“Mas, como fomos aprovados de Deus para que o Evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.” I Tess 2;4
Essa afirmação, se não for digerida com cuidado, pode ensejar alguma confusão.
Paulo se apresenta como aprovado por Deus como ministro do Evangelho; todavia, seu primeiro embate com Jesus ressurreto foi de reprovação; ele viu um grande clarão, ouviu a voz do Senhor, caiu por terra e ficou cego.
Não obstantes essas coisas, ele foi aprovado, segundo o dito do próprio Senhor. Quando Ananias altercava com O Salvador, relutando em obedecer ao mandado de orar pela restituição dos olhos de Paulo, O Senhor lhe disse: “... Vai, porque este é para Mim um vaso escolhido, para levar Meu Nome diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo Meu Nome.” Atos 9;15 e 16
Como poderia um que praticara tais perseguições contra a Igreja embrionária, ser escolhido? Falando dos seus compatriotas testificou da sinceridade zelosa deles, malgrado, na cegueira; “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10;2
O zelo em si, não é uma coisa ruim. Porém, privado de entendimento pode descambar para o fanatismo, patrocinar atitudes avessas ao Divino querer.
Quando se apresentou como aprovado para o ministério, Paulo não pretendeu ter credenciais segundo seus feitos, mas segundo o que O Eterno via no seu âmago. Assim, seu fiador era “... Deus que prova nossos corações.”
Se nossos corações forem aprovados diante do Senhor, mesmo que nosso entendimento não seja, O Salvador suprirá o que nos falta, iluminando a compreensão, perdoará nossos erros, e nos comissionará.
Paulo bem sabia das suas faltas, e apesar delas, fora chamado; não se presumia merecedor; sabia que era agraciado. “Dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério; a mim, que dantes fui blasfemo, perseguidor, injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.” I Tim 1;12 e 13
Não disse, fui pesado, medido, depois aprovado; antes, alcancei misericórdia. Tendo ou não, trilhado os mesmos descaminhos que Paulo, como todos os chamados, acontece o mesmo; carecem ser perdoados, iluminados, para atuar segundo Deus.
As coisas que fizera na ignorância e descrença, uma vez remidas, deixaram de existir; finalmente, conhecendo a Cristo na dimensão espiritual, entendendo as necessárias transformações para pertencer a ele, ensinava com conhecimento de causa. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4
Não poucas vezes, a aprovação da parte de Deus, enseja que nossas vidas entrem em rota de colisão com anelos humanos; com a reprovação desses, até. Nesse caso, a mesma ousadia e resolução de Paulo, devemos imitar. “... assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.”
Os mesmos que foram “dos nossos” quando laborávamos no erro, fatalmente se nos tornarão opositores, quando formos transformados por Cristo. Com Paulo foi assim.
Cristo como Ele é, sem acessórios, derivados do adoçado paladar dos ímpios, costuma causar desconforto, quando retamente anunciado.
Em geral as pessoas preferem a aprovação no erro, à correção, que reprova primeiro, depois, regenera segundo Deus; “... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21
Mais uma vez, o problema do coração ruim; apesar das obras más, O Senhor restaura quem O recebe; mas quando o coração ama mais às trevas que a luz, faz uma escolha, que exclui ao Salvador.
Paulo considerou-se o pior dos pecadores, o principal; e usou sua aceitação, apesar disso, para pontuar a grandeza do amor de Cristo. “Por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a Sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1;16
Como todo o amor deseja ser correspondido, O Senhor costuma aprovar aos que escolhem fazer isso, como contraponto ao Seu Amor. As coisas do tempo do lodo são apagadas, e podemos fruir nova vida, agora, na Rocha.
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