sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O escudo da dúvida


“No amor não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4;18

Sempre tivemos como antídoto ao medo, coragem. No entanto, o verso supra esposa que o perfeito amor basta para lançar fora o medo; como? Deve haver alguma razão para as centenas de “não temas” e similares, da Palavra de Deus.

Talvez, não tenhamos conseguido ainda avaliar devidamente, a força do amor. Paulo mencionou um hipotético ato de bravura, que, seria inútil sem esse sentimento; “... ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3 Necessário que o amor seja maior que a coragem, pois.

O Salvador disse: “Onde estiver vosso coração, aí estará vosso tesouro”; o que mais alto valoramos, o que mais amamos, mais tememos perder; por quê? Certamente por padecermos de um amor imperfeito, rasteiro, que se apega a coisas, posições efêmeras, mais que às eternas.

O Sinédrio condenou Jesus à morte por medo de perder sua posição. Barjesus o mago, falso profeta, resistia à mensagem de Paulo, temendo perder sua influência na casa do procônsul, Sérgio Paulo. Ver Atos 13, 6 a 10.

Muitos líderes de sinagogas, quando a mensagem do Evangelho crescia entre eles, com aceitação popular, também se excitavam pelo mesmo medo. “No sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a Palavra de Deus. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.” Atos 13;44 e 45 etc.

Se o temor traz consigo a pena, implica que os que amam de modo imperfeito sabem disso; mas, preferem um “amor” adoecido de resultados imediatos, em prol do seu comodismo, que, o perfeito amor, o qual, permite que a própria vida seja ceifada, quando for o caso, mas não se permite amar diferente do que O Eterno ensinou. “... Amarás O Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma e todo teu pensamento.” Mat 22;37

Jó, no auge da dor recusou a duvidar de Deus; “Ainda que Ele me mate, Nele esperarei; contudo, meus caminhos defenderei diante Dele.” Jó 13;15

Ou, os jovens ameaçados com a fornalha de fogo em Babilônia, por se recusarem a uma adoração idólatra; desafiados pelo rei, responderam: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Se, não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Dn 3;17 e 18

Esse “se, não”, é o mais bonito da declaração de fé dos jovens hebreus. Diferente da presunção a esposar que Deus fará algo apenas porque eu creio, a fé verdadeira deixa um “se, não”, uma porta aberta à Divina Soberania, que, pode fazer diverso do que espero, sem por isso, deixar de ser Sábia, ou Amorosa. O perfeito amor confia em quem ama, não nos próprios anseios, nos quais, o amor egoísta e enfermo, costuma ancorar.

A fé sadia tem melhores Objetos, que, objetivos. “... credes em Deus, crede também em Mim.” Jo 14;1

Se, acredito que Deus É Eterno; que seguindo-o e obedecendo-o, recebo vida eterna, por que me agarraria com força a essa vida, como se ela fosse tudo o que tenho? Caso o fizesse, negaria minha fé agindo na contramão. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Tiago ensina: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé, sem obras é morta.” Tg 2;26

Em alguns casos, as “obras” da fé são passivas. Fazer caridade ao próximo, porque O Amor de Cristo requer, anunciar a salvação, são situações ativas. Padecer incompreensões, perseguições, decepções, sem descrer em Quem cremos, não. Nesses casos, a fé atua em consórcio com alguém inda maior que ela; o amor. “Agora, pois, permanecem fé, esperança e amor; estes três, mas o maior destes é o amor.” I Cor 13;13

Afinal, fé é uma “criatura”; Jesus É “... autor e consumador da fé...” Heb 12;2 O Amor permeia O Divino Ser; “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus É Amor.” I Jo 4;8

Os que se dão a comportamentos opostos ao Divino querer, escudados no, “Deus É Amor”, manifestam de modo oblíquo o egoísmo, amando aos próprios anseios, mais que, aos do Eterno. Seus “escudos” testificam de seus medos.

O amor não carece escudos; seu alvo está fora de si; “O amor... não se porta com indecência, não busca seus interesses...” I Cor 13;5

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