segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Quem tem ouvidos...


“Aplica teu coração à instrução; teus ouvidos às palavras do conhecimento.” Prov 23;12

Um paralelismo sinonímico; recurso comum na poesia hebraica, cuja transmissão, em grande parte era oral; então, a mesma verdade era repetida na segunda parte da frase, com outras palavras para fixar a ideia. “Aplica teu coração à instrução; teus ouvidos às palavras do conhecimento.”

Os fenômenos apelam, geralmente, à visão; pomposos banners, placas, luminosos, logotipos, cores; sem falar nas imagens de vídeo de toda espécie que permeiam nossas vidas.

Embora, “Nem tudo é o que parece; as aparências enganam; o vidro brilha ao sol, enquanto os diamantes se escondem nos cofres;” etc. A comunicação visual toma espaços amplos; tanto as pessoas têm para ver, que pouco tempo ou vontade lhes resta, para ouvir.

Nos domínios do Espírito, a faculdade da visão não é a principal; “A fé vem pelo ouvir; ouvir da Palavra de Deus.” Rom 10;17 Certo verso repete-se diversas vezes: “Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às Igrejas.” Apoc 2;7, 11, 29, 3;3, 13, 22 etc.

Parece redundante o desafio, uma vez que todos têm ouvidos, mas não é bem assim. Todos podem ouvir fonemas ordenados que chamamos, palavras; porém, ouvir como quem aprende, como quem coloca nisso o coração, aí não é tão simples como parece. Verdades profundas entram num ouvido e saem no outro. Erram o caminho do coração. A preguiça de ouvir tira os petrechos de rapel e as palavras não conseguem descer aonde deveriam.

Doença denunciada nos dias do Salvador; “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado; fecharam seus olhos; para que não vejam; não ouçam e compreendam com o coração, se convertam e Eu os Cure.” Mat 13;15

Dos que ouviam disse: “Mas, bem-aventurados vossos olhos, porque veem, vossos ouvidos porque ouvem. Porque em verdade vos Digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram; ouvir o que vós ouvis e não ouviram.” Vs 16 e 17

Os de coração endurecido, ouvidos preguiçosos estavam diante Daquele que fora o sonho da visão de antigos heróis da fé; “... muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes...”

Para quem sabe ler, pingo é letra; se diz. Pois, para quem deseja ouvir e aprender, mesmo sem a devida eloquência ou didática, pode tirar proveito do que ouve. Quem deprecia um pregador, fazendo de eventual limitação um motivo para descrer, na verdade apenas dilui sobre motivos “lógicos” sua dureza. Se nem mesmo O Rei do Reis conseguiu atenção dos corações endurecidos, que dizer de nós?

Aos de boa índole, que investem tempo e esforços em busca de sabedoria, O Eterno costuma recompensar; “Filho meu, se aceitares Minhas Palavras, esconderes contigo Meus Mandamentos, para fazeres teu ouvido atento à sabedoria; inclinares teu coração ao entendimento; se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor; acharás o conhecimento de Deus. Porque O Senhor Dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos.” Prov 2;1 a 8

Infelizmente, o predicado buscado no que se gosta de ouvir atualmente, não é conhecimento; a busca deixa de ser pela sabedoria e dá lugar à enganosa satisfação. Cada um busca mestres segundo suas próprias inclinações; “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3

Ora, se já sei o que preciso ouvir, para quê? Não bastaria agir conforme meu saber? Aliás, poderia ensinar, invés de ouvir. Na verdade, a negligência nisso tolhe o crescimento e o discernimento que a maturidade espiritual traz, para aqueles que a alcançam; “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;11 e 12

Qualquer nicho de aceitação humana, para comportamentos que A Palavra da Vida veta, necessariamente deriva de algum acréscimo ou supressão da mesma;

a sentença é severa nesse caso; “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus Fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus Tirará sua parte do livro da vida, da Cidade Santa e das coisas que estão escritas neste livro.” Apoc 22;18 e 19

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