sábado, 27 de agosto de 2022

O molde permanece


“Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Livros sapienciais não são A Palavra de Deus, estritamente; algo que O Próprio Deus falou através dum Profeta, precedido de, “Assim Diz O Senhor!”, são textos inspirados; seus conteúdos, embora não sejam normativos são válidos; “Toda Escritura é divinamente inspirada, proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;” II Tim 3;16

Então, o verso supra também é. Parece esposar a ideia que, alguém instruído desde criança no caminho do dever, nele se manterá sem nenhum desvio; será?

Quem convive no meio cristão pode alistar dezenas de “desviados;” pior: Há muitos que sofreram decepções tais, no seio da igreja que, embora ainda crendo em Deus decidiram seguir às suas maneiras, sem congregar. Embora atropelem ensinos Bíblicos sobre isso, eles existem em quantidade. Também “deixaram o caminho”.

Como harmonizar esses dois fatos com o verso inicial: “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele?”

A natureza humana é volúvel; dada a carga emocional da qual é paciente, as pessoas se dão a mudanças, nem sempre para melhor. Alguém disse: “Sentimos nas mudanças certo alívio; ainda que estejamos mudando para pior.” Eventualmente, a leitura das causas ou a enfrentamento das consequências não são sadios.

Então, uma decepção qualquer assoma e não lidamos bem com a tal, nem com possíveis soluções. Quantos já disseram: “Eu era feliz e não sabia!” Maneira oblíqua de reconhecer que mudou para pior.

Que força magistral teria o aprendizado do dever ainda na infância, que me protegesse do perigo de me desviar? 

A alma infantil é um CD virgem, onde o aprendizado se grava para a vida toda. Por isso, aliás, o esforço dos “desconstrutores” das famílias em implantar a perversão sexual desde a infância nos colégios.

Para harmonizar o verso aquele com os fatos, talvez, nossa interpretação de texto é que careça de melhor lupa.

A afirmação não pretende assegurar que um assim ensinado, abraçaria à virtude apreendida e jamais a deixaria; antes, que o ensino sobre o caminho, a virtude, o conhecimento da vereda direita seria um valor nele entranhado, de maneira tal, que jamais se desviaria dele.

Eventual erro do caminho será por escolha, levante contra o que foi apreendido, não por desinformação.

Assim poderíamos parafrasear: “Ensina o bom caminho para a criança; tal ensino ficará gravado; jamais se desviará dela.” Ela fará suas escolhas na vida, sempre com esse vetor; seja, a encorajar, seja, a deplorar sua escolha.

O pródigo vergastado pelas consequências insanas dos descaminhos tomados, ainda tinha, mesmo entre os porcos, a informação sobre o bom caminho: “Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;” Luc 15;17 e 18

Notemos que, para ver o bom caminho não precisou escalar uma montanha em busca de um melhor mirante; tampouco, existiam binóculos, então; o “upgrade” para a visão estava dentro dele; ele voltou a ver direito, “tornando a si”. Pois, tinha dentro de si as placas para o bom caminho do qual ele se desviara; porque, apesar do desvio, o caminho, ainda continuava ali.

Por essa razão, aliás, se diz que, quando alguém age de modo intempestivo, insano, o tal está “fora de si”; isso encerra a presunção legítima de que, em si, em perfeita sanidade não agiria daquela forma.

Eventualmente nos iludimos com carismas como se esses fossem sinônimos de caráter; não são. Quantos talentosos que admiramos um dia, olhando-os pelo prisma do talento; mas, vendo-os agora, escorregar na falta de caráter os desprezamos, como certos artistas e jornalistas da moda?

Possivelmente já tinham consigo esses lapsos, mas, a cortina de fumaça dos dons não nos permitia vê-los; a falta de “peças” moldadas na forja dos valores acaba emprestando o espaço nos depósitos ermos, para as tralhas dos interesses mesquinhos.

Chamados pelo desfio das circunstâncias, as vilezas ocultas vêm à tona. Esse é o outro lado da moeda. Os que sempre foram treinados na vereda dos direitos, quando a demanda é pelos deveres perdem-se confusos; seus “depósitos” não contêm essas ferramentas.

O ensino na infância torna-se parte de quem aprende. Molda seu agir como uma necessidade. Fora dele a pessoa trai a si mesma.

“Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Essa geração perita em tralhas eletrônicas desde infante, come da Árvore da Ciência; precisamos ensinar as crianças a olhar para a Árvore da Vida: Jesus Cristo.

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