sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Os amorreus


“... os filhos de Israel perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus...” Jz 1;1 “Naqueles dias... cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” Jz 17;6

Duas situações distintas. Na primeira, logo após a morte de Josué, ainda havia resquícios da direção do Senhor. Antes de uma empresa militar, oraram ao Eterno pedindo Sua direção. Quem subirá?

Na segunda, quando a apostasia estava disseminada, a ideia de se consultar a Deus perdera força; cada um fazia o que lhe dava na telha. Viveram a sugestão do maligno, “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal.” Acabaram escravos dos amorreus, amalequitas, midianitas... Eis a consequência “libertária” da desobediência! Escravidão.

Quantos ditadores corruptos, ao longo da história, a pretexto de libertar um povo, construíram impérios, ditaduras opressoras, com pesos muito mais graves que os que prometeram aliviar?

Na igreja muitos “libertadores", também viçam. Pedro denunciou aos que agiam, “Prometendo liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção...” II Ped 2;19

A liberdade em Cristo livra cada um, da tirania do ego, esse régulo falido que, eventualmente, pode fazer bravuras enfrentando à força; mas, capitula servil, à sedução dos prazeres.

Liberdade é mais ir e vir, expressar-se como aprouver; requer a força de agir como convém, mesmo quando “ameaçado” pelo prazer. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

As consequências de anexar povos ímpios e suas crendices invés de os eliminar, como fora ordenado, se faziam sentir. “... Nunca invalidarei Minha Aliança convosco... não fareis acordo com os moradores desta terra, antes, derrubareis seus altares; mas, não obedecestes Minha Voz. Por que fizestes isso? Assim também Eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes, estarão como espinhos nas vossas ilhargas; seus deuses vos serão por laço.” Jz 2;1 a 3

Aquilo que O Santo rejeita, e recusamos a banir com a ajuda Dele, se nos torna, juízo; Deus usa essas coisas para nos disciplinar.

O período dos juízes, quando cada um agia como bem entendia, foi, certamente, um dos mais nebulosos de Israel. O desejo do povo de amalgamar-se com a cultura e impiedade circunstantes, o afastava da comunhão com Deus, e, não raro, acabava em escravidão.

Livramentos pontuais vieram mediante Eúde, Jefté, Otoniel, Débora, Gideão; invés da punição trazer anexa uma lição que, aprendida, afastaria seus dormentes praticantes da apostasia, a coisa tornara-se cíclica; de tempo em tempo o povo voltava ao mesmo lugar; escravidão.

O Eterno reiterava seus avisos; “... Eu sou o Senhor vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; mas não destes ouvidos à Minha voz.” Jz 6;10

Nos dias de Moisés e Josué, em linhas gerais certo grau de obediência existia; ante eventuais desvios, através do líder espiritual e civil, Deus recolocava as coisas no lugar. Todavia, depois, quando cada um fazia o que bem entendia, inevitavelmente entendiam mal, o caminho que deveriam tomar para agradar ao Eterno.

A turma do, “só dê palpites em minha vida se pagares minhas contas,” “se conselhos fossem bons se venderia, invés de dar”, etc. são os que abominam à ideia de que Deus através de um filho Seu lhes possa falar. Preferem a deriva irresponsável das próprias escolhas errôneas, a um conselho que ilumine segundo Deus. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Os que, tendo conhecido Deus pelas Sua Obras, preferiram adorar às criaturas, negando seu potencial intelectual e espiritual, foram “feridos” justo nisso; onde a luz foi rejeitada, a noção envileceu, a loucura acampou. “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

As consequências comportamentais, ensejaram, também, a perversão sexual; “Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Rom 1;26 e 27

Infelizmente, majoritariamente falando, voltamos aos dias ruins, onde cada um faz o que quer, rejeitando aos mensageiros de Deus.

Ora, os vícios que labutam em nossa carne são os “amorreus” que devemos banir de um todo, se queremos fruir, deveras, da “terra prometida” da Salvação, facultada por Jesus Cristo.
Não carecemos líderes da envergadura de Moisés, ou Josué; cada um pode consultar à Vontade de Deus, expressa em Sua Palavra.

Quem preferir endeusar suas preferências que o faça, sabendo disso: “O erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, quem Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

A luz que temos


“Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se sua obra é pura e reta.” Prov 20;11

Muito se discutiu, se, nossas almas têm sua “forja” estritamente empírica, a partir das experiências, dos aprendizados da vida, ou, se trazemos valores inatos, “saberes” não aprendidos que nos inclinam nessa, ou naquela direção.

Para os empiristas, a experiência precede e fomenta o agir; para os racionalistas, podemos ter noções de valores sem os termos aprendido, estritamente; mediante reflexão podemos atingir o ser, das coisas; aquilatar certo e errado, derivando isso de impressões “gravadas” previamente, em nossas almas.

Na Palavra de Deus encontramos pistas de ambas as correntes, de modo que, Sophia deve ter relações com as duas; digo, tanto as experiências, o aprendizado, são importantes para nossa formação, quanto, trazemos noções de valores, inatas.

Do ensino, temos: “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6 às crianças espirituais: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Por Jeremias, Deus ensinou que, a prática reiterada de algo, entranha na alma do seu praticante, como se fosse parte de seu ser; diz: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há inúmeros textos que reiteram a importância do ensino; é desnecessário investigar o óbvio. (porém, o ensino de per si é amoral, quando não, imoral; não basta só; pois, como vimos acima, os ensinados a fazer o mal, será isso que aprenderão)

Paulo escrevendo aos romanos mencionou uns que, não tendo aprendido sobre A Lei de Deus, “naturalmente” a cumpriam; como se, tivessem em seus DNAs, informações não ensinadas, sobre valores que O Eterno preza.

Disse: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;” Rom 2;14 

Ser lei para si mesmo, é uma forma de responsabilizar alguém a agir segundo seus valores; não, abonar mediante atos, o que reprova moralmente; “... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22 O que não transgrede à “própria” lei.

Isso está longe do dito do canhoto, “sereis como Deus”; é encontrar íntimos limites, aos quais não convém exceder. Como disse Samuel Bolton, “Se tua consciência não for um freio, será um chicote.”

Acaso precisa, o ser humano, de um mandamento escrito pelo “Dedo de Deus” para saber que coisas como, roubar, matar, mentir, adulterar... são erradas? Não temos em nossas consciências, posto que, embotadas pelo pecado, algo pendular que se move da rejeição para a aprovação?

Isso é um testemunho residual, da origem Divina do “programa”; pois, não fomos criados para o pecado. Por isso, a centelha original que restou no homem tenta vetar o que não lhe convém, fazendo com a alma o que os anticorpos fazem com o organismo.

Por ter uma função apenas cognitiva, não volitiva, a consciência é impotente para guiar na direção correta; apenas informa o homem como uma placa de trânsito faz; dirigir conforme, é escolha de cada um.

Na verdade, a mera valoração das possíveis escolhas só logra desconfortar ao escravo da carne, que, inevitavelmente escolherá segundo essa; e “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Paulo explicou o dilema de ter luz sem forças; “Porque o que faço não o aprovo; pois, o que quero não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17 Por isso a necessidade da cruz.

O novo nascimento em Cristo Jesus, vivifica nossas consciências; o que antes era tênue, torna-se límpido, categórico.

O Espírito Santo dado aos renascidos, possibilita agir conforme a luz que recebemos; “Veio para o que era Seu, os seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Os vencedores


“Quem vencer, herdará todas as coisas; Eu serei seu Deus e ele será Meu filho.” Apoc 21;7

Propaga-se um conceito muito superficial do que seria vitória. Do jeito que é ensinado, ouvindo os testemunhos de gente que fez esse ou aquele ritual, e obteve “vitória”, somos forçados a acreditar que esses, ainda seguem sendo perdedores. Se, pretendem ter nascido de novo, por que, sua velha maneira de viver parece ainda resiliente? A conversão costuma mudar isso. “Assim se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Perdem, esses “vencedores”, a excelsa possibilidade de estabelecer um relacionamento com O Senhor, mediante Cristo, para fazer mero “negócio”; seu triunfo testemunhado, não raro, é a obtenção de algo decidido egoisticamente, que O Eterno deve conceder. O objetivo da cruz é maior que essas avidezes materiais, no varejo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados e pôs em nós A Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Estávamos em inimizade com Deus; pela Cruz de Cristo, a separação é desfeita em favor daqueles que se arrependem e andam em obediência ao Salvador. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

As verdadeiras vitórias têm a ver com o que “perdemos”, mais do que, com o que ganhamos nos domínios espirituais. Quanto mais deixamos o modo mundano de viver, no qual estávamos acostumados, mediante a mentalidade e as atitudes transformadas e nos aproximamos para conhecer à Vontade Divina, que nem sempre nos será aprazível, embora, Deus faça com que, tudo contribua para nosso bem; mesmo as coisas que nos decepcionam.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2 

Para experimentarmos a essa carecemos deixar a nossa antiga maneira de ser e agir.

Um aspecto que devemos assimilar, os que são de Cristo, pois, é que, vencer deixou de ser, ganhar um troféu para expor no teatro das aparências, na sala de troféus da carne; agora, carecemos manter uma postura inabalável, mesmo ante fatos desencorajadores, pois, não é mais o que vemos que patrocina nossas escolhas; “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7 “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Notemos que os vencedores não têm, necessariamente, medalhas, troféus, nada; apenas permanecem na fé.

Diferente da abordagem vulgar, a fé sadia não é um poder para fazer acontecer o que desejamos; antes, uma confiança inabalável em Deus, de modo tal, que, mesmo que tudo ocorra diverso do que queremos, seguiremos crendo, por causa da Integridade de Quem prometeu; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

O “tudo é possível ao que crê” não significa que esse poderá mudar o que quiser; antes, que tudo o que vier, lhe será possível suportar, sabendo que Deus está com ele. “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Cada tentação resistida é uma vitória pontual em nossa caminhada; todavia, só quem chegar do outro lado, fiel ao Senhor, a despeito do que tiver enfrentado, será considerado um vencedor. Foi em face ao martírio, a perda da vida terrena sem negar ao Senhor, que Paulo falou como vencedor; “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

Acaso um homem natural consideraria vitória, ser morto agarrado numa crença? Vencer no âmbito espiritual, tem suas peculiaridades.

“O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, nem pode entende-las; porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Portanto, quando algum pregador da moda ensinar essa ou aquela mandinga, com fito de “obter vitória”, possivelmente estamos diante de alguém que ainda não sabe, o que pretende ensinar.

A Vitória de Cristo, sobre Satanás, a carne, o mundo e a morte, está ao alcance dos que desejarem salvação. Porém, quem anelar facilidades numa guerra milenar como a que estamos envolvidos, confundiu joias valiosíssimas com bijuterias.

Carece urgentemente lograr triunfos sobre as trevas, para parar de andar no escuro. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Dízimo


“É você olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota que é humano, ridículo, limitado e só usa dez por cento de sua cabeça animal.” Trecho da música “Ouro de tolo” cantada por Raul Seixas nos anos setenta.

Que usamos só o “dízimo” do nosso potencial intelectual é uma imposição arbitrária do autor; não há como saber isso desde nosso mirante “ridículo, limitado.”

Todavia, que podemos bem mais, usamos uma pequena parte do potencial dado ao ser humano, isso qualquer um, com um mísero facho de luz, poderá ver.

Eu que milito nas coisas do espírito, e derivo a imensa maioria dos meus escritos da Palavra de Deus, tenho o dever de saber, e sei, que a salvação não tem nada a ver com a capacidade intelectual; antes, com a submissão a Cristo; vem por uma escolha moral, que mesmo um analfabeto pode fazer, não carece de muita inteligência. Está ancorada na cruz, não, na filosofia.

Por isso, esse ensaio não tem a ver com esse prisma, mas, com a acomodação de quem pode mais, e se recusa a desenvolver seu potencial.

Pascal disse: “Um pouco de ciência afasta o homem de Deus; um muito, o aproxima.” Assim, até nos domínios da ciência a fé tem algo a dizer. Aliás, a “palavra da ciência” é um dom espiritual.

Então, o festival de platitudes que estimulam nossa preguiça, ao desfilar por aí, é um testemunho da preguiça alheia, que se amolda ao lugar comum, invés de encontrar um nicho mais ousado para desenvolver as próprias ideias.

O que é uma platitude? A característica de uniformidade, banalidade, inexpressão, superficialidade, dito corriqueiro, sem importância, monótono. “Mais do mesmo” diria o vulgo.

Pegar uma frase dessas e partilhar, além de não transportar nada de criativo que edifique, faça pensar, é um testemunho da preguiça mental, a anexar um cérebro anestesiado, aos outros tantos, na vala comum da negligência com a própria alma.

Sócrates, o filósofo, depreciava à ação dos retóricos vãos, os sofistas, pois, a arte deles produzia crença sem ciência; adesão sem entendimento.

Deus nunca desejou isso aos Seus; se “baixou a régua” ao rés do chão, intelectualmente falando, para que todos pudessem entrar; isso deriva do Seu Amor que não quer que ninguém se perca. Todavia, espera que nos esforcemos para entender Sua revelação. “Então, conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” Os 6;3

A Sabedoria Divina está expressa por todo lado. “Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra; não há linguagem nem fala; mas, onde não se ouve sua voz?” Sal 19;2 e 3

A pós-verdade na qual vivemos, trouxe consigo e advento das narrativas (nome palatável das mentiras) como superiores aos fatos. Os melhores “narradores” levam vantagem, nesse insano castelo de cartas, cujo equilíbrio é forjado pela comunhão de interesses escusos. De um lado os que “recriam” as coisas ao seu querer; de outro, a imprensa prostituta que abdicou há muito seu poder de polir vidraças enquanto se aperfeiçoou em fazer cortinas de fumaça.

A cumplicidade do preguiçoso mental traz sua bovina aceitação do que é servido, (com todo respeito aos bovinos que ruminam o que engolem) sem colocar-se a refletir um pouco, para não ser enganado. A estupidez dessa geração anestesiada mental faz a opulência de políticos safados e dos falsos profetas; os tais, pisoteiam à verdade no afã pelos interesses, e na maioria dos casos, ainda posam de benfeitores.

Uma dessas platitudes que se propaga no meio evangélico diz: “Deus não escolhe aos capacitados; capacita os escolhidos”; reverberam os preguiçosos mentais, que ignoram como Deus capacita aos tais. 

O que dizem é verdade, mas, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar”, ensinava Spurgeon. Assim, dizer isso, para fugir do chamado ao estudo, à preparação para bem servir, é tentar colocar o pneu no lugar do volante.

A Palavra ensina que O Eterno forjou diversos tipos de mestres, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério; para edificação do Corpo de Cristo.” Ef 4;12

Os que descansam no fato de que O Criador usou a uma mula para falar com Balaão, esquecem duas coisas: antes disso, falara três vezes com o profeta, sendo ignorado; e, se quiser usar uma assim outra vez, usará a de quatro patas, não uma que nasceu com potencial humano e resignou-se à sina muar, pela preguiça de aprender.

Outrora, o gládio intelectual era em alto nível; arminianismo versus calvinismo; agnosticismo e revelação; salvação pelas obras ou, pela fé; etc. hoje, se perde tempo a discutir bizarrices de subsolo moral, coisas que, causariam perplexidade aos santos de antanho.

Temo que, os presumidos dez por cento de cérebro vigente, seja um exagero.

A oposição

 

“... lhes desagradou extremamente que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.” Ne 2;10

Neemias voltara, com permissão do Rei para reedificar a cidade e os muros. Ante isso, certos figurões que, por certo, lucravam com a desgraça alheia, torceram o nariz. Sambalate e Tobias.

Quando, da destruição da cidade, houve “vizinhos” que ajudaram aos babilônios. Indo os judeus cativos, seguiram seu viver, tranquilos em face ao “novo normal”.

Por Zacarias, O Eterno expressou Seu apreço àquela postura; “Com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque Eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal.” Zac 1;15 Era juízo Divino, a permissão da vitória dos caldeus; mas, a intromissão da inveja e emulação, humanas, era apenas isso; Deus não pactuava com aquilo.

Para por a perder estavam presentes, depois, “descansados”. “...Nós já percorremos a terra; toda terra está tranquila e quieta.” Zac 1;11 A resposta ao Senhor, dos Seus emissários, após verificar a situação.

Setenta anos após aquela derrota, se descontentaram em saber que Neemias viera restaurar às ruínas. Sua oposição não foi apenas filosófica, discordando no campo das ideias. Usaram de todos os meios: Falsos profetas a desencorajar o povo; denúncias igualmente falsas ao rei persa, e como último “argumento” a força.

“Sucedeu que, ouvindo Sambalate e Tobias, os árabes, amonitas e asdoditas, que, tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo; ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém e os desviarem do seu intento.” Ne 4;7 e 8

Nuances da inveja. Se o desafeto está “comendo do ruim”, vida que segue, sem problemas; porém, se começa se reerguer, reerguem-se as forças daquela, tentando coibir.

Neemias e seus homens sabiam onde buscar socorro. “Porém, nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda, de dia e de noite, por causa deles.” V 9

O fato de “entregarmos” nossas lutas ao Senhor, não significa que podemos cruzar os braços; antes, enquanto esperamos Dele o livramento, e eventuais comandos, devemos fazer nossa parte. “Sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus servos trabalhava na obra, metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; os líderes estavam por detrás de toda a casa de Judá. Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra, na outra, tinha as armas.” Ne 4;16 e 17

Aquele evento histórico levado a efeito por Neemias e possibilitado pelo Senhor, serve como figura de nossas vidas.

Também éramos cativos do pecado, com sua executora mor, a carne, e seu mentor, o capeta. O “Neemias” que se compadeceu de nossa miséria e doou-se para nossa regeneração chama-se Jesus Cristo.

Quem jamais ouviu escárnios de “Tobias e Sambalate”, ao saber que alguém se dispusera a buscar nosso bem? Ao primeiro sinal de conversão, muitos, familiares até, sentem o desconforto de ter perto de si alguém que ousa rumo à salvação, pagando o necessário preço, a renúncia da carne.

O escárnio, então, foi o primeiro ataque; “... ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, se indignou muito; escarneceu dos judeus. Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente, seu muro de pedra.” Cap 4;1 e 3

Os mesmos que, quando estávamos mortos em delitos e pecados não davam a mínima, ao nos verem caminhando rumo à restauração da vida, tentam atrapalhar por todos os meios. Muitos deles, malgrado, permaneçam espiritualmente mortos, migram para nosso meio de olho nalguma vantagem que possam fruir.

Tobias, o opositor mor daqueles dias, também fez assim. Usou todos os meios para impedir e não pode; a empresa era Divina. Depois de restauradas as coisas, intrometeu-se, arrumou um cantinho para si no templo.

Neemias, ao saber, colocou os pingos no is; “... compreendi o mal que Eliasibe fizera; para Tobias fizera uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da sua casa, fora da câmara.” Ne 13;7 e 8

Aparentara-se com um sacerdote imprudente, e fora se aconchegando; Neemias ao chegar deu-lhe um merecido pé-na-bunda.

Paulo viu coisas assim, entre os Coríntios, e aconselhou um semelhante “despejo”; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” II Cor 6;14 e 17

Naquele contexto, foi banido para fora ao intruso; agora devemos sair do meio da impureza; nos santificarmos.

domingo, 17 de setembro de 2023

Os girassóis


“Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” Luís Fernando Veríssimo

É vero, Veríssimo. A chamada opinião pública é a efervescência das manipulações coletivas inoculadas, às quais, contrariar seria uma heresia, uma temeridade. Só um livre ousaria.

A ditadura para dominação de uma geração cunhou a expressão, “politicamente correto”, como se fossem antolhos, que restringem até onde os bichos podem ver. Além disso ninguém pode ir sem que, a patrulha do pensamento lhe dê uma dura enquadrada.

Um homem livre pode ver o que quiser; interpretar o que vê como bem lhe parecer, mesmo que, aos olhos do “sistema”, soe ridículo, como disse o escritor. Dependendo de onde vem, a pedrada é o mais eloquente dos elogios.

A ressignificação dos valores a serviço da desconstrução das virtudes, aprovadas pelo uso durante milênios, forjou pódios multicores para o vício, em torno dos quais, faz veemente defesa. Como se, cores fossem qualidades, barulho, argumentos.

A água é tributária à fonte, não a quem bebe; assim, a verdade independe do apreço de quem a ouve, e a liberdade, da anuência de quem a aquilata. Livre não é quem se submete a uma imposição social, antes, quem se coaduna à própria consciência.

Alhures deparei com uma afirmação que me fez pensar: “Não pretendo convencer ninguém; isso equivaleria à colonização do outro.” Ao dizer algo assim, já estão dadas velas ao barco das manipulações; pois, quem achar bem pensado o dito, embarcará na nau da falsa malandragem, e já estará fincando estacas na nova colônia do ‘deixe eu ser Deus e cuidar das coisas que eu quero’. O “não pretendo convencer a ninguém”, é um oblíquo grito de defesa, um pedido de socorro: “Não tente me convencer de nada”.

Ora, quem difunde coisas, via ideias, frases, fotos, anúncios, está fazendo o quê? Tentando convencer de algo.

O pensador; da validade de suas ideias; o anunciante; das vantagens de seu produto; o que expõe nuances de seu viver; de que está vivendo bem, ou, que deseja meios para estar; quem partilha fotos, também quer deixar patente que tem certos predicados... 

Se, alguém se supõe não afetado ao ponto de que, nada de alheio importa a si, que se retire para uma caverna e viva alienado de tudo. Agora, defender essa “moral” de eremita semeando vasto campo nas redes sociais, é arfar em bandos como hienas, desejando o status de hibernante solitário, como urso polar. Quer vender seu peixe a todos, enquanto finge que nem gosta de pescar.

A interatividade que as redes sociais propiciam é cultivada no aspecto da autodivinização, de mostrar o próprio músculo; deplorada, rechaçada, no que ela tem de melhor; a possibilidade de crescimento mútuo, mediante troca de aprendizados, experiências, ensinos. Quem dera, pudesse “colonizar” alguém sobre isso!

A desonestidade intelectual é pior do que a ignorância; pois, a falta de luz, pode ser, mera contingência; a de caráter é uma escolha. A luz a serviço do vício, O Salvador deplorou como sendo as piores trevas; “Se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Disse.

Enfim, não é medo do ridículo que pessoas assim têm; antes, medo de que o “lobo mau” de uma argumentação sólida sopre contra as cabanas de palha de suas pretensões vãs, e os exponha à luz, como realmente são; medíocres.

Quando um “filósofo” dessa estirpe ensina: “Que cada um cuide da sua vida, esse é o caminho”; sem perceber, porque não está acostumado a isso, o tal, está dando um conselho a “cada um” contradizendo sua “filosofia” que prescreve o oposto. A não “colonização” via conselhos.

Estamos condenados à interação. Qualquer coisa que eu diga, tipo, “não estou nem aí!” será dito a alguém; ainda que eu gritasse na suposta caverna do eremita, ela me devolveria o eco.

O que não podemos é impor nada a ninguém; mas, se nossos argumentos puderem, de alguma forma, ajudar na reflexão sobre as escolhas virtuosas da vida, isso será uma iluminação, invés de uma invasão colonizadora.

Nossos cérebros nasceram virgens de conhecimento. Cada “invasão” plantou algo neles; somos, em nossas percepções, o resultado disso. O que é uma boa leitura, senão, o nos colocarmos à mercê da luz alheia, em busca da ampliação da nossa?

Benditos “colonizadores” que araram os campos de nossa ignorância e plantaram alguns girassóis, essas plantinhas que, pela cor e o movimento, parecem sempre, querer mais luz!

Se em meu apreço adjetivei a aversão a isso de desonestidade intelectual, a busca pela luz, Salomão atribuiu aos justos; “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito.” Prov 4;23

O salvo raiz

“Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13;6

Pessoas meramente emocionais, aceitam velozes as novidades que ouvem, acoroçoadas por um estado de ânimo pontual; mudado esse, mudam também. Os que haviam “crido” no Evangelho, quando eufóricos, descreem, em face às adversidades.

Seu câmbio de ânimo, patrocinador das escolhas adversas, foi figurado como sendo uma semente que caiu sobre pedregais; nasceu rápido, e logo morreu.

A raiz forma-se concomitante ao crescimento das plantas; à medida que, folhas, galhos, caule se fazem maiores, igualmente as raízes, para o necessário sustento das mesmas.

Se, o crescimento da raiz é automático, necessário, num processo natural, (exceto na que nasce sobre pedras) no caso do aspecto intentado na figura, a alma humana e seus desdobramentos ante a mensagem de salvação, o crescimento é opcional.

Os “sais minerais” que vigoram a planta, a partir das raízes, têm a ver com as escolhas. O Salmo primeiro alista algumas “pedras” a se evitar; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Depois, aponta ao “regador” da vida espiritual; “Antes tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita dia e noite.” V 2

A seguir traz as consequências da venturosa escolha; “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” V 3

Agora não estamos mais nas raízes, embora, elas sejam a base, o sustentáculo de tudo; chegamos ao fim do plantio; os frutos. Uma árvore que frutifica não o faz para si mesma; antes para benefício alheio; de outros seres que se hão de alimentar dos seus frutos.

Esse altruísmo só o novo nascimento em Cristo possibilita, (o homem natural é refém do ego) ele que faz necessário o “segundo momento”, onde, após o deleite emotivo de um ambiente favorável, os homens precisam lidar com o deserto; isso, para “descontruir” os maus hábitos, que os impossibilitava de ver além dos próprios interesses. Aqui, os superficiais abandonam a caminhada; sua ideia de salvação contempla o comodismo de um processo indolor, como se pudéssemos tratar câncer com panos quentes.

Sua errônea leitura do que está em jogo acaba sendo uma traição a si mesmos; pós alguns passos na vereda da vida, voltam apressados à amplidão enganosa da morte.

Se, a terra em apreço é o coração, como interpretou O Autor da Parábola, Jesus Cristo, o tal, precisa ser mudado para produzir, enfim, o que O Santo Agricultor deseja. Por isso, o primeiro passo rumo à salvação, necessariamente será, rumo à cruz, para mortificação do ego; “Negue a si mesmo; tome sua cruz e siga-me.”

É necessária certa gravidade nos lábios dos que anunciam o Evangelho, para não serem geradores da falsa impressão que um alistamento militar é sinônimo de um convite para festa. Não estou forçando a barra nessa figura; Paulo a usou: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4

Bobos alegres que saem aludindo “vitórias” pontuais, numa carreira que, só quem chegar ao fim, vencerá, não passam de papagaios; aprenderam articular certos fonemas gerando a ilusão de falar. Pior; falar da parte de Deus.

“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Falsos ministros são peritos em fazer isso; “desafiam” seus incautos ouvintes a entregarem seus problemas a Cristo. Assim, o homem ímpio seguiria no trono egoísta, e decidiria por si mesmo, o que quereria que se mudasse, e o que deveria seguir como está.

A abordagem bíblica e mais séria; “Entrega teu caminho ao Senhor; confia Nele...” Sal 37;5 “Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua Justiça...” Mat 6;33 “Eu sei ó Senhor, que não do homem o seu caminho; nem do que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23

O Evangelho não foi dado para trazer conforto, tampouco, felicidade a quem devaneia, em plena guerra; antes, veio para trazer vida a quem estava morto; reconciliação a quem se fizera inimigo de Deus; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

“Coração” é uma figura para personalidade, mentalidade, uma mudança aí, é necessária para que nossos corações se tornem “boa terra”; “... transformai-vos pela renovação da vossa mente...” Rom 12;2
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