domingo, 15 de junho de 2025

Os retirantes


“Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;39

Na última metade do século passado, muitos nordestinos, dadas as parcas possibilidades de vida, pela baixa incidência de chuva, deixaram sua terra e migraram para o Sudeste, principalmente, em busca de melhores condições. Eram “Retirantes”. Movidos pela esperança de dias melhores, migravam para a direção onde o sonho apontava.

Há mérito no não conformismo, na ousadia de desbravar horizontes, quando o “status quo” sonega a possibilidade de dias melhores.

Porém, a Bíblia menciona outro tipo de retirantes, que, desgraçadamente faz um fluxo inverso. “...se retiram para perdição...”

Invés de nomeados retirantes, como aqueles, esses são conhecidos como “desigrejados”. Diferente daqueles, não saíram de determinado ponto geográfico, mas de um caminho espiritual.

Se, inquiridos, cada um terá suas razões: Decepção com líderes, frustração por promessas não cumpridas, escândalos, hipocrisia, “nova visão” que se abriu, etc.

A maioria das coisas que eles alegam como motivo para seu retiro, é veraz; acontece mesmo. A questão não é essa. Seria, recolher-se enclausurado na própria carapaça, como um quelônio ameaçado, a solução para as decepções vivenciadas? Retirar-se invés de aprender, e crescer em meio às decepções?

Muito da frustração, tem a ver com o que lhes prometeram, falas indignas; pessoas, não O Senhor. Assim, em boa parte, os próprios decepcionados são culpados, por terem acalentado ingenuamente, expectativas dissonantes do prometido na Palavra de Deus.

O Salvador preveniu sobre a necessidade das aflições, perseguições. Somos desafiados ao opróbrio, ao vitupério, não, convidados ao sucesso, como devaneiam alguns incautos, acoroçoados por mercenários farsantes. “Saiamos, pois, a Ele (Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério”. Heb 13;13

Não ignoramos a existência de vastos estios espirituais, disfarçados de igrejas. Se, O Sumo Pastor levas Suas ovelhas, a “verdes pastos e águas tranquilas”, aqueles que O representam devem fazer da mesma forma. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel”. I Cor 4;1 e 2

Nem sempre é assim. Muitos patifes mercenários grassam por aí; suas “igrejas” não passam de empresas; as “ovelhas”, de produtos para se locupletarem, profanando O Nome Santo. Os que buscam por esses, nada de estranho em encontrarem decepções; estranhável seria se fosse diferente. Quem muito vai ao mercado de peixes, deve se acostumar com o mau cheiro.

Os farsantes são um mal antigo a secar pastagens desde outrora; “Porque a terra está cheia de adúlteros, a terra chora por causa da maldição; os pastos do deserto se secam; porque sua carreira é má, sua força não é reta”. Jr 23;10

O mesmo profeta na introdução do seu livro denunciara a causa disso: recusaram a Divina direção, e buscaram pífias alternativas, vertentes espúrias, caminhos fáceis; mal que até hoje permanece. Numa linguagem poética isso foi valorado assim: “Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas”. Jr 2;13

Mesmo em igrejas sérias, onde a Sã Doutrina é ensinada, frustrações, decepções fazem parte do pacote, na chamada “Cruz de Cristo”, que cada um deve levar.

Nossas próprias inclinações ruins ensejam que decepcionemos pessoas, e vice-versa; além disso concorre a ação do inimigo, que tudo faz para dificultar, se possível, impedir nosso progresso na vereda da justiça.

Andar com Cristo, não é como treinar arremessos de laço num “touro mecânico”, como fazem os que competem nisso. Antes, somos exercitados enfrentando ao inimigo e seus ardis, desde os primeiros passos.

Nosso alvo não deve ser, combater a pobreza, mediocridade financeira, alcançar o sucesso, como ensinam muitos encantadores de serpentes, camuflados de pastores, bispos, et caterva;
o objetivo deve ser a santificação. Para tanto, devemos combater contra o pecado, em nossas próprias vidas; eis a eficácia da cruz!

A uns decepcionados da igreja primitiva foi dito: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado”. Heb 12;4

Se alguém foi iludido por falas que fazem a igreja parecer um clube recreativo, uma palestra coach, para formar cidadãos bem-sucedidos, fará bem em se retirar; está perdendo tempo.

A Igreja de Cristo é um hospital de campanha e estamos em pleno e mortal combate. Os covardes, (como nos dias de Gideão) voltem pra casa. “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4

Os valentes e decididos, coloquem-se na defesa do que é Santo: “... Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado, passe adiante da Arca do Senhor.” Js 6;7 “... não somos daqueles que se retiram para a perdição...”

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