“Porfiai por entrar pela porta estreita; porque vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” Luc 13;24
Que a salvação é pela fé, não pelas obras, fazendo a submissão e confiança, mais eficazes que o esforço, para fins de obtê-la, a maioria, bem sabe. Todavia, pra alguém procurar entrar, pressupomos que esse acredita, possui a fé necessária. Por que, tantos procurando, não poderão, então? Acaso O Eterno não estabeleceu os mesmos termos para todos?
Vejamos o contexto: “Quando o Pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, e respondendo Ele vos disser, não sei de onde vós sois...” V 25 esse detalhe deixa ver que os muitos que procurarão entrar, farão esforços para isso quando for tarde demais; quando a porta estiver fechada. Jeremias menciona um “acordar” tardio assim: “Passou a sega, findou o verão e não estamos salvos.” Jr 8;20 Os mesmos termos e o mesmo tempo, para todos.
Nos dias normais, esses não se preocuparam com integridade, obediência, comunhão; antes, viveram na religiosidade, mero teatro em ambientes cristãos, sem ser dos tais. “... temos comido e bebido na Tua presença, Tu tens ensinado nas nossas ruas.” Será o argumento desses retardatários. Frequentavam locais onde O Salvador ensinava; mas não se deixaram moldar pelos ensinos Dele.
Como disse alguém, morar numa garagem não nos transforma em carros; assim, frequentar igrejas, ouvir pregações, não muda ninguém. Como cada reage ao que ouve, é que faz diferença.
A resposta será sisuda: “... não vos conheço, nem sei de onde sois; apartai-vos de Mim, vós todos que praticais a iniquidade.” Luc 13;27 Se, mesmo frequentando ambientes santos, inda eram iníquos, desprezaram as veredas da vida.
A fé nem foi mencionada, então. Sendo ela o “firme fundamento das coisas que não se vê”, Heb 11;1 quando as realidades que ela apregoa se fizerem visíveis, como o juízo de uns e outros, não será mais útil, nem necessária.
Malgrado, a entrada à ventura da salvação seja por ela, se não tivermos, em tempo, as obras correspondentes, como testemunhas que ela vive, não passará de um cadáver como ensina Tiago: “Ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obras é morta?” Tg 2;20
A salvação é pela fé, a evidência dessa, pelas obras que patrocina; “Porque somos feitura Sua, criados em Jesus Cristo para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10
Quando O Senhor ensinou que “Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”, não estava aludindo a cidades. Usou uma figura eloquente para dizer que, Sua presença em determinada vida, terá que ser visível fatalmente; se não o for, é porque Ele não está. “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16
Paulo explicou o que muda: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Escrevendo aos romanos, ampliou: “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo, na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim, andemos também, em novidade de vida.” Rom 6;4
Normalmente consideramos a exortação, “Porfiai por entrar pela porta estreita”, sob o prisma das renúncias necessárias, que reduzem a amplitude da porta. A ênfase, no “estreita”. Nesse caso, além disso devemos considerar a urgência em se abraçar a salvação. Esforçai-vos, porfiai, por entrar, invés de se satisfazer com mera teatralidade religiosa sem um compromisso real com O Salvador, olhando de fora, para o ambiente dos salvos. A ênfase deve ser, no “esforçai-vos por entrar.”
A vida eterna não tem vínculo apenas com o tempo; mas com o modo que vivemos. Pois, nos que se convertem deveras, começa desde já. Os que preferem existência segundo o mundo, quando esse for julgado, padecerão juntamente.
A longanimidade Divina que nos faculta tempo para arrependimento dos nossos erros é algo maravilhoso. Porém, a temeridade de protelar decisões urgentes apenas confiados nela, tem feito a desgraça de muitos. Salomão descreve esse mal: “Porque não se executa logo o juízo sobre as más obras, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11
Alguns conseguem piorar isso ainda; interpretem o silêncio de Deus como concordância, cumplicidade; Ele pontua: “Estas coisas tens feito e Eu me calei; pensavas que era tal como tu; mas Eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21
Certa frase de Rabelais, às vezes, se impõe: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram quando podiam.”
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