sábado, 7 de dezembro de 2024

Cancelamento


“Falou Caim com seu irmão Abel; sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra seu irmão Abel, e o matou.” Gn 4;8 

Como Abel confiou em ir junto com seu irmão ao campo, possivelmente Caim arranjou um pretexto para atrair seu descuidado irmão, a uma armadilha.

O primeiro “cancelamento”, quando, a quarta parte da humanidade foi morta num dia, motivado pela inveja. Certo que, só existiam quatro humanos, então.

O que ocasionara a queda fora a sugestão do inimigo, prometendo autonomia para decidir, acerca do bem e do mal, se desobedecessem ao Criador. Nessa inspiração, Caim decidiu que seria um bem, livrar-se do irmão. Invés de independência, como o prometido, sucedera a morte espiritual e consequente cegueira, como ficou evidente.

A causa da rivalidade dele contra seu irmão, fora porque, quando ambos foram cultuar a Deus, Abel e seu sacrifício foram aceitos; Caim, não. Isso ensejou um abatimento emocional tal, que se fez visível. O Senhor inquiriu: “... por que te iraste? por que te descaiu o semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será o desejo dele, mas sobre ele deves dominar.” Vs 6 e 7

O peso da servidão a satanás é que todo o servo dele é instigado a olhar para fora, buscar no outro, razões de eventual infortúnio, quando, elas estão em si. Alguém cunhou: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.” Deus responsabiliza a cada um pelas suas escolhas. Somos mordomos das nossas almas.

Não foi expresso o mal, no qual Caim incorrera; se, trouxera oferendas de má qualidade, ou prestara um culto sem alma, apenas por emulação ao fato do seu irmão estar cultuando. Algo no agir de Caim desagradara ao Eterno; deixou claro, todavia, que não tinha preferidos. Se fizeres bem, serás aceito, disse.

Ora, se a frustração do tal derivara de não ter sido aceito perante O Eterno, pretendia reparar isso matando seu irmão? Acaso uma temeridade dessas não aumentaria exponencialmente a distância? Nem eu, nem ele, é a “lógica” da inveja, que, invés de reparar lapsos em busca de restabelecer a comunhão, preferiu banir da vida, aquele, cuja relação com Deus, incomodava.

As redes sociais refletem isso; não concordou comigo? Basta banir, cancelar. Se não gosto do que ele publica, idem. A forma virtual de “matar”. Por perdidos que estejam, medíocres que sejam, a maioria das pessoas só aceita aplausos e seguidores. Ensinos? Textões? Zombam, para prejuízo próprio. “Eu pago minhas contas”, defendem-se; como isso os guindasse acima do bem e do mal.

Essa é alógica do diabo. Uma vez que não existe possibilidade de salvação para ele, labora com todas as forças para barrar aos que podem ser salvos; nem eles nem eu, é a ideia. Embora Caim tenha sido o autor do homicídio, o “mérito” a mentoria foi do encardido; Jesus ensinou: “... ele foi homicida desde o princípio...” Jo 8;44 Não significa que o homem agindo em consórcio com ele não seja culpado; sua culpa principal, aliás, foi seguir àquele, em detrimento do Altíssimo.

O sonhado meio-termo, onde o homem agiria por si, sem relação com Deus, nem com o inimigo não existe. Quem estiver em cima do muro pertencerá ao dono do muro; o da separação entre o homem e Deus, foi “construído” pelo capiroto, via difamação; “O homem perverso instiga a contenda; o difamador separa aos maiores amigos.” Prov 16;28 Assim, os “livres-pensadores” não são nada livres; antes, cativos.

Interessante que, em nossa língua, derivada do latim, inveja vem de “invídia” que é a recusa de ver as coisas como realmente são. Uma espécie de cegueira voluntária. Pois, se é o traidor quem cega, para isso ele necessita de uma “qualidade” em sua vítima; que essa seja incrédula ante o que Deus falou. “O deus desse século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que É A Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Quem crê no que O Salvador falou, invés de direcionar sua luta contra o semelhante, vai à raiz do problema; o ego. “... negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.” Luc 9;23

Nenhum de nós, por bem intencionado, piedoso que seja, oferecerá culto aceitável ao Senhor, sem Cristo. “Sem Mim, nada podeis fazer...” ensinou.

O “fazer bem” para sermos aceitos, significa fazer, em submissão a Ele. Como não conseguimos dominar sobre o pecado que jaz à porta, carecemos do domínio Daquele que o venceu. “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

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