domingo, 3 de abril de 2022

A facilidade do ódio


“... Hei de crucificar vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão, César.” Jo 19;15

Nem mesmo César sabia que era assim amado pelos judeus. Na verdade, era odiado.

Os judeus que o serviam como coletores de impostos eram chamados de publicanos.

Pecadores públicos, detestados pelos demais.
Certa feita, para enfatizar a gravidade da rejeição pelos religiosos, O Senhor disse que prostitutas e publicanos (pecadores do mesmo nível) entrariam no Reino de Deus antes deles, porque tinham se arrependido. “... Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes; mas, os publicanos e as meretrizes creram...” Mat 21;31 e 32

Se, César era detestado, por quê a afirmação de “lealdade” supra? Primeiro para “legitimar” a acusação de que Cristo seria um sedicioso contra ele; isso “forçaria” a mão de Pilatos; depois, porque um ódio maior abafa outro menor. Sabe o político aquele que afirmou que certo adversário postulando de novo o poder pretendia voltar à cena do crime? Agora, “motivado” por um ódio maior se aliou a ele? Assim.

César, “apenas” os escravizava; enquanto O Salvador acusara-os de hipócritas, sepulcros caiados e os desafiara a enfrentarem a si mesmos, sob pena de serem inferiores às prostitutas e publicanos. Isso pareceu demais.

A afirmação de “lealdade” a César veio dos “principais dos sacerdotes” os “influencers” da época. Quanto mais alto nosso ilusório pódio, maior a presunção, e mais resilientes as algemas. 

Por isso, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir às sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são. I Cor 1;27 e 28

A igualdade, tão incensada por políticos e jamais observada, só é possível no Reino de Deus. Nele não tem isso de “uns mais iguais que os outros.” Não contam as tais classes sociais, poder terreno, fama, nobreza, nada. Os lugares altos são abaixados; os muito baixos são nivelados, para que todos fiquem do mesmo tamanho, zero. “Todo vale será exaltado, todo o monte e todo o outeiro será abatido; o que é torcido se endireitará, o que é áspero se aplainará.” Is 40;4

O Criador não pega nossa “matéria-prima” e reforma; antes, reinicializa o “sistema” todo, transforma; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Salomão escrevera que “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla seu ânimo, que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 Ele estava aquilatando valores, dizendo qual tipo de homem era melhor, não, mensurando a dificuldade da empresa; dizendo o que seria mais fácil.

Como o desafio do Salvador fora que eles se tornassem melhores, enfrentando a si mesmos, preferiram negá-lo, fingindo-se dóceis aos romanos. A velha hipocrisia e suas surradas capas.

Quando os evangelistas reportaram, os fatos eram consumados já, de modo que puderam fazer a coisa no pretérito; “Estava no mundo, o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era Seu, os Seus não O receberam.” Jo 1;10 e 11

Mas, a boa nova para então, e o futuro, é que, “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

O desafio feito àqueles é o mesmo a nós; “Negue a si mesmo, tome a cada dia sua cruz e siga-me.” Luc 9;23

Claro que é mais fácil negar a Ele, como fizeram os religiosos de então; porém, a questão é: Estamos em busca de facilidade ou de salvação? A vida eterna com Deus é dádiva gloriosa demais para ser fácil.

Embora, os opositores da fé nos acusem de nos “escondermos atrás da Bíblia”, como se, enfrentar a si mesmo seja coisa de covardes, não ousam formar fileiras para esse enfrentamento.

Nosso General É Valente demais, para ser seguido por covardes; “Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; a graça se derramou em Teus Lábios; por isso Deus Te abençoou para sempre. Cinge Tua espada à coxa, Ó Valente, com Tua glória e Tua majestade. Neste Teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; a Tua destra te ensinará coisas terríveis. As Tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei, e por elas os povos caíram debaixo de ti.” Sal 45;2 a 5

“César” segue oprimindo, estreitando, perseguindo, ameaçando, matando... é tudo o que pode; salvar não está na sua pasta. Por isso, não temos outro Rei, senão, Jesus Cristo.

sábado, 2 de abril de 2022

Silêncio é bom, ou ruim?


“... se o sal degenerar, com que se há de salgar?” Luc 14;34

O Salvador figurara os Seus como sendo “o sal da terra”; aqui, o risco de degenerar, perder o sabor.

Também dissera que os cristãos são a “luz do mundo.” Mat 5;13 e 14 Não carecemos muita perspicácia para entender que as figuras demandam retidão em dois aspectos distintos: Nosso agir testifica aos olhos, é luz; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

Nosso falar, aos ouvidos: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 “Sempre agradável” a Deus. Não significa que devemos ser bajuladores de ímpios.

Alguns, com hemiplegia intelectual defendem certa absolutização do silêncio, como desejável sempre.

Embora os livros sapienciais tragam que o sábio é prudente com os lábios, enquanto o tolo é tagarela, não advoga o mutismo; antes, o discernimento para entender a hora certa de falar; “Tudo tem seu tempo determinado... tempo de estar calado e de falar.” Ecl 3;1 e 7 diz mais: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo.” Prov 25;11

Isso de não entrar em polêmicas, calar ante o que discorda para evitar atritos pode parecer muito sábio. Aliás, num tempo como o atual, onde poucos pensam, e muitos palpitam sobre tudo, fariam bem os faladores do que ignoram, em tapar as próprias bocas. Há uma camuflagem que, se espertos, usariam. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Todo cristão medianamente instruído sabe que “nossa luta não é contra carne e sangue...” mas contra seres espirituais difusores da maldade no mundo. Entretanto, essa difusão se dá mediante seres de carne e sangue, humanos como nós.

Embora nossa aversão deva ser contra ensinos errados, pois, o embate, não raro se dá contra expoentes humanos desses ensinos.

Como saber que algo é mau? Qualquer coisa, por “inclusiva, diversitária, humanista” que pareça, se, sua implicação moral é uma indisposição contra Deus, os veros Servos Dele, vislumbram aí, um campo de batalha a desafiar; “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;3 a 5

Assim, quando em nosso escopo vemos atacados os valores que dizemos que nos são caros e não reagimos, nos tornamos sal degenerado, que para nada mais presta.

Se, há momentos, (como O Mestre ante Herodes se recusou a falar, dar espetáculo a um ímpio) em que o silêncio é melhor; tipo, “Não dar aos cães as coisas santas, nem lançar pérolas aos porcos,” ou seja: Não insistir com a mensagem de Cristo ante escarnecedores, os que empunham a “Espada do Espírito” não podem se acovardar, quando o inimigo tenta ganhar terreno debaixo dos seus olhos.

O risco de rejeição, agressão, incompreensão não é nada; não militamos por aplausos, mas, pela verdade. Somos convidados a participar do “vitupério de Cristo”, sofrer vergonha com Ele, não sermos cordatos ante o erro flagrante, para que o mundo não nos incomode. “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Os que ensinam serão julgados com exigência maior. “... muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3;1 

Contudo, quem foi capacitado para isso fugiria, deixaria de falar em denúncia dos erros, contra a inclinação do próprio espírito? “Porque estou cheio de palavras; meu espírito me constrange.” Jó 32;18

Portanto, caro cristão “prudente”, se o esconderijo de evitar polêmicas, apresentar o sal onde medra a impiedade é uma tarefa à qual não te atreves, ore pelos que ousam em Nome do Senhor; porque lutam por Ele, não por si próprios; senão, também se esconderiam como você.

Quem vê nas polêmicas algo a evitar, despreza a necessidade alheia, como o levita e o sacerdote aqueles; nem percebe mas, faz o mesmo. A verdade sangra à beira do caminho enquanto a mentira tripudia. Mas, o “Sal da terra” não ousa acrescentar o Sabor de Cristo.

O soldado cristão não vê nas adversidades um obstáculo a evitar; antes, uma oportunidade; “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande, eficaz, se me abriu; e há muitos adversários.” I Cor 16;8 e 9

Portanto, invés de censurar à voz alheia, está na hora de aprenderes a usar a tua.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Top Trash


“Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus...” Ef 3;7

Fui feito ministro; Paulo sabia quais eram suas inclinações religiosas. Noutra parte testificou: “Não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui à Igreja de Deus.”

A primeira coisa que um salvo deve ter são dois quadros pendurados na parede da memória; um “antes” e um “depois”; deve lembrar como era o charco de lodo, antes da Rocha.

Deus não nos chama porque somos bons, estamos vendendo saúde espiritual, em circunstâncias ditosas; antes, apesar das nossas ruindades e ambientes, investe Seu Amor e misericórdia; “Eu te conheci no deserto, terra muito seca.” Os 13;5

Paulo fora adversário da Divina Obra; porém, em Cristo, foi feito diferente.

Abstraídas as peculiaridades de cada caso em particular, o mesmo acontece com todos. Malgrado, religiosos, zelosos, tendemos a ser obstáculos, mais que ajudadores, sem a bendita intervenção transformadora de Cristo. Sempre que o ‘eu’ estiver no trono, Cristo não estará; daí o indispensável, “Negue a si mesmo”, coisa que muitos, “cristãos” se recusam a fazer.

Lembro minha falta de jeito com música; tenho um irmão que é músico; ele tentou algumas vezes fazer com que eu estudasse escalas; cansativas repetições até fixá-las em minha alma e nunca conseguiu um aluno dedicado o bastante para tais exercícios.

Preferia pegar revistas que traziam os desenhos de pequenos trechos, que, repetindo-os, fazia alguns solados até; não passava disto. Terminada a sequência colada, acabava o “músico”. Nunca levei jeito. Meu “talento musical” era semelhante ao da Anitta; sem apelações.

Pois, na Obra de Deus, muitos “obreiros” agem assim; decoram três ou quatro cacoetes sem nenhuma base sólida e só.

Primeiro, que um obreiro aprovado não se forma por suas habilidades, sejam quais forem. Todo ministro idôneo deve dizer como Paulo: “Fui feito ministro.”

A parte humana demanda esforço em aprendizado, renúncia, obediência, santificação; essas coisas são indispensáveis; mas, não bastam. “Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.” Heb 5;4

O contexto alude ao Sacerdócio de Cristo, comparado com o de Arão. Mas, se O Dele, Eterno Sumo Sacerdote veio ancorado em honra e chamado, por quê a busca de eventuais servidores seria diferente? 

Dos Seus, independente de ministérios é requerida identidade sentimental, ética e espiritual; “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;5 “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele andou.” I Jo 2;6 “... Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Depois dessa mudança de vida aos padrões santos, Ele enriquece aos que escolhe com dons; seremos feitos ministros probos, apenas depois de purificados das nossas carnalidades, às quais, sacrificando seremos levados a conhecer a Vontade do Eterno. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

As “escalas da música celeste” também demandam repetições demoradas, renúncia, obediência, santificação, estudo...

Aprender uns cacoetes e criar uma página de “revelações” onde um olho mira a câmera, outro as “curtidas”, qualquer pilantra faz; as redes sociais estão eivadas desses.

Agora, enfrentar a si mesmo, lutar diuturnamente contra más inclinações, até vê-las crucificadas, suportar o deserto do desprezo por vasto tempo, meditar na Palavra dia e noite para aprendê-la melhor, e não se impor a nada; aguardar O Chamado Divino se ele vier; senão, mesmo assim saber-se chamado para ser santo, aí é para poucos.

Esses ditosos raros são instrumentos pelos quais, Os Céus fazem diferença. Não são aves de bandos; mas, quando falam são medicinais suas palavras, porque derivam estritamente da Palavra do Eterno.

A “cantora” aquela abusa de apelações pornográficas para estar nos tops isso e aquilo; ora, um caminhão de lixo no topo do Everest segue sendo lixo, e ainda polui o ambiente.

Infelizmente, está cheio de ministros “Anittos” por aí; que por falta de “talento” (credenciais vistas acima) partem para a apelação das “revelações” “Deus disse isso, aquilo...” coisas sempre brotadas de suas almas doentias, não, da inefável Palavra de Deus, que está escrita.

Não lhes basta a canalhice de ser mentirosos; precisam acrescentar a culpa da profanação; de mentir envolvendo O Santo Nome do Eterno. Eles também têm seu “envolver”, pois.

Antes do Santo Nome de Jesus abrir portas, Ele fecha aquelas nas quais seria indigno um servo Dele entrar. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

domingo, 27 de março de 2022

Dormindo com o inimigo


“Eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.” Luc 22;21

A traição deriva sempre de alguém que tem certa intimidade, amizade; um inimigo agir de modo avesso às nossas conveniências é ser fiel à sua inimizade, agir conforme. É o que deveríamos esperar dele.

A perfídia traz sempre um componente de surpresa; exceto, para Aquele que É Onisciente; Ele pode denunciá-la antes de acontecer.

Nós, dadas nossas limitações cognitivas devemos estar atentos sempre aos riscos das amizades nos decepcionarem. “Que Deus me livre dos meus amigos! Dos inimigos eu me cuido.” Voltaire

Preferimos o bom, o agradável, ao bem e saudável. O primeiro tem a ver com a resposta dos sentidos ao sabor, não obstante, possa se revelar um mal, no fim. O bem, mesmo que, eventualmente, tenha gosto amargo, uma vez processada sua essência trará um resultado benéfico no final, coisas que A Palavra de Deus versa.

Do “bom” que nos seduz rumo à dor, diz: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele é o caminho da morte.” Prov 14;12

Do “mal” cuja presença receberíamos de mau grado ensina: “Melhor é a repreensão franca que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;5 e 6 Quem preferiria feridas a beijos??

Todavia, dentre todas as traições possíveis, a mais perniciosa é a do que trai a si mesmo. Porque muitos que isso fazem, sequer percebem que estão privando-se da Graça Divina e lançando-se inadvertidamente no campo da maldição; alienação da vida.

A Palavra nos ensina: “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Alguns, mercê de interpretações rasas, entendem que não devemos confiar em outras pessoas. Não é essa a intenção do texto. Se o dito “faz da carne o seu braço a aparta seu coração do Senhor,” é um que confia em si mesmo, invés de confiar no Eterno; coisa que o traidor sugerira no Éden. Notemos que esse traído não será decepcionado por terceiro, como seria o que fosse traído por um amigo; antes, será cegado; “não verá quando vem o bem.”

Pois, esse “trair a si mesmo” não é um ato tão particular quanto parece; há um tênue consórcio com a oposição, Satanás, que, por alinhar-se à vontade natural perversa, camufla-se de vontade humana, quando o pecador faz o desejo daquele, pensando buscar o próprio.

Primeiro patrocina a dúvida, descrença; no rastro dessas, traz a consequente cegueira. “Mas, se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Cegueira, privação de entendimento. Naqueles que recebem o “mal” da cruz, Deus faz o contrário; permite que sejam “Iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e a sobre-excelente grandeza do Seu Poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu Poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à Sua direita nos Céus.” Ef 1;18 a 20

Aos que, cegados pelo inimigo atuam de modo autônomo, A Palavra chama de “sábios aos próprios olhos”; primeiro aconselha que evitemos isso; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

Noutra parte aquilata o valor; “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12

Paulo denunciou a luta interior contra esse traidor que, muitos nem percebem; “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17

A maldição campeia entre os que “dormem com o inimigo” colocando as próprias inclinações em lugar do Senhor; a Bênção Dele visita aos que O servem; “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Jr 17;7 e 8

O risco é depreciarmos à ação de Judas, sem perceber que seu mal nos “Judia” também.

sábado, 26 de março de 2022

Os santos


“Porque Eu Sou O Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque Eu Sou Santo...” Lev 11;44

Uma “simples” razão para os filhos de Deus se santificarem; porque O Pai É Santo.

Originalmente éramos Imagem e Semelhança Divina, natural que, após a regeneração, essa Imagem seja paulatinamente restaurada. Daí, a necessidade de separação da impiedade; vida em obediência, santificação. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Não, apego fanático a rótulos, rituais; separação deriva do entendimento da Vontade Divina; santificação se aprende como e porquê. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé; ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da Estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos...” Ef 4;11 a 14

Há um concurso paralelo de edificação (aprendizado) com santificação, (separação) equacionados com crescimento espiritual; “para que não sejamos mais meninos...”

O apego a denominações, rituais, doutrinas humanas, são coisas compreensíveis, nos atos de novos convertidos; meninos espirituais; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

A “unidade da fé” que deve ser nosso alvo; significa, uma maturidade semelhante dos membros do “Corpo de Cristo” a Igreja, de modo que, não haja pendores particulares, resquícios de egoísmo poluindo o ambiente santo.

Isso está a anos-luz do pretendido e gestado ecumenismo, que, invés da bíblica unidade, propõe a união das fés; coloca no mesmo barco todos os credos, por discrepantes que sejam, e considera todos válidos igualmente.

Deus não é tão “inclusivo” assim; tanto quanto sei, unidade é antônimo de diversidade; devemos peregrinar “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós.” Ef 4;3 a 6 Todos “vós” os salvos.

Nas esferas estéticas, raciais, culturais, esportivas, didáticas, políticas, diversidade é saudável, bem vinda; nas questões espirituais, por Deus Seu Único e Santo, essa palavrinha da moda deve ser descartada.

A Salvação é gloriosa e cara demais, para ser recebida de qualquer maneira; não é uma erva vulgar que nasce e medra em todo terreno. O Salvador Ensina: “... Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

O mundo patrocina o egoísmo; cada qual tem sua “verdade”; aquele clássico seis/nove desenhado no solo, que dois olham de lados opostos e ambos estão “certos” dizendo coisas diferentes; nada poderia ter sido mais cretinamente pensado.

Que as coisas são como cada um vê foi a proposta do capeta no Éden; “Vós mesmos sabereis...” Não precisariam de Deus. Os santos não ouvem o Capiroto; devem aprender com Jeremias, servo de Deus; “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Se, somos chamados a sermos um pouco parecidos com O Pai, urge aprendermos a pensar como Ele; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Embora o conceito vulgar de santo seja a memória de um morto virtuoso, cultuado numa imagem, isso não chega a ser nem simulacro do ensino bíblico.

Um santo vive separado do mundo e seus desvalores; renuncia essas coisas em busca da Vontade do Pai. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Não é, necessariamente, operador de milagres, exigência do Vaticano para “Santificar”; antes, um testemunho vivo do milagre que Deus operou na sua vida, fazendo-o sair do pântano pecaminoso, para a rocha da salvação. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

sexta-feira, 25 de março de 2022

À favor da esperança

“... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1

A chamada de Abrão com um não, bem definido; “sai da tua terra...” Um sim, em aberto requerendo confiança, fé. “Terra que Eu te mostrarei.”

Após a obediência do patriarca e alguns dias de peregrinação, O Eterno cumpriu o que prometera; mostrou a terra; Canaã. “Apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei ‘esta’ terra”. V 7

A referida era habitada pelos cananeus; a entrega não foi imediata; apenas uma promessa. Daí a expressão, “Terra Prometida”. Notemos ainda que, a promessa não se referia a Abrão estritamente; antes, “à tua descendência...”

Quem presume que a fé seja uma “força” que faz acontecer as coisas aneladas, no tempo desejado, deveria aprender com o “Pai da Fé” que a mesma demanda caminhar seguro na Integridade Divina, mesmo que, as circunstâncias se atrevam a negar indícios de que, o crido será obtido. 

Não há coisas patrocinando à fé, “apenas” O Criador. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Os aspectos circunstantes que poderiam encorajar ao Patriarca estavam ausentes; então, “... em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele se tornou pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será tua descendência.” Rom 4;18

A esperança possível a ele seria viver determinado tempo, dentro do qual a promessa Divina não se cumpriria; não tinha descendência bastante para ocupar à terra; assim, coube-lhe crer “contra a esperança”; além dela, eu diria.

Ousarmos querer promessas eternas dentro de nossos espectros finitos seria o mesmo que reduzir O Eterno às nossas pífias estaturas. Ele pretende ser “um pouco” maior. “... Porventura não encho Eu os Céus e a Terra? diz o Senhor.” Jr 23;24

Não apenas Abrão, (depois mudado para Abraão) morreu sem ver se cumprirem promessas. Todos os “heróis da fé” trilharam vereda semelhante; “Todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.” Heb 11;39 e 40

O que seria essa “Coisa Melhor” reservada para nós?

O Salvador falou algo assim também; “Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não viram; e ouvir o que vós ouvis, e não ouviram.” Mat 13;17

A introdução da Epístola aos Hebreus traz esse “upgrade” da Revelação Divina; “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho...” Heb 1;1

Se, nas limitações de conhecimento de então, aqueles fizeram coisas notáveis, como reagiriam diante do Filho de Deus encarnado? Um deles chegou a tatear no escuro sobre o que se revelaria; “Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas numa roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o Seu Nome? E qual é o Nome de Seu Filho, se é que o sabes?” Prov 30;4 Agora sabemos; é Jesus Cristo.

Não que sejamos melhores que eles. Para ser honesto, somos bem piores. Todavia, privilegiados por termos nascido num tempo melhor. “Mas agora alcançou Ele (Cristo) ministério tanto mais excelente, (que os levitas) quanto é mediador de uma melhor Aliança que está confirmada em melhores promessas.” Heb 8;6

Dizem que, tempos fáceis fazem homens fracos, e homens fracos fazem tempos difíceis; as facilidades legadas à humanidade depois da vinda do Salvador nem sempre são devidamente aquilatadas. Tendemos a “reclamar de barriga cheia”.

Em relação àqueles O Senhor perguntou: “Que mais se poderia fazer à minha vinha, que Eu lhe não tenha feito?” Is 5;4 O que perguntaria sobre nós? Deu Seu Único Filho por indignos pecadores; tudo que requer em troca é que Lhe demos ouvidos; porém, parece que Ele está pedindo muito.

Muitos usam escândalos do meio religioso como “argumentos” para “descrer”; como se, não fossem exatamente essas coisas que a Bíblia diz que aconteceriam. Uma alma sadia usaria isso para, mais firmemente acreditar.

Cada um usa a máscara que quer; todavia, nenhum escapará da sina de, livremente fazer escolhas, pelas quais responderá. “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

A Palavra de Deus, após lembrar que, mesmo coisas faladas por seres criados, nos dias idos, tiveram cabal cumprimento, pergunta-nos: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que ouviram; testificando também Deus com eles...?” Heb 2;3 e 4

quinta-feira, 24 de março de 2022

Umbigos coroados


“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Autor desconhecido

Adversidade de certa forma tem poder sobre mim. Senão, sequer ousaria ser minha “adversária”. Todavia, o poder em minha mão é a pedra de toque que mensura meu caráter. Como atuo em relação ao que está sob minha jurisdição, mostra quem sou.

Um rei estende seu poder sobre todo o reino; entretanto, às vezes o mal está bem perto; Isaías disse ao rei Ezequias. “... Assim diz o Senhor: Põe em ordem tua casa, porque morrerás...” Is 38;1 Mesmo sendo rei, seu poder era limitado; “... quem está altamente colocado tem superior que o vigia; há mais altos do que eles.” Ecl 5;8

Na “Império Virtual”, cada um é “César” com sua coroa de latão, reinando sobre opiniões e gostos; os seus são decretos reais; os alheios, meros vassalos.

Não concordou com algo? Exclui. Desgostou de um reparo, um conselho, opinião; posta uma indireta venenosa, quando não, um direto no queixo do atrevido que ousou discordar do/a rei/rainha. O “Coliseu” continua alimentando seus leões com carne humana.

Certa vez li de uma “amiga” que não aceitava opiniões contrárias; “Isto aqui não é uma democracia; (a página dela) é uma monarquia e a rainha sou eu.” Me afastei por falta de jeito para vassalar num reino assim.

As coroas, embora feitas para as cabeças, algumas parecem ornar umbigos.

A “humildade” dos políticos em campanha, e a arrogância dos mesmos, uma vez eleitos, é didática sobre o mal do poder. Ele já estava feito, potencialmente; mercê das circunstâncias, errava camuflado na masmorra do coração egoísta; mas, a escada do sufrágio fez subir ao trono, onde pode ser visto de longe. Dane-se o Peter Parker! Agora tremam ante o Spiderman!

Amiúde, esse “poder” exacerbado é um substrato das nossas fraquezas; por inépcia para enfrentarmos a nós mesmos, única vitória cujo galardão é certo, gastamos munição enfrentando aos outros, parece mais fácil. “cortamos a grama” dos átrios vizinhos, enquanto no nosso, medra toda sorte de ervas daninhas.

Sócrates, o filósofo, definindo ao ser humano disse ser esse, um invólucro de pele, cobrindo um monstro policéfalo (com várias cabeças) e um homenzinho no alto. Segundo ele, cada cabeça do dito bicho é um desejo insano; o homenzinho impotente, a razão, que deveria pautar as escolhas, mas sempre capitula aos poderes superiores do bicho.

Essa impotência não passou desconhecida Daquele que sonda aos corações e sabe todas as coisas; a primeira providência Dele, nos que recebem ao Salvador é “energizar” ao homenzinho aquele, para que pudesse resistir aos ataques do “monstro”; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Dada nossa condição de pecadores mortais, a exortação a Ezequias serve para cada um de nós: “Põe me ordem tua casa, porque morrerás.” Ou, alguém supõe que possa lutar com a morte? “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; tampouco, tem ele poder sobre o dia da morte; também não há licença nesta peleja; nem, a impiedade livrará aos ímpios.” Ecl 8;8

Atualmente o egoísmo parece um “Mister Olímpia” pelos músculos que expõe. No futebol, por exemplo, basta alguém cometer o “crime” de gostar de um clube rival, para ser alvo das mais veementes agressões. Como alguém ousaria não gostar do mesmo que eu? Tal deixa de ser adversário e se faz inimigo. Não falo de uma torcida específica; em todas as cores existe muitos assim.

Ora, o poder para operar coisas nos domínios do Espírito, (Santo) depende de quanto permitimos que o mesmo poder opere em nós, antes de, terceiros. Pois, Deus “... É Poderoso para fazer tudo, muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” Ef 3;20

Por isso, a instrução de Paulo para que se disciplinasse aos desobedientes, apenas, quando os pretensos disciplinadores já o fossem; “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

Noutras palavras: Exerçam poder sobre outros, à medida que permitirdes que o mesmo poder atue sobre vós. Como Cristo na tentação do deserto, expulsou Satanás de perto de si mesmo, antes de expulsá-lo das vidas de terceiros.

Os simples contemplam privilégios do poder; os prudentes consideram responsabilidades; quem padece mais sede de poder sobre outros, é porque inda não bebeu das taças do poder sobre si mesmo. Não conseguindo dominar ao maior adversário, investe contra os menores.

Escolhe a desgraça por fugir da Graça Divina: “... tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9