quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Espinho na carne

“Para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” II Cor 12;7

Paulo fora arrebatado aos Céus, onde ouvira coisas que não era lícito falar; para não se tornar presunçoso, recebera um obstáculo que definiu como “espinho na carne”.

O que seria o tal “espinho”. Não existe unanimidade no tocante a isso. Alguns pensam ser uma enfermidade que assolava o apóstolo; outros, que seria mesmo um “mensageiro de Satanás”, uma acusação dos erros pretéritos, mormente, a participação na morte de Estêvão, cuja lembrança incomodaria.

Bem, vejamos o que o texto diz. Do motivo; “a fim de não me exaltar.” a explicação do “espinho”; “um mensageiro de Satanás”; o modus operandi do mensageiro; “esbofetear”; a providência pedida; “... orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” v 8

Vamos esmiuçar para ver o que encontramos. A exaltação é um mal da alma; uma enfermidade, embora pudesse incomodar, não faria ninguém, necessariamente, humilde. É possível ser extremamente arrogante não usufruindo de nenhuma saúde. O Finado Stephen Howkins era tetraplégico, ateu e zombava de nossa fé. Doenças da alma não são curadas mediante dores do corpo.

“um mensageiro de Satanás.” O Eterno, uma vez perdoadas nossas falhas delas não mais lembra; “... sujeitará nossas iniquidades; Tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.” Miq 7;19 Assim, se um mensageiro de Deus exorta ao arrependimento e uma vez alcançado, os pecados são lançados no mar do esquecimento, parece lógico concluir que um mensageiro da oposição faça questão de lançar em rosto nossas falhas, mesmo que já tenham sido perdoadas, se seu objetivo for tirar a paz.

O perdão Divino apaga a culpa, não a lembrança; coisas abandonadas, perdoadas, ainda podem causar tristeza, vergonha, como disse o mesmo Paulo; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais?” Rom 6;20 e 21

“esbofetear...”
naturalmente, uma metáfora para acusar, lançar em rosto. Mas, resultaria que um ser da oposição estaria trabalhando para Deus? Não. Deus permitia isso pelo que poderia fazer com tal assédio na vida de Seu filho. O capetinha não tinha em mente nenhum fruto; apenas perturbar a paz do apóstolo.

“... orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” Ora, de uma enfermidade oramos pela cura, não para que ela se desvie de nós.

Portanto, com devido respeito aos que pensam diferente, não creio que se tratasse de enfermidade.

A negação Divina em atender a oração de Paulo veio acompanhada do motivo; “A Minha Graça te basta, porque Meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza.” v 9

Deixaria aquilo como estava, pois, era o processo para aperfeiçoamento do Seu Poder, na vida do apóstolo. Ele alistando coisas que eventualmente lhe faltavam não mencionou estritamente, saúde; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” v 10

Quando figurou a armadura dos cristãos, ele mesmo mencionou a necessidade do “escudo da fé” como resistência aos “dardos inflamados do maligno”. Plausível pensar que o aludido “mensageiro” tentasse fazer Paulo duvidar do perdão recebido, algo que só poderia ser contraposto pela fé.

Ademais, O Salvador também figurou a “semente” (Palavra) que caíra entre espinhos, dizendo serem esses, “... os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas...” Mat 13;22

Jeremias também usou a mesma figura, e aludia aos vícios do coração, não a enfermidades do corpo; “Porque assim diz O Senhor aos homens de Judá e Jerusalém: Preparai para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos. Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que Meu Furor não venha a sair como fogo, e arda de modo que não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras." Jr 4;3

Quando O Eterno permite que, alguma coisa ruim venha contra nós é porque Ele Sabe que, desse mal pode tirar um bem que nos fará crescer; alguém definiu que, a única desgraça verdadeira é aquela com a qual nada aprendemos; outrem, que quando uma dor ou privação nos leva a orar, ela já está fazendo mais bem, do que mal.

Afinal, “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

A nossa purificação é semelhante à dos metais; as dores nos derretem, e Deus nos purifica em meio a elas. "Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

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