terça-feira, 5 de abril de 2022

A Angústia de Deus


“Em toda a angústia deles Ele (O Senhor) foi angustiado; o anjo da Sua Presença os salvou; pelo Seu Amor e sua compaixão Ele os remiu; os Tomou e Conduziu todos os dias da antiguidade.” Is 63;9

Essa faceta de Deus se angustiar com as angústias do Seu povo é uma das mais eloquentes testemunhas da grandeza do Seu Amor. Se, esse é incondicional, contudo, a aceitação não é.

Essa doença que alguns batizaram de “Teologia do Coaching”, onde toda ênfase recai sobra a Grandeza Divina, Sua Eterna disposição em perdoar, sutilmente vertida em aceitação incondicional, tênue desvio da necessária confrontação dos pecados, mata.

É uma espécie de “Teologia da prosperidade dos afetos” onde investimos simulacros de obediência e amor e em troca recebemos “cem vezes mais”; isso é insano! blasfemo até.

Certo é que, “Se formos infiéis Ele permanece fiel.” Isso atina ao Seu Bendito Ser; não, necessariamente, ao nosso relacionamento; pois a mesma fidelidade que reitera Seu amor, faz igual, em relação à justiça.

Deus se angustia quando erramos, justo pelo potencial destrutivo que o pecado tem em nossa relação com Ele. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23 Se estivesse “tudo dominado” a despeito do que fizéssemos, “uma vez salvo, sempre salvo” como creem alguns, tal sentimento sequer faria sentido.

Por quê se angustiaria com nossas faltas, se, sendo nós Seus prediletos, poderia fazer “vistas grossas” para com nossos deslizes? Porque Ele não pode. “Tu És tão Puro de Olhos, que não podes ver o mal; a opressão não podes contemplar...” Hc 1;13

Ele se angustia em nosso favor e nos defende quando somos atacados, por amar à justiça, pertencer a Ele; porém, se entristece contra nós, quando a causa são nossos erros, desobediências, rebeliões.

O Todo Poderoso não pode brincar com lixo. “... não Posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1;13 Se alguém imagina que os lapsos de obediência, frutos de justiça, santificação, podem ser supridos com cultos, louvores, se engana; “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como águas, e justiça como ribeiro impetuoso.” Am 5;23 e 24

Ele sofreu angústias pelas angústias dos eleitos, porque essas derivaram da oposição dos povos que se lhes opunham. Quando foram rebeldes aos Divinos Comandos, O Céu também sentiu os efeitos disso, e a repercussão incidiu sobre a Terra. “Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou inimigo; Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Das angústias necessárias pela oposição do mundo preveniu: “No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo; Eu Venci o mundo.” Noutra parte prometeu: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Essas frases de efeito, tipo: “Não diga ao teu Deus que tens um grande problema; diga ao teu problema que tens um Grande Deus”, um jogo de palavras que soa bonitinho, mas muitas vezes pretende tratar câncer de pele com maquiagem.

Muitos dos nossos “problemas” são a medicina de Deus, querendo nos purgar das superficialidades vãs, para aprendermos Dele, entre eles. “A obra de cada um se manifestará; o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;13

Não se trata de “ter um Grande Deus” para botar os problemas nos seus lugares com um grito gospel. Antes, de ter entendimento que Deus partilha nossas angústias porque nos quer edificados, provados, através Delas; não inchados, sem nada aprender.

Prefere compartir nossas dores a nos deixar levianos e inconsequentes; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

O Pai não arrefece Seu Amor por nós, mas Sua aceitação demanda arrependimento, revisão de rumos. “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

“Os meus olhos buscarão os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

Muitas angústias são “Porque O Senhor corrige o que ama, açoita qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 Nesses casos enfrentamos os problemas com exame de consciência, arrependimento. A maldição sem causa não vem, removendo essa, aquela sumirá.

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