sábado, 27 de julho de 2024

O Espírito Olímpico


“Por que se amotinam os gentios, os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;1 a 3

Alguns analisam à festa de abertura dos jogos olímpicos, em busca de mensagens subliminares de orientação maligna.

Ora, aquela festa celebra à sagração do motim, da ruptura da humanidade com O Criador.

A tão celebrada “Chama Olímpica” que traria seu espírito para “abençoar” os jogos, deriva da versão mitológica da queda do homem. O fogo que “Prometeu” teria furtado aos deuses e dado aos humanos; uma paráfrase relendo a tentação do Éden, onde a serpente prometeu divindade se o homem agisse em autonomia ao Criador, embora, o resultado fosse a morte.

A Grécia, onde tudo começou recebe a honraria de ser a primeira delegação a desfilar. Os Helenos foram o berço da filosofia, meio pelo qual, o homem entenderia e explicaria o mundo por si mesmo. Malgrado, os esforços de tantos, nunca foi a lugar nenhum.

O Conhecimento na esfera espiritual depende de revelação, não de reflexão. “... ninguém conhece o Filho, senão Pai; e ninguém conhece O Pai, senão O Filho, e aquele a quem O Filho O quiser revelar.” Mat 11;27

Foi aos filósofos, os Estoicos, adeptos do ascetismo, e Epicureus, cultores do prazer, que Paulo disse, em plena Colina de Marte: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam.” Atos 17;30

A ignorância em apreço era a tentativa de se honrar ao Eterno, cultuando imagens. Mesmo os filósofos faziam aquilo. Não importa quão desenvolvidos sejamos os intelectos; para as coisas espirituais, carecemos beber de Cristo, não, da filosofia. “Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

Então, as Olimpíadas, no aspecto espiritual, são uma celebração das crenças mitológicas forjadas na Grécia, com seus muitos deuses imortais, titãs, eivados de vícios, como ciúme, violências, mentiras, desejos carnais, bem aos moldes pecaminosos, humanos.

A ideia de um Deus que se deixasse sacrificar por amor aos humanos para salvá-los, não descia aos paladares filosóficos deles. Paulo pontuou: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus... Cristo crucificado é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;18 e 23

Para humilhação dos supostos sábios, Paulo ironizou; “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” Vs 25

No prisma esportivo, a Olimpíada é mera disputa humanista; no espiritual, tem as espúrias origens que vimos. Certo narrador que transmitia a abertura dos jogos disse: “Aqui está o que a humanidade tem de melhor.” Na arte de competir, uns contra os outros, certamente.

Porém, Cristo nos chama a “competirmos” conosco mesmos, resistindo às últimas consequências, a ideia de pecar; “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Não vem buscar aos melhores; chama aos ruins, desafia a que se arrependam e mudem de vida segundo Seus Ensinos. Aos que assim fazem, em Sua Vinda, dará mais que uma medalha de ouro, uma coroa. “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas a todos os que amarem Sua vinda.” II Tim 4;8

A Palavra de Deus, nada tem contra esportes, exercícios físicos; porém, aos que se deixam guiar por ela, enfatiza a excelência dos exercícios espirituais, pelo alcance que têm; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Carecemos a maturidade que a Palavra Viva dá, para entendermos a futilidade das honras efêmeras, ante às eternas. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Enfim, não há mensagens subliminares nos jogos olímpicos. São a celebração do motim contra “O Piloto” do planeta e Suas Leis.

Vimos a maior parte do percurso da chama que simboliza o Espírito Olímpico feito por alguém usando máscara. Aquele que está arrastando a humanidade à perdição, se pretende benfeitor; usa máscaras como “integração, inclusão, diversidade...” com as quais mantém viva a chama da rebeldia dos amotinados.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Verdes pastos


“Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.” I Ped 4;2

Nascermos de novo em Cristo, significa que, a vida espiritual perdida foi regenerada em nós que cremos. Entretanto, a natureza carnal inda pulsa, desejando as mesmas coisas que ansiava antes.

Tolher desejos adversos a Deus e Sua vontade, é o papel da obediência, a cruz que devemos tomar diuturnamente. Essas inclinações perversas não mudam; a carne segue sua rebeldia natural, embora, em espírito possamos agora, em Cristo, escolher novos rumos. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

A conversão implica levarmos a vontade Divina às últimas consequências; no caso de Cristo, foi a cruz. No nosso, devemos, como Ele, deixar nossas vontades naturais, de lado. Pois, mesmo vivendo ainda, para efeitos das más inclinações é como se tivéssemos morrido. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

“Morrer” Nele é indispensável, para que sejamos capacitados ao novo viver. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Sabedor das más inclinações carnais, aos que creem Nele, O Senhor “turbina” para que possam agir de um modo diferente. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

O risco de cairmos, espreita, porque a natureza carnal inda palpita. Seria estúpido presumir que, porque recebemos vida espiritual, estaríamos vacinados contra todos os desejos impuros. A vida espiritual “apenas” colocou em nós um poder que a natureza não tinha, de escolher agir segundo Deus. Concorre O Bendito Espírito Santo, tentando nos persuadir às melhores escolhas.

Quando formos glorificados, estaremos livres desse aguilhão dos desejos carnais. “Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.” I Cor 15;42 e 43

O arbítrio humano oscila entre as demandas naturais, perversas, e as diretrizes do Espírito. Escolhas numa ou noutra direção, terão consequências. “... Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.” Gl 5;16 Aconselhou Paulo. Pois, “O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gl 6;8

Assim, o arbítrio humano não é tão livre como poderia insinuar a expressão, “livre arbítrio.” É livre no sentido que a escolha é estritamente dele; não foi delegada a terceiros. Porém, só há duas possibilidades de escolha, ambas, servis. Escolhemos segundo a carne do pecado, que age em consórcio com Satanás, e nos fazemos servos dele; ou, segundo o espírito, iluminado e capacitado pelo Espírito Santo, preservando a condição de servos de Deus.

Independente de nossas presunções, profissões de fé, escolhas ideológicas, filosóficas, a diretriz que obedecermos identificará a quem pertencemos. “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16

Quanto mais espiritual alguém for, tanto mais, tende a ser rejeitado, nos lugares acostumados à dieta carnívora. Os verdes pastos e as águas tranquilas não apetecem aos que não são ovelhas. Esses ambientes são redis de falsos profetas, pastores mercenários.

Muitos confundem movimento com direção Divina, e barulho, com unção. Se uma diligência passar pela pradaria, poeira subirá, gafanhotos, lagartos, cobras se moverão. Assim um “profeta” que dá uns gritos revela isso, aquilo, em ambientes incautos, faz grande movimento; que proveito traz?

Às vezes, a Voz Divina não está nesse espetaculoso espalhafato, como aprendeu Elias. “um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; depois do fogo, uma voz mansa e delicada.” I Rs 19;11 e 12

Aquele que peleja contra as inclinações más que identifica na própria carne, e em Cristo as vence, é feito apto a ajudar outros sem carecer teatralidade. Por isso, Paulo desejou que exercessem autoridade espiritual, apenas os que se exercitassem na obediência, disciplina, primeiro; “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida, vossa obediência.” II Cor 10;6

Logo, o tempo que nos resta na carne, devemos viver sob o governo do Espírito.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Esse perdedor, o amor


“Aprenda a dar valor às pessoas certas, cuide de quem cuida de você.”

Dentre as muitas frases que cruzam na minha janela, deparei com esta. Não entro no mérito, nas razões de quem aconselha assim; é direito dele (a) pensar e se expressar como aprouver.

O problema é que, em geral, conselhos assim vertem de “cristãos”; nesse caso, uma análise dos ensinos de Cristo, para ver se há harmonia, é necessária.

A perspectiva de um relacionamento baseado no mérito, “sou bom para quem é bom comigo”; mercantil, só faço boas coisas para quem retribui, não combina com a Doutrina do Salvador. Pois, essa, se baseia no amor, que é um “perdedor contumaz” porque se dá, mesmo a quem não merece. “O amor é sofredor, benigno; não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

Imaginemos que, Deus, O Criador, agisse assim; sendo bom apenas, para quem fosse bom para com Ele; Sua bondade perderia a razão de ser. “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;3

Bondade não é moeda de troca; antes, atributo do amor, que, apenas sendo o que é, pode constranger quem é diferente e fazer esse repensar. Paulo ensina: “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

O Salvador ensinou coisas semelhantes, uma vez que o “comércio de bondades” até os maus fazem. “... Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos o mesmo? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois, perfeitos, como É Perfeito o vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;44 a 48

Antes, dissera: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

O amor não é um investimento, em busca de resultados; antes, é o resultado de nossa submissão a Cristo, que nos ensina a “perdermos” como Ele, para que, quiçá, constrangidos pela bendita presença, as pessoas alvo, possam ganhar.

O verbo que melhor expressa o amor é dar; não, receber, como vulgarmente se deseja; vejamos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que ‘deu’ Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3;16 “Ninguém tem maior amor do que este; ‘dar’ sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13

Bondade se aprende. Todos os ensinos e exemplos bíblicos visam que aprendamos isso, para que nossa vida, enfim, deixe de ser vã e comece a fazer sentido. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais.” I Ped 1;18

Assim, todas as pessoas, por más que sejam, são as pessoas certas para que sejamos bons com elas; pois, nossa bondade é um atributo de Cristo em nós, não, uma medalha para condecorar eventuais “méritos” delas.

Não significa que seja uma virtude fácil de desenvolver, de praticar. Só um hipócrita pretenderia defender isso. Em geral, os maus nos desafiam, exasperam; nem sempre conseguimos tratá-los com bondade. Porém, meu alvo não é posar de bom; antes, reverberar com honestidade, o que Cristo ensinou.

O que é o perdão, cerne da Doutrina do Salvador, senão, agirmos em bondade para com quem, eventualmente, foi mau para conosco?

Enfim, as razões para amar devem ser encontradas em nossas próprias almas, a despeito dos méritos dos que nos rodeiam. Quando o mérito entra em cena, quem atua é a justiça, não, o amor. O Eterno atribui aos arrependidos, os Méritos de Cristo para salvá-los, mesmo eles não merecendo; a Divina Razão, é o amor.

Se Cristo está em nós, isso fará uma diferença notória, pois, “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 Embora, deseje também ser correspondido, antes, o amor carece se fazer conhecido.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

O saber atrapalha?


“Sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Mc 4;34

Por que O Senhor apresentava Sua Doutrina, sob a “película” das parábolas? Diria alguém, que as parábolas servem para facilitar o entendimento; O Mestre usava-as, para esse fim. Há um quê de verdade nisso, mas, não explica devidamente.

Com o avanço civilizatório, meios requintados ao alcance de todos os que desejarem conhecimento, o apreço muda. Naqueles dias, de cultura pouco desenvolvida entre o povo comum, as parábolas “escureciam” o entendimento; tanto é assim, que depois de contá-las em público, carecia, O Salvador, explicá-las em particular aos discípulos.

Esses, malgrado a ignorância, criam no Senhor, na Sua Pessoa; achavam-no, digno de confiança, de tal modo, que mesmo não compreendendo o que Ele dizia, entendiam que Ele era verdadeiro, confiável.

Primeiro a fé, depois o entendimento. A Ordem que O Próprio Senhor estabeleceu. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Mera adesão intelectual, sem honrar ao Senhor, demonstrando fé, não interessa ao Salvador. Por isso, “dificulta” ao intelecto, para ser, primeiro, recebido pelo coração. “A vós é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam, e não percebam; ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.” Mc 4;11 e 12

Quer dizer que existe uns que Deus não quer perdoar e salvar? Não. Existe um método que escolheu para salvar e por esse, a fé, busca a todos. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, (nem do intelecto) para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Assim, “as coisas loucas” em sua simplicidade levam vantagem às sábias. “Porque, vede, irmãos, vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, ou, nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são para aniquilar as que são;” I Cor 1;26 a 28

Não significa que, os de intelecto privilegiado estejam fora do Divino propósito. Basta que desçam do pedestal de pretensão, e abracem à loucura de crer entre os humildes; serão festivamente aceitos como os demais o foram. “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o Poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, aniquilarei a inteligência dos inteligentes.” I Cor 17 a 19

Não se conclua, contudo, que O Criador É refratário ao conhecimento. Nos capacitou para esse e deseja que o adquiramos. Apenas, condicionou-o, a estar sob a cruz, vista como é; O Poder de Deus para salvar, não como loucura pela “resistência filosófica” à violência, dos que não se importam de fazer violência à verdade.

Há duas nuances distintas de saber; uma, segundo o mundo que se opõe ao Eterno; outra, que mesmo sem muitas letras, enxerga as veredas da vida e abraça-as. “... falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 e 8

Os simplórios seguiam ao Salvador, mesmo sem entender cabalmente Seus ensinos; mas, inquirindo-o Ele explicava em particular. Igualmente, devemos desejar e buscar entendimento das coisas que Deus preparou para nós. Não por um diploma, um título, algo fútil a ser emoldurado numa parede; antes, porque nossa vida espiritual depende disso. “A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

O perigo de alguém se tornar intelectualmente brilhante, sem o concurso de uma fé sadia, é afogar-se na própria suficiência, como Narciso fascinado com seu reflexo.

O Mais sábio de todos os homens foi Salomão. Entretanto, cometeu uma série de erros, que um cristão mediano não cometeria. Ele versou sobre a futilidade do saber, divorciado de Deus. “Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1;18

Busquemos conhecimento; mas, do tipo que alimenta nossas almas. “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão...” Is 55;2

terça-feira, 23 de julho de 2024

O ouro e as riquezas


“Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro puro e bom! Como estão espalhadas as pedras do santuário sobre cada rua!” Lam 4;1

Seria o ouro degradável? O mencionado acima, parece que, ao passar dos dias perdeu sua cor, pureza. Entretanto, trata-se de uma metáfora, que o verso seguinte esclarece: “Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!” v 2

Jeremias estava deplorando o empobrecimento moral, espiritual do povo, que, pela desobediência caíra em cativeiro, usando o ouro como figura. Aludiu à ruína do templo também; “... como estão espalhadas as pedras do santuário...” tal pobreza tinha teor espiritual na origem.

Muitas coisas preciosas, avaliamos melhor quando ausentes. Mesmo simples como água e energia elétrica em nossas casas, quando nos faltam, percebemos melhor a importância que têm.

Então, a comunhão com Deus, ou, pelo menos o templo ainda intacto, o santuário acessível a espera que o povo se arrependesse e buscasse concerto, deixara de existir. O tempo de oportunidades dera espaço para outro, o do juízo.

Os invasores babilônios saquearam e queimaram o local de culto dos judeus, o que O Senhor advertira à exaustão, mediante Jeremias, que aconteceria, se não houvesse arrependimento, mudança de vida.

Invés de diluir a degeneração sobre abstrações, como se faz muito, atualmente, “os tempos são outros” dizem, quando, deveriam reconhecer que os humanos são outros, muito piores que os de antanho, nos quesitos, valor, honra, vergonha na cara; Jeremias foi direto; o “ouro” degenerara, os “filhos de Sião”.

Voltando ao valor melhor apreciado após a perda de algo valioso, assim é a comunhão com Deus. Tendo, e deixando de regar diuturnamente, pode parecer “rotina”, algo que, quiçá, passe despercebido ao mais desatento; esse descuido é perigoso, pode colocar a perder, o que deveria ser mantido com zelo.

Pois, perca-se a mesma, de modo a nem mais se atrever a orar, ao peso de eventuais descaminhos, e então veremos em letras garrafais, o quanto ela vale. Como ao filho pródigo, pareceu cansativo, sem graça, ser coproprietário de uma fazenda; tempos depois, se dispunha a ser mero empregado nela.

Tende o homem a ser fiel nas carências, mais que na abundância. Assim, quando fartam os bens, pode faltar noção da Fonte que os deu, O Senhor. Ignorando isso, o canhoto soltou seus cachorros contra Jó, e passou vergonha; pois, o patriarca era fiel na riqueza, coisa mais difícil que, na privação.

Atrevo-me a dizer que, os melhores dias de Davi, foram aqueles nos quais foi fugitivo da perseguição de Saul, errante pelas cavernas, entre proscritos e filisteus; malgrado, fosse ungido para ser rei, no devido tempo. Duas vezes teve aquele que o procurava para matar, em suas mãos, e o poupou, pelo temor do Senhor; mostrando alta dose de nobreza espiritual.

Invés de olhar Batseba nua do alto do palácio, como fez desafortunadamente, quando reinou, olhava para Deus com anseio, das cavernas onde se escondia. “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, suspira minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a Face de Deus?” Sal 42;1 e 2

Conhecendo nossa índole, e o perigo de que joguemos diamantes com fundas, se nos forem dados, O Senhor nos mantém em situações humildes, para que nelas preservemos as coisas que têm mais valor, as eternas.

Se, O Criador pode “ostentar” com verdade a posse dos metais valiosos, “Minha é a prata, meu é o ouro, disse O Senhor dos Exércitos.” Ag 2;8 De nós espera que busquemos, prioritariamente, coisas que valem ainda mais; “Aceitai Minha correção, e não a prata; o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;10 e 11

Naqueles dias, Jeremias escrevia seus lamentos quando era tarde demais; seus avisos foram ignorados e o povo acabou cativo. Nós inda estamos em tempo de mudar de vida, caso recebamos com a devida seriedade as exortações Divinas, mediante os expositores da Sua Palavra. “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5;20

Virá tempo em que a longanimidade Divina sairá de cena; então será tarde; “Porque clamei e recusastes; estendi Minha mão e não houve quem desse atenção... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não acharão.” Prov 1;24 e 28

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;8

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Profetas


“Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque Eu Sou contigo, diz O Senhor, para te livrar.” Jr 1;19

O que Jeremias tinha, que atraía a fúria alheia, de modo a pelejarem contra ele? Fora escolhido por Deus para ser profeta.

Tanto quanto, mais perto alguém estiver do Senhor, maior será a tendência de ser rejeitado, perseguido, por uma razão simples: O mundo é inimigo de Deus; embora usando O Nome Dele eventualmente, gosta do rótulo e despreza a essência.

Quem vive e ensina a verdade, causa desconforto aos que preferem outro caminho; acaso não foi esse o motivo, pelo qual, O Salvador foi morto?

Ele É a encarnação da Palavra de Deus; “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós; vimos Sua Glória, como a Glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade.” Jo 1;14

Já nos dias de Jeremias, fora manifesta a mesma índole que expuseram os coevos do Salvador. “... A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela.” Jr 6;10

Assim, esperável que os religiosos, sobretudo, também não gostassem Dele. O Senhor expôs os motivos dos que O rejeitavam: “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Como um profeta idôneo é porta-voz do Eterno, inevitável que sofra ataques, rejeições, oposições de toda sorte.

Os “profetas” que rápido caem nas graças da galera, logram isso porque não estão a serviço do Todo Poderoso. Quem estiver, necessariamente sofrerá as mesmas rejeições que Ele sofre.

Quando O Senhor chamou Jeremias, deixou claro que ele seria um “desmancha-prazeres” dos que se compraziam em pecar; todos eles, se voltariam contra o servo do Senhor. “Tu, pois, cinge teus lombos, levanta-te, e dize-lhes tudo quanto Eu te mandar; não te espantes diante deles, para que Eu não te envergonhe diante deles. Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, por coluna de ferro, muros de bronze, contra toda terra, contra os reis de Judá, contra seus príncipes, seus sacerdotes e o povo da terra.” Jr 1;17 e 18

Um profeta veraz fala A Palavra do Senhor, a despeito do quê, ou, a quem contrarie; a maioria dos que se ouve por aí, não passam de pretensos adivinhadores; totalmente alienados da Palavra da Vida, que nenhum proveito trazem, ao Reino dos Céus.

Dos farsantes daqueles dias, O Senhor disse: “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Porém, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Se naquele tempo havia um consórcio entre otários e vigaristas, entre farsantes e gente que desejava ser enganada, atualmente a coisa piorou; dos de então, foi dito: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; que fareis ao fim disto?” Jr 5;30 e 31

Atualmente, quanto mais bíblico for o pregador, mais rápido será deixado de lado, em prol dos farsantes entregadores de promessas mentirosas, por falta de intimidade com Deus e com Sua Palavra. O povo ainda deseja assim.

Faz lembrar antiga canção, onde uma estrofe dizia: “Mente pra mim, mas diz coisas bonitas.” Malgrado, certo verniz poético de quem foi vitimado por uma paixão e pretende expor isso, no prisma filosófico e espiritual, mentira é sempre mentira; algo que faz dano; oriunda do capeta, para prejuízo de quem, nela acreditar.

Os “pregadores do amor” por incapazes de lidar com a justiça, envernizam mentiras com o açúcar das conveniências que bem conhecem nas suas vítimas. Quisera, fossem meros inúteis a fazer peso sobre a terra; porém, como estão a serviço do “Pai da mentira”, fazem estrago, desencaminhando da verdade, pessoas que poderiam se arrepender e mudar, se fossem confrontadas por ela.

Urge entendermos de uma vez por todas que, quem ministra visando aceitação, buscando agradar às pessoas, não pode agradar a Deus. “Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.” Gál 1;10

Portanto, quem está ciente de que foi chamado para o ministério da Palavra, aprenda colocar aplausos e vaias no mesmo balaio; o das coisas inúteis. Peleje pela verdade; deixe os levantes da oposição, por conta do Eterno. “Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque Eu Sou contigo, diz O Senhor, para te livrar.”

Está escrito


“... apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um, contra outro.” I Cor 4;6

Poderíamos evocar coisas inerentes à Divindade “apenas”, como argumentos para não se ir além do que está escrito; inerrância, autoridade, soberania, sabedoria, perfeição... e seriam razões sobejas para nos mantermos no nosso “quadrado”. 

Entretanto, concorrem vícios humanos que também devem ser combatidos.

Se, excedendo às Escrituras, as pessoas se ensoberbecem em favor de uns, contra outros, temos soberba e parcialidade, desaconselhando também, essa temerária atitude.

A incapacidade humana para julgar retamente, campeia; certa vez Davi julgou a si mesmo e se condenou à morte, pensando que o réu era um estranho; quando o seu pecado foi apresentado pelo profeta Natã, de modo indireto, sem o rei perceber que se tratava dele mesmo. Nossa noção de justiça é boa contra os outros, não contra nós, pela parcialidade.

Daí, nossa total dependência da Palavra Divina, para aferição de todos os caminhos. É necessário aos Olhos da Divina justiça, que sejamos tratados, e tratemos com isonomia. Quem pretende equiparar às próprias inclinações, com A Palavra de Deus, incorre em soberba.

Assisti trechos de uma entrevista, onde um influencer homossexual defendia sua própria salvação, baseado no que sentia em seu coração. “Sei que, o que está escrito lá (na Bíblia) é verdade, mas, não leio, por respeito ao Senhor, por saber que não combina com a verdade da minha alma”. Disse. Defendeu que mesmo agido de modo contrário ao prescrito na Palavra, baseado naquilo que ele sente, estaria salvo.

Sempre que, deixamos A Palavra de lado, e colocamos nosso desejar, sentir, saber, em lugar dela, gostando ou não, estamos trocando-a pelo conselho do diabo. Sim, foi ele que disse ao primeiro casal, que, desobedecendo seriam como Deus, e poderiam decidir por eles mesmos, acerca do bem e do mal.

Ora, quando alguém peca, em pecados sexuais sobretudo, o faz porque recebeu forte estímulo do próprio coração, que desejou aquilo. Sendo o coração humano o aferidor, os pecados se “dissolvem”, submergem nas areias movediças do prazer, patrocinados pela “legitimação” dos desejos. Nesse caso, estaria certo o satanista que disse: “Faz o que tu queres, pois, é tudo da lei!”

Que é o “Negue a si mesmo”, senão, um freio nesses desejos que se opõem à vontade de Deus?

O não ir além do escrito é um limite muito importante; porém, não encerra o assunto; não devemos ficar aquém do que está escrito, como se as diretrizes de nossas vidas fossem coisas autônomas, a serem tomadas alheios ao Criador.

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 Nos Salmos, temos: “Os Teus Estatutos têm sido meus cânticos na casa da minha peregrinação.” Sal 119;54

A obediência ao Senhor, Seus Estatutos, como um motivo de louvor, não como quem sofre castração de um “direito”, como parece aos que não amam ao Senhor.

No salmo primeiro temos uma bênção prometida ao que, evita os conselhos dos ímpios; o caminho dos pecadores, e a roda dos escarnecedores. Não por se sentir melhor que os tais, mas porque, “... tem seu prazer na lei do Senhor, na Sua Lei medita dia e noite.” Sal 1;2

A Lei do Senhor. O coração humano e seus sentires, por bem intencionados que sejam, segue sendo um impostor, adversário de Deus, traidor do próprio hospedeiro. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10

Não menos importante que, não excedermos ao escrito, nem omitirmos, concorre o “também está escrito”. Convivemos com os “cortes”, pequenas porções de uma mensagem, entrevista, para evidenciar algo. A Palavra permite “cortes,” desde que, o contexto seja respeitado.

Às vezes imediato, outras, remoto, sempre haverá um, dentro do qual A Palavra deve ser interpretada. O Canhoto “cortou” tentando O Senhor: “Se tu És o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Mandará Seus anjos, acerca de Ti, que Te guardem...” Luc 4;9 e 10 O Senhor respondeu: “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus.” V 12

Enfim: não irmos além do escrito; não ficarmos aquém, nem forçarmos o contexto, contra intenção do autor. Pois, “Toda Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6