antigo chamado Estobeu, cogitava a perda da honra, no mínimo; disse: “Termina com má fama, aquele que intenta duelar contra o mais forte.”

O Próprio Senhor questionou: Quem estaria apto para essa peleja? “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27:4

Estabelecida a insanidade da empresa, resta apenas a ignorância como “patrocinadora” dos que a ela se atrevem.

Como Saulo, hoje, há muitos dando murros em pontas de facas, lutando contra Deus, baseados apenas em suas idiossincrasias, jurando que são “apologetas da fé”.

Há ignorantes para todos os gostos, basta breve olhadela nas redes sociais. Ocorre-me uma frase citada pelo Padre Paulo Ricardo, que me parece cirúrgica na análise desses fatos; diz, mais ou menos, o seguinte: “Queres conhecer a estatura, a saúde, a motivação espiritual de alguém? Observe contra o quê, esse está lutando.”

Os que estão lutando contra Deus, na melhor das hipóteses são ignorantes engajados; estúpidos carentes de modéstia; presunçosos.

Temos os que gravam imensos vídeos combatendo o dízimo como instituição superada, o que não se encontra em parte alguma da Palavra. Jesus disse: “... deveis fazer essas coisas...” Mat 23;23

Os desigrejados que, por frustrados com males sofridos nalguma congregação, partiram para a ideia que não carecemos congregar, uma vez que, cada um é “Templo do Espírito Santo.” Como se, isso significasse que cada um é congregação; ou, a palavra fosse omissa quanto a isso; “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Heb 10:25

Não bastasse isso, surgiram alguns “preteristas” advogando que o Apocalipse se cumpriu cabalmente no ano 70, o que inclui a volta de Jesus. Como esse evento trará a ressurreição dos mortos, a transformação dos vivos que são Dele, com o estabelecimento de um milênio de justiça e paz, nem gastarei latim “provando” que isso não aconteceu, sob pena de soar ridículo.

Todavia, o mais pernicioso dos desvios, nos quais, os ignorantes enganados e engajados, se atrevem a lutar contra Deus, é o advento das tais igrejas “inclusivas.” Para “cristianizar” o comportamento homossexual, surgiram “pastores” gays devidamente “casados”; hiper dimensionam o amor Divino, em prejuízo da Sua justiça. Deus é amor, aceita a todos. Isso é veraz; porém, fazem parecer que seja sinônimo de “aceita a tudo.” O que é uma crassa mentira.

Se o Papa Francisco aprova isso é problema dele; a Igreja deve ser baseada na Palavra de Deus, não em circulares de ímpia origem, e igualmente ímpio, teor.

Enfim, quem se atreve a fazer de sua escolha particular um ministério, em cima do qual se ocupará, full time, para combater aos que pensam diferente, jurando de quatro patas que está a serviço de Deus, mesmo Sua Palavra contrariando isso, está também, recalcitrando contra os aguilhões; lutando contra Deus, malgrado, convencido que o faz a serviço Dele.

Um erro pontual é apenas isso; uma falha que precisa e deve ser combatida, denunciada; mas, esse não traz como efeito colateral, a negação da doutrina, contra a qual o sujeito errou.

O mau uso do dinheiro da igreja, por exemplo, denuncia às motivações mercenárias de quem peca nisso. Não é a negação da doutrina do dízimo. Assim, os demais errados que, invés de ancorarem seus “barcos” no porto seguro da Palavra de Deus, carecem de algum escândalo para provarem suas “verdades.”

Corações à prova


“Como fomos aprovados de Deus para que o Evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.” I Tess 2:4

Duas coisas indispensáveis para ministros da Palavra. Uma: A aprovação inicial deve ser de Deus; os frutos evidentes do futuro ministro serão uma demonstração inequívoca do que, O Eterno já fez na vida dele; caberá ao líder local, discernir e confirmar a escolha Divina, diante dos homens.

Outra: A função do novo ministro, embora tendo passado por confirmação diante da igreja, deve ter como escopo agradar a Deus, não aos homens, que, são volúveis; mudam ao sabor das circunstâncias. Em Deus, “... não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1;17

Aconselhando Timóteo, Paulo deixou claro qual deveria ser seu foco; “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim 2:15

Claro que, viver de forma proba diante dos homes é essencial; como seria o guia espiritual, aquele cujo viver mostrasse uma existência sem disciplina, testemunho pífio? Além da Divina aprovação, pois, “Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e laço do diabo.” I Tim 3:7

O conflito entre agradar a Deus ou, aos homens sempre se estabelecerá, quando, interesses ímpios forem postos antes dos preceitos Divinos. Bem no início da história da Igreja, já havia quem se incomodava com a mensagem e sinais operados pelos apóstolos; o Sinédrio.

Qualquer coisa que colocasse O Senhor em evidência, também evidenciaria a crassa injustiça que patrocinaram. Então, não ficava bem que os apóstolos pregassem e operassem milagres em Nome de Jesus.

Como o “argumento” de quem não tem argumentos, geralmente é a força, coação, aqueles, assim tentaram fazer; os apóstolos questionaram: “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4:19 e 20

Sempre que “modernismos” teológicos, rituais, assomam no seio da igreja, certamente em algum momento uma liderança inverteu os papéis; colocou a vontade humana na frente da Divina. Sai um “iluminado” e cria o culto disso, daquilo; a coisa “dá certo” e pronto; lá vai o obreiro “Mário vai com os outros” e ensina a mesma porcaria, patrocina a mesma comichão carnal, onde deveria preponderar a mensagem da cruz.

Para esses, cuja visão, é horizontal onde deveria ser vertical, aquilo que aglomera, diverte, entretém às pessoas, é o que “dá certo.” Para Deus, certo é que Sua Palavra seja comunicada com retidão, por quem vive segundo ela; pois, O Espírito Santo não rega flores de plástico.

Afinal, o Evangelho nunca foi entretenimento, clubinho humano para espairecer o estresse, ou similar. A mensagem que agrada a Deus, não agrada ao homem ímpio, uma vez que, o confronta, expõe seus caminhos deletérios como descaminhos rumo à perdição. O desafia ao arrependimento para salvação; aprendizado do Divino querer para edificação segundo a “Mente de Cristo”; e mudança de proceder, novidade de vida, para comunhão com O Redentor.

Paulo ensina: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6:4

A queda humana se deu, justo, por ter o primeiro casal capitulado à sugestão de autonomia, de independência, decidindo e valorando as coisas como bem lhes parecesse. Assim, toda atitude, ensino, doutrina que ponha a vontade humana igual à do Altíssimo, ou acima, procede da mesma fonte aquela, do Éden.

O homem prudente regenerado, não desejará beber de mananciais rotos, fontes alternativas como tantas vezes aconteceu, para perda dos que assim fizeram: “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, manancial de águas vivas e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2:12 e 13

Sendo que Deus prova os corações, como vimos no início, eventuais encenações, invés de “quebrarem o galho”, quebram a comunhão com Ele, revelando nossa hipocrisia, numa busca pelos aplausos da Terra, quando deveríamos anelar a aprovação do Céu.

Cada vez que uma “facilidade” se exibe, contrapondo-se à verdade, nosso coração estará na “sala de testes”. Nossas escolhas aí, revelarão para nós, o que Deus já sabe ao nosso respeito. 

O Eterno não nos prova para saber quem somos; Ele já sabe. Permite que tropecemos em nossas misérias, para que as identifiquemos e busquemos a cura para elas.

Nem sempre o que é medicinal é agradável; mas, apenas isso remove das nossas almas, o que é doentio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O temor


“...porei Meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de Mim.” Jr 32:40

Promessa a Israel; é deles que o Senhor está falando mediante Jeremias. Porém, a “Nova Aliança”, que começou pelos judeus, se tornou tão abrangente quanto a promessa a Abraão. “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gen 12:3

Deus prometeu abençoar às famílias, não, indivíduos; de modo que, cada um possa ir para um lado, arbitraria e insensatamente, como fez o filho pródigo, alheio às demandas e necessidades de outrem, e ser abençoado. Não é esse o projeto Divino.

Embora não sejamos do “povo eleito”, também formamos famílias, às quais, a promessa foi dirigida. Logo, é lícito tomarmos o texto que aponta para a Nova Aliança, e aplicá-lo também para com os gentios, que abraçam a fé no Salvador.

Interpretando o Pentecostes, Pedro descortinou a amplitude daquilo: “Porque a promessa diz respeito a vós, vossos filhos, todos os que estão longe, e, tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” Atos 2:39

Não há uma fronteira cultural, étnica, nacional, nada; incluía a todos quantos, Deus chamasse. Ao se despedir dos apóstolos e discípulos, O Senhor ordenou que o chamado à conversão fosse bem abrangente, inclusivo. “... Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas, quem não crer será condenado.” Mc 16:15 e 16

Não significa que as pessoas serão condenadas apenas por não crer; já estávamos todos condenados; descrer no Salvador fecha-nos a Única Porta que nos poderia conduzir à salvação; “quem não crer será condenado”, é apenas uma antítese verbal, em oposição aos que serão salvos por crer, e obedecer. Quem for incrédulo, seguirá como está, até colher os frutos de sua “fé”.

Salomão tipificou os dois tipos de reações possíveis à Palavra de Deus: “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1:32 e 33

Dada a imprestabilidade para habitat espiritual do ser humano após a queda, O Eterno figurou a conversão como sendo um transplante de órgãos; “Dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o Meu Espírito, farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis os Meus juízos, os observeis.” Ez 36:26 e 27

O Salvador chamou de “nascer de novo”, condição indispensável para poder ver e entrar no Reino.
“... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:3 e 5

Voltando a Jeremias, vemos um “acessório” que O Eterno usa, o temor; embora, pareça ser um agravante que afasta, a rigor, aproxima; ao menos, esse é a ideia. “... porei Meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de Mim.”

Quando o povo começou a cultuar de modo relapso, oferecendo sacrifícios defeituosos, O Senhor inquiriu-os: “O filho honra o pai, e o servo, seu senhor; se Eu sou Pai, onde está Minha honra? Se Eu Sou Senhor, onde está Meu temor...” Mal 1:6

A sadia mensagem do Evangelho é um desafio a andarmos com o devido temor, não um convite à prosperidade, tampouco, a anexação de uma “força”, o Divino auxílio, para que os planos humanos deem certo, como acreditam alguns, e tantos ensinam. 

É lícito que façamos planos e oremos pela realização; contudo, há algo que devemos saber: “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor a resposta da língua.” Prov 16:1

Diz mais: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10:23

As mensagens de João Batista, Pedro, Paulo começavam com um soturno “arrependei-vos!” Nem citei as falas de Cristo, pois Ele requereu algo mais que mero arrependimento, que seria o primeiro passo; se alguém desejar seguir caminhando com Ele, carece fazer isso “para Ele”;

anulando o ego usurpador, mediante a renúncia de seus apelos, em prol do Senhorio de Cristo. “Chamando a Si a multidão, com Seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após Mim, negue a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me.” Mc 8:34

Enfim, temor do Senhor não é um medo que me distancia; antes um zelo santo que me faz íntimo do Pai. “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher.” Sal 25:12

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Sê sábio, filho meu!


“O sábio de coração aceita os mandamentos, mas o insensato de lábios ficará transtornado.” Prov 10:8

“O sábio...”
Salomão foi feito o mais sábio de todos os homens; foi ele quem escreveu: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1:7 Antes da sabedoria ser um contingente, pois, é um princípio, que nos permite contato com Sua Fonte.

Um sábio, não deve prezar circunstâncias, tampouco, o aplauso humano. Deve buscar aprender de Deus; seu patrimônio é oculto, como a energia elétrica, que, se faz visível pela luz que irradia. Sua busca será mais, pelo sentido, o ser das coisas, que, por reconhecimento, posses, seu tesouro reside além da matéria.

Vejamos o incidente de um sábio esquecido, ignorado por todos, que, numa situação de emergência fez valer seus predicados; “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra ela um grande rei, cercou-a e levantou contra ela grandes baluartes; encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; mas, ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria que a força...” Ecl 9:14-16

Se, possuía algo melhor que a força, capaz de livrar uma cidade, o “pobre homem” não era tão pobre; apenas sua riqueza não saltava aos olhos.

“O sábio de coração...” A “sabedoria” do que usa seus meios para arrombar alheias defesas, seja, manipulando, trapaceando, mentindo, até pode vir dum “sábio de coração”; porém, com um coração ainda atrelado às coisas do inimigo. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso...” Jr 17:9

Esse “saber”, pelos frutos que produz, não passa de astúcia, esperteza natural, velhacaria. Tiago adjetivou à sabedoria que não purga os vícios de nossas almas, de modo nada elogioso; “Se tendes amarga inveja, sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 3:14 e 15

Paulo também separou a Sabedoria, dessas espertezas ímpias, rasteiras. “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2:7,8

O sábio de coração é um que recebeu novo coração, de Deus, na conversão. “... dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo...” Ez 36:26

“... aceita os mandamentos...”
um aspecto mui relevante da sabedoria é conhecer os próprios lapsos, a própria ignorância. “Tudo o que sei é que, nada sei”; dizia Sócrates, o mais sábio de Atenas.

Antes que, presunção buscando aplausos, o sábio em princípio, busca preencher suas lacunas mediante mais conhecimento. Invés de refratário ao aprendizado, se faz dócil, deseja-o; “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em entendimento.” Prov 9:9 “Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento... Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos.” Prov 2:6 e 7 Assim, a necessidade dum coração transformado.

Ele aceita os mandamentos porque, consegue vê-los como são; cercas de proteção, não a castração dos direitos, como pensa o ímpio, avesso à obediência.

Certa vez O Eterno lamentou a desobediência de Israel, acenando com as consequências que a obediência teria trazido: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus Mandamentos, então seria tua paz como o rio, tua justiça como as ondas do mar!” Is 48:18

“... mas o de insensatos lábios...”
Se, a sabedoria é peixe de águas profundas, do coração, só identificável quando as demandas requerem-na, a insensatez é gratuita, superficial, paroleira; saltita nos lábios.

Acaso os que rejeitam aos apelos de Sophia, o fazem depois de uma profunda reflexão, pesando com honestidade seus argumentos? Não. Presto se “defendem” com o que trazem nos lábios; incredulidade, escárnio, zombarias...

Enquanto a sabedoria nos convida a confiarmos em Deus, a presunção carnal arroga para si o direito de versar, mesmo sobre o que não entende. Se dissermos que isso atrai maldição, logo zombará, todavia, é fato; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço; aparta seu coração do Senhor!” Jr 17:5

“... ficará transtornado.”
As palavras fúteis que o insensato lança ao vento, costumam se voltar contra ele. “Porque semearam vento, segarão tormenta...” Os 8:7

Quem, invés de se aliar com O Senhor, Dele buscar sabedoria, prefere buscar às fontes espúrias, faz aliança com a morte, acordo com o inferno; no juízo se verá a inutilidade disso; “Vossa aliança com a morte se anulará; vosso acordo com o inferno não subsistirá; quando o dilúvio do açoite passar, então sereis por ele pisados.” Is 28:18

O Juízo


“Bem-aventurados os que guardam o juízo, o que pratica justiça em todos os tempos.” Sal 106:3

Contrário aos que defendem a ideia da eleição incondicional, Deus “elege” quem opta por obedecê-lo. “muitos são chamados, poucos, escolhidos;” A esses predestinou. Predestinar é preparar de antemão um destino; para onde irão os que fizerem determinada escolha; não significa escolher antecipadamente, nos fazer títeres.

Embora, ninguém será salvo pelas obras, todas as escolhas trarão a devida colheita, como ensina Paulo: “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6:7 e 8

A diferença entre um e outro, o que semeia na carne e o que o faz, no espírito, é que a um restará a corrupção, a outro a vida eterna; mesmo as escolhas atinentes à salvação, também são nossas, e terão consequências.

A Graça fez o que não poderíamos, nem merecemos; agora somos convidados a aderir a ela. “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11:28 e 29

“Bem aventurados os que guardam o juízo...”
claramente uma ventura prometida aos que fazem certa escolha. Mas, o juízo não será um tribunal universal que julgará todas as coisas no fim? Também. A cada escolha que fazemos em nosso cotidiano, exercemos um juízo, quer aprovando algo, quer, rejeitando-o. Devemos cotejá-las com os ensinos da Palavra de Deus, para que tenhamos a “Mente de Cristo”.

Quem pauta as ações diárias, segundo os valores do Eterno, esse guarda o juízo; se alguém pensa que a Doutrina de Cristo é apenas um ensino, um manual de conselhos práticos para que vivamos melhor, não a conhece deveras. Além de um convite a passarmos da morte pra vida, por ela o juízo será aplicado.

Como um tribunal humano julga a partir de seus códigos, A Palavra do Senhor será o parâmetro pelo qual seremos julgados. “Quem me rejeitar, não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12:48

“... o que pratica a justiça...”
somos justificados pela fé; mas a fé traz anexas responsabilidades de agirmos conforme cremos. “Porque, assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras é morta.” Tg 2:26

Minhas boas obras não me salvam; mas, são necessárias como testemunho de que a salvação me alcançou. Se creio em Cristo, doravante convém que eu atue como Ele ensinou; essa atuação testificará da fé, através da qual, O Sangue de Cristo me salvou.

Praticar a justiça no escopo espiritual, em muito excede às demandas humanas, que se contentam com aparências, verossimilhanças.

Quem, após crer, teve vivificada a consciência, nela e por ela, a justiça de Deus atua; seja, acusando suas faltas, seja, aprovando suas escolhas. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1:19

“... pratica a justiça em todos os tempos.”
Estamos acostumados, infelizmente, em nosso país, com o “duplo padrão”. A grande maioria da imprensa, que deveria fazer jornalismo faz militância, vive obscena venalidade, por cumplicidade com crimes governamentais. Esse zelo seletivo, que se for dos “nossos” não erra; e dos “deles” não acerta nunca, tão comum em nosso nebuloso horizonte, não combina com o paladar de quem foi chamado a ser justo em Cristo.

A justiça nem sempre estará ao meu favor. Eventualmente precisará me privar de algo para se estabelecer. Quão fácil é organizar passeatas, sair a turba pelas ruas aos berros demandando justiça, quando sua causa os faz parecer “injustiçados.”

Num homem justo, que mede seus direitos com a régua dos seus deveres, a justiça cobra-o, quanto à palavra que empenha, obedecer ao que deve; eventualmente também pleiteia contra alguma omissão.

Pois, a justiça não é um aguilhão treinado para cutucar as ancas desafetas segundo rasos interesses; antes, uma lei moral interna, como disse Kant, que “força-o” a ser decente, mesmo, quando a decência não lhe traz nenhuma vantagem, exceto, o silêncio da consciência.

Aquilo que aprovamos contra nossos opositores, será a “jurisprudência” pela qual seremos julgados, pois. 

Mas, não seríamos julgados segundo A Palavra de Cristo? Sim. Foi Ele que disse: “Como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei, também.” Luc 6:31

A Palavra Dele ensina que as nossas sentenças pesarão no dia do juízo; “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37