terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Fadados a escolher


“Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; desvia teu pé das suas veredas; porque seus pés correm para o mal, se apressam a derramar sangue.” Prov 1;15 e 16

O sábio ensina evitar companhias daqueles que, cometem maldade com prazer, “seus pés correm para o mal.” Ora, em geral, as pessoas se apressam por coisas que lhes agrada. Assim, se um jovem com a personalidade ainda em formação caminhar com os tais, fatalmente terá noções de bem e mal, do que apraz, e o que não, distorcidas.

Quando as consequências assomam, só então, percebem contra quem fizeram o verdadeiro mal; “... estes armam ciladas contra seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas.” Prov 1;18

Quem aprende coisas erradas desde tenra idade, ocasiona que essas se tornem, como partes da sua natureza. Por Jeremias O Senhor pergunta: “Porventura, pode o etíope mudar sua pele, ou, o leopardo suas manchas? Então, podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há quem espose o fatalismo dizendo que, alguns nascem para ser bons, outros, ruins; assim, estaríamos fadados a ser o que os deuses decidiram por nós.

Mesmo Demócrito, que viveu na cultura grega antiga, com sua rica mitologia onde, o fatalismo era bem enraizado, pensava diferente; “Bondade se aprende”, dizia. A educação, não o Fado, delineia caminhos. Essa é derivada de uma escolha dupla; requer quem ensine e quem aprenda.

Se o fatalismo, como pulsava então, exposto nas peças teatrais, como Édipo Rei, de Sófocles, fosse veraz, seríamos inimputáveis, sem culpas. Faríamos apenas o que nos fosse determinado de antemão. Todavia, isso evidencia a noção que alguns pensadores da época tinham dos deuses.

Desconheciam, O Deus Único. Perante Ele, somos responsáveis pelas nossas decisões, feitores dos próprios destinos, nos rumos que tomamos; não, títeres de uma divindade que nos levaria ao seu bel prazer. Certo que O Eterno planeja coisas para nós; mas nos chama a cooperarmos; caso não queiramos, permite que façamos nossos próprios caminhos. Apenas adverte que devemos ser consequentes. “Porque o erro dos simples, os matará; o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temos do mal.” Prov 1;32 e 33

Por isso, o preceito de se ensinar o dever aos pequenos; “Educa a criança no caminho que deve andar; até quando envelhecer, não se desviará dele.” Prov 22;6

Muitos resquícios do fatalismo irresponsável persistem em nossa cultura ainda. Morre alguém de forma inesperada, e logo o “Simplício” filosofa: “Quando chega a hora não tem o que fazer.” Ora, a maioria das mortes que acontece, não tem nenhum vínculo com a vontade Divina. O sujeito escolhe dirigir temerariamente, e perece no trânsito; se dá a vícios de toda sorte e esses abreviam os dias também; se entrega a alimentações insalubres e elas trazem consequências semelhantes.

Esses erros e outros mais, como as escolhas de más companhias, junto a quadrilheiros violentos, como vimos no início, têm o “efeito colateral” de abreviar os dias dos que, nisso erram. Não morrem quando chegou a hora; mas quando chega o fim, por alguma consequência previsível ou fortuita que espreita ao longo do caminho escolhido. “Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas no seu fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

O primeiro dos Salmos traz: “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1 Esse abençoado faz escolhas quanto aos conselhos que segue, às companhias de jornada e mesmo, dos que participarão dos seus momentos de lazer.

Porém isso ainda é pouco. O tal, se ocupa em conhecer a Deus como Ele se revelou; “Tem seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita de dia e de noite.”

Pois, manter distância de maus ambientes e companhias é uma profilaxia contra o mal ao redor de nós. Conhecer a Deus, Sua Santidade, Seus ensinos, Sua Lei, nos capacita a lidarmos que o mal que está dentro de nós.

Se alguém presumir que não há maldades em suas inclinações, deve começar o tratamento pela presunção, que, nesse caso poderá ser diagnosticada no prefácio da obra.

Spurgeon dizia que os pecados que admitimos, confessamos, são apenas os mais vistosos. Como um fruticultor expõe seus melhores frutos na feira; mas, no pomar lá em casa, ainda resta uma infinidade. Por isso, além dos nossos belos “frutos” devemos orar como Davi: “Quem pode entender os próprios erros? Purifica-me Tu, dos que me são ocultos.” Sal 19;12

“Podemos tentar evitar de fazer escolhas através de não fazermos nada, mas mesmo isso é uma escolha.” Gary Collins

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Os enganadores


“Aquele que odeia dissimula com seus lábios, mas o seu íntimo encobre o engano.” Prov 26;24

Há uma diferença sutil, entre o enganador e o hipócrita. Esse é mais grosseiro em sua farsa; facilmente identificável, pois, diz uma coisa e faz outra; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

O enganador esconde no íntimo seu veneno, não o deixa patente. Pode até dizer e fazer as coisas certas; todavia, com intenções perversas; de maneira que, não se pode ver sem o precioso discernimento, que O Espírito Santo outorga. Como disse Watchman Nee, “As palavras estão certas, mas o espírito é errado.”

Paulo mencionou nuances disso: “... o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz; não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros de justiça...” II Cor 11;14 e 15

Além das sutilezas manipulando a doutrina, ainda temos o concurso de milagres fraudulentos; aqueles que se movem pelo espanto mais que pela verdade, caem nas teias do engano; O Salvador preveniu: “Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios, que se possível fosse, enganariam até aos escolhidos.” Mat 24;24

Quem se impressiona mais com o sobrenatural, que com a Justiça e Santidade do Senhor, tem grandes possibilidades de acabar vítima do “anjo de luz”, ou dos seus ministros.
Nem tudo o que tem tom sobrenatural se origina no Senhor. Basta ver os estragos que satanás fez contra Jó, seus bens e seus filhos, para entender que, sob Divina permissão, pode fazer grandes coisas.

Certa vez fui a uma “Cruzada” no litoral, onde um ministro desses, entreteve uma plateia de incautos, apenas adivinhando nomes e números de CPFs; pedindo ofertas em envelopes, em troca das quais prometia grandes recompensas materiais.

Para minha vergonha alheia, foi incensado, ovacionado, invés de ser desmascarado como convinha. Era novo convertido, então, mas o Espírito em mim, se recusou a compactuar com aquele lixo.

Ora, nos dias de Atos, já havia em Filipos na Macedônia, uma jovem que era usada pelo capeta para essas mesmas coisas. Qual a novidade?

Suponhamos que eu esteja vivendo momentos de desajustes vários, carecendo uma porção sólida de correção do Senhor, mediante Sua Palavra, para ser levado ao arrependimento e mudança. Aí, vou num evento desses, invés de escutar o que necessito pela Palavra da Vida, um gadareno desses diz o número dome CPF? E daí?

O patife tolhe que eu seja assistido, segundo necessito, pela correção e misericórdia do Senhor, sai como herói levando dinheiro do povo ainda. Naquele caso, todos os cultos foram cancelados na cidade, para “prestigiar à cruzada.” Outra vez me envergonho lembrando disso.

Estão na moda ainda, os que, como o “Vidente Carlinhos” que teria acertado a queda do avião da Chapecoense, (nessa virada de ano caíram uns dez) depois se tornou uma celebridade, não adivinhando nada mais. Assim, além dos adivinhos satânicos, grassa também a súcia dos chutadores carnais.

Esses são toscos e mesmo assim têm seu público. “Deus me revela alguém com o filho nas drogas; outrem que está desempregado...” Cáspita!! O Eterno chamou a Josias e Ciro pelos nomes, antes deles nascerem. Deus não fala com “alguéns”, nem “acerta por aproximação” a nada. Até quando esses patifes prosperarão pela nossa negligência??

Numa mensagem escrita ou falada, visa a todos quantos tiverem acesso às mesmas; como cada um reagirá a elas, é que fará diferença, ou não. Quando revela algo específico, é cirúrgico, preciso, inerrante.

Por isso, mais necessário que nunca, é que andemos em espírito e busquemos do Senhor o necessário discernimento. “O que é espiritual discerne bem a tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

Devemos ser cuidadosos também com o excesso de “intimidade” com O Altíssimo. O grande Daniel quando teve visão com um Anjo do Senhor, quase desmaiou. Esses bobos alegres vendem sem ficarem vermelhos, coisas que “ouvem do Senhor” todos os dias, como se fizessem um happy hour, com Ele a cada tarde. Gentalha, sem noção!!

Alugam grandes plateias, (desgraçadamente, quanto menos bíblico for o sujeito, mais público terá) e invés de ensinarem À Palavra da Vida, que exorta, consola e edifica, ficam soprando suas flautas enganosas, encantando serpentes com supostas “revelações” que receberam no “chá das cinco” de ontem.

Até quando?? “... não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão dos seus corações, não da Boca do Senhor.” Jr 23;16

Porque o erro dos simples os matará; e o desvario dos insensatos os destruirá; mas o que me der ouvidos, habitará em segurança; estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

Los Angeles, que Angeles?


“Não erreis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” Gál 6;7

Em virtude dos devastadores incêndios que acontecem na Califórnia, muitos têm investigado as causas. 

Não poucos cristãos fizeram vídeos, mostrando uma cena na premiação do “Globo de Ouro”, onde a humorista Nikki Glaser, apresentou a lista de agradecimentos dos vencedores; segundo ela, 11 o fizeram às suas equipes, três às suas mães; um a certo apresentador, e por fim, disse, a “Deus, O Criador do Universo, zero menções.”

Ela riu, o público riu, então acrescentou: “Normal nessa cidade sem Deus, tudo certo.” Ao que todos riram novamente. Na introdução da fala sobre os agradecimentos, a mencionada humorista, “coincidentemente” dissera: “Os agradecimentos estão incendiando.”

Dois dias depois aconteceu isso: Dizem, os que produziram vídeos, mostrando cenas do incêndio. Deixando subentendido que o mesmo seria uma “resposta” de Deus, à mencionada zombaria. Afinal, “Deus não se deixa escarnecer.”

Confesso que, num primeiro momento me deixei levar pela sugestão, “teológica”; afinal, as ideias prontas nos eximem de pensar; e quando parecem amarradas com um liame “lógico”, podem convencer. Entretanto, no fundo, algo não me convencia; tanto que esperei uns três dias para escrever sobre o tema, até orar, meditar e formar minha convicção sem influências alheias. Fazer fogo com minha lenha.

Nesse meio tempo surgiram denúncias que três pontos de incêndio começaram ao mesmo tempo, em locais distintos, o que torna a coisa suspeita. Seriam os anjos de Deus se vingando, ou, outros anjos, a serviço de outra causa?

A Califórnia preserva muito da influência espanhola, pois, pertenceu ao México até 1848. Assim, nomes de cidade no idioma hispânico como, San Diego, San Francisco, Sacramento, Santa Mônica, Santa Ana, Los Angeles etc. são normais. Essa última, significa “Os Anjos” em espanhol.

Basta ver a tecla em que os “jornalistas” vassalos do globalismo mais batem, reclamando providências contra o “aquecimento global”, para notar a quais interesses, um incêndio desses, caso seja, comprovadamente criminoso, atenderia. Qualquer coisa que acelere a agenda dos tais, ao preço que for, lhes interessa; eles têm interesses, não, escrúpulos.

Mel Gibson, que conhece bem de perto muitas coisas pertinentes a isso, no momento em que o incêndio progredia destruindo também, sua mansão, lembrou no podcast de Joe Rogan, da “eco-religião” promovida pelo Papa Francisco, com sua “Pacchamama” defesa da “Mãe Terra”, a “casa comum”. Fez encíclicas inteiras sobre isso; acenando “urbe et orbe” como braço religioso dos globalistas. Sem acusar a ninguém de nada, lembrou que a coisa parecia “conveniente, suspeita”.

Claro que as prostitutas venais da “mídia” já têm na ponta da língua a acusação de “teoria da conspiração” o mantra que lhes foi ordenado repetir, pelos seus donos que, conspiram de forma bem prática e visível.

Aos olhos desses velhacos, que detêm a maioria da mídia mundial, transformar incidentes pontuais em problemas globais, interessa muito; lhes “autoriza”, a propor “soluções globais”, para saciar sua intensa sede de dominar o planeta, podendo fazer isso com engano, se apresentando como defensores do mesmo, não usurpadores, como de fato, os são.

Logo, toda cautela em nos posicionarmos colocando O Todo Poderoso como se, Ele fosse um “pavio curto” como nós, e para punir a arrogância de meia dúzia de imbecis Ele resolvesse destruir bens e vidas de gente inocente.

Novamente oportuno um dito antigo de Abraão: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio; longe de Ti; não faria justiça O Juiz de toda a terra?” Gn 18;25

Nosso zelo sem entendimento, nossa pressa em “defender a Deus”, pode prestar mais serviço ao inimigo que a Ele. Afinal, se uma devastação sem precedentes e indiscriminada dessas, puder ser atribuída a um ataque de Ira, Divino, daremos munição ao canhoto, de acusar ao Altíssimo de atitudes pequenas e injustas. 

Prefiro adotar a prudência de Paulo: “... seja sempre, Deus verdadeiro e todo homem, mentiroso; como está escrito; para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” Rom 3;4

Mas, e o texto que Deus não se deixa escarnecer, como fica? Leiamos o próximo verso: “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Escárnio ante Ele seria não dar a cada um, o devido lugar, conforme as escolhas feitas na vida.

Enfim, se não foram causas naturais, mas, “anjos” que atearam fogo, por certo, não foram os do Altíssimo. “Los Angeles” que isso fizeram, devem ter outro senhor, e outros interesses, que não, zelar pela honra do Todo Poderoso.

Lamentável tanta destruição, e perdas de vidas várias. Entretanto, Deus É inocente.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Línguas estranhas são falsas?


“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um, pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro, operação de maravilhas, a outro, profecia; a outro, dom de discernir espíritos; a outro, variedade de línguas, e a outro, interpretação das línguas. Mas O mesmo Espírito, opera todas estas coisas repartindo particularmente a cada um, como quer.” I Cor 12;7 a 11

A questão dos dons espirituais costuma ser muito controversa, fonte de disputas. Os cessacionistas advogam que os tais eram uma necessidade para aqueles dias, da Igreja incipiente, Escrituras ainda incompletas; com o fechamento do “Cânon”, não são mais necessários os dons, bastando a Palavra de Deus.

Em geral a maioria dos dons passa despercebida; seria absurdo alguém combater a existência dos dons da Palavra da sabedoria, da ciência, da fé, de discernimento espiritual... no entanto, um dom, que recebe as mais severas diatribes é o de línguas.

Ontem assisti um vídeo do pastor Rodrigo Mocellin, a quem admiro e respeito, defendendo que o dom de línguas é falso. Foi autêntico e necessário naqueles dias, onde pessoas que falavam diversos idiomas diferentes, foram capacitadas a ouvir falar das grandezas de Deus em suas próprias línguas; faladas sobrenaturalmente, por gente que as não conhecia, capacitadas pelo Espírito. Eram línguas humanas, entendidas pelos que as falavam e seus cotidianos. Certo.

“Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão, a Deus; porque ninguém o entende; em espírito fala mistérios.” I Cor 14;2 Significa, segundo ele, o veto a que se fale, uma vez que não seria entendido pela igreja.

Há muita falsificação por aí, também, no referente ao dom de línguas. Grassam imitações carnais desconexas, e até demônios que também falam visando enganar. Por isso a necessidade de se discernir espíritos, não apenas em questões doutrinárias, mas também, na das manifestações dos dons.

Que em Atos 2 as línguas eram humanas, pelo menos as registradas, (nada garante que outras não tenham sido faladas) isso é pacífico.

O incidente de Atos 10;44 e 46, na casa de Cornélio, também menciona a manifestação do Espírito Santo, e o dom de línguas, sem especificar se eram apenas as línguas dos presentes, hebraico e latim, porque essas eles já falavam, sem carecer de dom nenhum. Contudo, “... os ouviram falar línguas e glorificar a Deus.” V 46

A suposição mais lógica aqui, é que falaram em línguas estranhas a ambos os idiomas ali representados, e houve interpretação. Senão, bastaria Lucas ter registrado que os hebreus falaram latim, e os romanos, hebraico.

Quanto ao cessacionismo, ouvi o doutor Augustus Nicodemos, outro homem respeitável pelo seu conhecimento, dizer que a frase, “Quando vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado.” Isso significaria, que quando o Cânon fosse fechado os dons não seriam mais necessários; quais? Apenas línguas, ou todos?

Afinal, reconheço nos dois pastores citados, os dons da sabedoria e da ciência. Ora, o fato de haver falsificação, mau testemunho, escândalos entre os que falam em línguas estranhas, isso valora os frutos, não, os dons.

Em nenhum lugar há mais distorções, heresias, concurso de farsantes, que no ensino da Palavra. Nem por isso, os dons atinentes ao conhecimento dela são falsos. Os farsantes imitam coisas genuínas, sobretudo, as que podem emprestar alguma credibilidade. Falsos "linguarudos" seria um argumento pró autenticidade dos dons, não, o contrário.

Então, o cessacionismo tem problemas, porque faria cessar apenas um ou dois dons que os proponentes não concordam. Os que como o Pastor Rodrigo advogam que foi uma necessidade pontual, dado haver muitos estrangeiros então, que também precisavam ouvir sobre Deus, precisariam de explicar qual o sentido do dom da interpretação de línguas. Pois, se eram meras línguas terrenas, que os ouvintes as entendiam, tal dom, não faria sentido, tampouco, teria utilidade.

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” Se a utilidade do dom de línguas é ser um sinal para os incrédulos, o próprio doador saberá onde e quando o mesmo convém.

Quem lê o que escrevo, concordando ou não, terá que convir que balizo argumentos na Palavra de Deus, com a hermenêutica mais saudável possível. Não defendo como atuais, esses dons, porque possuo; experiências pessoas não embasam doutrina.

O que expus nesse breve apanhado é fundado em argumentos bíblicos. Há muita coisa falsa por aí, que devemos combater. Mas rotular algo de “falso” apenas por discordar, é tentar guindar as predileções, a um patamar que elas não alcançam.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

vida; quanto vale?


“... que é a vossa vida?” Tg 4;14

Tiago está desaconselhando a temeridade de “dispormos” do amanhã como se ele, necessariamente, nos pertencesse. Não sabeis o que acontecerá amanhã. Que é a vossa vida? subentendendo que nem da posse dela poderemos estar seguros, muito menos, de coisas que projetarmos sem considerar o Divino querer.

O que é a nossa vida? Antes de mais nada, não é nossa, embora tenhamos a mordomia sobre ela. O Senhor ensina: “... Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12 Uma vez que fazemos parte disso, pois, necessária a conclusão que pertencemos a Ele. Servindo-o, ou não.

Deixando a questão da posse, da vida, o que ela é? Paulo disse que Deus, “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra, determinando os tempos, já dantes ordenados, e os limites da sua habitação, para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27

O Eterno não ordenaria que buscássemos o que já possuímos. Se carecemos buscá-lo, certamente é porque necessitamos, porque Nele é nosso lugar. Somos extensão da Divina Criação, desdobramento, por assim dizer; mas, o homem, em dias pretéritos, por alguma razão se apartou do Criador, ao qual, deve buscar outra vez, para encontrar o sentido da vida.

Davi descreveu em linguagem poética, o que a distância do Eterno faz, em almas sensíveis; “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, suspira minha alma por Ti, ó Deus; minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?" Sal 42;1 e 2 Se, ele sabia que carecia entrar, para ver à Face Divina, óbvio que ele estava de fora.

Jesus Cristo ensinou: “Eu Sou a porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará e sairá, e achará pastagens.” Jo 10;9 Embora pareça contraditório, tanto, Jesus É a Porta, quanto, bate às portas dos nossos corações, buscando aos que deseja salvar. Ele É a Porta, porque não outra forma de se chegar a Deus; bate às nossas, porque nos ama e anela regenerar.

Então, se nossas vidas são nossas, no sentido que nos foi permitido geri-las, não o são no sentido da posse, de dispormos delas como nos aprouver, tirar nossa própria ou a de outrem; nem, de termos a última palavra sobre as escolhas meritórias ou não. “Eu sei ó Senhor, que não é do homem seu caminho, nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

Não que não seja possível, o homem fazer escolhas erradas contra O Divino querer; a maioria faz assim, infelizmente. Apenas não é possível que essas escolhas tenham um final ditoso, abençoado. “O caminho dos ímpios é como a escuridão, nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Pois, nossa orientação meramente pelas vistas tem grandes chances de nos induzir ao engano. “Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12 Aquele que É Onisciente, e anuncia o fim desde o princípio, não é vencido pelas aparências.

O profeta Jeremias nos apresentou a sentença contra a pretensa autonomia humana; “Assim diz O Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, aparta seu coração do Senhor.” Jr 17;5

Não apenas nossa limitação ao âmbito das vistas nos faz escolher o caminho errado, como tolhe que possamos discernir o que é certo. “Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;6

Embora nossas vidas sejam, inicialmente, alienadas do Senhor, inclinadas ao pecado, pela corrupção de nossas naturezas após a queda, ainda assim, somos amados por Ele que garante: Uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido.

O que é nossa vida? Sem Cristo, uma empresa falida. Ele, porém, faculta o novo nascimento a quem se arrepende e se dispõe a obedecê-lo.

Paulo fez distinção entre a velha natureza, e a nova regenerada, o “homem espiritual;” disse: “Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não, nossa.” II Cor 4;7

Enfim, nossa vida em si mesma mui pouco vale; pode ser perdida por qualquer desventura; em Deus, é feita uma preciosidade de valor eterno, e certamente será instrumento para bênção de outras tantas.

É algo do qual devemos abrir mão, perder, para ganhar em troca, outra que já não poderá ser perdida. “Quem achar sua vida perdê-la-á; e quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 10;39

O garimpo


“Preparas uma mesa perante mim, na presença dos meus inimigos...” Sal 23;5

A certeza de bênçãos em submissão ao Divino Pastor, poderá ser entendida de modo superficial, como se fôssemos lançados a um lugar de comodismo; ou, fartura e ausência de obstáculos. Não é essa a ideia, porém. Servir ao Senhor não é acertar na loteria.

As verdadeiras riquezas não são vulgares, como disse o poeta Drummond de Andrade: “As pessoas se enganam pensando que os cofres dos bancos possuem riquezas; lá tem apenas dinheiro.”

Além da possibilidade de passar pelo “vale da sombra da morte”, Davi entendia o caminho como estreito, requerendo retidão; “veredas da justiça”; não ignorava a presença dos desafetos. O próprio Saul que fora abençoado mediante a vida dele, o procurava matar.

Assim, invés de uma presunção festeira, pelo fato de O Senhor ser seu Pastor, supondo que nada de ruim ocorreria o autor entendia e expressou, que apesar dessas coisas todas, a fidelidade Divina seguia presente, valia a pena confiar no Eterno. “Se formos infiéis Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo”. II Tim 2;13

Afinal, Davi escreveu boa parte dos salmos, na sina de proscrito, fugitivo, errante; apostou na Divina fidelidade, mesmo quando as circunstâncias pareciam dizer o contrário. Essa é a verdadeira fé; “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10 Pois, quem tem certeza do Divino cuidado, já tem luz suficiente.

A “fé” utilitarista, que atina mais ao que espera obter, do que a devida fidelidade, a despeito das circunstâncias, longe de ser fé, não passa de auto engano. Como se, O Senhor Onisciente pudesse ser manipulado por uma criatura insignificante. O suposto crente em apreço trai a si mesmo, cegado pela própria hipocrisia.

O Eterno deplorou a “adoração” efêmera, que era fruto de um momento apenas; “... porque vossa benignidade é como a nuvem da manhã; como orvalho da madrugada que cedo passa.” Os 6;4 Que valor tem uma “metamorfose” assim?

As provas e tentações são um convite do Senhor a vencermos, para, então, sermos abençoados. “Bem aventurado o homem que sofre a tentação, porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual, O Senhor tem prometido aos que O amam.” Tg 1;12

Sofrer a tentação é resisti-la, não, cair. Quando caímos, não sofremos no momento, apenas, pecamos. Em geral a carne sente prazer em pecar, embora, armazene, com isso, um depósito de dores futuras, as consequências.

Ele não nos prova para saber como reagiremos; pois, já sabe. Mas o faz para que também saibamos. Uma coisa é declararmos nossa fé com os lábios; outra, a vivermos, no teatro das ações. Assim, as provas servem como um filtro, como o instrumento do garimpeiro, que ciranda até separar o precioso do fútil. “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo.” I Ped 1;7

O objeto da fé é a pessoa em quem se crê; não, um conjunto de circunstâncias que se espera usufruir. “Crede em Deus, crede também em Mim...” ensinou O Salvador. A fé sadia visa corresponder ao Divino amor, não, obter favores. “Sem fé é impossível agradar a Deus...” Heb 11;6

Quando, eventuais estreitamentos são necessários, ou permitidos, pelo Supremo Pastor, como no caso de Jó, devemos aprender a reagir como ele. Quando sua mulher, que tinha uma “fé” utilitária, o aconselhou a renunciar a Deus e morrer, disse: “... como fala qualquer doida, falas tu; receberíamos o bem, de Deus, e não receberíamos o mal?” Jó 2;10

Adiante, acossado pelas falsas suposições de seus amigos, de que estava sofrendo como juízo pelas suas culpas, recusou-se a aceitar tão injusta acusação; porém, sem renunciar sua fé; “Ainda que Ele me mate, Nele esperarei; contudo, meus caminhos defenderei perante Ele.” Cap 13;15

Sendo o mundo como é; alienado do Santo, jazendo no maligno, o simples fato de alguém crer em Deus, ser fiel a Ele, já torna necessária a existência de inimigos. “prepara-me uma mesa na presença dos meus inimigos...”

Um “cristianismo” que, para evitar isso, mundaniza-se, foge de inimigos frágeis e se faz inimigo do Todo Poderoso. “Adúlteros e adúlteras; não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Sejamos, na medida do possível, instrumentos de Deus, para reconciliar com Ele os que estão em inimizade; mas se formos forçados a escolher entre O Senhor ou eles, azar deles. Sigamos à mesa, onde é servido o Pão dos Céus.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Questão de honra


“Coroa de honra são as cãs, quando elas estão no caminho da justiça.” Prov 16;31

Os cabelos branquearem no caminho da justiça é uma metáfora, que aponta seu dito a um ser humano que envelheceu nesses caminhos. Sendo o mundo, tal qual é; eivado de corrupção, mentiras, vícios, promiscuidade, interesses rasos, logros, fisiologismos, negociatas sujas etc. certamente quem ousa escolher o caminho da justiça, terá que dizer muitos nãos! às “oportunidades” que o assediarão ao longo dos seus dias.

Paulo chamou o galardão de salvo que esperava receber, de “coroa da justiça.” “Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual, O Senhor, Justo Juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem à sua vinda.” II Tim 4;8 Ele leu, amar à vinda do Senhor, como um predicado dos justos, e sabia o que estava dizendo. Os “justos” do Senhor não o são em si mesmos; mas, herdam a justiça de Cristo, ao qual, aprenderam amar.

Embora, a recompensa dos salvos seja esperável no porvir, devemos nos portar aqui, como se já tivéssemos o que foi prometido para lá. A certa igreja ainda em plena batalha nas lidas terrenas foi dito: “... Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Apoc 3;11 A Igreja em Filadélfia tinha apenas fidelidade em meio às lutas; foi tratada como tendo já uma coroa, por isso.

De igual modo, as cãs. O vulgo pode olhar um ancião envelhecido e ver apenas um senil de cabelos brancos; o mundo espiritual que vê além das aparências, de longe identificará, onde estiver um “coroado” do Senhor; esse, embora não tendo ainda, visível, seu prêmio, por certo, o tem reservado no devir.

Lógico que não bastam cabelos brancos; é necessário que seu possuidor os tenha branqueado na trilha da justiça. Como bem disse Ruy Barbosa: “Não te impressiones com cabelos brancos, porque os canalhas também envelhecem.”

Mas num tempo sombrio como esse, onde as pessoas não veem outros valores, senão, dinheiro, fama, prazeres, quem se importaria com a honra? Deus zela por ela e se importa.

Essa é uma daquelas coisas que se nota mais quando nos falta que quando a temos. Esteja qualquer um de nós, numa situação desonrosa, e presto assomará a sensação de que nos falta algo, que as coisas não estão nos devidos lugares. A Palavra ensina que os que se humilham serão exaltados; portanto, humilhações, não, honras terrenas, estão em nossa rota de colisão, se formos fiéis.

Como somos chamados em Cristo a padecer fome e sede de justiça, todos os que a Ele seguem, conhecem a desonra bem de perto. Embora, saibamos que vale a pena padecê-la por amor a Ele, ninguém a considerará uma coisa boa.

Acima de tudo devemos honrar ao Senhor; Ele reclamou de um povo relapso, que oferecia coisas desprezíveis em seus cultos; “O filho honra ao pai, e o servo ao seu senhor; se Eu Sou Pai, onde está a Minha honra? Se Eu Sou Senhor, onde está o Meu temor?” Ml 1;6

Quem pretender ter ao Senhor como pastor, entenda; será Ele que escolherá qual o caminho que lhe convém; “... guia-me pelas veredas da justiça, por amor do Seu Nome.” Sal 23;3

As veredas da justiça de Deus, permitem que sejamos injustiçados aqui; pois, nos desafia a depositar nossas esperanças no além. Se as recompensas fossem imediatas, a coisa deixaria de ser pela fé, e se faria mero escambo, negócio.

O Eterno nos assegura a certeza da justa retribuição; “... aos que me honram, honrarei; porém, os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30 apenas, não define o tempo, em que essa retribuição será manifesta.

Enfim, optar pelo caminho estreito, que demanda o ser justo mesmo sendo, eventualmente, injustiçado, é o dever de todos os que pretendem pertencer a Cristo.

Independe, qual idade tenham. Os que escolhem esse rumo desde cedo, e permanecem nele até o entardecer da vida, exibem uma virtude preciosa aos Divinos Olhos; perseverança.

Caminhar pontualmente com O Senhor, em momentos ásperos, de dificuldades qualquer um consegue. Se manter fiel, mesmo nas decepções, injustiças, até na fartura, isso é prerrogativa de poucos.

Camões disse: “A verdadeira afeição, na longa ausência se comprova”. Os que amam a Deus deveras, mesmo que deparem com “longa ausência” Dele, em manifestar sinais dos Seus cuidados, responder orações, abrir portas, permanecem leais, esses são os que honram ao Senhor, atribuindo a Ele, fidelidade e integridade.

E devem aprender a fazer isso, por reconhecer a Dignidade do Eterno, não por esperar algo em troca.

“Ninguém jamais foi honrado por aquilo que recebeu. Honra é a recompensa por aquilo que damos.” Calvin Coolidge