sábado, 2 de abril de 2022

Silêncio é bom, ou ruim?


“... se o sal degenerar, com que se há de salgar?” Luc 14;34

O Salvador figurara os Seus como sendo “o sal da terra”; aqui, o risco de degenerar, perder o sabor.

Também dissera que os cristãos são a “luz do mundo.” Mat 5;13 e 14 Não carecemos muita perspicácia para entender que as figuras demandam retidão em dois aspectos distintos: Nosso agir testifica aos olhos, é luz; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

Nosso falar, aos ouvidos: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 “Sempre agradável” a Deus. Não significa que devemos ser bajuladores de ímpios.

Alguns, com hemiplegia intelectual defendem certa absolutização do silêncio, como desejável sempre.

Embora os livros sapienciais tragam que o sábio é prudente com os lábios, enquanto o tolo é tagarela, não advoga o mutismo; antes, o discernimento para entender a hora certa de falar; “Tudo tem seu tempo determinado... tempo de estar calado e de falar.” Ecl 3;1 e 7 diz mais: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo.” Prov 25;11

Isso de não entrar em polêmicas, calar ante o que discorda para evitar atritos pode parecer muito sábio. Aliás, num tempo como o atual, onde poucos pensam, e muitos palpitam sobre tudo, fariam bem os faladores do que ignoram, em tapar as próprias bocas. Há uma camuflagem que, se espertos, usariam. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Todo cristão medianamente instruído sabe que “nossa luta não é contra carne e sangue...” mas contra seres espirituais difusores da maldade no mundo. Entretanto, essa difusão se dá mediante seres de carne e sangue, humanos como nós.

Embora nossa aversão deva ser contra ensinos errados, pois, o embate, não raro se dá contra expoentes humanos desses ensinos.

Como saber que algo é mau? Qualquer coisa, por “inclusiva, diversitária, humanista” que pareça, se, sua implicação moral é uma indisposição contra Deus, os veros Servos Dele, vislumbram aí, um campo de batalha a desafiar; “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;3 a 5

Assim, quando em nosso escopo vemos atacados os valores que dizemos que nos são caros e não reagimos, nos tornamos sal degenerado, que para nada mais presta.

Se, há momentos, (como O Mestre ante Herodes se recusou a falar, dar espetáculo a um ímpio) em que o silêncio é melhor; tipo, “Não dar aos cães as coisas santas, nem lançar pérolas aos porcos,” ou seja: Não insistir com a mensagem de Cristo ante escarnecedores, os que empunham a “Espada do Espírito” não podem se acovardar, quando o inimigo tenta ganhar terreno debaixo dos seus olhos.

O risco de rejeição, agressão, incompreensão não é nada; não militamos por aplausos, mas, pela verdade. Somos convidados a participar do “vitupério de Cristo”, sofrer vergonha com Ele, não sermos cordatos ante o erro flagrante, para que o mundo não nos incomode. “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Os que ensinam serão julgados com exigência maior. “... muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3;1 

Contudo, quem foi capacitado para isso fugiria, deixaria de falar em denúncia dos erros, contra a inclinação do próprio espírito? “Porque estou cheio de palavras; meu espírito me constrange.” Jó 32;18

Portanto, caro cristão “prudente”, se o esconderijo de evitar polêmicas, apresentar o sal onde medra a impiedade é uma tarefa à qual não te atreves, ore pelos que ousam em Nome do Senhor; porque lutam por Ele, não por si próprios; senão, também se esconderiam como você.

Quem vê nas polêmicas algo a evitar, despreza a necessidade alheia, como o levita e o sacerdote aqueles; nem percebe mas, faz o mesmo. A verdade sangra à beira do caminho enquanto a mentira tripudia. Mas, o “Sal da terra” não ousa acrescentar o Sabor de Cristo.

O soldado cristão não vê nas adversidades um obstáculo a evitar; antes, uma oportunidade; “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande, eficaz, se me abriu; e há muitos adversários.” I Cor 16;8 e 9

Portanto, invés de censurar à voz alheia, está na hora de aprenderes a usar a tua.

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