“Aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a.” I Ped 2;11
Lendo isoladamente, com quatro verbos no imperativo, pode soar que servir a Deus seja uma imposição, não, uma escolha.
Para dirimir eventual dúvida, precisamos ler o verso anterior; o contexto imediato basta; diz: “Quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie sua língua do mal, seus lábios não falem engano.” V;10 “Quem quer”, evidencia a liberdade de escolha; mas, uma vez querendo, as condições estão postas e são categóricas.
Todos são livres para querer o caminho estreito, ou o largo; mas, a ninguém é facultado alterar nada, ampliando o que é estrito, ou modificando o que é imutável.
Todos são livres para querer o caminho estreito, ou o largo; mas, a ninguém é facultado alterar nada, ampliando o que é estrito, ou modificando o que é imutável.
“Aparte-se do mal...” o primeiro aspecto do qual devemos nos apartar é a inversão de valores; se assim não for, sequer saberemos aquilatar às coisas como O Eterno as valora. Está dito: “Ai dos que ao mal, chamam, bem; e ao bem, mal; que fazem das trevas, luz; e da luz, trevas; que fazem do amargo, doce; e do doce, amargo.” Is 5;20
Se esse escrutínio não for feito, segundo a Palavra do Senhor, correremos o risco de fugir do que deveríamos buscar, e vice-versa.
O salmo primeiro é didático, sobre as coisas que devemos evitar: “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1
Uma coisa é amar às pessoas, orar por elas; outra distinta é querer sua companhia no erro, aceitar seus perversos conselhos ou compactuar com suas devassidões. Embora, o sol leve luz e calor aos pântanos poluídos sem se sujar, e um homem espiritual possa também, frequentar, eventualmente, ambientes malsãos sem se corromper, as ovelhas não são animais de pântanos. Seu habitat é um pouco mais limpo.
A distância maior, devemos manter, dos que, mesmo balindo como ovelhas, ainda se enlameiam como porcos; falsos são mais perigosos que adversos; “... não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão ou roubador; com o tal, nem ainda comais.” I Cor 5;11
“... faça o bem...” muitos se perdem por confundir “bom”, com o “bem”. Aquele tem a ver com o prazer que sua incidência enseja; o bem, com os frutos que produz. Iluminar espiritualmente a alguém que está no escuro, por exemplo, é um bem; mas quem disso que nosso “noctívago” achará isso bom? Jesus ensinou: “Porque todo aquele que faz o mal odeia à luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20
Quem sabe a origem do verdadeiro bem, “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.” Tg 1;17 além de evitar más companhias e maus ambientes, como vimos, “Tem seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1;2 Esse, convencido que deve fazer o bem, empenha-se em entender o quê, Deus define assim.
“... busque a paz...” “Bem aventurados os pacificadores...” Mat 5;9 Ensinou O Salvador.
Há diferenças, entre o pacífico, o pacifista e o pacificador. O primeiro é alguém que se esforça para manter boas relações, com tato, diplomacia, para que nenhuma erva daninha belicosa brote, onde vive e cultiva a paz; pacifista é o que adota a filosofia antibélica; é contra as guerras, preferindo que eventuais diferenças sejam solvidas mediante negociação; o pacificador é um promotor da paz. Atua em ambientes onde ela está em falta; empreende esforços para que a mesma seja produzida, desarmando espíritos, considerando o contraditório, ensejando empatia, acalmando ânimos. Quem assim age é um sábio que busca a paz.
Quão diferente desse “bombeiro” é a atuação de um tolo: “Os lábios do tolo entram na contenda, e sua boca brada por açoites.” Prov 18;6 Chega num ambiente onde o fogo da contenda está aceso já, a acrescenta mais lenha.
A inércia é melhor que o ativismo, nesses casos; “Até o tolo quando se cala é reputado por sábio; e o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28
“... siga-a.” A paz personificada como alguém a quem devemos seguir. Acontece que ela não é uma causa; antes, uma consequência. “O efeito da justiça será a paz...” Is 32;17
Se alguém desejar produzir mel precisará de abelhas; quem anseia seguir em paz, deve seguir as sóbrias pegadas da justiça. Ela é boa, tanto quando nos restaura o que nos é devido, quanto quando, nos força a repor o que devemos. Em Cristo, “... a justiça e a paz se beijaram.” Sal 85;10
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