sexta-feira, 19 de agosto de 2022

A Inveja


“Não Me é lícito fazer o que quiser do que é Meu? Ou é mau teu olho porque Sou Bom?” Mat 20;15

Os trabalhadores das diversas horas do dia. O que laborara uma hora apenas, recebera o dia completo; o que trabalhara o dia todo indignou-se com a “injustiça”; aí então, o empregador fez a pergunta acima.

Se alguém me contrata para trabalhar uma jornada por xis reais, cumprida a mesma, recebido o combinado nada cabe reclamar. Não era a injustiça que movia a queixa; antes, uma senhora bem idosa, atuante desde os dias de Abel e Caim, a inveja.

Os dois irmãos ofereceram culto ao Senhor; a um Ele Aceitou; ao outro, não.
... atentou o Senhor para Abel e sua oferta. Mas, para Caim e sua oferta não atentou. Irou-se Caim fortemente, descaiu-lhe o semblante. O Senhor disse a Caim: Por que te iraste? Por que descaiu teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? Se não fizeres bem, o pecado jaz à porta; sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;4 a 7

Quiçá, “erro de avaliação"; Deus foi “injusto” aceitando um e rejeitando outro? Também lá não havia nenhuma injustiça. O texto ensina que antes de olhar para a oferta, O Senhor olhou para o ofertante; “... atentou O Senhor para Abel e sua oferta...” A Bíblia não deixa claro qual fora o mal de Caim. Alguns esposam a ideia que a oferta deveria ter sido com sangue, não frutos da terra como ele levara.
Porém, isso não me convence muito; pois, depois que organizou o sacerdócio levítico O Senhor aceitava ofertas de cereais e derivados. Então, o motivo para a não aceitação deve ter sido outro.

Talvez, adoração prestada com espírito errado; por competição, emulação contra Abel, ao ver que aquele ofertara ao Senhor. A coisa certa feita pelo motivo errado deixa de ser certa. O fato é que embora cultuando também, Caim fizera mal, algo que assoma nas entrelinhas; “Se fizeres o bem, não é certo que será aceito?” Notemos que a exortação não alude a uma mudança de oferenda, mas de atitude.

Muitos lidam mal com a bênção alheia. Parece que Deus “erra” quando dá algo aos outros. A mesma pergunta aquela cabe de novo; “Não Me é lícito fazer o que quiser do que é Meu? Ou é mau teu olho porque Eu Sou Bom?” Mat 20;15

A Bíblia aconselha que participemos das emoções dos semelhantes, sejam agradáveis, ou não; “Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram;” Rom 12;15

Quando medito sobre a inveja sempre me ocorre a frase duma antiga canção que dizia: “Na verdade o homem se sente mais realizado, se invés de falar parabéns! Ele fala, coitado!"

Em geral as pessoas são assim; refratárias ao talento alheio, justo por isso; porque é alheio. Auto gratificadas quando podem sentir-se superiores a outrem. Salomão discorreu sobre isso: “Ainda vi eu que todo o trabalho, toda destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade, aflição de espírito.” Ecl 4;4

Normalmente as pessoas querem a sorte dos que Deus coloca em lugares altos; não a trajetória, dores.

Há momentos em que nossa fraqueza tende a duvidar da Divina Bondade e Sabedoria. Parece que O Eterno se importa com outros, não conosco. Todavia, Ele Sabe para qual nicho está preparando cada um; o tempo, as coisas e oportunidades que combinam com outro, não necessariamente se amoldariam ao que Ele Tem para mim.

Mesmo quando tudo parece dar errado à nossa volta, confiemos Nele; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

José era inocente, fiel; contudo, sofreu ódio dos próprios irmãos, calúnia da mulher de Potifar e indiferença do copeiro de Faraó; até o tempo em Deus Resolveu mudar radicalmente sua sorte; da prisão ao palácio. De esquecido, desprezado, a governador.

Quantos momentos teve para duvidar da Bondade Divina? Certamente pareceu, eventualmente, que Deus preferia seus irmãos a ele. A Bondade do Altíssimo atua consorciada à Sua Sabedoria e Propósito. “Provai, e vede que O Senhor É Bom; bem-aventurado o homem que Nele confia.” Sal 34;8

De acordo com o tipo e peso do peixe que pretende pescar, o pescador prudente escolhe linha e anzol; O Senhor, de acordo com a missão para a qual nos está preparando, permite as dores necessárias para infundir a têmpera que deseja, nas vidas que escolhe.

É lícito fazer o que quiser do que é Dele; nossas vidas são.

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