domingo, 17 de janeiro de 2021

Seriedade da Graça


“... nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que nela se derramar, senão com o sangue daquele que o derramou.” Nm 35;33 A culpa humana incidia sobre a terra, inclusive.

A Lei da expiação ou, remissão prescrevia que crimes de sangue tivessem pena de morte; ensino desenvolvido depois na Epístola aos Hebreus; “... sem derramamento de sangue não há remissão.” Heb 9;22

Quando Adão transgrediu um limite cuja sentença era a morte, de certo modo, “derramou sangue”; seu próprio e da sua descendência. Tanto que, com a perda da inocência vieram medo, culpa e vergonha; O Criador Baniu-os do Jardim; matou um animal e os vestiu com a pele do mesmo. Sangue inocente já foi derramado, como consequência do culpado.

Todavia, se olharmos de novo à sentença inicial, veremos que o sangue requerido para remissão era o do culpado; “daquele que o derramou.” Um bicho como substituto não servia.

Por isso, o sacerdócio antigo, onde os pecados eram “remidos” com sangue de animais era só um “tipo profético”, um símbolo de uma redenção, ainda a ser feita. A Epístola aos Hebreus chama de “correção”; ensina que as coisas do Antigo Pacto eram “sombras” das futuras, “Consistindo somente em comidas, bebidas, várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.” Heb 9;10

Embora aquilo tivesse seu valor para o propósito que foi estabelecido, não ia além dele; para a remissão veraz se requeria algo Maior; “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime do que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Se, O Eterno quis aqueles sacrifícios como símbolos, não como uma remissão definitiva havia a necessidade do “Segundo Adão” inocente para remir o mal que o primeiro fizera; “Porque é impossível que o sangue dos touros e bodes tire pecados.” Heb 10;4

“Por isso,
(Cristo) entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste... Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, Tua Vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” Heb 10;5 e 9

Seu “jugo” foi levar a Vontade de Deus às últimas consequências. Quando nos desafia a tomarmos o mesmo, deseja que andemos em igual exemplo de submissão. Pois, Ele, “Esvaziou a si mesmo, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma de homem, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;7 e 8

Não que a cruz em si fosse uma necessidade; a necessidade aos Olhos Divinos era outro sangue inocente, do calibre do que Adão derramara, para remissão. 

A Cruz era um “upgrade” um requinte de crueldade; o jeito romano de punir a quem consideravam culpado. Por isso a ênfase que Ele foi obediente até à morte, e “morte de cruz”. Isto é; de modo cruel, espetaculoso.

Como Seu Jugo de submissão culminou nisso, nós que somos chamados a nos identificarmos com Ele, figuradamente somos desafiados a tomarmos nossa “cruz” também.

Conversão é identificação com Sua Entrega; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Os judeus ciosos da Lei de Moisés não entenderam o significado da morte Dele; não obstante, Isaías tenha ensinado que seria assim; “Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele; pelas suas pisaduras fomos sarados.” Cap 53;5

Se, as coisas dadas mediante Moisés eram um esboço segundo os “rudimentos do mundo” até o tempo da “correção”, a era da Graça é muito mais séria que a Lei.

Afinal, “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Se, transgredir ao “esboço” culminava em pena de morte, devemos, antes de nos escudarmos imprudentemente no “Deus É Amor”, adotar visão mais ampla; “Considera a bondade e a severidade de Deus...” Rom 11;22

Cristo esvaziou-se do Seu Poder; da Santidade, não. Logo, “Segui a paz com todos e a Santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor” Heb 12;14

sábado, 16 de janeiro de 2021

Vidas Secas

“Mandei vir seca sobre a terra, os montes, o trigo, o mosto, o azeite e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, o gado e todo o trabalho das mãos.” Ag 1; 11

Nos dias de Ageu, o povo dedicava-se às suas coisas e negligenciava as do Senhor; naquele contexto significava edificar o templo para a devida adoração. Como punição pela indiferença o Senhor enviara estio sobre a terra; quiçá, o povo reconsideraria seus caminhos, mas nada. Então levantou o profeta para adverti-los.

O mundo tem explicações “racionais” para todos os fenômenos naturais; aquecimento global, “el ninho”, “la ninha” etc. Os filhos de Deus porém, devem considerar a Sua ação e Governo se, de fato, creem Nele. “Sucederá algum mal na cidade, (juízo) sem que O Senhor o tenha feito?” Am 3;6

No Novo Testamento, o Templo do Espírito Santo somos nós, o que não significa que não deva ser edificado; antes, Paulo ensina: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1; 6

Como naqueles dias, temos tempo para “nossas casas” e não para a do Senhor. Isto é, gastamos tempo com toda sorte de entretenimento, jogos, novelas, músicas, etc. E quase nada investimos no crescimento espiritual. Qual a consequência disso? Seca.

Invés de podermos dizer como Davi, “Alegrei-me quando disseram vamos a casa do Senhor.” Sal 122; 1 Nos alegramos com coisa fúteis, superficiais, quando não, profanas. Consequência da seca, falta de pão.

A palavra “Ambulância” na própria, está escrita ao contrário. Posta assim pra ser lida pelo retrovisor, quando estamos adiante dela; assim são as consequências. Escritas para serem lidas “à posteriori” entendendo, então, quem vem atrás, as causas. Invés disso, de rever posturas aprendendo com erros os sedentos cambiam o desnecessário.

Quantos “testemunham” suas “vitórias” depois de terem migrado para as igrejas da fé “inteligente” onde finalmente foram “abençoadas”; pois, tendo vivido uma década em igrejas sérias, isso não lhes trouxe vantagem alguma.

Se tivessem edificado a casa do Senhor, ao invés de um culto indiferente, alheio, não teriam falta de nada; pois, o manancial da Água da Vida não seca; “Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte, que salta para a vida eterna.” Jo 4; 14

Essa sedução da “prosperidade” parece atraente onde existe cegueira espiritual; porém, para quem tem olhos, soa obscena.

Quem congrega em igrejas sérias, e não edifica-se por negligência, acabará seduzido por alguma fraude como consequência; não obstante todo o esforço do Espírito Santo para edificar sua casa, segue sem teto, retirante de onde deveria estar estabelecido.

Não faria dano um “vento de doutrina” contra uma casa edificada na Rocha; contra malocas de palha faz. Se, o diligente espiritual tem sentidos exercitados para discernir, esses são presas fáceis de enganadores.

Diz uma fábula árabe que o machado queria se misturar às árvores; algumas estavam desconfiadas. Mas, vendo o cabo de madeira uma incauta disse; esse é dos nossos.
Assim esses sem tetos; basta parecer com um pregador, escamotear um ou dois textos bíblicos de já dão boas-vindas à morte como as árvores da fábula.

Nesses casos, a peregrinação se dá não por falta de alimento, mas de apetite espiritual, coisa que deveria ser normal nos renascidos. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;
2

Deus afirmou ser o dono da prata e do ouro necessários à edificação. “As palavras do Senhor são palavras puras como prata refinada em forno de barro, purificada sete vezes.” Sal 12; 6

Acontece que, o “ouro” nesse caso é produzido à partir de nossa relação com a palavra; pois, “a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus.” Esse ouvir, claro! implica obedecer mesmo em meio a provações, a fornalha que purifica o ouro da fé. “Te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48;10

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;7

Não existem atalhos nas coisas espirituais, ou edificamos segundo Deus, ou podemos construir templos majestosos aos olhos humanos, os quais, aos de Deus serão ídolos detestáveis apenas.

Deus está pronto a soprar nossas cabanas de palha e edificar com pedras preciosas, se tão somente o convidarmos a ser nosso Mestre-de-obras. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam.” Sal 127; 1

Estabilidade no emprego; da fé


“Com sabedoria se edifica a casa; com o entendimento ela se estabelece;” Prov 24;3

Passos distintos; edificar e estabelecer. Edificar não carece maiores definições. Estabelecer, como a própria palavra sugere é fazer estável, permanente.

Para edificarmos, basta termos “Know how”; ou, saber como; enquanto, o entendimento mira além de mero saber fazer; toca no porquê, para quê, a casa é feita.

Se, ela se erige com propósito de nos abrigar das intempéries ordinárias, sol, chuva, frio ventos; com entendimento se considera também as extraordinárias, que poderão testar nossa casa. Tempestades, inundações, vendavais...

Entendendo isso, haveremos de buscar a solidez necessária, para que a mesma se estabeleça.

É um recurso didático a ideia da casa; pois, a edificação que conta é das nossas vidas; o salmista, pois, preceituou o necessário para se fazer firme a obra; “Se O Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam...” Sal 127;1

Ainda que a casa seja nossa, demande nossa edificação, terá que ser segundo o Projeto do Alto; do Senhor, senão, será inútil.

Pedro usa a mesma figura; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual ...” I Ped 2;5

Paulo detalhou: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará...” I Cor 3;11 a 13

Sobre Fundamento Único, Jesus Cristo, cada um pode escolher seu “material de construção” segundo seu entendimento ou, falta dele, no caso de se usar material inferior.

O Próprio Senhor ensinara as mesmas coisas; “Todo aquele que escuta estas Minhas Palavras e pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente que, edificou sua casa sobre a rocha; desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. Aquele que ouve estas Minhas Palavras e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia;” Mat 7;24 a 26

Dois tipos possíveis de edificadores; ambos sabem; conhecem os ensinos de Cristo; um vai além, entende para quê, esses foram dados, cumprir. Tal, ao virem as intempéries espirituais estará alicerçado de modo a não oscilar na fé; sua casa ancora-se no bom fundamento.

Paulo escrevendo aos efésios ensinou que, carecemos ser edificados, se possível, à Estatura de Cristo, para a solidez na fé; “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano de homens que, com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

Se, nesse exemplo a ameaça são ventos de doutrina, ensinos espúrios para desviar de Cristo, muitas “casas” são assoladas com violência física, morte até; nessa reta final em que estamos, o “crime” de insistirmos no “Ninguém vem ao Pai senão, por mim”, a exclusividade de Cristo para salvação, poderá custar nossas vidas, liberdade. Quem não tiver alicerçado na Rocha, sucumbirá.

Então devemos estar “Vacinados” contra enganos superficiais das emoções; essa ideia rasa onde pregadores mercenários chamam ouvintes para “viver melhor”; é exatamente o outro lado da moeda; “Negue-se” precisamos aprender a morrer melhor. Abdicar de nossas vontades rasas pelas do Eterno.

As emoções são pontuais, voláteis; mudam muito rápido não sendo confiáveis; tampouco, aferidoras da fé. Cristãos hebreus no seu auge abriram mão de tudo por Cristo; “Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições... vos compadecestes das minhas prisões, com alegria permitistes o roubo dos vossos bens...” Heb 10;32 e 34

Entretanto, mudado o estado emocional, malogradas algumas expectativas de origem humana estavam voltando atrás; por isso a exortação: “Necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa... o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha alma não tem prazer nele.” Vs 36 e 38

A seguir o autor alistou feitos dos “Heróis da fé” para que, mirando nos exemplos deles, não desfalecessem; lembrou, que a luta que lhes parecia pesada demais era pequena se comparada com a que tiveram aqueles; “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

A velocidade das coisas nesse mundo líquido, tecnológico propicia superficialidade; imediatismo. Entretanto, salvação não é um “link” que se abre automaticamente com um clik. É uma entrega cabal, fiado totalmente na Integridade do Salvador.

Como Ele promete a eternidade salva por prêmio, justo que, demande algum esforço nosso na edificação, para que Nele, a façamos estável.

Se lhe dermos ouvidos trocaremos uma palafita por um palácio; “... se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” II Cor 5;1

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

"Negritos" de Jesus


Destacamos textos relevantes, seja sublinhando, escrevendo em “caixa alta”, ou, na maioria dos casos usamos o negrito para pontuar o quê, julgamos prioritário. Mesmo falando, pela ênfase se pode notar o que é realçado.

Jesus foi contra a maré, destacando coisas diferentes; Sua escala de valores deve ser outra.

Após uma série de ensinos Dele uma mulher resolveu negritar algo; “Aconteceu que, dizendo Ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas Ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem A Palavra de Deus guardam.” Luc 11; 27 e 28

Católicos não concordariam com Ele, deixar de exaltar Maria para exaltar à Palavra de Deus feriria seu modo de culto.

Outros realçaram o sucesso dos ministérios, pretensa autoridade sobre o inimigo; Ele realçou a Salvação; “Não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem vossos nomes escritos nos céus.” Luc 10; 20

Quando levaram um paralítico ante Ele, a coisa esperada seria cura; de novo, O Senhor “errou” a ênfase. “Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são teus pecados.” Mat; 9; 2 Depois o curou, porém colocou a salvação como prioridade.

O jovem rico enfatizou justiça própria; Ele, preceituou amor ao próximo e sugeriu que transferisse suas riquezas para um “paraíso fiscal” onde estaria protegida; nada poderia estar mais na contramão das pretensões dele; abdicar de riquezas por um tesouro no Céu; e seguir a Jesus. “O jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.” Mat 19; 22

O príncipe Nicodemos exaltou os milagres do Senhor; invés de envaidecer-se com elogios tocou no ponto crucial: Nicodemos estava morto; “Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3; 2 e 3

Imaginemos hoje, um Senador indo ter com um “apóstolo” ou “bispo” dos atuais, e elogiando-os; quantos teriam coragem de denunciar a morte espiritual do ilustre? Provavelmente pediriam uma emenda orçamentária para seus “Templos de Salomão”, “Cidades Mundiais” ou assemelhados, e “abençoariam” ao morto sem mencionar a sua morte.

Jesus era mesmo estranho. Uma vez chegou a renegar laços de sangue afirmando ser espiritual o liame que identifica a família de Deus? “Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor dele; disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram; estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a Vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã, e mãe.” Mc 3; 31 a 35

Por quê foi tão severo com os seus? O mesmo contexto mostra a intenção com qual O buscavam; “Quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Mc 3; 21

O fato é que essa “loucura” que leva a Vontade de Deus às últimas consequências, recebendo aversão do mundo, é uma virtude tristemente ausente.

Dia desses deparei com uma Hilux 4x4 na qual estava escrito: “Jesus é a razão do meu sucesso”. Viram como “Ele” evoluiu? Quem perseguiria um líder de autoajuda preocupado com nossa saúde e nossas finanças?

Apesar do texto de Hebreus 13; 8 afirmar que Jesus é o mesmo e sempre será, parece que “Ele” anda com ideias diferentes atualmente.

Em certos ambientes, os peitos em que mamou recebem mais honra que A Palavra de Deus; noutros, as curas são realçadas, antes que a salvação; os ministros que deveriam apontar em Seu Santo Nome, para os tesouros no céu, exploram os pobres e constroem impérios na terra.

O lamentável é que esse “admirável gado novo” marcado com o ferro em brasa dos clichês mercenários é desafeito a pensar; tende a achar loucos os que denunciam seus mestres, os quais escolheram segundo suas comichões.

Passados uns três milênios da mensagem de Oséias, tristemente se repete; “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também Te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu me esquecerei de teus filhos.” Os 4; 6

“Para dominar as multidões basta conhecer as paixões humanas, certo talento, e uma boa dose de mentira.” Soren Kierkergaard

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Escudados no erro


“Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício...”

Paulo às portas do martírio despedindo-se de Timóteo.

Não fora ele que ensinara aos crentes a tomarem o “escudo da fé”? Onde estaria a fé dele nessa hora para se entregar fácil assim? Precisamos meditar.

As pessoas normalmente se “escudam” contra uma série de coisas, fruto do mais pernicioso dos males; ignorância espiritual.

Sim; A Palavra não diz que alguém morre por adulterar, mentir, roubar, etc. Muitos fazem isso; mas, ao se arrepender e mudar, são perdoados, salvos. Contudo, diz: “O Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” Os 4;6 

Esse lapso nas coisas vitais leva as pessoas a se esforçarem pelas irrelevantes; ou, viverem a vida ao acaso, sem cogitar que haverá um juízo.

Quantos se “protegem” contra maledicências, mau olhado, macumbas, azar e superstições várias, oriundas do imaginário popular, não de fontes espirituais confiáveis. Usam patuás, fetiches, mandingas, plantas, ritos, esconjuros...

Deparei com um “escudo” assim, quase agressivo no vidro traseiro de um carro; “A força da tua inveja faz a velocidade do meu sucesso”. Por isso que estás parado; pensei, como se devesse responder àquilo.

Desgraçadamente as pessoas se esforçam em pleitos, duvidosos, e são refratárias em causas vitais. Vi na vitrine duma loja três manequins de máscaras. Ou, os tais temem pegar o famigerado vírus, ou, a loja se engajou na necessidade das pessoas se protegerem.

Essas coisas dúbias, incertas, sem comprovação científica recebem adesão massiva e imediata do povo; mas, as que podem regenerar suas vidas encontram resistências. Superstição e ignorância outra vez.

Não significa que esses males todos não existam; há muitos mais, além dos mencionados; e ser cuidadoso na não propagação do vírus é boa escolha. A questão não é essa. Se eu sair às ruas preocupado com as maldades alheias, deixarei de tratar das únicas que posso, as minhas.

A calúnia diz mais sobre quem fala, que, sobre, de quem se fala; inveja, como um câncer, faz mal a quem a hospeda, não ao seu alvo. Alguém tem inveja de mim? Não posso fazer nada. Mas, se eu for tentado a invejar à sorte alheia posso me arrepender, mudar, quiçá orar pelo bem de quem, quase, ou por um momento, invejei.

Além da doença original a inveja traz uma extra, miopia; vê as conquistas alheias, não os custos. A esses jamais inveja, desconhece até.

Mesmo convertidos temos ainda natureza carnal, inclinada a toda sorte de pecados. Se, invés de cuidarmos disso, aplicando contra cada tentação o devido antídoto de Palavra de Deus, olharmos além, preocupados com a possível maldade alheia, estaremos deixando a luta verdadeira por um devaneio.

Praticaremos uma espécie de “Paint ball” espiritual, onde o melhor que conseguiremos será sujar os outros, invés de vencer um embate.

A fé é figurada como um escudo, arma de proteção, defesa, porque estaremos sim, sob ataque. Saber e viver o objetivo dela, conhecendo sua essência, nos possibilitará sermos vencedores contra os dardos malignos.

A maioria dos que afirmam tê-la, parecem ter fé na fé; como se ela bastasse, sendo um objetivo em si mesma; num rodopiar insano como um cachorro tentando morder o próprio rabo.

Desse modo, todo mundo tem sua fé, mesmo os ateus, que recusando crer em Deus acabam criando mirabolâncias inverossímeis e nelas creem patrocinados pela força do autoengano.

A fé sadia não “dá golpes no ar;” tem objetos específicos; “Crede em Deus, crede também em Mim”, ensinou Jesus.

No entanto, muitos morrem de sede ao lado da Fonte, reféns de uma geração de pregadores patifes, mercenários que pervertem à sadia fé bíblica e desviam seu fim. Pedro ensina: “Alcançando o fim da vossa fé; a salvação da alma.” I Ped 1;9

O Salvador prometeu o mesmo com outras palavras; “Descanso para vossas almas”; a vida física engloba o corpo, nem sempre a salvação dessa está no pacote.

Então a fé sadia não me permite presumir que Deus fará o que eu quero só porque eu creio; isso seria presunção descabida de poder manipular ao Todo Poderoso.

A fé veraz, pela sua natureza transcendente, não se agarra com tudo, ao lado de cá como um alpinista sob risco de despencar no abismo.

Sob a hipótese de morrer, fala como Jó: “Ainda que me mate, nele (em Deus) esperarei.” Ou na certeza de morrer, como Paulo, vê atingido o seu objetivo. “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício; o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;6 e 7

O Invejoso mor pode nos “proibir” de viver, aqui; contudo, suas mãos sujas não têm acesso à vida eterna preparada pelo “Autor e Consumador da fé”.

Desculpem o Incômodo


“Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue, dos que habitam sobre a Terra?” Apoc 6;9 e 10

Dois equívocos teológicos são expostos nesses versos; um Adventista, outro, Católico. Os primeiros ensinam o “sono da alma” após a morte; os segundos a “canonização” dos mártires transformando-os em intercessores.

A história do rico e Lázaro que mostra almas conscientes após a morte os Adventistas descartam como sendo parábola; lição de moral extraída duma hipótese.

Contudo, me atrevo a discordar. O Eclesiastes, embora tenha valor sapiencial, não é fonte de doutrinas, uma vez que ele mesmo não atribui sua origem a Deus.

Não está prefaciado, como os profetas, de “Assim diz O Senhor!”, “Veio a mim A Palavra do Senhor”, etc. Antes, o próprio Salomão diz: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar, a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu...” Cap 1;12 e 13

No fim ele, pessimista, achou tudo “vaidade e correr atrás do vento”, e aconselhou: “Teme ao Senhor e guarda Seus mandamentos”.

Então, quando diz que os mortos não sabem coisa nenhuma, ou não têm parte alguma, refere-se às coisas “debaixo do sol”; ou seja, da humana perspectiva. Isso refutaria também ao espiritismo com seus ensinos de mortos que “voltam aconselhar vivos”; mas, essa doutrina é vetada por Deus desde a Torah, sem necessidade das reflexões de Salomão.

Uma doutrina bíblica nunca se firma sobre um verso apenas. Se ela realmente é verdadeira terá outros textos de apoio. Quando fala de “sono da morte” ou “dormir no Senhor” isso é uma forma poética de evitar o termo morte; soa mais ameno. Antes se dizia, “deficiente”; hoje: “Portador de necessidades especiais”, pelo mesmo motivo.

Dormir é também uma figura usada para gente acordada, mas desatenta aos perigos; “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Textos como: “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos!” ou, “Hoje estarás comigo no Paraíso!” “É melhor partir e estar com O Senhor”, além do citado do rico e Lázaro e o que encabeça esse escrito combinam com a existência consciente após a morte, não o oposto.

O fato de que os ressuscitados, como Lázaro e a filha de Jairo não relataram fatos do além não prova nada. Quem garante que a alma ao voltar ao corpo não “apaga” lembranças como quem sonha algo e acordando, esquece?

Na passagem do rico e Lázaro o rico atormentado queria voltar e avisar aos seus; a resposta do Senhor foi: “Têm Moisés e os profetas...” Ou seja as informações que terão serão do seu mundo, não do mundo dos mortos. Creiam.

O catolicismo esposa uma ideia espúria do que seja um santo. Para eles seria alguém que viveu vida exemplar, quiçá outro que foi martirizado por causa nobre; precisam como “testemunho” a comprovação de dois milagres, em vida, ou após a morte.

Ora, todos os salvos são santos; isto é; separados do mundo e dedicados a Deus. “Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14 “Sede santos porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16 etc.

Não depende de homens; santos oram por nós quando ainda vivos. Pedir a eles depois de mortos é incorrer num erro grave. “Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-ão aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles...” Is 8;19 e 20

A Palavra de Deus não reflexões humanas veta também o espiritismo com suas supostas práticas mediúnicas.

Mas, voltando às almas “debaixo do altar” (sob a cruz, ‘altar’ do sacrifício eterno) essa rogavam por vingança, justiça contra quem os matara, invés de interceder por nós.

Portanto, a transformação dos mártires em mediadores é falsa; “Há um só Deus; um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

Isso exclui Maria como medianeira. Eventualmente deparo com vídeos de padres dizendo que os “protestantes falam mal de Maria”; Nunca ouvi nenhum fazendo isso. Ela deve ser respeitada, honrada pelo que é. Mas, é Maria, Serva do Senhor, não Nossa Senhora.

Se, para estabelecer uma doutrina veraz, ou combater uma falsa é necessário amplo apoio bíblico, como firmar doutrinas, ensinos baseados em tradições humanas e dogmas?

Isso incomoda adventistas, espíritas e católicos? Aproveitem para pensar. Breve “todas as religiões estarão certas”; será proibido “incomodar”.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O Inimigo Íntimo


“... Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel; mas iremos até Gibeá.” Jz 19;12

Um levita, sua concubina e um servo peregrinando; chegada à noite, carecendo lugar para pousar; o servo sugerira que buscassem pernoite entre os Jebuseus; mas, ele não se sentia seguro entre estrangeiros; daí, segundo as palavras acima, disse que preferia pernoitar entre os filhos de Israel.

Apertaram o passo até Gibeá, da tribo de Benjamim, onde um camponês lhes abrigou.

Entretanto, em determinada hora da noite apareceu uma gangue de “Antifas”, tomaram sua concubina à força e violaram até à morte.

Esse incidente deu azo a uma guerra civil, com milhares de mortes; Pois, o “STF” da época decidiu proteger aos bandidos invés de punir exemplarmente; isso não foi aceito pelos homens de bem. Esse aspecto, porém, não é meu foco.

Antes, o fato do perigo morar onde nem desconfiamos; o levita temia pernoitar entre estranhos e foi entre os seus irmãos que a coisa terrível aconteceu.

Voltaire disse: “Deus me livre dos meus amigos! Dos inimigos eu me cuido.”

Ou, como ensinou O Salvador, “Os inimigos do homem são os da sua própria casa.”

Tendemos a agir como cães; esses festejam felizes, abanam as caudas ante os que conhecem, e latem desconfiados perante estranhos. Muitos, mesmo se dizendo tributários da Luz espiritual ensinada por Cristo, optam pela aceitação rasa dos seus dogmas denominacionais, e certa aversão ao que é diferente. Se, cães podem ser figurados como exemplos de fidelidade, a coisa não vai além; não são exemplos de sabedoria.

Quando trato da necessidade de uma mente laborar pelo sentido das coisas, sempre me ocorre George Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são, pergunto: Por quê? Mas se as considero como não são, questiono: Por quê, não?”

A rejeição “à priori” de algo só porque é diferente do que estamos acostumados não é prudência; é medo infantil de ter que mudar; apego excessivo às nossas visões, mesmo que possa haver nelas nuances questionáveis, fanatismo cego.

Agora Platão pede espaço; “Natural as crianças terem medo do escuro; a tragédia é os adultos com medo da Luz.”

Qual a postura Bíblica, ante coisas desconhecidas? “Examinai tudo. Retende o bem” I Tess 5;21

Mas, não há risco dessa “Liberdade de expressão” excessiva nos induzir ao erro? Ora, a verdade deixaria de ser o que é se capitulasse ante algo; “Porque nada podemos contra a verdade...” II Cor 13;8 Salomão dissera mais: “Não há sabedoria, inteligência, nem conselho contra o Senhor.” Prov 21;30

Eu li o Alcorão, Livro de Mórmon, Livro dos Espíritos e daí? Nada disso abalou minha fé, apenas facultou que entendesse melhor no quê, eles acreditam.

Então, censura desesperada de todo e qualquer pensamento conservador, nos Estados Unidos e aqui, é uma autocrítica dos comunistas; sabem que creem, apregoam e vivem uma mentira; que, ruiria se fosse permitido o devido cotejo com a verdade.

A ameaça para suas vidas não vem dos estranhos que somos nós, como pensam; mas, dos próprios instintos malignos e visões distorcidas que os habitam.

Nunca vemos algum deles propondo construir algo para o bem comum; querem destruir o direito à vida mediante aborto; destruir famílias pelas perversões; destruir liberdades individuais fomentando o totalitarismo opressor; destruir a lucidez liberando drogas; até o belo hino Rio-grandense que estava quieto no seu canto se tornou alvo de ataques. Como essa gente luta contra o “mal”!

Esse erro de ver o mal no outro e ignorar em si, Cristo vetou aos Seus. Primeiro devemos tirar as traves de nossos olhos antes de ajudar melhorar as vistas de outrem.

Mas, como disse alguém, “Reconhecemos um louco sempre que vemos; nunca, quando somos”. Parece que somos sempre do bem; o mal habita nos outros.

Não raro cometemos o mesmo erro do levita aquele, que desconfiou de quem, talvez nem precisasse, e descansou seguro onde morava o perigo.

Então, o “primeiro ataque” de quem deseja pelejar com Cristo se dirige ao “inimigo” mais perigoso; “Negue a si mesmo”. 

Se, familiares se fazem opositores de quem se converte, não tendo eles crido também, a própria natureza carnal de cada um faz mais de perto; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

“O melhores homens que conheci estavam insatisfeitos consigo mesmos; empreendiam todos os esforços no sentido de melhorarem.”
Disse Spurgeon.

Gente que desconfiava de si mesma; O Ego é um “conhecido” que nos habita com instintos assassinos; acertamos ao desconfiar dos elogios desse fariseu; único lugar para “pernoitar” seguro é em Cristo.

Portanto, “... despojai-vos do velho homem que se corrompe...” Ef 4;22