sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Os escravos


“Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Um dos aspectos do “Fruto do Espírito” é domínio próprio. Na Antiga Aliança, o agir do Espírito Santo era mais estrito; Sua operação não era tão conhecida. Invés de um fruto espiritual, certa atitude era valorada como uma escolha filosófica pelo melhor.

O domínio sobre outrem foi posto como indesejável, enquanto, o que regia a própria vontade era quem escolhia a virtude. Do poder sobre outrem, foi dito: “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Infelizmente isso sempre aconteceu. Os egípcios dominaram mais de quatro séculos, nos últimos tempos, escravizaram aos hebreus. Quando da Divina intervenção, a libertação do povo e as dez pragas, restou um país arrasado, como punição. Os Babilônios escravizaram ao mesmo povo por setenta anos; depois, foram subjugados pelos medos e persas. Em geral, quem plantou opressão, acabou colhendo os devidos frutos.

A escravidão sempre foi um flagelo, com males para ambos os lados. Os escravos, por razões óbvias, não carecemos descrever suas dores. Os escravistas, inda que pudessem fruir aqui, frutos da sua perversidade, diante de Deus, os que não foram justiçados, lá o serão. “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5;24

Essa vergonhosa chaga também nos maculou. Felizmente, nos dias atuais, já não há espaço. Um ou outro incidente, pontual, acaba punido pela lei, se descoberto.

Por interesses ideológicos, muitos fundiram a escravatura ao racismo, como se fossem, necessariamente, frutos do mesmo baraço. Inclusive, movimentos antirracismo, chegaram a pleitear a remoção de certa frase do hino riograndense, pois, seria racista. “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.” Diz.

Pelo menos três objeções me ocorrem, à ideia de alterarmos a letra do nosso consagrado hino. a) a escravidão não aconteceu somente em prejuízo dos negros. Vimos dois exemplos dos judeus; nepaleses sob domínio chinês, hindus de castas inferiores submissos às “superiores”, hititas, cananeus, sob o domínio dos hebreus, foram escravos, povos dominados pelos romanos, mongóis, também; etc.

b) os países que abasteciam aos navios negreiros eram governados por negros, com populações majoritariamente negras. Assim, como vendiam seus concidadãos aos escravistas brancos de outras nações, eram também culpados pela nefasta prática;

c) por fim, se a antítese da virtude é a escravidão, por certo, o autor não tencionava atingir à que tolhe a soberania e castra direitos civis. A escravidão da qual a virtude liberta é a dos vícios. Seja o escravo, quem for.

Há escravos da pornografia, mentira, lascívia, corrupção, do amor ao dinheiro, dos jogos de azar, das drogas, etc. Entre todas as cores e raças. O que é a conversão desejada pelo Salvador, Jesus Cristo, senão, uma libertação desse feitor impiedoso, o pecado?

Paulo ilustrou como esse tirano domina: “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

Nossa inclinação natural precisa ser mortificada, e carecemos de uma injeção que nos “turbine”, para deixarmos a avenida costumeira da rebelião, (Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser. Rom 8;7) e sermos capacitados a abraçar a virtude em Cristo, como novo modo de vida. “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Não é algo que ganhamos pronto, pré-fabricado; antes, somos potencializados, com a regeneração espiritual, e chamados às escolhas que se coadunam com a necessária santificação.

Paulo esmiúça: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, mas, não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4;22 a 27 etc.

Em Cristo nossa virtude não é estritamente nossa; foi nos dada a bendita “chave” que abre nossas “algemas”; cada tentação é uma oportunidade. De liberdade, ou escravidão. Então é vero o dito: “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.”

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