“Porque o mandamento é lâmpada, a lei é luz; as repreensões da correção são o caminho da vida.” Prov 6;23
Ninguém há de questionar a importância ou, o valor da luz.
No entanto, se essa demandar o contraponto da nossa obediência, da adequação às coisas que ela revela, nem sempre a mesma terá a aceitação unânime. Na verdade, a adesão cairá a níveis pífios.
É o caso da luz espiritual. Por incidir sobre uma espécie caída, privada da necessária visão das coisas, que se incomoda, quando não “sai bem na foto”, embora, sem ter predicados para isso, tal clareza, costuma ensejar controvérsias.
Nos dias do Salvador esse contraste foi mais evidente. Invés do Seu Bendito advento resultar em iluminação para salvação, como seria o esperável, em muitos casos apenas evidenciou a condenação dos fugazes: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais às trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20
Mais que cognitivo, (o que sabemos) a salvação tem um viés afetivo que acaba contando, em última análise. “amaram mais às trevas.” Como nosso sentimento reage à luz espiritual é determinante, para nossa salvação, ou perdição.
Quando o funcionamento das retinas começa a diminuir, eventualmente, oculistas preceituam o uso de lentes, conforme o grau das nossas necessidades. Em muitos casos, a receita prescreve um tipo de lente para perto, outro, para longe.
Pois, no escopo espiritual, me atrevo a posar de oculista, e diagnosticar o problema comum de quase todo o ser humano: Em geral, todos carecemos de lentes para perto, pois, ao longe, vemos muito bem.
Os defeitos do semelhante nos saltam aos olhos; enquanto, os nossos, teimam em passar despercebidos. Alguém figurou a essa miopia seletiva, de modo bem humorado: “Reconhecemos a um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”
Foi precisamente visando nos iluminar, que O Eterno escreveu o que carecemos saber. “... o mandamento é lâmpada, a lei é luz...” e não me refiro aos dez Mandamentos; mas a algo ainda superior, a “Lei de Cristo.” “De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Heb 7;22 e 25
Muitos ainda não entenderam a Antiga Aliança; os sisudos mandamentos com punição imediata, e os sacrifícios de animais em demanda de perdão, são rudimentares; tipos proféticos apontando para Jesus Cristo. A Palavra chama aqueles aparatos e rituais, de “sombras dos bens futuros.” Heb 10;1 Esboço do que viria no devido tempo.
Devem ser essas coisas desprezadas, por isso? Não! “A Lei é santa; o mandamento, santo, justo e bom.” Rom 7;12 Apenas o propósito dela não era salvar, antes, conduzir ao Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24
Paulo também apontou para aquelas coisas, como incipientes, rudimentares; necessárias até o aperfeiçoamento, depois, não mais. “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas agora, conhecendo Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” Gál 4;3 e 9
Alguns se pegaram à guarda do sábado, como se, num dia da semana devêssemos nos consagrar ao Senhor. Ele deseja e merece mais. “Em todo tempo sejam alvas tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8
Num tempo em que não existiam semanas, o trabalho era ininterrupto, o estabelecimento dum dia de descanso foi um cuidado amoroso com a saúde humana, não, um Divino capricho. “Disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, não o homem por causa do sábado.” Mc 2;27 traduza-se a palavra shabat para “descanso” e teremos o sentido.
Os princípios da Lei, amor a Deus e ao próximo seguem válidos; em Cristo devemos priorizar o amor e a misericórdia. “Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como Eu também tive misericórdia de ti?” Mat 18;33
A aversão à luz não acontece porque seja ruim a gente ver; antes, porque ela nos faz sermos vistos exatamente como somos.
Não podendo apagar à luz, sabedor da inclinação do homem caído, o príncipe das trevas produz fumaça, para que nossos olhos fiquem baços; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4
Nenhum comentário:
Postar um comentário