quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Sem contaminação


“... maus pensamentos, adultérios, fornicações, homicídios, furtos, avareza, maldades, engano, dissolução, inveja, blasfêmia, soberba, loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.” Mc 7;21 a 23

Parece estranha essa abordagem. A ideia de contaminar é contagiar, infectar, transmitir, infeccionar... geralmente, quando alguém portador de uma moléstia entra em contato com outro, saudável, dependendo da natureza do mal, se, contagioso, passará de um a outro. Em alguns casos, o uso de máscaras até se faz necessário, temendo a transmissão de enfermidades.

Ageu apresentou uma nuance de contaminação das coisas santas ao contacto com as profanas. “Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? Os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda.” Ag 2;7

Em linhas gerais, a contaminação se dá por contágio externo. Entretanto, O Salvador alistou mais de uma dúzia de vícios, que estariam no coração do homem, com o potencial para contaminá-lo. Como assim? Se a coisa já está em nós, não estamos contaminados?

Tiago fez distinção entre o pecado potencial, nossa inclinação, e o atual, aquele que praticamos; nossa natureza é toda, pecado potencial; somos inclinados à desobediência como versou Paulo: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Trazemos em nós a má inclinação latente; porém, só será punida se, praticada. “... cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15 

Notemos que antes de ser praticado o pecado é “dado à luz”; a consciência “escaneia” nosso desejo e o valora, antes de lançarmos mão a ele. Se consumarmos o anseio, ceifaremos as consequências.

Sendo nossos corações o nascedouro das nossas atitudes, ali devemos evitar a escolha, ou aprovação das coisas contagiosas; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

O Senhor prometeu e cumpriu, a dádiva de um novo coração mediante Sua Palavra e Espírito; “dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27

Todo aquele que recebe a Jesus Cristo, ganha esse novo coração, também, conhecido por, nascer do Espírito, ou, novo nascimento. Assim, cada convertido passa a ter duas naturezas. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;6

Se, a natureza carnal, como a porca a se espojar na lama, tem na desobediência seu prazer, o homem espiritual, nascido de novo, encontra seu deleite em Deus, não, no pecado. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Desse modo, não precisamos de um contacto externo, para nos contaminarmos, pois, o potencial para cometer toda sorte de pecados já está em nós. Trazemos todas as “ferramentas” necessárias.

Como nossa “duplicidade” após a regeneração comporta um aspecto limpo, o homem espiritual, esse sempre é contaminado, quando, deixamos à carne as rédeas das nossas ações, invés de seguirmos as diretrizes do Espírito. Daí o conselho: “... Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne.” Gal 5;16

Se, ao homem natural o “volante” é tirado; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”, o espiritual é posto como mordomo das nossas almas; se andarmos segundo suas diretrizes, nossas ações não incorrerão em contaminação.

Nossa cruz não é um pequeno adorno pra ostentarmos nos pulsos ou, pescoço; tampouco, o peso circunstancial de nossas vidas, derivado das escolhas pretéritas. Se, alguns dizem disso, esta e a cruz que carrego, a de Cristo que devemos tomar, não é apenas para carregarmos; antes, para sacrificarmos nela, nossas inclinações contagiosas e mortais. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

Não fomos chamados para fazer boa figura social, quiçá, sendo aplaudidos pelos homens; antes, devemos corresponder ao amor de Cristo, mediante obediência, para sermos habitados pelo Senhor. “... Se alguém me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

Inevitável que tropecemos, e não andemos o tempo inteiro em espírito. Mas, cada erro deve ensejar um aprendizado e um arrependimento, seguido de mudança rumo à santificação. “... àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.” Sal 50;23

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