domingo, 15 de setembro de 2024

Pablo Marçal


“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Vendo parte de uma “entrevista” do candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, uma “jornalista” queixou-se que ele respondera uma pergunta com outra; ele se defendeu: “Isso é um princípio de sabedoria.”

Destaquei a palavra entrevista, e seus agentes, jornalistas, entre aspas, pelo triste fato que, grande parte de nossa imprensa, escrita, televisada e falada deixou de fazer jornalismo há muito, e passou a fazer militância política.

Se, o inquirido é daqueles pelos quais militam, são dóceis, servis, só fazem questionamentos ensaiados, sem nenhum risco de constrangimento; todavia, quando é um desafeto assentado entre eles, a mesma planta que antes exalara perfume se torna “carnívora” e tudo faz para devorar, a quem deveriam apenas questionar e deixar responder como aprouvesse.

Assim, ser o entrevistado, arredio, é compreensível. Sua agressividade e má vontade é um recurso de legítima defesa.

Não estou no rol dos admiradores de Marçal, malgrado, tenha tripudiado, nos debates com os demais concorrentes e com a imprensa que, invés de inquirir, de certa forma, debate também. Torço que ele vença por duas razões: Seus concorrentes são muito ruins; e ele defende valores de direita, com os quais me identifico, só isso.

O sujeito tem rapidez de raciocínio, boa gama de informações, célere trânsito no mundo virtual, negócios, e habilidade retórica notável. Contudo, essas qualidades não bastam para forjar a integridade. Certamente servem para os embates nos quais ele está envolvido; mas, nem tudo na vida é uma questão de velocidade, nem acúmulo de bens.

A rapidez na arte de falar costuma ensejar alguns acidentes. “Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos Céus, tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque da muita ocupação vêm os sonhos, a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;2 e 3

Assim, voltando ao começo, princípio de sabedoria é o “Temor do Senhor.” Responder perguntando é redarguir, coisa que qualquer beócio consegue.

Infelizmente, em muitas palestras que ele deu na ocupação de coach, foi flagrado em grotescas mentiras, e, manipulação de eventuais “assistidos” descontentes com a contrapartida dele, pelo alto valor cobrado.

A arte de fazer as coisas acontecerem é melhor que a inércia; entretanto, o ativismo em si é amoral. A vera sabedoria, além de dominar o “como” fazer, requer a integridade de um “porquê?”

Nesse prisma de um viver alinhado ao Divino propósito, a cultura, a versatilidade retórica, a rapidez de locomoção ou raciocínio não contam. “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha; tampouco, dos sábios o pão, ou, dos prudentes as riquezas, nem, dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.” Ecl 9;11

Os que temem Ao Senhor, o bastante para adotarem como normas de vida, os Divinos Ensinamentos, por simples e incultos que sejam, são sábios pelo valor da escolha que fazem.

Não é problema o sujeito ter determinados predicados; entretanto, não deve confiar neles nem os considerar como substitutos de Cristo, como fez Paulo que tinha vasta cultura. “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Submetidos ao Senhor, de onde os mesmos vieram, os dons se tornam bênçãos, como os de Paulo que, o capacitaram a escrever grande parte do Novo Testamento.

Nos dias de Sócrates, os sofistas, hábeis na retórica e descompromissados morais, eram desprezados pelos filósofos. Esses buscavam pela verdade, mesmo que, eventualmente estivesse em domínios alheios; aqueles, prevalecer num debate, ainda que, para tanto, usassem a mentira. Eram obreiros amorais aptos a produzir crença sem ciência, apenas.

Nós outros, decorridos 2500 anos, estaríamos no mesmo lugar; a apreciar a loquacidade vazia, onde deveríamos buscar pela verdade.

Há porções de saber ao alcance, no âmbito experimental, como esposavam os empiristas; outras, acessíveis apenas no escopo racional, como defendiam os racionalistas; mas, nada, por esse método ou aquele, deve desafinar das diretrizes espirituais legadas pelo Senhor, sob pena de confundirmos o ouro de tolos, com o nobre metal.

Alguns séculos antes de Sócrates, Jeremias já dissera: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

A vida real não é tão administrável, quanto, a virtual. Num debate, basta ser mais veloz. Mas, como dizia Joelmir Betting, “Na prática, a teoria é outra.”

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