quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Gravando!!


“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons; por ela, depois de morto, ainda fala.” Heb 11;4

A capacidade de falar depois de morto não é derivada da fé; antes, as obras são; elas se fazem eloquentes, mesmo depois que alguém parte pro além.

Como ensina Tiago, “a fé sem obras é morta”; a viva produz um atuar consoante, e mesmo a morte não pode calar sua voz. Como, depois que o sol se põe, inda resta aproximadamente uma hora de luz residual, quando a vida de alguém “se põe” no horizonte do tempo, sua luz inda segue viva, pelo impacto do testemunho deixado.

“... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz O Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; suas obras os seguem.” Apo 14;13

Óbvio que estamos nos referindo a obras meritórias, de quem viveu como se estivesse morto, crucificando más inclinações, e tendo morrido é como se seguisse vivo, desafiando-nos a imitar seu proceder.

Quem vive de modo réprobo, já produz trevas antes mesmo da “noite” chegar; sai da vida, tristemente, deixando um suspiro de alívio após si, dos que acham que o tal, já foi tarde. De Jeoacaz, a Bíblia fala em termos nada elogiosos, na sua morte; “Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar; reinou oito anos em Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; sepultaram-no na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis.” II Cron 21;20

Os meios dos quais dispomos, permitem a qualquer um, “falar” após sua partida, deixando gravada sua voz; contudo, não é esse o falar em apreço. A eloquência do exemplo, pelo modo de vida abraçado, é a “fala” à qual A Palavra de Deus se refere.

Alguns ensinos pretendem que os mortos “voltem” nas asas dos “médiuns” e ditem pelos lábios desses, supostas instruções, palavras de alento e coisas afins. O Juiz dos vivos e dos mortos veta essas coisas por duas razões.

1) o que carecemos saber sobre o além, está contido na Divina revelação, A Palavra de Deus; quando um morto pediu algo assim, foi dito que era impossível e desnecessário. “... Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16;29 Hoje temos ainda, Jesus Cristo.

2) se os mortos não têm mais parte com esse lado, quem fala se passando por eles, certamente é uma fraude; “Seu amor, seu ódio, sua inveja já pereceram; já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;6 Por isso, o veto categórico a que se faça isso: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Contudo não confundirmos o que as pessoas falam do morto, no velório, como que o morto “fala”, pelo exemplo deixado. Nesses momentos, até invejosos se rasgam em elogios, pois, não temem mais que, o que disserem venha a ser usado contra eles no “tribunal da vida”. “Podemos elogiar à vontade; está morto.” Machado de Assis.

Desse cinismo nasceu o dito que as pessoas ficam boas quando morrem. Na verdade, as más guardam suas armas, ao verem morto o “inimigo”.

Quando, quem parte é uma pessoa de viver exemplar, que deixará vasta lacuna sua ausência, pela grande capacidade que tem essa austera oradora, a morte, a partida desse que deveria ter ainda permanecido conosco, acaba ampliando o alcance dos seus feitos.

O que é motivo de dores, lamento, angústia entre os que veem da perspectiva terrena, é diverso quando valorado pelo apreço dos Céus; “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Foi justo pelo teor filosófico que faz nos percebermos também, na fila da finitude, que o sábio considerou o dia da morte, mais eloquente que o do nascimento. “Melhor é a boa fama que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém. Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;1 e 2

Enfim, nossas ações, escolhas, enquanto vivos, “gravam” o que falaremos depois. Não importa o que tenhamos protagonizado até hoje, se, coisas más; o arrependimento e mudança de vida em Cristo, “deleta” nossos maus passos, e capacita a palmilharmos, novos.

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