quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Escudados no erro


“Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício...”

Paulo às portas do martírio despedindo-se de Timóteo.

Não fora ele que ensinara aos crentes a tomarem o “escudo da fé”? Onde estaria a fé dele nessa hora para se entregar fácil assim? Precisamos meditar.

As pessoas normalmente se “escudam” contra uma série de coisas, fruto do mais pernicioso dos males; ignorância espiritual.

Sim; A Palavra não diz que alguém morre por adulterar, mentir, roubar, etc. Muitos fazem isso; mas, ao se arrepender e mudar, são perdoados, salvos. Contudo, diz: “O Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” Os 4;6 

Esse lapso nas coisas vitais leva as pessoas a se esforçarem pelas irrelevantes; ou, viverem a vida ao acaso, sem cogitar que haverá um juízo.

Quantos se “protegem” contra maledicências, mau olhado, macumbas, azar e superstições várias, oriundas do imaginário popular, não de fontes espirituais confiáveis. Usam patuás, fetiches, mandingas, plantas, ritos, esconjuros...

Deparei com um “escudo” assim, quase agressivo no vidro traseiro de um carro; “A força da tua inveja faz a velocidade do meu sucesso”. Por isso que estás parado; pensei, como se devesse responder àquilo.

Desgraçadamente as pessoas se esforçam em pleitos, duvidosos, e são refratárias em causas vitais. Vi na vitrine duma loja três manequins de máscaras. Ou, os tais temem pegar o famigerado vírus, ou, a loja se engajou na necessidade das pessoas se protegerem.

Essas coisas dúbias, incertas, sem comprovação científica recebem adesão massiva e imediata do povo; mas, as que podem regenerar suas vidas encontram resistências. Superstição e ignorância outra vez.

Não significa que esses males todos não existam; há muitos mais, além dos mencionados; e ser cuidadoso na não propagação do vírus é boa escolha. A questão não é essa. Se eu sair às ruas preocupado com as maldades alheias, deixarei de tratar das únicas que posso, as minhas.

A calúnia diz mais sobre quem fala, que, sobre, de quem se fala; inveja, como um câncer, faz mal a quem a hospeda, não ao seu alvo. Alguém tem inveja de mim? Não posso fazer nada. Mas, se eu for tentado a invejar à sorte alheia posso me arrepender, mudar, quiçá orar pelo bem de quem, quase, ou por um momento, invejei.

Além da doença original a inveja traz uma extra, miopia; vê as conquistas alheias, não os custos. A esses jamais inveja, desconhece até.

Mesmo convertidos temos ainda natureza carnal, inclinada a toda sorte de pecados. Se, invés de cuidarmos disso, aplicando contra cada tentação o devido antídoto de Palavra de Deus, olharmos além, preocupados com a possível maldade alheia, estaremos deixando a luta verdadeira por um devaneio.

Praticaremos uma espécie de “Paint ball” espiritual, onde o melhor que conseguiremos será sujar os outros, invés de vencer um embate.

A fé é figurada como um escudo, arma de proteção, defesa, porque estaremos sim, sob ataque. Saber e viver o objetivo dela, conhecendo sua essência, nos possibilitará sermos vencedores contra os dardos malignos.

A maioria dos que afirmam tê-la, parecem ter fé na fé; como se ela bastasse, sendo um objetivo em si mesma; num rodopiar insano como um cachorro tentando morder o próprio rabo.

Desse modo, todo mundo tem sua fé, mesmo os ateus, que recusando crer em Deus acabam criando mirabolâncias inverossímeis e nelas creem patrocinados pela força do autoengano.

A fé sadia não “dá golpes no ar;” tem objetos específicos; “Crede em Deus, crede também em Mim”, ensinou Jesus.

No entanto, muitos morrem de sede ao lado da Fonte, reféns de uma geração de pregadores patifes, mercenários que pervertem à sadia fé bíblica e desviam seu fim. Pedro ensina: “Alcançando o fim da vossa fé; a salvação da alma.” I Ped 1;9

O Salvador prometeu o mesmo com outras palavras; “Descanso para vossas almas”; a vida física engloba o corpo, nem sempre a salvação dessa está no pacote.

Então a fé sadia não me permite presumir que Deus fará o que eu quero só porque eu creio; isso seria presunção descabida de poder manipular ao Todo Poderoso.

A fé veraz, pela sua natureza transcendente, não se agarra com tudo, ao lado de cá como um alpinista sob risco de despencar no abismo.

Sob a hipótese de morrer, fala como Jó: “Ainda que me mate, nele (em Deus) esperarei.” Ou na certeza de morrer, como Paulo, vê atingido o seu objetivo. “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício; o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;6 e 7

O Invejoso mor pode nos “proibir” de viver, aqui; contudo, suas mãos sujas não têm acesso à vida eterna preparada pelo “Autor e Consumador da fé”.

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