domingo, 7 de agosto de 2022

O tumor maligno


“Porque que teus inimigos fazem tumulto; os que te odeiam levantaram a cabeça.” Sal 83;2

Um tumulto contra Deus patrocinado por dois sentimentos; inimizade e ódio.

A inimizade como combustível manifesta aversão a qualquer resquício de reconciliação. Um dos nomes atribuídos a Jesus Cristo, não obstante ser O Senhor dos Exércitos, é: Príncipe da Paz. Qualquer menção a Ele, fatalmente despertará aos que hibernam na caverna do ódio, sob a neve fria da inimizade.

Geralmente chamamos a Satanás de inimigo; no entanto, todos os que fazem a vontade dele, adotando pecado, perversão dos valores como modo de vida, também expressam inimizade contra O Santo. Ainda que seus lábios digam crer, as ações os desmentem; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Nosso serviço a Deus, ou à oposição não é testificado pelos lábios, mas pela obediência, que se mostra nas ações; “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Quase todos sabem que a palavra Evangelho significa boa nova; boa notícia. Mas, o que muitos ignoram é qual seja essa notícia. Paulo vai além da manchete: “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou Consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cor 5;18 a 20

A inimizade não precisa persistir; podemos em Cristo, reconciliarmos com Deus, deixarmos a genérica condição de criaturas, rumando à excelsa posição de filhos; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Uma faceta mórbida da natureza humana caída é que o ódio aglutina mais que o amor; aproxima os contrários até, como fizeram fariseus, saduceus e herodianos contra Cristo.

O amor levaria quem ama a dar algo de si em prol do seu alvo, quiçá, perdão. Ao ódio basta acusar o “lapso” do outro e os “motivos” estarão assentados com argamassa bem firme.

Como no futebol se diz que é mais fácil destruir que construir uma jogada; para tal, basta força; enquanto a construção requer habilidade, assim, na vida. É mais fácil odiar que amar; para isso basta a força da inveja, enquanto o amor demanda a habilidade de crer em Deus, obedecer, desconsiderar a falta sofrida, pagar o mal com o bem.

Embora o ódio seja um câncer, cujo mal maior faz ao próprio hospedeiro, é uma doença que, os que têm não desejam cura. Como a substância viciante de uma droga qualquer, a alma viciada precisa sempre mais e mais; cansa-se na faina inglória de perseguir à própria sombra.

Quando O Médico dos Médicos trouxe o preciso diagnóstico deparou com a ojeriza dos doentes; odiaram-no, pois, se sentiam bem como estavam; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Quem faz o mal “odeia a luz...” esse é o lado pernicioso do ódio. Ele em si, direcionado contra o alvo correto nem é um erro; antes, uma virtude. Do Senhor está dito: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

A um jogador é permitido ter força e habilidade ao mesmo tempo; aos chamados em Cristo é facultado amar ao pecador, e dirigir o ódio na vereda correta, contra o pecado.

A cegueira nos domínios do espírito e da alma “patrocina” que as pessoas façam mal a si mesmas. Naquilo que enxergam cuidam; “Porque nunca ninguém odiou sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta...” Ef 5;29

No entanto, manter o corpo saudável enquanto a alma apodrece é como polir todos os dias a lata do carro e colocar ácido corrosivo no motor. Sem desmerecer o cuidado físico, Paulo coloca os pingos nos is; “O exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Ainda é tempo de reconciliação; breve deixará de ser; “Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; não preferiram o temor do Senhor.” Prov 1;28 e 29

sábado, 6 de agosto de 2022

Traficantes e viciados


“Nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, andam com falsidade; fortalecem as mãos dos malfeitores para que não se convertam da sua maldade...” Jr 23;14

“... profetas de Jerusalém...”
O Senhor sempre diferencia as coisas que Ele escolhe, das escolhas alheias; não se responsabiliza por essas. O fato de alguém se pretender profeta, não significa que seja. Pelo menos, não, a serviço do Senhor. Tivemos os profetas de Jezabel, os de Jerusalém; os postulantes das “escolas de profetas” até, e os raros e probos, Profetas do Senhor.

“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, mas profetizaram. Se estivessem no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” vs 21 e 22
Os que Deus Escolhe falam as Palavras Dele; desafiam ouvintes à conversão.

O problema de cada um ter “profetas” de estimação é que, precisando desesperadamente mudar mediante o ensino da verdade, não a ouvem deles; pois, não é agradável de ouvir; escolhendo a dedo o que gostam fogem do que precisam. Trocam o ditoso chamado da morte à vida, pela sina de cobaias para maquiadores de cadáveres. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências.” II Tim 4;3

“... cometem adultérios...”
grave em qualquer circunstância. Mas, praticado por aqueles que fingem representar a Deus, além da mácula normal da impureza, ainda se fazem profanos.

Sempre que tratamos às coisas santas como vis, estaremos envilecendo ao Santo Nome do Senhor; fazendo parecer que, O que É Excelso soe comum, vulgar. “... Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A Mesa do Senhor é desprezível... Vós O profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é impura, Seu produto, isto é, sua comida é desprezível.” Ml 1;7 e 12 Isso foi dito num contexto de sacrifícios defeituosos que eram oferecidos; o que dizer de um sacerdócio profano?

No contexto espiritual o adultério também pode ser cometido diga-se; “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Acaso os que agradam ímpios por interesses, deixando de denunciar à impiedade em busca de aceitação não agem segundo o mundo? Quais políticos fisiológicos em campanha? Desse tipo de adúlteros estão cheios os púlpitos, infelizmente; sem falar que muitos cometem adultério carnal também. Deveriam os santos ser apascentados por biltres assim?

“... andam com falsidade...” se, ostentam uma imagem de gente santa, não o sendo, em nome da verossimilhança, de parecer um pouco o que pretendem que se creia, precisam agir de modo hipócrita. O mundo em sua prudência astuta não usaria um careca para fazer propaganda de shampoo para queda de cabelos, seria contraproducente. Assim, os falsos precisam de algum verniz com brilho de verdade, justiça, santidade se quiserem enganar.

Como “nem tudo o que reluz é ouro”, aos fiéis o Senhor lega o discernimento necessário; eles podem sentir o “cheiro” da falsidade antes que a razão, o intelecto, tenham percebido as incongruências entre a mensagem e o modo de vida dos falsários. Palavras podem estar certas, mas o espírito não; O Santo faz ver. “O que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 1;15

Invés de ser instrumentos de Deus, por meio dos quais Ele Fala, tais, se tornam alvo da correção, quando por meio de outro, idôneo, O Eterno Se Expressa: “Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel...” Ez 13;2

“... fortalecem as mãos dos malfeitores para que não se convertam...”
Quando alguém anda errado, carecendo urgentemente mudar de vida mediante arrependimento; e arrepender-se ouvindo A Palavra de Deus; invés de uma mensagem de mudança ouvirá conselhos motivacionais, assentado ante um falsário, nunca receberá o que necessita.

Será chamado a “tomar posse da vitória, da chave” disso ou daquilo, receber cura de supostas enfermidades do corpo, com as almas desesperadamente enfermas, à morte; seu pecado que o está levando a isso será ignorado. Os falsos se preocupam consigo mesmos; aceitação, número de seguidores, repercussão favorável; não, com O Altíssimo, Seus Santos e Justos Reclames.

“Eis que Sou contra os profetas, diz O Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” Jr 23;31

Desgraçadamente, traficantes de ilusões forjaram uma geração de viciados em enganos. Os poucos idôneos que há soam a desmancha-prazeres. Na verdade, são. Cristo não veio nos dar prazer; Veio para dar vida.

Mas a vontade foge por estar essa, atrelada à cruz; “não quereis vir a Mim para terdes vida.” Jo 5;40

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Espinho na carne

“Para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” II Cor 12;7

Paulo fora arrebatado aos Céus, onde ouvira coisas que não era lícito falar; para não se tornar presunçoso, recebera um obstáculo que definiu como “espinho na carne”.

O que seria o tal “espinho”. Não existe unanimidade no tocante a isso. Alguns pensam ser uma enfermidade que assolava o apóstolo; outros, que seria mesmo um “mensageiro de Satanás”, uma acusação dos erros pretéritos, mormente, a participação na morte de Estêvão, cuja lembrança incomodaria.

Bem, vejamos o que o texto diz. Do motivo; “a fim de não me exaltar.” a explicação do “espinho”; “um mensageiro de Satanás”; o modus operandi do mensageiro; “esbofetear”; a providência pedida; “... orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” v 8

Vamos esmiuçar para ver o que encontramos. A exaltação é um mal da alma; uma enfermidade, embora pudesse incomodar, não faria ninguém, necessariamente, humilde. É possível ser extremamente arrogante não usufruindo de nenhuma saúde. O Finado Stephen Howkins era tetraplégico, ateu e zombava de nossa fé. Doenças da alma não são curadas mediante dores do corpo.

“um mensageiro de Satanás.” O Eterno, uma vez perdoadas nossas falhas delas não mais lembra; “... sujeitará nossas iniquidades; Tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.” Miq 7;19 Assim, se um mensageiro de Deus exorta ao arrependimento e uma vez alcançado, os pecados são lançados no mar do esquecimento, parece lógico concluir que um mensageiro da oposição faça questão de lançar em rosto nossas falhas, mesmo que já tenham sido perdoadas, se seu objetivo for tirar a paz.

O perdão Divino apaga a culpa, não a lembrança; coisas abandonadas, perdoadas, ainda podem causar tristeza, vergonha, como disse o mesmo Paulo; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais?” Rom 6;20 e 21

“esbofetear...”
naturalmente, uma metáfora para acusar, lançar em rosto. Mas, resultaria que um ser da oposição estaria trabalhando para Deus? Não. Deus permitia isso pelo que poderia fazer com tal assédio na vida de Seu filho. O capetinha não tinha em mente nenhum fruto; apenas perturbar a paz do apóstolo.

“... orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” Ora, de uma enfermidade oramos pela cura, não para que ela se desvie de nós.

Portanto, com devido respeito aos que pensam diferente, não creio que se tratasse de enfermidade.

A negação Divina em atender a oração de Paulo veio acompanhada do motivo; “A Minha Graça te basta, porque Meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza.” v 9

Deixaria aquilo como estava, pois, era o processo para aperfeiçoamento do Seu Poder, na vida do apóstolo. Ele alistando coisas que eventualmente lhe faltavam não mencionou estritamente, saúde; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” v 10

Quando figurou a armadura dos cristãos, ele mesmo mencionou a necessidade do “escudo da fé” como resistência aos “dardos inflamados do maligno”. Plausível pensar que o aludido “mensageiro” tentasse fazer Paulo duvidar do perdão recebido, algo que só poderia ser contraposto pela fé.

Ademais, O Salvador também figurou a “semente” (Palavra) que caíra entre espinhos, dizendo serem esses, “... os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas...” Mat 13;22

Jeremias também usou a mesma figura, e aludia aos vícios do coração, não a enfermidades do corpo; “Porque assim diz O Senhor aos homens de Judá e Jerusalém: Preparai para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos. Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que Meu Furor não venha a sair como fogo, e arda de modo que não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras." Jr 4;3

Quando O Eterno permite que, alguma coisa ruim venha contra nós é porque Ele Sabe que, desse mal pode tirar um bem que nos fará crescer; alguém definiu que, a única desgraça verdadeira é aquela com a qual nada aprendemos; outrem, que quando uma dor ou privação nos leva a orar, ela já está fazendo mais bem, do que mal.

Afinal, “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

A nossa purificação é semelhante à dos metais; as dores nos derretem, e Deus nos purifica em meio a elas. "Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

terça-feira, 2 de agosto de 2022

A "fé" pendular


“Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia...” Atos 14;19

Na cidade de Listra, Paulo fora usado por Deus para restaurar a um coxo de nascença; o povo, invés de ouvir o que ele e Barnabé tinham a dizer decidiram eles mesmos dar nomes aos bois.

“Concluíram” que ambos eram deuses; “... Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós.” Atos 14;11 Exceto o plural, característico do politeísmo, tinha certa verdade nessa afirmação; não como eles pensavam; Deus se Fez Homem e desceu até nós, em Cristo.

No mesmo afã atribuíram aos dois os rótulos da sua crendice; nela imperava uma espécie de versão romanizada da mitologia grega; “Chamavam Júpiter a Barnabé e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava.” v 12

Que decepcionante quando tentamos comunicar valores, conceitos de Deus e as pessoas se apressam; antes de dizermos de nossa fé, querem mostrar a deles; como se, quem falasse primeiro estivesse certo.

Outro dia deparei com uma frase atribuída ao Padre Fábio de Melo que dizia: “Todas as religiões são boas; o que há é pessoas más em todas as religiões.” Não sei se foi mesmo ele o autor, mas trata-se de crasso erro.

Que existem pessoas más em todos os ambientes, religiosos ou não, de acordo. Mas, o ecumenismo é a negação de Cristo. Ele não veio dar Sua Vida Excelsa e Inocente para que, a Glória devida a Ele fosse diluída com toda sorte de simulacro humano. “... Ninguém vem ao Pai senão, por Mim.” Jo 14;6 “Eu Sou O Senhor; este É Meu Nome; Minha Glória pois, a outrem não Darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

Toda religião, por bem intencionada que seja, se sonega os ensinos do Salvador, ou propõe caminhos alternativos é uma fraude do inimigo. Até eventuais pessoas boas lá, cultivando o erro doutrinário estarão perdidas sem Cristo; pois Ele não salva pessoas boas. Apenas as más que se arrependem e creem Nele. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Voltando; os dois se recusaram a ser tratados como deuses; “... os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram suas vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando, e dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que Fez o Céu, a Terra, o mar e tudo quanto há neles;” vs 14 e 15

Notemos que eles não foram coniventes com a religião errada; exortaram “... que dessas vaidades vos convertais ao Deus Vivo...”

Embora a excitação por cultuarem aos “deuses” presentes fervesse entre eles, acabaram ouvindo um pouco sobre O Deus Vivo e Seu Enviado; desistiram momentaneamente do seu culto.

No entanto, quando parecia que as coisas estavam voltando ao devido lugar, a adversidade da ignorância estava sendo aplacada, assomou a adversidade da inveja. “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.” vs 19

A dificuldade de triagem, atribuindo aos dois visitantes suas crendices descabidas não era o problema maior daquele povo. Bastou que surgisse um grupelho de oposição aos apóstolos com algumas narrativas mentirosas, e os mesmos pensaram que dois “deuses” que os visitaram, de repente se tornaram malditos que deveriam ser mortos a pedradas.

Como o ódio e a inveja eram contra Paulo, não, Barnabé concentraram nele seus ataques. Logo esqueceram o maravilhoso fato do coxo de nascença ter sido curado e destilaram ódio contra benfeitores; felizmente Paulo sobreviveu.

Por que tantos patifes sem nenhuma dignidade, valor, muitas vezes acabam eleitos para postos elevados? Porque as pessoas têm preguiça de pensar e balizam suas escolhas em narrativas; desgraçadamente, quanto mais fraudulenta parece melhor. Muitos que deveriam apodrecer na cadeia concorrerão de novo; temo que vários serão eleitos.

Se, O Criador permitiu que dentro de nossos crânios houvesse cérebros, por certo fez isso pensando que os deveríamos usar.

Não será o ativismo religioso, pressa em concluir coisas no escuro, nem a predileção pela mentira e maledicência que forjarão para nós caminhos retos. “Meditarei nos Teus Preceitos, terei respeito aos Teus Caminhos.” Sal 119;15

Um homem prudente, não se apressa em tirar conclusões; não crê rápido porque alguém assegurou que é assim, nem foge do que creu porque a maledicência duvida. “... Eis que Assentei em Sião uma Pedra, uma Pedra já provada, Pedra Preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

domingo, 31 de julho de 2022

Os morcegos


Dizem que, “Passarinho que voa com morcego acorda de cabeça para baixo.”

Tendemos a absorver os hábitos daqueles com quem andamos. Quirópteros pernoitam pendurados nos tetos das cavernas, ou coisas similares.

As companhias não moldam, necessariamente, o ser de quem tem identidade formada e preocupa-se mais com consciência, que com reputação.

Na consciência presto contas a mim mesmo e a Deus; nas aparências, no teatro me torno refém de opiniões e gostos alheios. Nossa sociedade que, na imensa maioria é hipócrita, promíscua, corrupta, avessa a Deus e Sua Palavra, durante o período do Natal, por exemplo, cobre fachadas, praças, decora tudo com luzes, visando parecer, o que bem sabe que não é; portadora de luz, adoradora do Santo. A Luz veraz é interior; ali higieniza sem se ocupar com artifícios externos.

Nesse caso morcegos tentam voar com os pombos; mas seu arrulho artificial não convence ninguém.

A excelência da maturidade de uma boa índole seria, poder, como o sol, passear sobre pântanos, levar luz e calor sem se sujar. Um ser de bom caráter andar, se necessário, entre os maus, sem se tornar um deles pelo contágio.

Essa “adesão” emulada, tipo: “Todo mundo faz isso; por que não, eu?” Não deriva de uma personalidade formada; antes, da falta dessa, que torna o desprovido, sequaz do berrante, mais um na manada. O Eterno trata com indivíduos, não com a massa; “Cada um dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

A anulação do indivíduo submergindo-o na massa, nunca foi o projeto Divino para a humanidade. A massa tem um quê de conveniente aos covardes; na necessidade de tomar decisões podem dividir responsabilidades, e em caso de erro nas escolhas, diluir as culpas.

Essa “facilidade” dos sistemas coletivistas invariavelmente atrai pessoas de má índole; fugitivos. Não significa que muitos não possam pensar de modo semelhante sobre valores, formando uma coletividade saudável.

Invés de cada um ousar lutar contra seus monstros interiores, os fugazes optam por palavras de ordem, rótulos colados aos berros, sem necessidade, disposição, nem condições para discutir o conteúdo do tal rótulo; evitando um honesto exame de consciência, que seria um corajoso passo rumo à liberdade.

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.” Mahatma Ghandi

Exteriormente parece mais ousado quem sobe numa montanha, que outrem que se refugia num bunker; todavia, por ser um patrimônio interior, da alma, chega-se à vera liberdade descendo os degraus da humildade, esses desníveis necessários na escada da honestidade moral e intelectual. Essa ousadia não pisca em neon, nem salta os olhos descuidados; enseja uma paz que melhora o sono e corta as garras do egoísmo, uma ave de rapina tão voraz.

Cristo ensinou a isonomia; tratarmos como gostaríamos de ser tratados; permanecendo nisso, conheceríamos a verdade essa nos libertaria. Mas, quantos se atrevem? Conheceríamos a Ele, diga-se; pois afirmou: “Eu Sou... a verdade” Jo 14;6

Por ser a arte de pensar um trabalho mui pesado, como disse Henry Ford, surfar na onda dos alheios pensares, “colando banners” nas redes sociais basta, para mantermos nossa reputação de seres pensantes; mesmo que, o único produto nessa seara seja pensar que pensamos. Caso alguém ouse discordar, basta cancelar, excluir...

Plutarco se mostrou avesso à ideia de acumularmos prateleiras cheias de alimentos dos quais desconhecemos o sabor; “A mente não é um vaso para ser cheio; - disse – antes, um fogo a ser aceso.” Esse fogo não assoma do atrito de elementos; antes, do cotejo dos fatos com as ideias.

Natural que o hábito forme o caráter; a Bíblia defende isso; “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” Jr 13;23

Então, embora eu tenha dito no princípio que um de boa índole pode, eventualmente, se misturar, “sem se misturar com essa gentalha”; digo, andar entre os maus sem sofrer influência deles, no ambiente em que nos sentimos confortáveis, esse geralmente mensura quem somos.

Aves de bandos até cantarolam muito mais; mas, as solitárias, como as águias possuem olhos mais agudos. 

Mário Quintana disse num poema que preferia a solércia dos guaipecas sem nenhum pedigree, à sobriedade de um dobermann; ser descompromissado como um gaiato - interpreto – a ser sisudo como um Faraó.

Porém, quem pode ver a vida despida de suas alegorias festeiras, necessariamente terá seus momentos circunspectos. “Quem aumenta em ciência aumenta em trabalho.” Disse Salomão.

O mundo relativista está repleto de morcegos que não sabem se são aves ou mamíferos.

Está na moda cada um ser como “se percebe”; mas, a ignorância não tem espelho.

Mundo líquido


“Temos mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a Estrela da Alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

“Mui firme...”
Vivemos num mundo “líquido”; tudo é relativo, moldável, se encaixa nos recipientes mais esdrúxulos, sem problema. A “moral” vigente é a que cantou Raul Seixas: “Se hoje sou estrela amanhã já se apagou; se hoje te odeio amanhã te tenho amor, te tenho horror...” Conservadorismo, princípios morais são “jurássicos, fundamentalistas, radicais;” a onda é ser “progressista”, nome palatável dado às irreverências e perversões.

Nesse mosaico escorregadio, valores inversos, palavras anêmicas de significados, conceitos camaleônicos que mudam ao gosto do freguês, termos algo mui firme deveria merecer nosso apreço; como um náufrago num mar de lama, que encontrasse uma ilha.

Tudo soa biodegradável, descartável, efêmero, superável; no entanto, A Palavra segue sóbria, estável; “... Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

“... a palavra dos profetas...”
Dos profetas idôneos, que falaram da parte de Deus. Embora o texto conceda essa honra aos que foram instrumentos, toda honra e glória Ao que É A Fonte; Deus. Simplifiquemos: “Tende como mui firme A Palavra de Deus.”

“À qual bem fazeis em estar atentos...”
desgraçadamente, a maioria dormiu na semeadura do joio; hoje muito do que se ouve por aí, rotulado de Palavra Divina provém de fontes espúrias; o entretenimento usurpou ao ensino; o “viver melhor” tem subido na mesa onde deveria ser servida a receita de morrer melhor. Perder a vida (natural) para receber a eterna.

“Aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma...? Mat 16;25 e 26

A busca pelo prazer onde deveríamos buscar vida; motivacionais insossos, onde deveríamos ser exortados ao arrependimento, tem desviado nossa atenção do que é vital; por desatentos, muitos vão morrendo super motivados e sujos, alheios ao Sangue que purifica. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos e nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

“... como uma luz que alumia em lugar escuro...”
Nada mais encontrável que uma luz, em ambiente escuro. Todavia, mais que nos fazer ver, a luz espiritual nos faz visíveis, nos expõe; normalmente as pessoas escolhem seus melhores ângulos, falsificam imagens, editando-as, para saírem “bem nas fotos”; recusam ser vistas como são. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Os desejos desses não é por salvação; antes, aprovação. Hoje, os obreiros já não são poucos, temos profetas para todos os gostos. Na mesma levado do mundo líquido, esses fazem parecer que A Rocha Eterna seria líquida também; que Deus mudaria ao sabor “progressista”. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

“... até que o dia amanheça...”
Figura de linguagem para discernimento espiritual, de quem amadurece na prática da justiça. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18 

“Justos” porque justificados pelos Méritos de Jesus Cristo. A falta das nossas justiças, a misericórdia Divina supriu com O Feito do Senhor Justiça Nossa.

“... A Estrela da Alva apareça em vossos corações.” Por fim, temos o “endereço” onde a escuridão grassa: Nossos corações. Como a estrela da alva é precursora do dia, assim Cristo, difunde Sua Luz, sobre aqueles que se lhe submetem. Ele Se autodefiniu assim: “... Eu Sou a raiz e a geração de Davi, a Resplandecente Estrela da manhã.” Apoc 22;16

Raiz porque É antes; É Eterno. Geração porque veio depois dele, na árvore genealógica de Davi, ao se fazer carne para nos remir.

Quem quiser, ainda pode beber da Água da Vida; nem todos os profetas são falsos; O Senhor reservou Seus “sete mil varões”. Entretanto, para cada “Elias” há uns quatrocentos de Baal.

Todo o falso profeta, por envernizado e modernético que pareça, é só fruto de uma reengenharia do capiroto, dizendo de novo, o mesmo; vós mesmos sabereis o bem e o mal.

Deus, O Único Bem Eterno, afirma: “... o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

sábado, 30 de julho de 2022

De costas pra vida


“Quando um homem for limpo, não estiver em viajem e deixar de celebrar a páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; porquanto não ofereceu a oferta do Senhor ao seu tempo determinado; esse homem levará seu pecado.” Núm 9;13

Duas situações permitiam não celebrar a páscoa; estar impuro, ou estar em viagem durante o período da mesma. Excetuando essas variáveis, deveria participar. A pena pela omissão seria a morte. Pois, invés de celebrar o memorial alusivo à libertação, preferiria virar as costas ao Eterno, em sinal de desprezo.

Tanto era grave participar estando fora do padrão, quanto, deixar de fazê-lo, sem motivo justo.

Isso dos que foram remidos da mão de Faraó; o que esse memorial lhes significava, libertação, Cristo significa para nós; Paulo exorta: “Alimpai-vos do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” I Cor 5;7

A celebração da Vitória de Cristo, como Ele mesmo ordenou, é a Santa Ceia; “... fazei isto em memória de Mim.” I Cor 11;24

A Palavra ensina que o serviço, rituais, ordenanças do antigo pacto eram tipos proféticos; “Sombras dos bens futuros”; a páscoa era uma “sombra” da Ceia. Não se trata de mudar as coisas, abandoná-las.

A revelação Divina é progressiva, conforme evolui a possibilidade do entendimento humano. Diverso do apregoado pela Teoria da Evolução, a criação é obra perfeita. Mas, a queda legou o domínio ao príncipe das trevas, aquele que cega entendimentos. O dano foi global.

O Criador enviou Seu Espírito atuando para reparar isso; “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em Seu Conhecimento o Espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18

Se, os entendimentos que foram gerados perfeitos careciam dessa “lente de aumento” é porque foram tornados obtusos pelo traíra. O que são os muitos deuses alternativos, os ídolos, senão, derivados de cegueira?

Àquelas “sombras” a Palavra chama de rudimentares; “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias, vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, não segundo Cristo;” Col 2;8

O Novo Testamento não traz uma “Evolução de Deus”; antes, evolução da revelação. Um tempo privilegiado, onde o que era promessa, profecia, se fez fato, é história. Cristo falou disso aos Seus ouvintes; “Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não viram; ouvir o que ouvis e não o ouviram.” Luc 10;24

Alguns equacionam erroneamente a era da graça, como um “upgrade” de Deus. “Aquele do Antigo Testamento era violento; Jesus É Amor” dizem. Tanto é assim, que o mero descumprimento do mandado de celebrar a páscoa redundaria em morte.

Cristo citou inúmeras vezes o Antigo Testamento e não fez reparo nenhum; exceto, interpretar o espírito dos mandamentos, o que tornou a coisa mais rigorosa ainda; “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos Digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo...” Mat 5;21 e 22 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos Digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mat 5;27 e 28 etc.

A Graça fez o que a Lei não podia; abrir a porta à Salvação pelo Sangue de Cristo. Os que cumpriam àquela e ofereciam sangue de animais quando pecavam, assinavam um “cheque sem fundos”; ficavam em “stand by” até que Cristo resolveu na Cruz. “Não aniquilo a Graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei, segue-se que Cristo morreu debalde.” Gál 2;21

Quem se atém a guardar o sábado, não comer determinados alimentos inda não entendeu O Sacerdócio de Cristo; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da Lei... desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” Heb 7;12 e 19

Como o espírito dos mandamentos visto a fundo aumenta o rigor, também o descaso com as coisas santas.

Só um imbecil com tendências suicidas acharia que, dado ser a era da graça temos licença para agir de modo profano. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Desprezar a Deus não requer punição com morte; quem assim age já está morto.