sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

As adúlteras


“A sabedoria... está convidando desde as alturas da cidade dizendo: quem é simples volte-se para cá; aos faltos de senso, diz: Vinde comei do meu pão, bebei do vinho que tenho misturado. Deixai os insensatos e vivei...” Prov 9;1, 3, 4, 5 e 6

“A mulher louca... assenta-se à porta da sua casa... nas alturas da cidade, e põe-se a clamar aos que vão pelo caminho e passam reto pelas veredas, dizendo: Quem é simples volte-se para cá. Aos faltos de entendimento diz: As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável; mas não sabem que ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.” Prov 9;13 a 18

Dois convites semelhantes; porém, totalmente antagônicos. Da Sabedoria e da mulher louca. O público-alvo, o mesmo; os simples. O local da busca também; nas alturas da cidade; ainda, o apelo de marketing: “Volte-se para cá.”

No “cardápio” as diferenças começam; “Vinde comei do meu pão, bebei do vinho que tenho misturado.” A proposta de Sophia; “As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável.” A “mesa” da mulher louca. Águas roubadas e pão escondido é uma metáfora para relacionamentos proibidos, adultério.

Por fim, as consequências de uma, ou outra escolha; “Deixai os insensatos e vivei; andai pelo caminho do entendimento!” o resultado de se assentar, alguém, à mesa com a sabedoria.
“... ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.” A ceifa dos que preferem o apelo da adúltera.

Salta aos olhos que, tanto o convite à virtude, quanto, ao vício, naquilo em que podem ser iguais, eles são. Usam os mesmos apelos em busca das mesmas pessoas. Em geral, aquilo que vale mais costuma se assanhar menos. A Sabedoria figura seu sumo como sendo vinho, algo sóbrio, com um quê de amargo no teor. Enquanto, o vício propõe sabores melhores; “as águas furtadas são doces...”

Há uma espécie de “confissão” nos que se dão à falsidade. A certeza de que propõem algo mau, os leva a “dourar a pílula” para que pareça ter melhor apelo que aquilo que é bom. O “vinho” da sabedoria não promete ser doce; apenas, separar da insensatez e dar vida.
As “águas” da mulher louca, prometem destilar doçura, para acompanhamento de um “pão agradável”. Entretanto, o final essa doçura se fará demasiado amarga. “... não sabem que ali estão os mortos, seus convidados estão nas profundezas do inferno.”

Pergunto aos entendidos: Qual costuma trazer uma mensagem mais agradável; o verdadeiro, ou o falso profeta? A certeza que está obrando em falsidade, costuma constranger ao farsante, de modo a buscar pela doçura, como se essa fosse um substituto válido, ao lapso da verdade.

Quando Jeremias advertiu que vinha como juízo um cativeiro de setenta anos, o farsante da vez fez uma “releitura” e reduziu para dois anos. Jr 28;3 Qual soou mais agradável a quem ouviu? Contudo, durou mesmo setenta anos. A questão não era entre agradável ou desagradável; mas, entre verdade e mentira. Em se tratando das coisas espirituais, ainda é assim.

O verdadeiro Evangelho começa com um sisudo e troante “arrependei-vos!” Traz um quê de vinho seco, amargo de digerir. Onde ele é pregado de modo idôneo, longe de gerar entretenimento, enseja tristeza, arrependimento, compunção. Mas como Ele é uma vívida nuance da Divina Sabedoria, também consegue separar da insensatez a quem ouve, e dar vida. “Deixai os insensatos e vivei.”

As “mulheres loucas”, digo, as igrejas do entretenimento, da motivação ímpia via método coach, acenam com faustas grandezas a ímpios que sequer nasceram de novo; adoçam e servem grandes porções de sonífero, onde a carência é de despertador. Com a palavra, Paulo: “... Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Todos somos alvos de um e outro, apelos. Tanto da escolha sóbria para preservação da vida, quanto, da ilusão festeira, para que as almas drogadas pelo engano sequer percebam suas reais condições.

Todas as “mulheres” cuja motivação é alinhada ao modo mundano de ser, são adúlteras, como ensina Tiago: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Muitas “igrejas”, antes sadias, adoeceram e adotaram métodos “inclusivos”, nome bonito para disfarçar a covardia em preservar na sã doutrina.

A sabedoria preceitua: “Deixai os insensatos e vivei”, vemos que ela separa do que não convém, invés de amalgamar.

Façamos a melhor escolha, “Porque o erro dos simples os matará; o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

O dever das palavras



“Diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.” Jo 19;3

Os soldados romanos com O Senhor coroado de espinhos, a escarnecer Dele. A expressão: “Salve, Rei dos Judeus!” Era apropriada; na verdade, Ele É mais; “Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores.” Apoc 19;16

Como “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar” Spurgeon; também aquela saudação que seria boa, se significasse realmente a intenção; usada daquela forma era apenas escárnio, zombaria inconsequente.

A falta de nexo entre falar e agir, embora nem sempre tenha o potencial ostensivo e violento, como naquele caso, sempre acaba em dano àqueles que nisso incorrem. Essa prática foi denunciada pelo Próprio Senhor, que antecipou uma sina futura, quando, os que disseram uma coisa, fazendo outras, entrariam na fila para julgamento.

“Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em Teu Nome? E em Teu Nome não expulsamos demônios? E em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Lembro uma fábula de Esopo, “A Raposa e o Lenhador”. Ela fugia assustada de caçadores, o lenhador teve pena e prometeu protegê-la dizendo que se escondesse entre o monte de lenha em sua casa. Assim ela fez. Chegaram os caçadores e perguntaram se ele não a tinha visto; como não queria mentir, disse: Não vi; gesticulando e apontando para onde ela estava.

Mas os caçadores não perceberam a artimanha, agradeceram-no e seguiram em frente. Passado o perigo, ela saiu do esconderijo e começou a ir embora. O caçador a chamou de ingrata, afinal ele a ajudara e ela nem se mostrava agradecida. A raposa respondeu: Eu seria grata, se tuas palavras e teus gestos estivessem em harmonia.

Essa doença hipócrita de tentar agradar aos dois lados duma questão dual, tem arrastado muitos à perdição. O bobo alegre que se diz “amigo de todo mundo”, na verdade não o é, de ninguém. Quem tem identidade, posição, escolhas veras, não consegue essa proeza. Quanto mais autêntico alguém é, menos “social”.

Muito menos, são amigos de todos, os que são de Cristo, neste mundo maligno. Aqueles “espertos” que em nada atritam, são meros fugitivos de si mesmos, incapazes de tomar posição e perseverar nela. Como o camaleão que muda de cor conforme o ambiente, assim esses “amigos”.

Quando os “dois lados” estão, ambos, nas relações interpessoais, o dano é menor, embora exista também. Entretanto, os hipócritas espirituais, traem a si mesmos, quando de um lado está o homem, e do outro, Deus. Pedro propôs essa questão aos do Sinédrio: “... julgai vós se é justo diante de Deus, ouvir antes a vós, que a Deus?” Atos 4;19

Na nossa relação particular com O Senhor, somos três; de um lado está o nosso “velho homem,” que a Bíblia chama de carne; do outro, O Eterno e Sua Santa Doutrina ensinada por Cristo; no meio, como árbitro, está o novo homem, regenerado, espiritual.

Cada vez que uma tentação nos bate à porta, somos desafiados a uma escolha. Como o caçador cretino da fábula, presto dizemos a coisa certa perante Deus, “não queremos mentir”; mas permitirmos que nossos gestos estejam em harmonia com as falas, tem um preço, que nem sempre logramos atingir. A Palavra chama de, “andar em Espírito;” “Deus É Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

A certos “lenhadores”, Paulo desqualificou nos seus dias; “Confessam que conhecem a Deus; mas negam-no com as obras sendo abomináveis e desobedientes; reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Enfim, a menos que queiramos, como os algozes romanos, usar às palavras para ferir, quando chamarmos a Cristo de Senhor, tenhamos em mente, que isso nos coloca como servos; portanto, devemos obediência a Ele. Mais que Palavras, atitudes são eloquentes. “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

Embora deploremos a abjeta covardia dos que, batiam no Senhor, “honrando-O” como Rei dos Judeus, podemos incorrer no mesmo erro, sem sequer nos darmos conta. Dizermos a coisa certa, enquanto, ferimos ao Senhor com os golpes da desobediência, da hipocrisia.

O mandamento de não tomarmos o Nome Santo em vão, não tem a ver com a grandeza de alguma causa para a qual peçamos seu amparo; antes, com a seriedade com que tratamos nosso relacionamento com O Senhor, e o zelo, para não expormos O Nome Excelso em situações indignas; “O fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que professa o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;29
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

O último Adão


“Deu-lhe poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.” Jo 5;27

A necessidade da encarnação do Verbo, tem pelo menos três aspectos que se pode notar. Ela é essencial, sacerdotal e judicial.

A essencial - Para interceder em nosso favor, O Salvador precisava se fazer como nós, para conhecer nossas fraquezas e poder se sensibilizar com elas. Se, foi diferente de nós no sentido de que Ele não tinha pecados, no mais, padeceu as mesmas coisas que padecemos; fome, sede, cansaço, tentações, dores, frustrações emocionais... 

“Convinha que, em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” Heb 2;17 e 18

Assim, tanto quanto era possível Ele ser como nós, o foi. “Esvaziou a si mesmo tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” Fp 2;7 Paulo lembra: “Porque na verdade Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2;16

Sobre a necessidade essencial há muito mais; porém, esse apanhado basta para que vislumbremos O Santo propósito nesse aspecto.

A sacerdotal – Alguns fazem uma leitura enviesada, do significado do preço pago por Cristo na Cruz, para nos redimir, derivando dele, o “grande valor” que teríamos. Ora, a grandeza do resgate que foi necessário, mensura o tamanho das nossas culpas, não, do nosso valor. Descemos de um lugar santo, perfeito, no qual fomos criados, para uma degradação tal, que não havia criatura sobre a terra, cuja entrega, nos pudesse purificar, tamanha a nossa depravação. A grandeza do resgate, reitero, evidencia a profundidade da nossa culpa.

“Porque nos convinha tal, Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado os pecadores e feito mais sublime que os Céus.” Heb 7;26

O fato de, O Eterno ter se disposto a pagar, mesmo assim, tem a ver com o que Ele É; “Deus É Amor” não com o que somos. Quando disse O Senhor que uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido, quis dizer que o que está perdido não vale nada. Sem Ele, todos estávamos. Não foi nosso valor, pois, que O atraiu em nosso favor; antes, Seu Bendito Amor que nos buscou. “Deus amou o mundo de tal maneira...” Jo 3;16

Os outros sacerdotes fizeram o que puderam, na Antiga Aliança; mas, podiam muito pouco. “Porque a Lei constituiu sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento que veio depois da Lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Heb 7;28 “Mas vindo Cristo, O Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio Sangue entrou uma vez no Santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Heb 9;11 e 12

A “purificação” da Antiga Aliança com sacrifícios de animais, era meramente ritual, exterior, sem tocar no problema; a que foi efetuada por Cristo, é plena, limpa mesmo onde o homem não pode ver. “Porque se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica quanto à purificação da carne, quanto mais O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo, Imaculado a Deus, purificará vossas consciências, das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heb 13 e 14

Por fim, a necessidade judicial – Deus respeita limites que Ele mesmo estabeleceu, por amar à justiça. Não revoga seus dons. Ele entregara o governo da Terra a Adão, que perdeu. “... enchei a Terra, sujeitai-a e dominai...” Gn 1;28

Assim, O Governo da Terra fora dado ao homem. Poderia, O Eterno retomar, uma vez que o homem desobedeceu à restrição que lhe foi prescrita. Mas, preferiu derrotar a Satanás o usurpador, na limitação humana, pois assim pareceu bem à Sua Justiça. Desse modo voltamos ao ponto de partida: “Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.”

O juízo, o governo, foi entregue ao homem. Esse foi derrotado por Satanás e perdeu seu domínio. O “Filho do Homem” resgatou a herança perdida, e agora pode julgar a todos, segundo o poder delegado ao homem. Paulo chamou ao Senhor de “último Adão.” “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em Espírito vivificante.” I Cor 15;45

Após esse tênue e tosco apanhado sobre as Divinas razões, resta pensar nas nossas, para preferirmos ter Jesus Cristo como Juiz, se O podemos ter como Salvador. A pergunta de Pilatos ainda ecoa: “O que farei de Jesus, chamado o Cristo?” Mat 27;22

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Totalmente depravados??



“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Sina de todo o que é nascido da carne. Um pendor natural, contrário ao Divino propósito. O fato de determinada punção em nós ser mais forte, não torna necessária a inexistência d’outra, ou, impossível que sejamos inclinados para outro lado.

Assim, esposo a discordância com a doutrina calvinista da depravação total do ser humano, de modo a ser tolhido de fazer escolhas, exceto as pecaminosas. Na referida doutrina, nenhuma centelha de Deus, nenhum resquício do homem pré-queda, teria permanecido. Seríamos totalmente inertes, incapazes de qualquer atitude correta, senão, pela Divina interferência. Deus atua e capacita, de acordo; mas somos chamados a cooperar.

Ninguém pode ser salvo pelas obras; mesmo a fé, é resultante da Divina iniciativa que propaga o Evangelho, e faculta o entendimento.
Que o homem caído se tornou escravo do pecado e sem o devido resgate não pode ser livre, também não está em discussão.

Contudo, a impotência humana na escravidão, mensura nossa condição no que tange ao poder, não, ao querer. Algo em nós, que chamo de resíduo original, ainda palpita, de modo a querer as escolhas virtuosas, embora, sob as algemas escravistas do pecado, queda impotente.

Paulo descreveu um aprisionado assim, sem Cristo. Mais de uma vez deixou ver a divisão entre a vontade mais profunda e a capacidade de executar o que essa gostaria. Diz: “O querer está em mim, mas não consigo realizar o bem... segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus.” Rom cap 7;18 e 22

Malgrado, a escravidão integral, não vejo a dita depravação total. O simples querer coisas meritórias que é incapaz de praticar, deixa patente a escravidão do pecador, não, a plena depravação. Esse aspecto do homem que quer as coisas corretas, não pode ser tido por depravado.

Paulo chegou a aludir aos atos de uns que, mesmo desconhecendo a Lei de Deus faziam escolhas naturalmente alinhadas a elas; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita nos seus corações, testificando juntamente sua consciência e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15

Sem entrarmos no mérito do alcance da “lei dos gentios”, o simples fato das suas consciências sinalizarem, tanto aprovando, quanto, reprovando-os, também é, ao meu ver, uma centelha residual do homem que foi criado À Imagem e Semelhança de Deus. A transgressão das próprias leis, acabava sendo denunciada pela consciência; minúcia Divina, neles.

Ao ouvirmos a mensagem de Cristo, embora “mortos” essa partícula de Deus, pode se tornar a “cabeça-de-ponte” pela qual O Espírito Santo desembarcará Sua Luz em nós, para que possamos receber ao Salvador. Ele disse: “Em verdade em verdade vos digo que, vem a hora e agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Assim, o “Ninguém pode vir a Mim, se O Pai que Me enviou, não o trouxer...” Jo 6;44 cumpre-se, invés de remeter a uma hipotética pré-escolha. A chispa que restou, se comunica com o Santo e é capacitada por Ele, a decidir segundo Deus. Feito isso, somos renascidos do espírito; aquilo que antes era impossível, agir como filhos de Deus, mesmo um apelo remoto o desejando, agora nos é possibilitado pelo Senhor. “A todos os que O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

O fato de os eleitos o terem sido “antes da fundação do mundo”, não implica num rol de pré-escolhidos, como ensinam os calvinistas.

Cristo também “foi morto antes da fundação do mundo.” Deus que “chama às coisas que não são, como se já fossem”, evidencia com isso, Sua Presciência, não, uma eventual pré-escolha.

Os eleitos o são em Cristo; Ele não disse vinde a Mim todos os que fazem parte dessa lista! Antes, todos os que estão cansados e sobrecarregados...” Os que foram e ainda forem, farão parte do rol dos eleitos.

Quanto à predestinação, refere-se a uma antecipação do predicado, não, do sujeito. Preparou de antemão o destino; os eleitos em Cristo virão para cá. Isso não requer que O Eterno interfira nas escolhas, tolhendo o arbítrio dos que serão destinados.

A Soberania do Eterno não carece ser defendida por nós. Se Ele a identificar ameaçada, Se defenderá soberanamente.

A doutrina da “depravação total” carece de outra, a “Graça irresistível” para ficar em pé. A Sã Doutrina é saudável o suficiente, para andar bem, sem amparo de muletas.
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Perplexidade nos Céus


“Por que pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? Persiste no engano, não quer voltar.” Jr 8;5

Nada surpreende ao Eterno, em sabedoria, conhecimento. Mas, atrevo-me a dizer que o ser humano consegue a “proeza” de ocasionar perplexidade.

O verso acima é um exemplo disso. Soa como se, Aquele que É Perfeito em Sabedoria, Onisciente e Presciente, desejasse saber algo que lhe escapa. A razão que patrocina nossos motivos, para trilharmos no caminho do erro, preferir os apelos do engano. O esperável seria que, uma vez iluminados, andássemos na luz; mas, não é assim.

Pelo mesmo profeta, O Senhor convidou os habitantes celestes, a sentirem parte da Divina decepção. “Houve alguma nação que trocasse seus deuses, ainda que não fossem deuses? Todavia, o Meu povo trocou sua glória, por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto ó Céus e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades; a Mim deixaram, manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.” Jr 2;11 a 13

É próprio do engano que o homem ímpio escolhe, sonegar o preço, o custo de certas escolhas, acenando com supostas vantagens. Mas, tendo tropeçado em determinada pedra várias vezes, ainda andar descuidadamente ao encontro dela, deriva de uma obstinação que causa perplexidade mesmo. “por que se desvia este povo com uma apostasia contínua?” Até quando?

Olhemos a questão da drogadição. As pessoas que assistem a uma reportagem sobre a dita “Cracolândia” ou similares, ao ver os lamentáveis zumbis que as drogas fazem das vidas humanas, deveriam estar todas “vacinadas” de modo a jamais entrarem por caminhos semelhantes; entretanto, o número de drogados cresce exponencialmente, invés de diminuir. Por quê? Aquilo que o intelecto sabe, nem sempre basta para patrocinar as escolhas da vontade.

O engano convence suas vítimas, de que elas estão no controle mesmo quando são dependentes; que com elas será diferente do que com o que acontece com aos demais drogados em redor. O intelecto sabe que estão escolhendo um caminho cujo fim é a morte; mas a vontade inconsequente trai seu próprio hospedeiro, fazendo-o buscar a perdição, como se buscasse algo necessário ou bom; ou, se a escolha não fosse tão nociva quanto é.

Mais uma vez, Os Céus manifestam-se perplexos: “Vivo Eu, diz O Senhor, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos! Pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11

Nos que temem ao Senhor, também concorre um engano de jogar com a longanimidade Divina, fazendo voluntariamente o que sabem ser errado, afinal, depois “me arrependo”, Deus perdoa. Essa disposição maligna dos corações devemos combater com todas as forças. Não existe “arrependimento” pré-datado, que possa ser “assinado” antes mesmo de errar. Não passa de astúcia diabólica tentando se vestir de escrúpulos em pecar.

Essa disposição suicida de jogar com a Divina bondade mostra que somos relapsos na devida santificação, não nos importamos com os sentimentos Divinos, como O Santo se importa com os nossos. “Porque não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a fazer o mal.” Ecl 8;11

O relacionamento saudável com o Santo, é zeloso; vigia para não ofender nem ferir a quem ama. Se quisermos nos “arrependermos” antes de praticar o mal, basta que paremos por um instante, antes de errar, dando atenção à sutil direção Divina que colocará os necessários sinais dentro de nós. “Os teus ouvidos ouvirão a Palavra que está por trás de ti dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes para a esquerda nem para a direita.” Is 30;21

Afinal, mesmo a Divina Paciência pode encontrar seu termo, para perdição dos jogam com ela, invés de temerem ao Eterno. “O homem que, muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído, sem que haja remédio.” Prov 29;1

Tornou-se proverbial que “gato escaldado sente medo de água fria”; significando que a doída experiência deixou marcas no bicho, de modo que, passa longe de coisas apenas parecidas, invés de reiterar nas mesmas. Mas o bicho homem perde para os outros bichos, como foi dito mediante Isaías: “O boi conhece ao seu possuidor, e o jumento à manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, meu povo não entende.” Is 1;3

Embora sejamos seres insignificantes, O Eterno nos ama; nossas escolhas, certas ou erradas, repercutem nos Céus; podemos causar perplexidade por lá, ou regozijo. “Assim vos digo que, há alegria diante dos anjos de Deus, por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Católicos e Evangélicos


“Quem ouve a vós, a Mim ouve; quem rejeita a vós, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou.” Luc 10;16

Ouvi um padre respondendo à questão: “Qual a diferença entre católicos e evangélicos?” "Católicos são Palavra, Magistério e Tradição; evangélicos é apenas, Bíblia, Bíblia, Bíblia.” Afirmou.

O Magistério significa a sucessão apostólica, - pontuou - citou o verso acima, onde, quem ouve aos apóstolos ouve a Cristo; quem os rejeita, rejeita ao Senhor, por fim, rejeita a Deus.

Disse que, termos a Bíblia como única regra de fé e prática, parece muito bonito. Mas, quem define qual a interpretação correta? Questionou. Deixando nas entrelinhas que essa é a função no Magistério. Por isso, há tantas denominações, concluiu.

Que os apóstolos são fundamentais para edificação da Igreja, de acordo: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a Pedra principal, de esquina.” Ef 2;20 As epístolas que escreveram e seus atos, sobre a doutrina de Cristo, são fundamentais para a compreensão da fé, e edificação da Igreja. Tudo isso está na Bíblia.

No encerramento dela, O Senhor vetou que acrescentasse ou omitisse qualquer coisa; “... se alguém lhe acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do Livro da Vida...” Apoc 22;18 e 19

Mas, poderia objetar alguém: Essa restrição se refere apenas ao Apocalipse; será? “Toda A Palavra de Deus é pura; escudo é, para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

Quando Cristo disse: “Quem ouve a vós ouve a Mim...” deve ser entendido no contexto. Não significa que tudo o que eles falassem era probo, correto. A Pedro disse, em certo momento: “Retira-te Satanás!” Paulo em Antioquia precisou repreender publicamente o mesmo Pedro, porque não agia retamente. Gl 2;11 Tomé duvidou da ressurreição.

“Quem ouve a vós ouve a Mim” significa, quando vós falardes as coisas para as quais Eu vos comissionei; não, quando falardes de moto próprio. Nesse sentido, ainda hoje, qualquer um que falar segundo A Palavra Dele, sendo ouvido, será um instrumento para que Cristo seja ouvido. Isso é de uma simplicidade cristalina, o vulgo pode entender sem carecer estudo.

Quando pregamos retamente À Palavra de Deus, não, nossas inclinações ou opiniões, quem nos rejeitar, estará rejeitando a Ele, ao qual representamos, eventualmente.

Quanto às tradições, são coisas neutras; pegam costumes pretéritos e guindam ao futuro, sem os valorar, necessariamente. Coisas ruins, más escolhas, também se transmite assim. “Invalidastes pela vossa tradição, o mandamento de Deus.” Mat 15;6 “... fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais.” I Ped 1;18 etc.

Se, o Papa representa mesmo, a sucessão apostólica, e o que disser deve ser aceito como sendo de Cristo, (Quem ouve a vós ouve a Mim) “Cristo” caiu em grave contradição ao longo dos anos. Naqueles dias disse: “Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Outro dia, o “sucessor” disse na Indonésia, que todas as religiões são válidas, conduzem a Deus, embora usem linguagens diferentes. Logo, o Mesmo Cristo que pontuou Sua exclusividade para fins de Salvação, agora, mediante o Magistério, estaria dizendo exatamente o contrário???

É vero que há muitas denominações que não são sadias, e que a interpretação bíblica não é particular. A Bíblia o diz: “Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.” II Ped 1;20 

Mas invés dum suposto “Magistério” como intérprete idôneo prescreve a assistência do Espírito Santo; “... os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” Seria esse restrito a uma elite? Ao clero?

“... não são muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos ou nobres, que são chamados; mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir às sábias...” I Cor 1;26 e 27

Quisera no meio dito protestante, fosse apenas a Bíblia, retamente interpretada; mas, infelizmente não é assim. Há muitas distorções, infiltrações, erros crassos e hipocrisia.

Mas, acredito que os católicos também têm seus problemas; ao meu ver, o mais grave de todos é a tentativa de suplementar ao que é perfeito, A Palavra de Deus; o que, no fundo acaba sendo sua rejeição. 

“Como, pois, dizeis: Nós somos sábios e a Lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas; os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram À Palavra do Senhor, que sabedoria, pois, têm eles?” Jr 8;8 e 9

O discernimento


“Ora amados, nós que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia, da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação, no temor do Senhor.” II Cor 7;1

Nesse conselho aparentemente corriqueiro, salta aos olhos algo importante, que pode passar despercebido.

Imundícia do espírito? Andar em espírito é nossa postura mais alta. “Portanto, agora, nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.” Rom 8;1 “Porque a inclinação da carne é morte, mas a do Espírito é vida, e paz.” Rom 8;6 etc.

Exortações para andarmos em espírito estão em oposição aos desejos carnais, que atuam segundo a natureza caída; não, segundo o homem regenerado, espiritual. Logo, a carne seria o habitat das impurezas, o espírito, o meio de caminharmos com, e segundo, Deus. Entretanto, o verso em apreço aconselha que nos purifiquemos de imundícias do espírito? Como?

A prescrição de andarmos em espírito rejeitando às inclinações carnais, nenhum prejuízo sofre por causa desse conselho; devemos fazer assim. Entretanto, como “nem tudo o que reluz é ouro”, nem tudo o que é espiritual deriva do Espírito Santo.

Essa postura simplista e crédula de atribuir a tudo o que foge do “normal” a Deus, apenas por ser espiritual, é uma doença antiga.

Quando O Eterno deu permissão ao Capiroto para tocar nos bens de Jó, aquele foi com sede ao pote. De uma vez, no mesmo dia, soltou as garras e destruiu tudo; usou vendavais, quadrilhas de salteadores, fogo fez cair dos céus, queimando aos rebanhos e servos. Os que leem o sobrenatural como oriundo, necessariamente, do Senhor, relataram como viram; “... fogo de Deus caiu dos céus e consumiu às ovelhas e os servos...” Jó 2;16

Uma leitura assim, simplista, para os homens daqueles dias, é compreensível; mas, estamos noutro tempo, com melhores informações.

“Amados, não creiais em todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque, já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” I Jo 4;1

Qual o sentido do dom de discernir espíritos, se essa ameaça não existisse? Alguns fazem uma leitura superficial, também, do dito que não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, contra espíritos maus, como se vivêssemos numa fábula, estilo “Ghostbusters”, imaginada pelo cinema.

O texto supra que preceitua provarmos aos espíritos, os apresenta como hospedados nos falsos profetas. Embora sejam entidades espirituais, atuam mediante pessoas de carne e sangue, às quais devemos resistir, quando oportuno.

Qualquer ensino que destoe da Santa Palavra, oblitere o conhecimento, é derivado de doutrinas de demônios, às quais convém resistir, uma vez identificadas; são imundícias espirituais tentando nos ludibriar. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo, todo entendimento à obediência de Cristo.” II Cor 10;4 e 5

Está cheio o mundo de doutrinas espúrias, ensinos daquele que se transfigura em anjo de luz para enganar; essas seitas têm seus ajuntamentos, de gente convicta que está no caminho certo, malgrado, precise omitir porções importantes da Palavra da Vida, acrescentar coisas, distorcer outras.

Mesmo onde a confissão doutrinária é ortodoxa, existem muitos falsos profetas, que, buscando atrair para si os que deveriam ser conduzidos Cristo, se esbaldam em “revelações” cuja única coisa que revelam é o espírito enganoso, que anima a esses “profetas.” “Purificai-vos da imundícia do espírito!”

Em alguns casos, o engano se veste de modo tão sutil, que as palavras do enganador são iguais às do que é autêntico. Apenas, o espírito e a intenção destoam. 

Eventualmente nos vemos diante de algo, que nosso espírito rejeita, sem que o entendimento alcance o motivo; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura. Não pode entende-las porque elas se discernem espiritualmente; mas, o que é espiritual discerne bem a tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Esses dois homens estão em nós, os convertidos; o natural, que não entende, e o espiritual que discerne. Quando o espírito em nós, disser não! mesmo que não entendamos, nossa postura deve ser, não. Oportunamente entenderemos o motivo.

Se o texto que prescreve provarmos os espíritos sugere fazermos os tais se pronunciarem sobre O Ser de Cristo, os que difundem ensinos espúrios, já expões suas identidades, diante de quem pode ver. Sendo capazes de aos discernir, nem os careceremos provar.

Assim como uma cédula falsa, de dinheiro, é identificada apenas por quem conhece detalhes das verdadeiras, também as coisas de Deus. É o conhecimento da Palavra da Vida, que nos imuniza contra as imundícias da morte. Purificai-vos!