segunda-feira, 15 de julho de 2024

Fugir das dores


“Mortificai, pois, vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, impureza, afeição desordenada, vil concupiscência e a avareza, que é idolatria;” Col 3;5

Esse “pois”, traz a ideia de um argumento sendo concluído, em conexão com algo que foi dito antes. O verso três diz: “Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.”

Se, a uma leitura superficial pode encerrar certa contradição, “já estais mortos”, com o preceito que ordena, “mortificai”, a rigor, não há contradição nenhuma. O estar morto, pela conversão, é uma releitura do “Negue a si mesmo”, indispensável. Quando alguém se dispõe a isso, por amor a Cristo, identifica-se em obediência, com Ele, que foi fiel até à morte.

Paulo sintetizou: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Uma identificação, primeiro na morte, depois, na nova vida que convém, como filhos de Deus.

Assim como, a “justiça” dos salvos não é deles, propriamente, são reputados justos, por receberem em seu favor a justiça de Cristo, pela fé e obediência, também o “estar morto” é uma figura que evidencia as renúncias necessárias dos desejos malsãos que militam em nossa carne; o “mortificai” expõe nas “letras miúdas”, a prescrição de como deve ser nosso andar, doravante.

A Palavra traz, desde antanho: “Por amor de ti, somos mortos todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.” Sal 44;22 O que Paulo citou escrevendo aos romanos, no cap 8;36

A conversão não é impor mera inércia àquilo que, antes era mau, em nós; antes, uma mudança de atitudes, pela mudança de Senhor. “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também, vos considerai, certamente, mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;10 e 11

Com os mesmos meios que fizemos coisas más, somos desafiados às melhores. “... apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.” Rom 6;13

Confesso que, no início da caminhada em Cristo, a ideia de perder a vida para ganhar dava nó em meus dois neurônios; testava meu parco entendimento. No entanto, o texto seguia lá, solene, sisudo, sóbrio; “Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;24

O mundo com seus valores invertidos, passageiros inconsequentes, filosofias hedonistas, labora por encorajar a toda sorte de vícios, pelo breve consórcio desses, com os prazeres. Quanto ao porvir, em geral deixam de considerar, como se, alguém com uma doença terminal, evitando ir ao médico estivesse seguro. Apostam todas as fichas na existência terrena, que, um infortúnio qualquer pode tolher.

As coisas que o mundo pode dar, prazeres, sucesso, fama, duram até quando? “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” Mat 16;26

Escrevendo aos coríntios, Paulo foi categórico: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19 Por quê? Porque nessa vida concorrem perseguições, calúnias, rejeições; O Salvador chamou, aflições. Se, suportar essas coisas por amor a Ele, não tivesse uma recompensa no porvir, seríamos estúpidos, privando-nos de alguns prazeres possíveis, devaneando com outros, inexistentes. “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” I Cor 15;33

O fato que tantos, preferem sofrer martírio a negar sua fé, deveria fazer pensar, aos que não creem. Nossa entrega a Cristo é um relacionamento, com uma Pessoa Viva, Real, Presente; não uma fuga psicológica aos domínios duma abstração, por medo das agruras da vida.

Em Cristo sofremos, dada a oposição da carne, do mundo e de Satanás. Portanto se quiséssemos fugir da dor, bastaria nos entregarmos aos prazeres.

Deixamos de apostar nossas vidas em prazeres duvidosos, que podem chegar a algumas décadas, pela promessa, de quem se revelou fiel, que, após um período probatório, nossa ventura será eterna.

De certa forma, fugimos das dores; não, das pequenas. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” II Cor 4;17

Jesus ensinou: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

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