quarta-feira, 4 de junho de 2025

O ferro, e o barro

 

“Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois, viste o ferro misturado com barro.” Dn 2;41

Último império mundial humano, que foi interpretado por Daniel; o descreveu figurado nos pés duma estátua, que eram de ferro misturado com barro. Um reino unido pelo poderio bélico e político, com discrepâncias ideológicas, culturais, espirituais; forte e fraco. 

O Apocalipse tratando do mesmo tempo, aludiu a um poderio espiritual reinando e controlando à humanidade; esse dominará pela força; pois, menciona a imposição de uma imagem com espírito, que exigirá adoração. A força militar estará a serviço da coação espiritual;

“Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a sua imagem.” Apoc 13;15

Se, essa exige adoração sob pena de morte contra quem se recusar, não é difícil entender qual espírito que a anima. 

Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, uma imagem falando e exigindo adoração não fazia sentido. Mas era a descrição possível, então, das coisas que, hoje são triviais.

 Um exército de drones foi descrito como sendo, de gafanhotos; 

“O parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; sobre suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro; os seus rostos eram como rostos de homens... tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; seu poder era para danificar os homens por cinco meses.” Apoc 9;7, 9 e 10 

Caudas venenosas refere-se ao potencial de disparar armas; os ditos “ataques não tripulados” são uma realidade em nossos dias; os detalhes da aparência dos “gafanhotos” por certo estão por vir, ao gosto estético, das “forças de segurança”, na hegemonia do império mundial em gestação. Rostos de homens e coroas podem simbolizar o reino ao qual servirão.

Terão homens pilotando-os e um comando real, patrocinando suas ações. 

João descreveu o que viu, na linguagem da época; não foi entendido, e nem poderia; porém, hoje, com os avanços que a IA vem fazendo, coisas antes impensáveis, agora soam mui factíveis. 

Está sendo forjado um hibridismo que pouco a pouco vai fundindo homem e máquina; e a maioria as máquinas nas redes virtuais, parece possuída, pilotada por espíritos malignos; Na saúde humana, redes neurais atrofiadas, podem ser estimuladas via chips implantados, sempre com o nobre fim de restauração da saúde.

Com muita frequência, a IA consegue atuar com autonomia em determinadas áreas, como se, invés de dados humanos coletados nas redes, apenas, bebesse de outra fonte, uma espécie de universo paralelo, adiante do nosso. Assim, além de fusão entre o homem e a tecnologia, essa parece estar acima de nós, habitada por seres inteligentes, muito mais do que o homem, que nos vigiam e controlam mediante as redes. Basta que falemos a alguém sobre o desejo de comprar um pônei malhado, e breve o sistema exibirá um catálogo desses, diante de nós.

Especialistas em “futurologia” já preveem a conquista da imortalidade até 2030, através da inserção dos tais, Nanobots na corrente sanguínea; o que geraria seres híbridos, transhumanos, imunes à decrepitude; ou, pós humanos. 

Qualquer elo entre isso e a mescla de ferro com barro, não é coincidência; faz parte do pacote. A fragilidade e a força se fundiriam também, nas vidas particulares. 

No afã de ter vida eterna sem Deus, sem as renúncias necessárias em Cristo, a possibilidade soará mui atraente, à maioria, que assim o deseja. Porém, quando descobrirem que a “vida” nesses termos será absolutamente vegetativa, robótica, indesejável, pela perda do arbítrio, das sensações naturais, e consequente ventura de ser livre, esses homo-máquinas desejarão morrer; os mesmos sentidos que fazem a vida dolorosa, eventualmente, também a fazem aprazível; sem eles, seremos autômatos sem sentido.

Pois, a existência compulsória à qual estarão presos, não trará nenhum alento; a centelha humana que restar, desejará fugir da escravidão, o barro ansiará separar-se do ferro, nem que seja, anulando-se; porém, o feitor tecnológico impedirá.

“Naqueles dias os homens buscarão a morte, e não acharão; desejarão morrer, a morte fugirá deles. Apoc 9;6 

Os que recusaram à vida eterna nos termos de Cristo, aceitarão um simulacro, imitação fraudulenta de Satanás. Quando descobrirem que não passa de uma prisão, será demasiado tarde, infelizmente. Deve ser uma antecipação do inferno, anelar com todas as forças, morrer, e não ser possível.

“Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

 

 

 

 

 

O incômodo da luz


“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa.” Mat 5;11

Antes de tudo, convém atentar às letras miúdas; os que seriam ditosos nas perseguições, não o seriam por alguma profissão de fé; por se dizerem pertencentes a Cristo, malgrado, vivendo à ímpia maneira.

Quando sonegadores, fraudadores, estelionatários, charlatães são “perseguidos”, é a própria mão da justiça que os busca, pois, estão endividados para com ela; caso se digam cristãos, ou não, é irrelevante; suas obras falam mais alto que os lábios. Por elas são chamados a prestar contas.

A receita para não carecermos temer às autoridades não está num rótulo; antes, numa maneira de agir; “Porque os magistrados não são terror para boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.” Rom 13;3

Entendido isso, voltemos aos que são perseguidos por causa de Jesus. Primeiro, é necessário que os maldizentes sejam gratuitos; isto é: estejam mentindo. Ele mesmo ensinou a impossibilidade de ocultarmos, um “crime” tão grande; “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 a requerida fidelidade, deve, necessariamente, tornar Cristo visível.

Há dois motivos, pelos quais, o bom porte em Cristo, incomoda aos que não andam assim. Um, psicológico, outro, espiritual.

Em geral, pessoas que escolhem o vício, invés da virtude, valoram aos que agem diferente, como arrogantes, presunçosos; “pensam que são melhores que os outros.” O bom andar em face aos valores de Cristo, acaba sendo uma denúncia oblíqua, mesmo que silenciosa, contra os que assim não fazem. Essa emulação gera mal estar; eventualmente, alguns impropérios podem verter dela, também.

Entretanto, não buscamos a Cristo, ou, acatamos Seu Chamado, tentando nos tornar melhores que os outros; antes, melhores que nós mesmos; reconhecemos nossos muitos erros, e convencidos do Seu perdão e regeneração, nos esforçamos para viver, ajudados pelo Espírito Santo, segundo O Salvador. Portanto, as objeções das almas que assim não fazem, devem ser encontradas nelas mesmas, não em nós.

Porém, se a razão psíquica não vai muito além da emulação, de alguns desdéns verbais, a objeção espiritual é muito séria. A Palavra ensina que o “mundo jaz no maligno”; portanto, todo aquele que vive à maneira mundana, com seus valores invertidos, e suposta autonomia em relação a Deus, está sob influência do espírito contrário.

Nessa influência, facilmente se chega a odiar quem não deu motivo para isso. As perseguições incidem, diretamente proporcionais à nossa santificação; quanto mais próximos de Cristo estivermos em obediência, consagração, mais potencialmente seremos alvos de ódio, por “razões que a razão desconhece”. Paulo ensina: “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Se estamos errados por crer em Deus, que sequer existiria, como tantos defendem, qual o problema? Nossos erros dirão respeito a nós. Há pessoas que creem em astrologia, quiropraxia, numerologia, ufologia, etc. Os que não pensam como eles, não escrevem, nem gravam inflamados vídeos, em desagravo, cobrindo-os de impropérios. A maioria nem liga. Por quê, Cristo não pode ser tratado com a mesma indiferença?

Porque há um combate milenar entre Luz e trevas, verdade e mentira; gostemos disso, ou não, estamos alinhados de um lado, ou de outro.

Basta alguém se dizer cristão, conservador, heterossexual, defensor da família, em muitos ambientes, para ser rejeitado cabalmente e virar alvo de pesadas diatribes. Por quê? Porque o espírito desse mundo não deseja as coisas assim.

A religião não é o problema; antes, Cristo é. Está em célere implantação o dito ecumenismo, que será uma religião global, a única permitida. 

A Palavra de Deus antecipa quem deverá ficar de fora; “Os reis da terra se levantam governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós as suas cordas.” Sal 2;2 e 3

O Eterno, e Seu Ungido, Jesus Cristo, não devem fazer parte da nova religião; então, a serviço de qual espírito estará esse arranjo multifacetado e amoral? Sim, os mesmos entes que, odeiam a Cristo, e aos que O servem, serão os “anjos” da nova fé.

O combate ao Evangelho e seus desdobramentos vem desde que Ele foi anunciado; “Mas, se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

O lado pesado das nossas lutas é que somos chamados a seguir atuando em justiça, mesmo ante injustos; o lado bom, é que até os ímpios testificam, que Cristo está em nós.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Disciplina; camuflagem do amor


“Já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;5 e 6

A repreensão do Senhor nem sempre é entendida, pelo o que é; um gesto de amor. O “amor” que a presente geração preza, a rigor, é apenas, frouxidão moral, leniência irresponsável, sentimentalismo insosso, que tudo tolera.

Conheço casos de pais que vivem mal, para que seus filhos “amados”, ostentem carros luxuosos e consumam drogas, às custas dos genitores; não é assim o Amor do Eterno. A primeira necessidade é disciplina; depois, provisões ordinárias.

Nenhuma espécie de amor, conjugal, fraternal, paternal, pretende carreira solo; toda expressão de amor, embora não dependa disso para ser o que é, certamente, deseja a devida correspondência. “Aquele que tem Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;21

Malgrado, haja um componente de obediência necessário, para quem pretende pertencer ao Senhor, sempre o motivo desejável será o amor.

Os “inconvenientes” de recebermos algum puxão de orelhas são imediatos; mas, em dias futuros, quando seu resultado for palpável, os entenderemos plenamente. “Na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão, de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 6;11 Se, traz sensação de paz e justiça, isso testifica, da sabedoria amorosa dos motivos Divinos, quando nos corrigiu.

Quando um ministro idôneo prega à Palavra, com graça e entendimento, todos os que ouvem, cada um num grau diferente, sofrerão correção. Inclusive, o pregador. Ele não está fora do “aquário”; antes, nada nas mesmas águas. É natural certa discrepância, quando, algo perfeito como a Palavra da Vida, é cotejado com coisas imperfeitas como nós.

Muito acontece de acordarmos no meio da noite, “ouvindo” coisas que falamos na pregação. Então, é o momento de bebermos nossa dose de correção, da mesma palavra que servimos. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido, hão de medir a vós.” Mat 7;2

Pois, se, dos ministros do Evangelho se requer boa reputação, integridade de caráter, ainda assim, não atingimos a perfeição; e também somos pacientes de correções, por parte do Eterno.

Então, quando ouvimos murmúrios de alguns, que, determinado pregador (eventualmente, nós mesmos) “não tem amor”, porque sua mensagem é mui dura, a maioria das vezes que isso ocorre, tais falas vertem de vidas desorganizadas, refratárias à correção, que pretendem camuflar seus lapsos, jogando o peso das suas culpas, sobre ombros alheios. Nada mais contraproducente, que, abrirmos nossas bocas, quando era a vez dos ouvidos.

Só se coloca em rota de colisão com uma mensagem “dura”, aquele que vive um cristianismo mole; numa desobediência obstinada, ainda que, diluída no vistoso verniz de uma religiosidade oca.

Quem, bem ordena seu caminho, se incomoda com farsantes, com os aduladores nos púlpitos, invés dos mensageiros sóbrios. Os que sonegam à Palavra, anunciando suas próprias inclinações, são réprobos ante O Senhor; “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, porém, eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

O que faziam os falsos profetas de antanho, senão, acarinhar vidas ímpias, invés de anunciar retamente à Palavra do Senhor? Havia feridas graves no relacionamento do homem com Deus, mas esses “amorosos” colocavam panos quentes; “Curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6;11

Depois que a cidade de Jerusalém foi destruída e o povo levado para o cativeiro, em seus lamentos, Jeremias alistou as causas; “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura; não manifestaram tua maldade, para impedir o teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 2;14

O único que pregava mensagens “duras” era Jeremias; foi preso, esbofeteado, lançado num poço. A aversão dos ímpios à verdade é uma doença antiga.

Portanto, quem pode ouvir com frequência, mensageiros “duros”, agradeça a Deus pelos tais. Enfrentam uma série de tentações, para seguirem fiéis, onde, muitos preferem o comodismo de “maquiar defuntos espirituais”, ao inconveniente de chamá-los à vida.

O ódio costuma se disfarçar de beijos, enquanto o amor, pelo discernimento das necessidades, e o fim nobre pelo qual labora, eventualmente, fere; “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;6

A senda luminosa


“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

A escolha pela justiça, não traz consigo, o necessário discernimento. Esse é derivado de uma aquisição progressiva, onde, a cada dia entendemos um pouco mais.

Podemos estar inclinados a agir de modo reto, sem ver totalmente o que abarca nossa atitude, e errar por ignorância; por estar “no escuro”, naquele aspecto preciso, que respeita à nossa ação pontual. Quantas vezes isso já aconteceu?


Portanto, além de escolhermos a justiça como nosso princípio norteador, precisamos meditar na Lei do Senhor, para entender em quê, consiste ela.

Se colocarmos nossos rasteiros pensamentos como aferidores estaremos perdendo tempo; “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, assim são Meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

“Com minha alma te desejei de noite, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Além de um desejo profundo, Isaías colocou a oração da madrugada, como coautora na busca por conhecer à justiça.

Invés de questionar aos Divinos preceitos, ele atribuiu aos juízos Divinos, a veraz retidão. Abraão dissera: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18;25

Quantas vezes ouvimos: “Não acho justo Deus mandar a alguém para o inferno só por isso.” Se, conhecesse aos Juízos Divinos entenderia que Deus não nos manda para lá; mas, contra Sua Santa vontade, respeita nossas escolhas. “Dize-lhes: Vivo Eu, diz O Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis... ?” Ez 33;11

Por que O Eterno juraria pela Própria Vida, que Seu prazer é salvar, não, condenar, se não desejasse ardentemente que, nós valorizemos essa Sua disposição amorosa?

Quando dizemos que Deus É Amor, e Ele É, geralmente a ênfase repousa no fato de que Ele se inclina a perdoar; Sim, o mesmo Isaías diz: É Grandioso em perdoar; Is 55;7 porém, o amor tem algumas características mais; “Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.” I Cor 11;6

A “justiça” que Deus requer de nós, é muito mais, um reconhecimento das nossas injustiças; arrependimento veraz de um coração transformado, que tributa ao Feito de Cristo, sua salvação, não a presumidos méritos; isso, é conhecido como conversão, mais que, justiça, estritamente.

Tendo recebido a justificação, e aprendido a vontade do Senhor para nossos passos, não mais agiremos como em dias passados, pois, já não estamos no escuro; “... Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Rom 6;2

Para sermos salvos não carecemos mérito nenhum; apenas arrependimento, confissão e submissão ao Senhor; tendo sido regenerados, óbvio, que se espera uma nova maneira de agir, consoante com O Senhor ao qual, passamos a pertencer; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

A Palavra chama à necessária progressão no entendimento espiritual, de edificação. Esse é o sentido do verso inicial, que alude à vereda dos justos que vai clareando pouco apouco, como o romper da aurora.

Além do crescimento até à “Estatura de Cristo” Ef 4;13 O que nos fará representantes Dele em verdade e justiça, a edificação também nos “vacinará” contra ensinos errôneos, dos que caçam almas, invés de as evangelizar. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia agem fraudulosamente.” Ef 4;14

Quem se dispuser a crescer em iluminação espiritual, esteja pronto para ver melhor aos próprios defeitos. Cada conquista do Espírito Santo, em nossas almas, implica numa derrota da carne. Mas, essas “derrotas” não são a castração de algum direito como pensa o vulgo; antes são cercas a proteger nossas vidas. “O mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.” Rom 7;10

Enfim, a luz espiritual nos é dada mais para os pés, que para os olhos; para andarmos conforme, não apenas vermos; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Alegria espiritual


“Botas... as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.” Machado de Assis

Refinada ironia do escritor. Pois, ninguém chamaria de “ventura” a algo, do qual teria pressa de se livrar. Na verdade, o “prazer” de descalçar é alívio. Então, teríamos dois tipos de prazer: o de haurir coisas aprazíveis, ou, nos livrar das incômodas.

Prazer e dor acabam sendo frutos do mesmo baraço. O que faz diferença significativa, é a ordem em que eles aparecem nas nossas vidas.

Os que se comprazem da forma dionisíaca, em banquetes, bebedeiras, orgias, precisam lidar, depois, com o contraponto do desprazer; da reposta enfermiça do corpo, à mesa desregrada; ressaca, culpa, ausência de sentido, famílias feridas pela promiscuidade.

A alegria espiritual, requer algumas “dores” antes. Somos desafiados às renúncias das inclinações naturais, “negue a si mesmo” completa submissão ao Senhor; o que, figuradamente se chama de “levar a cruz.” Porém, como a sentença aquela, do início, tivemos o prazer de ter nossos pecados perdoados em Cristo; isso enseja um alívio que, só quem descalça as “botas” sabe apreciar.

O livramento das nossas dores, (pecados) é um processo, que traz consigo alguns efeitos colaterais; tendo aprendido novo modo de viver, segundo Cristo, olhando o pretérito, inevitável certo pejo, alguma vergonha; “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;21

Nos Salmos, encontramos uma descrição dessa transição do lixo à salvação, em figuras mui expressivas: “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos, verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3 A transformação fora tal, que seria uma mensagem eloquente para quem visse.

Depois de pago o devido preço, bebido das ervas amargas pelas consequências dos nossos erros, pouco a pouco, começamos a lembrar sem dor; em lugar dos constrangimentos viça a alegria pelo perdão assimilado.

Tendo recebido O Espírito Santo, para nos consolar e guiar, também nos alegramos Nele, porque nos capacita a deixarmos a maneira errônea de viver, para poder andar, agora, segundo Deus. Nesse prisma, pois, primeiro sofremos a “ressaca” necessária quando nossos descaminhos são tratados; depois, fruímos alegria no Espírito, que só quem vive sabe o que significa.

O Salmista usou exemplos daquele contexto agropastoril em que viveu, para dar uma ideia da superioridade da alegria espiritual, em face da, natural; disse que era maior do que a de um agricultor numa grande safra; “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram trigo e vinho.” Sal 4;7

No caso desse sortudo do agro, a alegria pela fartura de pão e vinho estava garantida; porém, quem recebe alegria oriunda do Senhor, está alguns passos adiante; “Porque o Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14;17

Quando O Salvador transformou água em vinho, numas bodas em Caná da Galileia, Seu feito ensejou estranheza, pela forma que o vinho fora disposto; “Disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” Jo 2;10

Sim, foi essa ordem que estabeleceu O Senhor; o melhor fica por último. Primeiro, nos dá descanso para as almas, aliviando nossos fardos de pecados pelo Seu perdão; depois, nos ensina Seus caminhos, e nos capacita pelo Espírito Santo, a vivermos em santificação; à medida que crescemos andando dessa forma, manifesta Sua aprovação às nossas vidas, nos dando alegria espiritual.

O concurso das aflições é inevitável; e quanto mais alguém andar em santificação, mais tende a se decepcionar com as coisas injustas que vivenciará. Como O Espírito Santo não depende das circunstâncias para alegrar aos Seus, os que observam de fora, terão grande dificuldade para entender o “masoquismo”, de Paulo e Silas, cantando louvores no cárcere interior; de Cristo e Estêvão, perdoando seus algozes; ou mais tarde, o mesmo Paulo, subindo ao local da própria execução, como um campeão galgando um pódio. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Muitos, sentindo dor pelas “botas apertadas” buscam o “analgésico” das drogas, bebidas, promiscuidade... Que tal uma consulta como Doutor Jesus Cristo? “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei.” Mat 11;28

Hienas atrevidas


“Como louco que solta faíscas, flechas, e mortandades, assim é o homem que, engana seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira.” Prov 26;18 e 19


Estão na moda as tais “pegadinhas,” onde, “malandros” fazem rir, abusando dos direitos alheios; coagem com engenho, a um “banho forçado;" jogam pessoas ao chão envoltas num cilindro sanfonado, para que não possam ver de onde vem a “brincadeira”, etc. A ideia é que essas coisas são válidas; meras brincadeiras para descontrair.

Se, for ensaiado entre as partes, visando engajamento e monetização, numa empresa consentida, vá bene. Cada um deve saber a qual ridículo se expõe, pelo pão. 

Porém, se forem escolhidas aleatoriamente, pessoas da multidão, aí a coisa muda de figura. Ninguém tem direito de dispor de outrem ao bel-prazer, como se, do tal, fosse proprietário.

Na presente geração abortada de valores, e repleta de interesses, tudo o que ensejar engajamento soa válido. O que a Bíblia diz a respeito? Parece estranho desejarmos que um livro milenar como ela, fale de coisas tão atuais. Entretanto, ela fala.

Não, pontualmente, até porque, seria impossível, abarcar todas as peripécias da vida, num livro. Porém, os princípios ensinados na Palavra de Deus, norteiam toda sorte de comportamentos, mesmo sem os mencionar. Naquilo que envolve o semelhante, a receita é, a isonomia. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Imaginem que você escolheu uma veste adequada, vai ao Banco, Prefeitura, hospital, ou um lugar assim, e alguém desejando rir, decide usar sua cara de tacho, estragar arbitrariamente seu dia, fazendo uma patifaria dessas? Ficarias sujo, molhado, para que outrem se divertisse? Mesmo as brincadeiras, carecem senso se ocasião e proporção, aceitáveis.

Na verdade, a isonomia deve nortear todo nosso relacionamento interpessoal; se, me irrito quando alguém “põe palavras na minha, boca”, mente, promete e não cumpre, pratica bulling, minha irritação já é um sinal, gravado no íntimo, que, tal modo de agir, não convém. Usaria eu, algo que me faz mal, contra o semelhante?

Paulo defendeu que, mesmo aos que, ainda não se tinha ensinado sobre as Leis de Deus, eles traziam em si, meios para agir de modo probo, apenas, atentando às luzes que acendem no painel da consciência; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2;14 e 15

O que recebemos na conversão, é um avivamento da consciência, quase, como se alguém falasse conosco antes de cada atitude que deve ser avaliada antes de praticada; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21 o que era natural, antes de Cristo, pecar sem dor, sem culpa, depois da conversão não é mais. 

Recebemos Dele, capacitação espiritual para agir segundo o Divino querer; “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Logo, não apenas as “pegadinhas” não convêm àqueles que invocam sobre si, O Santo Nome do Senhor. Paulo foi categórico: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

O riso certamente teu seu lado saudável, sobretudo, quando verte de motivos sólidos; de uma satisfação íntima, não de um chiste que qualquer bufão produz. “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate. Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre é um banquete contínuo.” Prov 15;13 e 15

Pois, invés do vazio riso da hiena, muitas vezes um ambiente triste nos traz melhor resultado, que estar pilotando nossa alma num caminho errôneo, e pensando que devemos caramelizar isso com essas frivolidades insanas. “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;2 e 3

Nada contra a alegria, pois; apenas, vigiemos contra o desrespeito; ressalvando a superioridade da alegria espiritual. “Puseste alegria no meu coração, mais do que, no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4;7
Gosto
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domingo, 1 de junho de 2025

Miopia seletiva


“Porque o mandamento é lâmpada, a lei é luz; as repreensões da correção são o caminho da vida.” Prov 6;23

Ninguém há de questionar a importância ou, o valor da luz.

No entanto, se essa demandar o contraponto da nossa obediência, da adequação às coisas que ela revela, nem sempre a mesma terá a aceitação unânime. Na verdade, a adesão cairá a níveis pífios.

É o caso da luz espiritual. Por incidir sobre uma espécie caída, privada da necessária visão das coisas, que se incomoda, quando não “sai bem na foto”, embora, sem ter predicados para isso, tal clareza, costuma ensejar controvérsias.

Nos dias do Salvador esse contraste foi mais evidente. Invés do Seu Bendito advento resultar em iluminação para salvação, como seria o esperável, em muitos casos apenas evidenciou a condenação dos fugazes: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais às trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Mais que cognitivo, (o que sabemos) a salvação tem um viés afetivo que acaba contando, em última análise. “amaram mais às trevas.” Como nosso sentimento reage à luz espiritual é determinante, para nossa salvação, ou perdição.

Quando o funcionamento das retinas começa a diminuir, eventualmente, oculistas preceituam o uso de lentes, conforme o grau das nossas necessidades. Em muitos casos, a receita prescreve um tipo de lente para perto, outro, para longe.

Pois, no escopo espiritual, me atrevo a posar de oculista, e diagnosticar o problema comum de quase todo o ser humano: Em geral, todos carecemos de lentes para perto, pois, ao longe, vemos muito bem.

Os defeitos do semelhante nos saltam aos olhos; enquanto, os nossos, teimam em passar despercebidos. Alguém figurou a essa miopia seletiva, de modo bem humorado: “Reconhecemos a um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Foi precisamente visando nos iluminar, que O Eterno escreveu o que carecemos saber. “... o mandamento é lâmpada, a lei é luz...” e não me refiro aos dez Mandamentos; mas a algo ainda superior, a “Lei de Cristo.” “De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Heb 7;22 e 25

Muitos ainda não entenderam a Antiga Aliança; os sisudos mandamentos com punição imediata, e os sacrifícios de animais em demanda de perdão, são rudimentares; tipos proféticos apontando para Jesus Cristo. A Palavra chama aqueles aparatos e rituais, de “sombras dos bens futuros.” Heb 10;1 Esboço do que viria no devido tempo. 

Devem ser essas coisas desprezadas, por isso? Não! “A Lei é santa; o mandamento, santo, justo e bom.” Rom 7;12 Apenas o propósito dela não era salvar, antes, conduzir ao Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Paulo também apontou para aquelas coisas, como incipientes, rudimentares; necessárias até o aperfeiçoamento, depois, não mais. “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas agora, conhecendo Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” Gál 4;3 e 9

Alguns se pegaram à guarda do sábado, como se, num dia da semana devêssemos nos consagrar ao Senhor. Ele deseja e merece mais. “Em todo tempo sejam alvas tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

Num tempo em que não existiam semanas, o trabalho era ininterrupto, o estabelecimento dum dia de descanso foi um cuidado amoroso com a saúde humana, não, um Divino capricho. “Disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, não o homem por causa do sábado.” Mc 2;27 traduza-se a palavra shabat para “descanso” e teremos o sentido.

Os princípios da Lei, amor a Deus e ao próximo seguem válidos; em Cristo devemos priorizar o amor e a misericórdia. “Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como Eu também tive misericórdia de ti?” Mat 18;33

A aversão à luz não acontece porque seja ruim a gente ver; antes, porque ela nos faz sermos vistos exatamente como somos.

Não podendo apagar à luz, sabedor da inclinação do homem caído, o príncipe das trevas produz fumaça, para que nossos olhos fiquem baços; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4