“... os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo”. Rom 5;17
Se, alguém hábil, for desafiado a definir a justiça, dirá: A retribuição de cada ato segundo seu mérito; dar a cada um exatamente o que lhe é devido. Não dirá muito diverso disto, que é a noção usual de justiça.
Ninguém pensaria na justiça como um presente; antes, sempre um fruto consoante ao mérito. Uma retribuição justa.
Se O Eterno decidisse nos tratar segundo nossos méritos, simplesmente, estaríamos perdidos; “Todos nós somos como o imundo, e nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam”. Is 64;6
Vertido da pena de Paulo, encontramos o “dom da justiça”. Se é dom, prescinde de mérito. Sem mérito de nossa parte, como pode ser justiça? A Justiça de Cristo é imputada em favor dos que Nele creem e lhe obedecem. Isso basta ao Todo Poderoso. Não busca merecedores; antes, crentes e adoradores.
O mesmo apóstolo distinguiu ambas as coisas, justiça e dádiva: “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Porém, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Rom 4;4 e 5
Ao dizer que a justiça nos é imputada pela fé, duas coisas ficam evidentes: Uma) não merecemos, somos agraciados. Duas) a graça não é tão graciosa que não demande nenhum contraponto; antes, é nos requerida a fé.
Embora, os primeiros passos da fé sejam abstratos; quando, constrangidos pelo Espírito Santo, e capacitados por Ele, somos inclinados a crer no Salvador, depois, isso requer respostas práticas, consoantes em nossas atitudes, com o que professamos crer.
Por isso Tiago ensina que a fé sem obras é morta. Pois, se alguém diz ter recebido pela fé, o dom da justiça, e prossegue sendo injusto, o que terá feito do dom recebido? Não que um justificado não mais peque; mas quando o faz, admite, se entristece, busca perdão.
Nele somos justificados, ou seja, considerados justos, não importando o que tenhamos feito; porém, passa a importar o que fazemos. Todo o esforço será necessário para aprendermos a agir como justos, estando justificados em Cristo. Pois, o fomos, para ser regenerados em santificação.
No mesmo contexto onde se ensina que nossa salvação não é pelas obras, se requer de nós, uma vez salvos, as atitudes correspondentes. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou, para que andássemos nelas”. Ef 2;10
Quem recebeu o dom da justiça, recebeu juntamente, o compromisso de atuar segundo o dom, dali em diante; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos em novidade de vida”. Rom 6;4
Se, fomos servos do pecado, sem Cristo, Nele devemos reinar sobre quem nos dominou; “... os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida...” Par reinar sobre o pecado, dependemos inteiramente de quem o venceu, nosso Rei, Jesus Cristo.
O fato do Eterno ter perdoado, nossos erros pretéritos de quando andávamos alienados Dele, no escuro, espiritualmente, não significa que, se, fiados em Sua Graça inaudita, seguirmos pecando de espontânea vontade, o dom que justifica injustos, continue ao nosso dispor.
A Palavra ensina que Deus não toma em conta aos tempos da ignorância. Uma vez iluminados e capacitados por Cristo, se, prosseguirmos segundo as más inclinações, isso significará, ao Olhos do Eterno, que não nos importamos com Seu Dom, e preferimos viver segundo nos apraz, sendo ainda, injustos.
O Todo poderoso nos viu em vestes imundas, e decidiu comprar a preço de Sangue, roupas dignas, às quais nos deu; mas, se preferimos envergonhar ao Eterno, seguindo maltrapilhos, pois, nosso “paladar adquirido” para a injustiça se mostra mais valioso para nós, como seríamos tratados?
A Palavra ensina a gravidade disso: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, O expõem ao vitupério”. Heb 6;4 a 6
Enfim, o dom da justiça nada requer de nós, senão, fé; uma vez recebido, nada menos espera, que obediência. Os que receberam e desprezaram foram assim avaliados por Pedro: “... O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama”. II Ped 2;22
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