quinta-feira, 25 de julho de 2024

Esse perdedor, o amor


“Aprenda a dar valor às pessoas certas, cuide de quem cuida de você.”

Dentre as muitas frases que cruzam na minha janela, deparei com esta. Não entro no mérito, nas razões de quem aconselha assim; é direito dele (a) pensar e se expressar como aprouver.

O problema é que, em geral, conselhos assim vertem de “cristãos”; nesse caso, uma análise dos ensinos de Cristo, para ver se há harmonia, é necessária.

A perspectiva de um relacionamento baseado no mérito, “sou bom para quem é bom comigo”; mercantil, só faço boas coisas para quem retribui, não combina com a Doutrina do Salvador. Pois, essa, se baseia no amor, que é um “perdedor contumaz” porque se dá, mesmo a quem não merece. “O amor é sofredor, benigno; não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

Imaginemos que, Deus, O Criador, agisse assim; sendo bom apenas, para quem fosse bom para com Ele; Sua bondade perderia a razão de ser. “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;3

Bondade não é moeda de troca; antes, atributo do amor, que, apenas sendo o que é, pode constranger quem é diferente e fazer esse repensar. Paulo ensina: “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

O Salvador ensinou coisas semelhantes, uma vez que o “comércio de bondades” até os maus fazem. “... Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos o mesmo? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois, perfeitos, como É Perfeito o vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;44 a 48

Antes, dissera: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

O amor não é um investimento, em busca de resultados; antes, é o resultado de nossa submissão a Cristo, que nos ensina a “perdermos” como Ele, para que, quiçá, constrangidos pela bendita presença, as pessoas alvo, possam ganhar.

O verbo que melhor expressa o amor é dar; não, receber, como vulgarmente se deseja; vejamos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que ‘deu’ Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3;16 “Ninguém tem maior amor do que este; ‘dar’ sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13

Bondade se aprende. Todos os ensinos e exemplos bíblicos visam que aprendamos isso, para que nossa vida, enfim, deixe de ser vã e comece a fazer sentido. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais.” I Ped 1;18

Assim, todas as pessoas, por más que sejam, são as pessoas certas para que sejamos bons com elas; pois, nossa bondade é um atributo de Cristo em nós, não, uma medalha para condecorar eventuais “méritos” delas.

Não significa que seja uma virtude fácil de desenvolver, de praticar. Só um hipócrita pretenderia defender isso. Em geral, os maus nos desafiam, exasperam; nem sempre conseguimos tratá-los com bondade. Porém, meu alvo não é posar de bom; antes, reverberar com honestidade, o que Cristo ensinou.

O que é o perdão, cerne da Doutrina do Salvador, senão, agirmos em bondade para com quem, eventualmente, foi mau para conosco?

Enfim, as razões para amar devem ser encontradas em nossas próprias almas, a despeito dos méritos dos que nos rodeiam. Quando o mérito entra em cena, quem atua é a justiça, não, o amor. O Eterno atribui aos arrependidos, os Méritos de Cristo para salvá-los, mesmo eles não merecendo; a Divina Razão, é o amor.

Se Cristo está em nós, isso fará uma diferença notória, pois, “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 Embora, deseje também ser correspondido, antes, o amor carece se fazer conhecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário