domingo, 15 de setembro de 2024

O que ler?


“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” I Tim 4;13

Recebi de um amigo que me honra lendo meus textos, o pedido de indicação de leituras relevantes.

Pensei um pouco, mais um pouco, algumas dezenas de títulos se deixaram fotografar na parede da memória. Mesmo assim, não me atrevi a recomendar nenhum. Uma série de “efeitos colaterais” me assustaram.

Já aconteceu de alguém me indicar algo “imperdível;” eu ler sem ter me empolgado. Certamente, coisas que indiquei também passaram pelo mesmo crivo, decepção.

Por que isso acontece? Porque temos necessidades e paladares diferentes, e estamos em estágios distintos em nossa escalada de aprendizado. Assim, nem sempre o que soa aprazível a um, tem o mesmo resultado a outro.

Podemos ainda, diferir sobre o que buscamos, quando lemos. Em se tratando de teor espiritual, nenhum cristão colocará nada no lugar da Palavra de Deus. Além da teologia, para a devida interpretação, bons autores, como Charles H. Mackintosh, Charles Spurgeon, Don Richardson que seu espetacular “O Fator Melquisedeque”, algo sobre os puritanos, Dave Hant, com “A sedução do Cristianismo” e “Escapando da Sedução”, foram leituras que me fizeram bem.

A Palavra coloca um conselho sobre a busca da sabedoria: “Examinai tudo. Retende o bem.” I Tess 5;21

Assim, o fato de alguém ser Arminiano, não deve tolher que leia bons autores Calvinistas, e vice-versa. Eu sou cristão, entretanto, li o “Alcorão” mais de uma vez; “o Livro de Mórmon”, “O Grande Conflito”, alguns títulos espíritas, livros de psicologia, e muitos de filosofia. Qual o proveito? Não sei. Mas, na pior das hipóteses, um livro com teor que descremos, enriquece nosso vocabulário, permite conhecer os motivos de quem crê diferente, nos qualificando a argumentar com conhecimento, quando falarmos com um desses.

Quem gosta de sensibilidade apurada e linguagem poética, Antoine de Saint Exupèry, com a “Terra dos Homens” e “O pequeno Príncipe”, embora não tenham teor espiritual, mostram profunda habilidade na leitura da alma humana, e grande riqueza poética no modo como isso é expresso.

Se outrem desejar aprender com certo humor, “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdã é um achado. Na filosofia, “O Livre Arbítrio” de Artur Schopenhauer me ajudou. Os diálogos de Platão, Górgias, Teeteto, A República, Sofista, Fédon etc. também têm seu valor. Não significa que concordo, necessariamente, com tudo que está exposto lá. Na receita aquela do “examinai tudo e retende o bem”, devemos ser cuidadosos. Se, no método argumentativo a dialética é admirável, no teor, nem sempre o que se lê nos soa digno, probo.

Li “O Mundo de Sofia” de Jostein Garden; é uma espécie de sumário da história da Filosofia, desde os pré-socráticos, até meados do século XX. O autor não esposa nenhuma visão, apenas, menciona cada uma expondo o que essa defendia, em linhas gerais.

A busca da sabedoria deve ter a avidez de um garimpo, segundo o mais sábio entre os homens, Salomão. “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento e entendimento.” Prov 2;3 a 6

Já ouvi pregadores com sua exagerada ênfase no “poder”, baixando a lenha em outros que citam filósofos em suas mensagens. Ora, quando a citação serve para enfatizar uma verdade bíblica, como a aversão à luz ensinada por Cristo em João Cap 3; 19 a 21 Foi Platão que disse: “Trágico não é a criança com medo do escuro; antes, os adultos com medo da luz.” Qual problema citar algo assim?

Paulo menciona o cretense Epimênides na carta a Tito. Tt 1;12 Pediu certa vez: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo e os livros, principalmente, os pergaminhos.” II Tim 4;13

Portanto, querido irmão, perdoe-me se não me atrevo a prescrever esse ou aquele livro. Talvez, o maior trunfo de um autodidata, (Um idiota por conta própria, como definiu o Quintana) seja ele não receber “nada” em troca de seus estudos.

Difere de quem busca se formar por um diploma, e um labor naquilo que se habilitou que permita ganhar a vida; natural e honesto, isso. Quem busca ao conhecimento “apenas” por ele mesmo, tem melhores chances de apreciá-lo em seu real valor.

Se, por um lado, tudo recebemos do Senhor; Ele nos capacita ao aprendizado; por outro, nossas escolhas terão consequências. Foi a um que desde criança estudava, que foi dito: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade.” II Tim 2;15

Pablo Marçal


“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Vendo parte de uma “entrevista” do candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, uma “jornalista” queixou-se que ele respondera uma pergunta com outra; ele se defendeu: “Isso é um princípio de sabedoria.”

Destaquei a palavra entrevista, e seus agentes, jornalistas, entre aspas, pelo triste fato que, grande parte de nossa imprensa, escrita, televisada e falada deixou de fazer jornalismo há muito, e passou a fazer militância política.

Se, o inquirido é daqueles pelos quais militam, são dóceis, servis, só fazem questionamentos ensaiados, sem nenhum risco de constrangimento; todavia, quando é um desafeto assentado entre eles, a mesma planta que antes exalara perfume se torna “carnívora” e tudo faz para devorar, a quem deveriam apenas questionar e deixar responder como aprouvesse.

Assim, ser o entrevistado, arredio, é compreensível. Sua agressividade e má vontade é um recurso de legítima defesa.

Não estou no rol dos admiradores de Marçal, malgrado, tenha tripudiado, nos debates com os demais concorrentes e com a imprensa que, invés de inquirir, de certa forma, debate também. Torço que ele vença por duas razões: Seus concorrentes são muito ruins; e ele defende valores de direita, com os quais me identifico, só isso.

O sujeito tem rapidez de raciocínio, boa gama de informações, célere trânsito no mundo virtual, negócios, e habilidade retórica notável. Contudo, essas qualidades não bastam para forjar a integridade. Certamente servem para os embates nos quais ele está envolvido; mas, nem tudo na vida é uma questão de velocidade, nem acúmulo de bens.

A rapidez na arte de falar costuma ensejar alguns acidentes. “Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos Céus, tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque da muita ocupação vêm os sonhos, a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;2 e 3

Assim, voltando ao começo, princípio de sabedoria é o “Temor do Senhor.” Responder perguntando é redarguir, coisa que qualquer beócio consegue.

Infelizmente, em muitas palestras que ele deu na ocupação de coach, foi flagrado em grotescas mentiras, e, manipulação de eventuais “assistidos” descontentes com a contrapartida dele, pelo alto valor cobrado.

A arte de fazer as coisas acontecerem é melhor que a inércia; entretanto, o ativismo em si é amoral. A vera sabedoria, além de dominar o “como” fazer, requer a integridade de um “porquê?”

Nesse prisma de um viver alinhado ao Divino propósito, a cultura, a versatilidade retórica, a rapidez de locomoção ou raciocínio não contam. “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha; tampouco, dos sábios o pão, ou, dos prudentes as riquezas, nem, dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.” Ecl 9;11

Os que temem Ao Senhor, o bastante para adotarem como normas de vida, os Divinos Ensinamentos, por simples e incultos que sejam, são sábios pelo valor da escolha que fazem.

Não é problema o sujeito ter determinados predicados; entretanto, não deve confiar neles nem os considerar como substitutos de Cristo, como fez Paulo que tinha vasta cultura. “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Submetidos ao Senhor, de onde os mesmos vieram, os dons se tornam bênçãos, como os de Paulo que, o capacitaram a escrever grande parte do Novo Testamento.

Nos dias de Sócrates, os sofistas, hábeis na retórica e descompromissados morais, eram desprezados pelos filósofos. Esses buscavam pela verdade, mesmo que, eventualmente estivesse em domínios alheios; aqueles, prevalecer num debate, ainda que, para tanto, usassem a mentira. Eram obreiros amorais aptos a produzir crença sem ciência, apenas.

Nós outros, decorridos 2500 anos, estaríamos no mesmo lugar; a apreciar a loquacidade vazia, onde deveríamos buscar pela verdade.

Há porções de saber ao alcance, no âmbito experimental, como esposavam os empiristas; outras, acessíveis apenas no escopo racional, como defendiam os racionalistas; mas, nada, por esse método ou aquele, deve desafinar das diretrizes espirituais legadas pelo Senhor, sob pena de confundirmos o ouro de tolos, com o nobre metal.

Alguns séculos antes de Sócrates, Jeremias já dissera: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

A vida real não é tão administrável, quanto, a virtual. Num debate, basta ser mais veloz. Mas, como dizia Joelmir Betting, “Na prática, a teoria é outra.”

sábado, 14 de setembro de 2024

A nova Lei


“Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;2

Paulo está dizendo que uma Lei libertadora nos tirou das garras de outra, mortal. Mudança necessária, tendo, a relação do homem com Deus progredido do sacerdócio levítico para outro, superior. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também, mudança da lei.” Heb 7;12

Não se trata de algum “aperfeiçoamento”, como se, O que É Perfeito em Sabedoria, tivesse criado algo rudimentar, tosco, e vendo a inutilidade, refizesse num molde melhor. Paulo ensina: “... a Lei é Santa, o mandamento santo, justo e bom.” Rom 7;12

O propósito da Lei nunca foi salvar. Visava expor nossa pecaminosidade, necessidade de salvação. Assim, “... vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. O mandamento que era para vida, achei que era para morte.” Rom 7;9 e 10 Nesse sentido, a letra mata; os Divinos mandamentos evidenciam nossa culpa e nos fazem réus de morte; em Cristo, fomos chamados a “... um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, o espírito vivifica.” II Cro 3;6

Eis, o Divino propósito na Lei! “... a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Mandamentos sobre amar a Deus, ao próximo, e honrar aos pais não perderam vigência. A “Lei do Espírito de Vida” foi além do “cumprimento” exterior; propiciou tratamento das causas.

A purificação do Salvador excede em muito aos corpos, regenera consciências. “Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14

O sábado, além de um testemunho sobre, ao qual Deus, serviam os Hebreus, era um cuidado amoroso com a saúde humana. “... o sábado foi feito por causa do homem...” transgredi-lo era grave como a outro mandado qualquer. Cristo diz que “... É lícito fazer bem nos sábados.” Mat 12;12

A observância da lei como meio de salvação, desvia da Graça em Cristo, por pretender colocar a “justiça” humana, onde só a Divina é suficiente; quem assim faz, invés de obediência, manifesta rebeldia; “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, procurando estabelecer a própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.” Rom 10;3 a insubmissão é característica da carne; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Se Deus mudou algo que Ele mesmo estabeleceu, para um patamar superior, não nos cabe questionar; apenas, obedecer. A recusa implica em nova queda. “Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5;4

Quem rejeita ao Senhor, porque teria algo melhor, Moisés, carece entender bem o lugar de cada um; “Porque Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3

Não apenas num dia da semana, mas em todo o tempo, devemos andar em Espírito, em submissão ao Espírito Santo que O Salvador enviou para nos conduzir; Ele a todo momento selará suas diretrizes em nosso espírito, seja o dia da semana, que for. Se assim fizermos, “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

A não observância do sábado não é uma facilitação das coisas para nós; antes, deriva da nossa compreensão do propósito Divino, que requer de nós coisas ainda melhores. A Lei continua valendo; por Ela Deus julgará o mundo. Mas os que recebem a Cristo, “morrem” para ela e renascem para outra, superior. “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rom 7;4

Alguém quer descansar no sábado, qual o problema? “Um faz diferença entre dia e dia, outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.” Rom 14;5

Apenas não convertam isso em “Selo de Deus”, porque não é, nem o domingo em “marca da besta”, que é igualmente, tolo.

O Selo de Deus é O Espírito Santo; “Não entristeçais O Espírito Santo de Deus, no qual estais selados...” Ef 4;30 a marca, um código de acesso ao sistema global, onde estará o dinheiro digital.

Quem andar em espírito, pelo Espírito terá livramento oportuno.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O escudo da dúvida


“No amor não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4;18

Sempre tivemos como antídoto ao medo, coragem. No entanto, o verso supra esposa que o perfeito amor basta para lançar fora o medo; como? Deve haver alguma razão para as centenas de “não temas” e similares, da Palavra de Deus.

Talvez, não tenhamos conseguido ainda avaliar devidamente, a força do amor. Paulo mencionou um hipotético ato de bravura, que, seria inútil sem esse sentimento; “... ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3 Necessário que o amor seja maior que a coragem, pois.

O Salvador disse: “Onde estiver vosso coração, aí estará vosso tesouro”; o que mais alto valoramos, o que mais amamos, mais tememos perder; por quê? Certamente por padecermos de um amor imperfeito, rasteiro, que se apega a coisas, posições efêmeras, mais que às eternas.

O Sinédrio condenou Jesus à morte por medo de perder sua posição. Barjesus o mago, falso profeta, resistia à mensagem de Paulo, temendo perder sua influência na casa do procônsul, Sérgio Paulo. Ver Atos 13, 6 a 10.

Muitos líderes de sinagogas, quando a mensagem do Evangelho crescia entre eles, com aceitação popular, também se excitavam pelo mesmo medo. “No sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a Palavra de Deus. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.” Atos 13;44 e 45 etc.

Se o temor traz consigo a pena, implica que os que amam de modo imperfeito sabem disso; mas, preferem um “amor” adoecido de resultados imediatos, em prol do seu comodismo, que, o perfeito amor, o qual, permite que a própria vida seja ceifada, quando for o caso, mas não se permite amar diferente do que O Eterno ensinou. “... Amarás O Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma e todo teu pensamento.” Mat 22;37

Jó, no auge da dor recusou a duvidar de Deus; “Ainda que Ele me mate, Nele esperarei; contudo, meus caminhos defenderei diante Dele.” Jó 13;15

Ou, os jovens ameaçados com a fornalha de fogo em Babilônia, por se recusarem a uma adoração idólatra; desafiados pelo rei, responderam: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Se, não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Dn 3;17 e 18

Esse “se, não”, é o mais bonito da declaração de fé dos jovens hebreus. Diferente da presunção a esposar que Deus fará algo apenas porque eu creio, a fé verdadeira deixa um “se, não”, uma porta aberta à Divina Soberania, que, pode fazer diverso do que espero, sem por isso, deixar de ser Sábia, ou Amorosa. O perfeito amor confia em quem ama, não nos próprios anseios, nos quais, o amor egoísta e enfermo, costuma ancorar.

A fé sadia tem melhores Objetos, que, objetivos. “... credes em Deus, crede também em Mim.” Jo 14;1

Se, acredito que Deus É Eterno; que seguindo-o e obedecendo-o, recebo vida eterna, por que me agarraria com força a essa vida, como se ela fosse tudo o que tenho? Caso o fizesse, negaria minha fé agindo na contramão. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Tiago ensina: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé, sem obras é morta.” Tg 2;26

Em alguns casos, as “obras” da fé são passivas. Fazer caridade ao próximo, porque O Amor de Cristo requer, anunciar a salvação, são situações ativas. Padecer incompreensões, perseguições, decepções, sem descrer em Quem cremos, não. Nesses casos, a fé atua em consórcio com alguém inda maior que ela; o amor. “Agora, pois, permanecem fé, esperança e amor; estes três, mas o maior destes é o amor.” I Cor 13;13

Afinal, fé é uma “criatura”; Jesus É “... autor e consumador da fé...” Heb 12;2 O Amor permeia O Divino Ser; “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus É Amor.” I Jo 4;8

Os que se dão a comportamentos opostos ao Divino querer, escudados no, “Deus É Amor”, manifestam de modo oblíquo o egoísmo, amando aos próprios anseios, mais que, aos do Eterno. Seus “escudos” testificam de seus medos.

O amor não carece escudos; seu alvo está fora de si; “O amor... não se porta com indecência, não busca seus interesses...” I Cor 13;5

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Vencedores


“... Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, que está no meio do Paraíso de Deus.” Ap 2;7

Vencer, em geral não é devidamente entendido. Se alguém teve um pretérito de privações, e, de repente, por alguma contingência for guindado a uma situação onde passe a ganhar muito dinheiro, presto dirão que venceu na vida.

Alguns exacerbam na pretensão. Um que, na carência morou numa favela, agora, na fartura sente-se como se representasse a todos daquele lugar. “A favela venceu”. Nesses casos é a falta de noção que triunfa.

Não tem nada a ver com vitória, migrar da necessidade à fartura. As posses são coisas instáveis; tanto um paupérrimo pode galgar alturas, quanto, um abastado ir à falência. Quem jamais viu, ou soube?

As posses facilitam a vida terrena, nada além dela; “Morrendo o homem perverso perece sua esperança, acaba-se a expectação das riquezas.” Prov 11;7

Então, qual deve ser nossa aquisição prioritária? A Sabedoria diz: “Riquezas e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e justiça.” Prov 8;18 A justiça “compra” grandes coisas; “De nada aproveitam, riquezas no dia da ira, mas a justiça livra da morte.” Prov 11;4

A terra costuma corroborar ao que conquista grandes coisas, o Céu, em geral aprova ao que labora por legítimos meios, conquistando coisas, ou, não. “Se alguém milita, não é coroado se não militar legitimamente.” II Tim 2;7

Mesmo numa caminhada meritória, como estava Paulo, por não ter terminado ainda sua jornada, foi comedido; não convém ao homem prudente cantar vitória antes do tempo. “Porque em nada me sinto culpado; - disse - nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é O Senhor.” I Cor 4;4

Prosperar materialmente é a sina natural de todo ser humano; trabalhamos para tanto. Os frutos do trabalho são apenas isso. Quando laboramos vencemos apenas à preguiça.

Muitos vão se perder, atolados em dinheiro, infelizmente, porque viveram como se, amontoar metais fosse o sentido da vida.

Aliás, a primeira credencial para uma vida vitoriosa é entendermos o porquê estamos aqui, qual o fim, o objetivo de nossa existência terrena. Paulo ensina: “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Como “matéria-prima” nos é dado um limite de tempo e espaço, como alvo, buscarmos a Deus; parece necessário que, vencem, aqueles que logram esse objetivo.

Cristo veio para ensinar Sua Doutrina, dar Sua Vida em resgate por todos os que se arrependessem; no exato momento que Sua Obra estava sendo completa, bradou: “Está consumado!” Estranha vitória!! Todavia, foi a maior de todas, em todos os tempos. O triunfo do amor ao ódio; conquista da Luz sobre as trevas; vitória da verdade sobre a mentira; superação da morte, pela vida.

O mesmo Paulo que, em meio a uma vida honrosa em Cristo, recusou-se a cantar vitória precipitadamente, quando estava na reta final, convicto do que faria, até o fim, foi ao encontro da morte como quem sobe a um podium. “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual O Senhor, Justo Juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem a Sua vinda.” II Tim 4;6 a 8 Do seu modo disse: Eu venci.

Se vencer na vida fosse ser famoso ou rico, os tais não se suicidariam. Jim Carrey disse: “Eu acho que todo mundo deveria ficar rico, famoso e fazer tudo o que sempre sonhou, para que possa ver que essa não é a resposta.” Ele é rico e famoso, mas parece que, ainda não, vencedor.

O irônico é que ele fez “Bruce Noland” em “O Todo Poderoso” sujeito que queria ser rico e famoso, mas, aprendeu que a simplicidade na vontade Divina é melhor. Talvez, o personagem não tenha conseguido influenciar ao intérprete.

Deus não terá perdedores consigo. No entanto, a vitória que conta, deveras, tem a ver com frutos espirituais, não com impérios que caem, nem com renome que é produto da idolatria e ignorância dos derrotados.

Não dar a coisas fúteis a relevância que elas não têm, é já um bom começo para sermos vencedores. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Sem contaminação


“... maus pensamentos, adultérios, fornicações, homicídios, furtos, avareza, maldades, engano, dissolução, inveja, blasfêmia, soberba, loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.” Mc 7;21 a 23

Parece estranha essa abordagem. A ideia de contaminar é contagiar, infectar, transmitir, infeccionar... geralmente, quando alguém portador de uma moléstia entra em contato com outro, saudável, dependendo da natureza do mal, se, contagioso, passará de um a outro. Em alguns casos, o uso de máscaras até se faz necessário, temendo a transmissão de enfermidades.

Ageu apresentou uma nuance de contaminação das coisas santas ao contacto com as profanas. “Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? Os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda.” Ag 2;7

Em linhas gerais, a contaminação se dá por contágio externo. Entretanto, O Salvador alistou mais de uma dúzia de vícios, que estariam no coração do homem, com o potencial para contaminá-lo. Como assim? Se a coisa já está em nós, não estamos contaminados?

Tiago fez distinção entre o pecado potencial, nossa inclinação, e o atual, aquele que praticamos; nossa natureza é toda, pecado potencial; somos inclinados à desobediência como versou Paulo: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Trazemos em nós a má inclinação latente; porém, só será punida se, praticada. “... cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15 

Notemos que antes de ser praticado o pecado é “dado à luz”; a consciência “escaneia” nosso desejo e o valora, antes de lançarmos mão a ele. Se consumarmos o anseio, ceifaremos as consequências.

Sendo nossos corações o nascedouro das nossas atitudes, ali devemos evitar a escolha, ou aprovação das coisas contagiosas; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

O Senhor prometeu e cumpriu, a dádiva de um novo coração mediante Sua Palavra e Espírito; “dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27

Todo aquele que recebe a Jesus Cristo, ganha esse novo coração, também, conhecido por, nascer do Espírito, ou, novo nascimento. Assim, cada convertido passa a ter duas naturezas. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;6

Se, a natureza carnal, como a porca a se espojar na lama, tem na desobediência seu prazer, o homem espiritual, nascido de novo, encontra seu deleite em Deus, não, no pecado. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Desse modo, não precisamos de um contacto externo, para nos contaminarmos, pois, o potencial para cometer toda sorte de pecados já está em nós. Trazemos todas as “ferramentas” necessárias.

Como nossa “duplicidade” após a regeneração comporta um aspecto limpo, o homem espiritual, esse sempre é contaminado, quando, deixamos à carne as rédeas das nossas ações, invés de seguirmos as diretrizes do Espírito. Daí o conselho: “... Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne.” Gal 5;16

Se, ao homem natural o “volante” é tirado; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”, o espiritual é posto como mordomo das nossas almas; se andarmos segundo suas diretrizes, nossas ações não incorrerão em contaminação.

Nossa cruz não é um pequeno adorno pra ostentarmos nos pulsos ou, pescoço; tampouco, o peso circunstancial de nossas vidas, derivado das escolhas pretéritas. Se, alguns dizem disso, esta e a cruz que carrego, a de Cristo que devemos tomar, não é apenas para carregarmos; antes, para sacrificarmos nela, nossas inclinações contagiosas e mortais. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

Não fomos chamados para fazer boa figura social, quiçá, sendo aplaudidos pelos homens; antes, devemos corresponder ao amor de Cristo, mediante obediência, para sermos habitados pelo Senhor. “... Se alguém me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

Inevitável que tropecemos, e não andemos o tempo inteiro em espírito. Mas, cada erro deve ensejar um aprendizado e um arrependimento, seguido de mudança rumo à santificação. “... àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.” Sal 50;23

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Separados pra viver


“A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e Jesus Cristo, a Quem enviaste.” Jo 17;3

Jesus intercedendo pelos Seus discípulos, antes de passar pelo Calvário. A vida, sua Fonte, era o cerne do Ensino do Mestre, o motivo da Sua oração. Quem se ocupa mais com coisas que com a vida, está apenas “coiseando” quando deveria estar vivendo. “Eu vim para que tenhais vida...” Jo 10;10

Os que tentam equacionar poder político com espiritual, pela imposição da quantidade, onde é o nicho da qualidade, têm dificuldade de lidar com esse aspecto, da exclusividade do Salvador, e Deus Pai, como O Único Deus Verdadeiro.

Os ecumenistas liderados pelo Papa Francisco seguem colocando negociatas políticas acima da Palavra de Deus. Vão de um hemisfério ao outro, do Leste ao Oeste, tentando agrupar tudo à força de lei. Ora, todos deveriam escolher livremente, em quê, desejam crer.

A crucificação do Senhor era “desejável”, porque ímpios eram, aqueles que se Lhe opunham; lhes foi possível, porque tinham nas mãos o poder terreno.

Seguem ímpios, mais do que nunca; o poder temporal também lhes sorri; assim, invés de exortarem mediante pregações, para o homem se alinhar ao Divino querer, seguem resilientes no erro, recusando receber o que, pelo Eterno foi mandado através do Seu Filho. A Doutrina Exclusiva da salvação; “Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Muito ouvi defensores do ecumenismo, usando um verso desse mesmo capítulo de João, como se o referido arranjo que pinta aos diferentes como iguais, fosse preceituado pelo Salvador em Sua Oração; citam: “... Pai santo, guarda em Teu Nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós.” V 11

O próprio texto, analisado com honestidade intelectual deixa ver a quem se refere; “aqueles que Me deste...” entretanto, caso alguém queira sofismar, dizendo que as nações são herança do Ungido do Senhor, como diz no salmo segundo; As nações são herança Dele como Senhor; as julgará. A intimidade de salvos, é de outro calibre: “Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; o que vem a Mim de maneira nenhuma lançarei fora.” Jo 6;37

Ademais, o contexto imediato elimina qualquer sofisma velhaco e esclarece que a oração do Senhor era pelos discípulos; não, pelos adeptos de credos espúrios para que todos se unissem num mosaico espiritual desconexo. “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são Teus.” V 9

A fidelidade a Deus é minoritária, como naqueles dias, em face ao poder político do mundo; de novo, “Cristo” será perseguido e morto, nos pequenos que lhe são fiéis, com os quais, O Salvador se identifica.

O Papa peregrina pelo sudeste asiático, fazendo seu trabalho de aglutinar discrepantes; foi ao maior país muçulmano, a Indonésia, e assinou em Jacarta, um acordo inter-religioso com um Imã, líder islâmico, com acompanhamento de budistas, confucionistas, hinduístas e “protestantes”.

Por que os “protestantes” precisam ser arrolados entre aspas? Porque não são nem sombras dos verdadeiros protestantes, que por sua profissão, “Sola Scriptura”, são avessos a acordos com quaisquer que não tenham o mesmo fundamento doutrinário.

Todos os adjetivos têm sido treinados à exaustão, para colarem em nós, quando, a perseguição aos que se recusarem a se acomodar dentro do balaio de gatos ecumênico, começar; “fundamentalistas, radicais, expoentes de ódio, negacionistas, inimigos da união, intolerantes...” etc.

Como Cristo fez, nos caberá também. Nos mantermos fiéis ao Pai, custe o que custar. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Se quiserem as vidas dos nossos corpos, terão; a força para isso estará ao lado deles. Porém, o poder para coagir nossas almas a acatarem suas espúrias imposições, esse
 eles não têm, nem terão, jamais. “Em Deus faremos proezas; porque Ele é que pisará nossos inimigos.” Sal 60;12

Uma coisa que escapa às lideranças políticas é que, não possuem a mínima ingerência sobre nossas escolhas espirituais. A salvação é individual, ninguém responde por mim, quanto a ela, exceto, O Salvador. “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Assim, pouco me importa qual liderança “protestante” vai assinar o quê, onde, como, ou, quando. Não deleguei a ninguém que faça escolhas que me pertencem, tampouco autorizei que assinem nada em meu nome. Quem quiser vender a alma ao diabo que venda a sua, sob pena de não poder entregar, se tencionar vender outra.

Me uniria àqueles dos quais devo me separar? “Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” II Cor 6;17