terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Coautoria do Pecado


“Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo; por causa dele não sofrerás pecado”. Lev 19; 17

Acostumamos com a ideia que a condenação da omissão seja originada em Tiago; mas, na verdade, vem desde Moisés.

Os judeus de então foram orientados a exortarem seus irmãos em caso de pecado, sob pena de sofrerem punição. A profecia sem a qual o povo se corrompe, é um agente inibidor do mal que deve residir, em parte, em todo o servo de Deus. Esse é o sentido do “sal da terra”, enquanto a luz tem mais a ver com o testemunho de vida. Com “pregar” pelo exemplo.

Se tivermos a concepção que devemos fugir das polêmicas, e sermos “bonzinhos’ como o Soares que não critica ninguém e “cura” a todos, acabaremos sendo inúteis ao propósito do Senhor. 

O ministro idôneo é verdadeiro, não bajulador; pesca almas, não aplausos.

Quando Jeremias compôs suas Lamentações sobre as ruínas de Jerusalém, atribuiu aos profetas “bons” a causa do desastre. “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura, e não manifestaram tua maldade, para impedirem teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 2; 14 O que esses profetas receitaram se tornou motivo de rejeição por parte de Deus, estranha receita!

Paulo aconselhou ao jovem Timóteo a não participar de pecados alheios, não se tornar, por assim dizer, coautor dos mesmos. “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva a ti mesmo puro.” I Tim 5; 22

O assunto em pauta era a consagração de obreiros, que se fazia, como foi com o mesmo Timóteo, mediante imposição de mãos.

Não que se não possa orar com imposição de mãos pelos pecadores, sobretudo arrependidos; nesse caso, o ministro se identifica com a necessidade do pecador e por ele intercede; porém, na apresentação para o ministério, significa identidade de valores, de caráter, recomendação; então, se a imposição for sobre um sujeito dúbio, de vida errada, o que o recomenda se faz partícipe dos seus pecados.

Claro que a omissão não se restringe ao ministério profético; antes, em Tiago, tem mais a ver com o socorro dos necessitados que outra coisa qualquer.

Mas, contemplar o erro e silenciar, na melhor das hipóteses, é falta de zelo para com Deus, sinal claro de falta de amor. O salmista foi incisivo quanto a isso: “Pois falam malvadamente contra ti; Teus inimigos tomam o Teu Nome em vão. Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.” Sal 139; 20 – 22 Para os superficiais que acham que tudo se resume ao “amor” eis um assunto para refletir!

Fácil é, pois, entender às limitações de um errado de espírito, as precipitações de um neófito qualquer, e até suportar incompreensões, ou, indelicadezas de um assim; agora, suportar o teatro nauseabundo de um herege contumaz sem se irritar, sem reagir de modo enfático é muito difícil. Nem se trata do medo de ser punido por omissão; antes, da ira que dá ao ver o povo ludibriado, e O Santo Nome de Deus profanado.

Adotamos em parte, no meio cristão, a faceta mundana e amoral, que amar é ser sempre agradável, simpático, cordato. Aquele de quem a Bíblia fala que ninguém tem maior amor que Ele, Jesus, não foi assim.

Na verdade, o profeta está para a batalha espiritual como um atalaia era posto sobre os muros, para avisar ao povo, de que o exército inimigo aproximava; um cochilo, uma falta de aviso era derrota certa, mas o sangue derramado era culpa do atalaia, figura que Deus usou para com Ezequiel. “Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, não for avisado o povo, a espada vier e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.” Ez 33;6

Em nossos dias, as heresias vêm como um exército armado em busca dos servos do Senhor; aqueles que foram postos “em cima do muro” para ver mais longe, devem bradar a plenos pulmões, para que não sejam apanhados desprevenidos, os que dependem de seu aviso.

Não sejamos omissos para que não prospere a iniquidade, e nem sejam ceifados por faltar aviso, eventuais simples, de coração sincero.

Possuir uma arma como a que temos, uma espada de Um Rei e não usá-la oportunamente, além de um desperdício, encerra uma maldição.

“Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente; maldito aquele que retém a sua espada do sangue.” Jr 48;10

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