quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Os sábios


“Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9

O paralelismo sinonímico é uma característica da poesia hebraica. Onde, uma sentença esposa uma ideia, depois, reitera-a com outras palavras.

É o caso do provérbio supra. “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio", é sinônimo de: “Ensina o justo e ele aumentará em entendimento.”

Não parece contraditório que um sábio careça de ensino, instrução? Existem dois aspectos da sabedoria; o princípio e o contingente. O sábio em princípio é alguém que fez a escolha de lidar com os fatos, mesmo que esses lhe sejam adversos. De índole dócil, ensinável, temente a Deus; inda que, sabendo pouco, é um sábio em princípio, pela abertura da sua alma, que se faz permeável ao Senhor. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1;7

Na segunda sentença, o “sábio” é chamado de justo; pois, além de aplicado ao aprendizado, o tal, é amigo da probidade, praticante da justiça. Essa qualidade lhe permite admitir suas insipiências, e questionar buscando aprendizado. Tem um lapso a preencher, mais que, uma coroa de latão a ostentar no inglório reino da presunção.

Entretanto, esse espécime é mais notório pela ausência, que, pela incidência em nossos dias, infelizmente. Cada um porta-se como sendo uma obra acabada, que não carece aperfeiçoamento, mandando longe qualquer tentativa de ensino; afinal, o Google lhe “ensina” tudo o que precisa saber. Os demais, que se mantenham distantes; afinal, não pagam suas contas. Se alguém discordar, corrigir, bastará cancelar ao “enxerido.”

Se me dissessem há alguns anos, que, roupas rasgadas seriam moda, dar tapas na cara seria uma competição com grande apelo, que homens lutariam boxe contra mulheres, pela derivação de uma doença ideológica, que escolheríamos nossos “representantes” colocando-os numa rinha, como galos, para vibrar com quem agride mais, eu me recusaria a acreditar que nos tornaríamos tão imbecilizados assim. Contudo, teria que me desculpar com meu hipotético profeta.

Tenho medo dos próximos passos dessa geração melindrosa, refratária ao conhecimento, aos valores e princípios, amoral e imoral. A decadência da espécie foi tida como inevitável, a Salomão: “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7;10 Ou seja: A derrocada do “homo sapiens” seria tão esperável à sabedoria, que sequer estranharia sua incidência.

Porém, o aprendizado em si pode ser um cansaço inócuo, dependendo do quê, alguém está aprendendo. Paulo citou as mulheres que se deixavam ludibriar por mestres viciosos; “Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.” II Tim 3;6 e 7

Aprender a verdade deve ser nosso alvo, mesmo que, para tanto careçamos descartar muitas “certezas”, rever posturas, comportamentos, modo de pensar.

O conhecimento da verdade costuma ser um vento contrário nesse mundo de mentiras onde vivemos. Ora, a mentira airosa exibe seu “Ingrêis”, “fake News”; outra, se esconde no eufemismo de “narrativa”, mas, segue sendo a bosta de sempre. 

Podemos facilmente andar a favor do vento, sem necessidade de nos indispormos com “A” ou “B”; mas, ao “vestirmos a roupa da moda”, estaremos traindo a nós mesmos, privando-nos do que é valioso, pela acomodação preguiçosa ao mais fácil.

A recusa em conhecer à verdade é fatal. O Salvador ensinou: “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.’ Jo 8;31 e 32

O problema é que para isso, carecemos uma mudança radical, tanto, que, soa como se nos anulássemos, pela verdade; “... Se alguém quiser vir após Mim, negue a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me.” Mc 8;34

A sabedoria de quem confia em Deus, permite “ver” além das aparências, e apostar todas as fichas nas consequências que Ele garante: “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, e quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 16;25 

Só os sábios de fato, se atrevem a tanto; “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas, falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;” I Cor 2;6 e 7

A sabedoria que Deus lega, diferente do conhecimento que é amoral, tem consórcio com retidão, justiça, como vimos no princípio. “... o Senhor dá sabedoria; da Sua boca é que vem conhecimento e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade;” Prov 2;6 e 7

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