domingo, 3 de janeiro de 2021

O Sequestro do 'eu'


“Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;16 e 17

Parece que Paulo estaria querendo fugir das responsabilidades pelos atos pecaminosos; “Não sou eu que faço isso”.

Mas, a intenção não é fuga; é uma confissão de impotência. Quando diz; “Se faço o que não quero...” o “se” liga-se ao não querer, uma capitulação da vontade, não ao fazer, pois ele sabe que faz.

Situa seu verdadeiro eu, como alguém que temeria a Deus; “Acho então esta lei em mim; quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” V 21 A vontade original seria sadia, porém sequestrada pela imposição do mal.

Não que esse em si seja mais forte que o bem; ao lhe obedecermos fazemos ele mais forte dentro de nós; “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Obediência não era possível antes de Cristo, nesse âmbito o suspiro do refém pelo libertador; “Miserável homem sou! quem me livrará do corpo desta morte?” v 24 adiante a resposta; “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” v 25

A liberdade já não é tão livre, estilo, “sereis como Deus;” tem Um Senhor. Assim, somos libertos do domínio do inimigo e voltamos a submissão Ao Eterno, agora possível pela Sua Graça; “A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus...” Jo 1;12

O homem original era Imagem e Semelhança de Deus, o regenerado pouco a pouco se torna novamente como era, ao menos esse é o fim; crescer em aprendizado e santificação; (à Estatura de Cristo) de modo inverso, os escravos do pecado são imagem do inimigo.

Mesmo que algum lampejo residual pelo pelo justo cruze os “céus” das suas almas, seus atos serão segundo as naturezas rasas e pecaminosas.

Embora essa conclusão pareça radical, ofensiva até, basta nivelar as coisas às inclinações humanas, para estar agindo segundo Satanás.
Ele gerou esse “segundo eu” o ego perverso, que decide por si mesmo independente do Criador.

Quando Pedro chegou ao Mestre cheio de boas intenções divorciadas do Querer Divino o Senhor “radicalizou”: “... Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” Mat 16;23 Os “direitos autorais” das inclinações humanas perversas foram dados a Satanás.

Dessa estirpe os falsos profetas. O falso é mentiroso; e O Senhor chamou aos mentirosos de filhos do Diabo, alinhados à vontade dele; “Vós tendes por pai ao diabo, quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele... é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44

Não importa se, o teor de uma profecia é agradável; as falsas são; o que conta é se ela é verdadeira; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3;8

Desfilam garbosos esses falsários bem intencionados; “Tome posse da chave da vitória; Deus está curando alguém agooora! Eis que Deus abriu uma porta... O Senhor proverá dinheiro milagrosamente...” etc. A torto e a direito, para quem pegar primeiro, basta escrever amém, recebo.

Ora, se “Deus não é Deus de mortos”, e quem está em Cristo nova criatura é; esse “novo” ainda pelejando do jeito velho forja razões para duvidarmos da conversão; o jeito novo prioriza as coisas do alto; “Buscai primeiro O Reino de Deus e Sua Justiça...”

Mesmo sendo lícito pedirmos algo a Ele em oração sempre será necessária a ressalva aquela; “Todavia seja feito segundo Tua Vontade, não a minha”.

Não significa que o bobo alegre que “facilita” ao que é difícil seja um filho do capeta em essência; mas, pontualmente age como um; sua reação ante eventual correção como essa indicará sua filiação, pois. “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos.” Heb 12;7 e 8

O ‘eu’ cativo do engano perde-se e perde a noção de proporções. Sua pequenez faz ver grandes, as coisas perecíveis, efêmeras; Deus as nega, pois, provê outra que vale mais que o mundo inteiro perdido, salvação.

“Procuras tu grandezas para ti? Não procures; porque eis que trarei mal sobre toda a carne, diz o Senhor; porém darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.” Jr 45;5

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