quarta-feira, 26 de abril de 2023

Inimigos íntimos

 

“... a mão do que me trai está comigo à mesa.” Luc 22;21

A traição em si não é fiel aferidora do caráter. Imaginemos uma quadrilha de malfeitores que sempre assaltou unida. Lá pelas tantas, um deles reconsidera, pensa nas coisas que tem feito, outras que tem aprendido e decide mudar, abandonar aquilo e ser diferente; quiçá, se tornar um cristão.
Para os da súcia ele será considerado um traidor, um covarde que, apenas pela sua mudança se tornará uma denúncia sobre o modo errado de viver, daqueles. Possivelmente será perseguido pela sua “falta de caráter”, por ter pulado do barco. O mal também precisa de coesão, fidelidade.
Ouçamos um exemplo do canto dos aliciadores: “Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos inocentes sem motivo; traguemo-los vivos, como a sepultura; inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos nossas casas de despojos; lança tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1;11 a 14 O que, tendo aceitado tal proposta, um dia sai dessa unidade “cospe no prato em que comeu.”
A fidelidade ao erro não é uma virtude, tampouco, o abandono de sua prática, um passo vergonhoso; embora, seja tido por traição, pelos que queriam prosseguir no mesmo agir, contando com os mesmos agentes.
Saulo de Tarso fora o homem forte do Sinédrio na perseguição à Igreja; quando, após um encontro com Cristo foi transformado, passou a defender aos que antes perseguira; foi tido por traidor pelos de sua antiga crença. Tanto que, foi caçado, certa vez apedrejado à morte, (embora tenha sobrevivido) tal era a ira que sua mudança causara nos antigos correligionários.
Como os inimigos sempre são “fiéis”, mantêm sua inimizade em quaisquer circunstâncias, a traição sempre será uma atitude dos chegados. “A mão do que me trai está comigo à mesa.”
Voltaire ironizou: “Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.”
A “mesmice” chata da boa índole, do caráter alinhado à justiça e verdade cansa a alguns que, adentraram em tal meio sem fazer bem os cálculos, se era mesmo isso que queriam.
Quem se rende ao Senhor, decepciona-se consigo mesmo, à medida que reconhece seus erros. “Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho. Quanto mais deprecia seus maus passos pretéritos, mais aprecia ao perdão Divino que renova Sua misericórdia cada manhã.
No afã de corresponder ao Amor de Deus, luta por novas conquistas de obediência o tempo todo. Para esses, o cristianismo nunca é monótono. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Porém, quem recusa ouvir a voz que O Espírito Santo aviva em sua consciência, não terá “nada a fazer”, na sua enganosa comodidade suicida de “salvo”.
Então, dado seu tédio, abre-se a “novidades” externas, bebendo de fontes espúrias; natural que, o tal passe a sentir-se deslocado, estranho no seu local de convívio. Pode suportar por um tempo, mas acabará optando pelo que palpita mais forte em sua alma.
Como esse processo é interior, não o percebemos até eclodir.
Não raro, nos decepcionamos com rupturas, sem perceber que eram necessárias. Pessoas diferentes em valores e motivações precisam de caminhos diferentes; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3
“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” I Jo 2;19 “Por isso ímpios não subsistirão no juízo, nem pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

Exemplos de rupturas necessárias, sem analisar o mérito das causas.
Enquanto a união pode ser feita pelos diferentes, como o ecumenismo propõe, a unidade requer coesão espiritual para que aconteça. Pois, “Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo;” Ef 4;4 e 5
Óbvio inferir que, a unidade exposta refere-se à verdadeira. Há imitações, fraudes várias, mas, não “colam” com O Espírito Santo nem com O Senhor.
Na união dos diferentes, a lei é aceitar cada um, como ele é; na Unidade em Cristo é preciso regenerar para voltar a ser como Deus o fez.
Para os ecumênicos, “traidores” somos nós, que insistimos na difusão dos “discursos de ódio”, que desafiam quem ouve a negar a si mesmo por Cristo.
O sistema está de tal sorte corrompido, que o antivírus é lido como vírus. Quem adota a mentira como rota e sentimentos como diretrizes assenta-se todos os dias com o traidor, que o está levando a perdição, o ego.

domingo, 23 de abril de 2023

A coroa da fé


“Vós intentastes mal contra mim; porém Deus intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gn 50;20

Os irmãos de José, primeiro o tentaram matar jogando numa cova; depois, reconsideraram e o venderam como escravo.

O Senhor permitira, não obstante, a inocência de José. Outras injustiças mais fizeram parte do seu currículo, antes de ser guindado à honrosa situação em que estava; governador do Egito.

Vindo a morte de Jacó, os traidores temeram sofrer vingança por parte do, então, governador. Rogaram misericórdia, usando até mesmo o nome do finado pai; José, depois de os tranquilizar, dizendo não estar no lugar de Deus, fez a observação supra: Vocês me tentaram fazer o mal; mas Deus mudou isso em bem, e favoreceu muitas pessoas mais, como se vê, nesse dia.

Há uma característica na fé que a torna impossível para os reféns do imediatismo, do testemunho dos olhos apenas; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Enseja uma firmeza na esperança, não uma confiança nas vistas.

Para os que descreem, quando afirmamos nossa confiança baseada na fé, parece que estamos dando “um salto no escuro”. A bem da verdade, podemos “ver” o que lhes escapa. Moisés, “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Por ser a fé, abstrata, não significa que não lide com as coisas palpáveis. Se, patrocinou tal empresa a Moisés, fica mais que evidente seu poder de “mover montanhas” ante aqueles que a abraçam.

A Palavra não revela que José tivera alto nível de ensino sobre as coisas Divinas; apenas que era fiel ao seu pai e temia a Deus. Como “revelação”, tivera dois sonhos que apontavam para ele em lugares altos acima de todos os seus. Isso bastou para que ele passasse poucas e boas, sem negar sua confiança. Antes de Deus mudar seu mal em bem, muitos males foram anexados ao primeiro.

Quando Abraão, bisavô dele, fora chamado, fora desafiado a confiar estritamente na Palavra de Deus. “... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Te mostrarei.” Gn 12;1 Deixa tudo e vai “para uma terra que te mostrarei;” Tinha “apenas” a Palavra de Deus como fiadora e isso bastou. Não sem razão, é chamado, “pai da fé”.

Deus diz: “... Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12 O Santo atrela Sua Honra, Fidelidade, a Integridade do Seu Nome à Sua Palavra. Sabedora disso, a fé pode descansar, mesmo que as vistas insistam em falar o contrário. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Paulo sentencia: “Porque andamos por fé, não por vista” II Cor 5;7

Chega um tempo em que, a “semeadura” da fé recebe a devida colheita. Então, coisas “impossíveis” se fazem bem palpáveis. O que fora apenas longínqua esperança se torna um fato presente, “como se vê nesse dia”, disse José aos seus irmãos. 

O que se via naquele dia? Os traidores invejosos arrependidos, medrosos, envergonhados, suplicantes ante ao traído que seguira fiel, então, exaltado, poderoso, saciado em sua sede de justiça.

Embora, no escopo humano, a justiça seja uma espécie de troca, um toma lá, dá cá, o mais breve possível, conforme suposto mérito de cada um, aos Olhos Divinos, a justiça deve habitar na índole, no caráter de cada filho; um apego a ela, mesmo com sede, ainda que, tenha que atravessar vasto tempo, antes de ver coroado seu mérito. “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Essa “fé” que dá uns brados e fica olhando frustrada, pensando, por que a montanha não implodiu? é só o retrato da ignorância de quem nada aprendeu das coisas espirituais. “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Não que a sina de José esteja proposta a cada um. Não há tantos tronos assim, vagos. Mas, os que, malgrado, adversidades e perseguições, injustiças, seguirem fiéis, certamente chegarão às suas vitórias, ao tempo dos frutos quando as coisas esperadas serão realidades palpáveis, coroas da vitória da fé.

Vulgarmente se diz: “A pressa é inimiga da perfeição;” pois, perfeição é o âmbito da Divina atuação; então, “... aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

sábado, 22 de abril de 2023

Discurso de amor e ódio


“Odeio aqueles que se entregam a vaidades enganosas...” Sal 31;6 “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

“Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.” Sal 139;21 e 22

Textos assim e similares são alvos de ataque; Xuxa Meneguel, e outros menos votados esposam que, a Bíblia precisa ser reescrita, “removendo todo ódio, deixando apenas o amor”.

Imaginem, odiar aos que se entregam ao engano, à impiedade, os que se levantam contra Deus. Onde já se viu tamanha falta de amor?

Ora, a primeira esfera do amor é o amor-próprio. Tanto que, esse foi tomado como base para o devido ao semelhante. “... amarás teu próximo como a ti mesmo.” Mat 19;19 “Como quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei.” Luc 6;31 etc.

Como ficaria meu amor-próprio, se concedesse ao semelhante, “direitos” que tolho a mim? Se eu achasse nele, normais, atitudes que, em mim causariam estranheza, aversão, vilipêndio, desprezo?

Minha saúde espiritual e psicológica requer que eu evite aquilo que é deletério. Assim, o “cidadão dos Céus,” além de outras credenciais necessárias, é um “a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor.” Sal 15;4

Quando a Palavra manda amar aos inimigos, vencer o mal com bem, orar pelos que nos perseguem... ensina a não desistirmos das pessoas que andam errado; contudo, não legitimar seus erros em nome de suposto “amor”. Um erro segue sendo o que é, mesmo se, praticado por alguém que amamos.

O que é a Cruz de Cristo, senão, a maior declaração de amor de Deus pelos homens, e ódio pelo pecado? Aos cristãos hebreus foi dito: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 Cristo o fez.

Amor e ódio podem ser vizinhos, tão somente, olhando para alvos diferentes. Pois, o amor, “Não folga com a injustiça, mas com a verdade.” I Cor 13;6

O homem sozinho não entende as coisas espirituais. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Quando o advertimos que, determinado comportamento é indevido, pois, o enviará à perdição eterna, ele não consegue vislumbrar nossa motivação amorosa. Apenas vê “intromissão, ódio” tentando tolher seus “direitos”.

Assim, os cegos querem vetar que se fale das cores e das formas, considerando válido apenas o tato; têm por agressores o que lutam para lhes sarar córneas e retinas. 

Mas, se eles são mesmo contra o ódio, por que odeiam nossa postura e mensagem? “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo, transgressor.” Gál 2;18 ensina, Paulo.

A Palavra não foi dada para divertir à humanidade ímpia tampouco, para validar atitudes que, aos Olhos do Santíssimo, são desprezíveis. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13

Ela foi enviada para nos convencer de nossos pecados, ensinar sobre a Justiça e Santidade Divinas; proclamar Seu Amor Inaudito, que pretende nos regenerar, mediante Cristo, nos termos que propõe. Quem não quiser, pode seguir à sua maneira, ninguém será forçado a crer.

O que não é possível, é a fusão dos anseios desorientados e profanos, da natureza perversa pós queda, com as coisas de Deus. Nele não há mudança nem sombra de variação.

O desacordo que separa deve ser removido a partir de nosso arrependimento e submissão, não, de uma ousadia suicida que pretende mover O Absoluto, para que o relativo, fique intocável.

Nunca negamos aos ímpios o direito de seguirem sendo o que são, embora, advertimo-los das consequências, pois, o amor nos constrange. Entretanto, os ativistas engajados pretendem tolher nosso direito de crer em Deus como Ele Se revelou.

Quando o povo escolhido se afastou de Deus em busca de ídolos, O Santo não os proibiu, embora tenha estranhado; “... por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11

Apenas, demandou que, seguindo às suas maneiras, não O profanassem mais. “... Ide, sirva cada um os seus ídolos, pois que a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais Meu Santo Nome com vossas dádivas e vossos ídolos.” Ez 20;39

O mesmo princípio ainda vale; quem quer andar à sua maneira e não permitir que ninguém se “intrometa” nas suas escolhas, mesmo quem aconselha da parte de Deus, ande. Quando der de cara com o muro das consequências, culpará quem?

Nenhum é forçado a gostar da Palavra de Deus; todavia, gostando ou não, a ninguém compete alterá-la. “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos...” Is 5;21

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Os escolhidos


“Tenho chamado pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá; enchi-o do Espírito de Deus, de sabedoria...” Ex 31;2 e 3

O Senhor expondo a Moisés Seus escolhidos para edificação do tabernáculo e utensílios.

Há chamadas que são genéricas, abrangentes, e dependem da resposta de quem ouve-as, como a pregação do Evangelho. “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Um convite expansivo, válido para todos. Porém, há também escolhas específicas, pontuais, como a que encabeça esse texto: “... tenho chamado pelo nome a Bezalel...”

Quando Cristo ensinava o Evangelho, houve uns que Ele referiu de modo especial; os capacitou para serem partícipes no estabelecimento dos fundamentos da igreja, os apóstolos. A esses Ele prometeu que, a harmonia de pensares entre eles já seria um selo da direção celeste: “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mat 18;18 

Promessa válida àqueles, não a qualquer grupo de pessoas, a despeito de suas motivações, o que tornaria Deus, refém de homens.

Tampouco, significa que iniciativas de baixo para cima seriam chanceladas no alto, apenas porque partiram deles; antes, que O Espírito Santo os conduziria na direção devida. Jeremias ensina: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 O Senhor não nos escolhe para iniciativas autônomas, antes, para o serviço em obediência.

Bezalel fora cheio do Espírito de Deus e de sabedoria, para fazer as coisas que, O Arquiteto da Obra mostrara a Moisés.

Os profetas, também eram frutos de escolhas pontuais do Eterno. Eliseu estava arando, quando Elias passou e jogou sobre ele, sua capa. I Rs 19;19 Não há registro de que Elias falou algo chamando-o. Mas, o simples gesto de lançar a capa sobre ele foi entendido prontamente como uma convocação, à qual atendeu na hora. “Então deixou os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar meu pai e minha mãe, então te seguirei. Ele lhe disse: Vai, e volta; pois, que te fiz eu?” v 20

O profeta estava deixando claro que o anseio por segui-lo, nascido em Eliseu, era vindo do Alto. “... que te fiz eu?” Embora homens possam ser instrumentos do Divino agir, sempre será O Espírito, O “motor” que impulsionará aos tais na direção tencionada pelos Céus.

Naqueles dias havia escola de profetas, onde as pessoas poderiam escolher ingressar; O Santo honrava aos fiéis. Entretanto, um chamado como fora Eliseu era de outro calibre, por causa da unção recebida, e da missão a desempenhar.

Quando O Criador estava para levar para Si a Elias, os filhos dos alunos da referida escola avisaram a Eliseu: “Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará teu senhor por sobre a tua cabeça? Ele disse: Também eu sei; calai-vos.” II Rs 2;3

Há muitos “profetas” céleres a falar o que todos já sabem. Quando Elias foi arrebatado, os mesmos acharam que fora jogado alhures e decidiram buscá-lo; Eliseu disse que o não fizessem. Insistiram e perderam três dias de andanças vãs. Um escolhido por Deus sabe o que todos sabem, e coisas que só a ele são reveladas.

Mesmo sendo do contingente dos que atenderam ao convite genérico para a salvação, os que escolhem levar uma vida espiritual, possibilitada mediante obediência e estudo da Palavra, também se tornam conhecedores do “Segredo de Deus.” “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Pois, “O que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” II Cor 2;15

Se, o mundo escolhe os belos, os carismáticos, os “sarados” ou talentosos, Deus usa outros critérios; “... o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Aos olhos humanos Davi era o último da fila; mas, a escolha não era humana. Os marqueteiros do “eis-me aqui” dizem que quem não é visto não é lembrado.

Deus tirou Eliseu da seara, e Davi de após os rebanhos. Não importa se seremos chamados pelo nome, ou no pacote. Perante O Santo, as “credenciais” aprazíveis são internas. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

domingo, 16 de abril de 2023

Erro de cálculo



“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

“Assim” é um advérbio que aponta para trás; para algo que fora dito. O Salvador dissera que, um rei sabendo que viria contra ele um exército mais poderoso que o seu, invés da batalha suicida, enviaria embaixadores pedindo condições de paz. Renunciaria lutar, sob pena de uma perda maior. Vs 31 e 32

Priorizaria o bem mais valioso, a vida; abdicaria seu direito de reinar, governar a si mesmo e aos seus, aceitando ser vassalo do poder superior. Assim, a chamada de Cristo. Tolhe nosso “reino”, mas preserva-nos a vida. Pois, “negue a si mesmo...” é o primeiro passo rumo à salvação.

Só quem ousa enfrentar a si mesmo sabe como é árdua a luta. Há um “inimigo” infiltrado que teima e resistir a Deus; o velho homem, a carne. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Os convertidos “nascem de novo”, têm a natureza espiritual, antes morta, em delitos e pecados, regenerada, vivificada; doravante, não precisam mais seguir a costumeira servidão que submetia à força do pecado; “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” Rom 7;19

Em Cristo podemos mais: “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Porém, o poder resulta frágil, se não submeter ao seu domínio, à vontade. Nem sempre queremos o que podemos.

Schopenhauer negava o livre arbítrio. ‘Dada a índole e o motivo, a ação resulta necessária’, dizia. Ilustrou que, um homem de posse de um revólver poderia se jactar que tinha poder para se matar, quando, na verdade tinha apenas os meios. Para poder precisaria de um sentimento que superasse o amor pela vida e o temor à morte. Os meios, portanto, não significam poder. “Basta um homem pra levar um cavalo às águas; cem homens não bastam para forçá-lo a beber.” Spurgeon

Sem Cristo, deveras, o arbítrio não existe. O homem é escravo do pecado que o domina. “Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;20

Não significa que apenas os não convertidos atuem nesse nível. Renascidos podem descer de novo ao âmbito natural, preferindo a escravidão, à liberdade de Cristo. Enquanto o novo homem, nascido do Espírito, estiver no comando, nosso andar será reto; “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Depois de convertidos passamos a ter poder de escolha, não livre, totalmente; mas, livre no sentido de optar entre Cristo e a oposição. A vontade natural tende às coisas naturais, o pecado; a do Espírito, às espirituais. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo ela. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” Rom 8;12 e 13

Essa rendição ao Rei dos Reis, Paulo comparou com morrer com Ele: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A vera conversão não precisa muito barulho; acende uma luz que irradia Cristo no novo modo de ser e agir; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Triste ver à queda de tantos que, começaram bem, andaram muitas milhas mas, capitularam às seduções do mundo; ocorre-me a pergunta de Saint Exupéry, feita noutro contexto: “Por que estranho molde passaram? Por que terrível máquina de entortar homens!?”

O sistema mundano é terrível, com seu fomento ao egoísmo, materialismo, trinfo das nulidades, inversão de valores, glamourização do vício, perseguição aos de Cristo.

Entretanto, O Salvador preveniu que seria assim. “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” Jo 16;33

A Palavra menciona uns que tendo começado valorosamente, estavam voltando atrás. A advertência àqueles segue atual; “Ainda um pouquinho de tempo, o que há de vir virá, não tardará. Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;37 a 39

A força do amor


“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando alguns, se desviaram da fé...” I Tim 6;20 e 21

A advertência de Paulo não é contra a ciência, propriamente dita. Mas, contra uma farsa que a deturpa; na verdade, uma fé bastarda. Pois, invés de defender seus postulados mediante experimentos demonstrativos, como faz a vera ciência, essa, tenta se impor no grito, mediante “clamores vãos e profanos, oposições” cujo alvo seria desviar seus pacientes da fé.

Com esse fito circulam postagens de “mestres” respondendo aos pupilos, por que a ciência é mais difícil que a “teoria da conspiração”; aquela demanda estudo, essa não, diz o velhaco da mensagem capciosa que visa apagar a luz, invés de acendê-la.

A ciência verdadeira sempre se valeu dos próprios resultados; não precisou de propaganda, dos préstimos duvidosos do marketing para vigorar. Suas descobertas se impunham por si, sem muletas. Acaso o surgimento do automóvel precisou de muita gritaria para demonstrar que ele era mais rápido e eficaz que as carroças? O telefone para se impor aos pombos-correios ou aos sinais de fumaça?

Todavia, se eu for bombardeado mediante o massacre de uma narrativa, que, obedecer aos ditames da “ciência” é a postura mais “culta” do que o “negacionismo” que pretende denunciar a conspiração global, esperam que, na hora H, eu aceite bovinamente as imposições de uma OMS, por exemplo, que numa semana dizia uma coisa, na seguinte o contrário; depois, voltava ao primeiro dogma... como foi na pandemia.

Bem disse o padre Paulo Ricardo, “Quer conhecer as motivações espirituais de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.”

Se, essa gente que domina Google, Facebook, Instagram, Twitter etc. Trabalha combatendo aos que denunciam à conspiração global, por que o fazem, se, a denúncia não tem sentido? Não é mera teoria sem fundamento? Por que dar importância, espaço, para tolices?

Embora o arcabouço dentro do qual pintam o ansiado reino global use as tintas das vantagens econômicas, ecológicas e funcionais do governo único, a motivação verdadeira, é espiritual. Rejeição a Cristo, Seu Governo e Suas Leis; o resto é fumaça. “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra o Senhor e Seu Ungido, dizendo: Rompamos suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Não se trata de uma teoria; antes, do cumprimento aos nossos olhos, de uma revelação dada a Davi há três mil anos, aproximadamente.

A fé em Deus, comprometida, demanda muito mais que pensar. Requer a coragem de não fugir da luz, como esses fazem. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

Acaso o pleito disseminado por toda sorte de perversões sexuais, por exemplo se dá pelo direito de as praticar? Isso sempre houve. A vida particular de cada um sempre comportou escolhas pessoais, a despeito da aprovação social.

A luta não é pelo direito de praticar, mas pela imposição da prática, pelo estabelecimento de um “novo normal” avesso a Cristo. “Rompamos Suas ataduras! Sacudamos de nós Suas cordas!”

A “ciência” não suporta homens livres, aptos a escolher se querem vacinas duvidosas ou não; se desejam crer nisso ou naquilo. Ou, o sujeito abraça o que a dita, ordena, ou, logo é rotulado como adepto da “heresia negacionista”.

Nunca, a fé sadia foi tão difícil como atualmente. Dentro as igrejas a infiltração massiva de “teólogos liberais” defensores da “Edição de Deus” e, uma súcia de mercenários, amantes dos prazeres ensinando o que não sabem, profanando O Santo, por interesse.
Fora, a zombaria dos que pisam no “sal degenerado”, pujante campanha de descrédito aos valores cristãos; sobretudo, às vidas que os defendem.

Por isso, antes de deplorar os feitos da falsa ciência Paulo aconselhou: “guarda o depósito que te foi confiado.”

Mesmo que nos tirem O Livro Santo das mãos, (por enquanto o pervertem; breve vetarão) quem fez em si mesmo o bom depósito e o guarda, poderá dizer como Jó: “Ainda que me mate, Nele (em Deus) esperarei...” Jó 13;15

Se esses “cientistas” acham que nossa fé é algo que basta eles nos chamarem de bobos ou feios para nos magoarem e fazerem desistir, sua ciência ignora a força do amor. Não aderimos a mera corrente de pensamento; fomos atraídos pelo mais nobre dos sentimentos.

O traidor terá seus seguidores, “... mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.” Dn 11;32

sábado, 15 de abril de 2023

Os incômodos


“... tua filha já está morta, não incomodes O Mestre.” Luc 8;49

Jairo vencera a restrição dos fariseus, de que seria expulso do seu meio quem desse crédito a Jesus. Movido pela dor paterna de ver uma filha à morte, fora ter com Ele.

O Senhor “perdera” tempo, no incidente em que, uma mulher com fluxo de sangue fora curada, ao tocar em Suas vestes. Então, alguém chegou com a triste notícia: “Tua filha já está morta, não incomodes O Mestre.”

Tendemos a “medir” Deus com réguas humanas. Avaliar as possibilidades Dele, a partir das nossas perspectivas. Aquilo que nos é cabal, terminal, desesperador, a morte, para Ele é diferente. “... não está morta, mas dorme.” V 52

Os que a isso ouviram, “riam-se dele, sabendo que estava morta.” v 53 Como Jesus podia Ser tão ingênuo, não sabendo o que todos eles sabiam?

Nossas limitações deviam nos aproximar Dele. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Pedir algo “impossível” seria incomodar O Mestre. Contudo, “... para Deus nada é impossível.” Luc 1;37

Porém, podendo fazer o que quiser diante de quem desejar, eventualmente, O Senhor seleciona quem será testemunha dos Seus Feitos. No monte da transfiguração, levou consigo três, apenas. Então, “... a ninguém deixou entrar, senão Pedro, Tiago, João, o pai e a mãe da menina.” v 51

Diferente dos políticos que valoram apoios pelos números, O Senhor prioriza propósito, confiança, valores, identidade, intimidade. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14
Não poucas vezes, ensinava Sua Doutrina ao público em geral; mas, só explicava o sentido aos chegados que permaneciam junto, desejosos de saber.

Se, a chamada do Seu Amor é expansiva, “pregai o Evangelho a toda criatura.” O selo da Sua aprovação é seletivo; “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

A salvação é proposta a todos; porém, os que aceitarem à mesma, que acatem junto seus termos; “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança, o aparecimento da glória do grande Deus, nosso Salvador, Jesus Cristo.” Tt 2;11 a 13

Voltando à casa de Jairo, somados O Senhor, três discípulos, os pais e a menina temos sete pessoas no ambiente do milagre. Por razões do Divino querer, o sete, figura na Palavra de Deus como o número da perfeição. Nesse ambiente, o perfeito amor e a perfeita graça restituíram vida à menina que estivera morta.

A aparente fineza e elegância de quem não queria “incomodar” O Mestre se mostrara contraproducente, fútil, deletéria.

Apresentarmos a Ele nossas petições necessárias, numa atitude de fé não O incomoda; Ele ordenou que o fizéssemos: “Eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;” Luc 11;9

Ele se incomoda com outras coisas: “Não Me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios Me satisfizeste, mas Me deste trabalho com teus pecados, Me cansaste com tuas iniquidades.” Is 43;24

Sim, são nossos pecados, iniquidades que incomodam ao Senhor. Ele mesmo asseverou: “... não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1;13

A obediência e as ações de justiça que aprazem ao Eterno, eram coisas raras, todavia, os ajuntamentos solenes, cultos cheios de “louvores” aconteciam.

A falsidade também incomoda ao Santo. Por isso, afirmou: “Odeio, desprezo as vossas festas, e vossas assembleias solenes não Me exalarão bom cheiro. Ainda que Me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

Esse hábito infantil de tentar compensar a desobediência com bajulações, rebeldia com cultos, causa aversão ao Senhor, tanto quanto, nossos pecados cometidos longe dos locais de culto. Não precisamos vir a esses, se não for para consertarmos nossas vidas mediante arrependimento, reconciliação com O Senhor.

Ele deixa patente o caminho que nos convém, e onde levam os alternativos. Não força ninguém a escolher nada. Ensina a sermos consequentes. Se, santidade não nos convém, os apelos do mundo soam-nos mais fortes que Seu Amor, não incomodemos mais O Mestre.