sábado, 21 de dezembro de 2024

Liberdade de Cristo


“A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Muito se discute se existe mesmo livre arbítrio; se o homem pode fazer escolhas, ou está fadado a responder aos estímulos externos inexoravelmente.

Schopenhauer defendia sua inexistência; “dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária, inevitável”; dizia.

O Apóstolo Paulo foi mais estrito quanto a isso. Invés de apresentar ao homem como autômato, o fez, como um ser dividido, capaz de apreciar aos bons valores, e incapaz de os praticar mercê da escravidão a um feitor mais forte. “O que faço não aprovo, o que quero não faço; o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei que é boa; de maneira que, agora, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

O arbítrio preso tinha intenção de agir segundo a justiça, “consinto coma Lei que é boa”; mas as coisas aprovadas na esfera dos valores, não eram as mesmas que assomavam no teatro das ações. Essa balela de Rousseau, de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, debate-se no berço da falta de fundamento; é plenamente órfã, de filiação bíblica.

O filósofo suíço que oscilou entre calvinismo e catolicismo, deveria ter levado mais a sério a Palavra de Deus. Ela não coloca panos quentes, tampouco, doura à pílula da verdade. Apresenta-a nua e crua. Não há um justo sequer; todos pecaram, se fizeram inúteis, ninguém busca a Deus. “A estultícia está ligada ao coração da criança; mas a vara da correção a afugentará dela” Prov 22;15

Se, a criança carece de um fator externo, a correção, ensino dos pais, para não errar o caminho, isso por si só anula a ideia de bondade inata que seria estragada pela sociedade. Na verdade à maldade, inclina-se a criança, desde tenra idade.

Se, as circunstâncias têm o poder de moldar o agir humano, porque não moldaram a Judas? Cercado pelos demais discípulos e ensinado pelo Mestre?

Isaías dissera: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão pratica a iniquidade, e não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

O que a sociedade é ou faz, não altera o que cada um é em particular, embora, eventualmente, influencie.

Da negação do livre arbítrio nascem excrescências doutrinárias como o calvinismo, por exemplo. Dado que o homem por si não pode escolher e praticar o que é justo, Deus “escolheu” de antemão aos que queria salvar, elegeu soberanamente a esses, em detrimento dos demais.

Ora, a incapacidade humana para ver as coisas como são no âmbito espiritual e poder agir segundo Deus, foi suprida pelo advento do Espírito Santo. Dele O Salvador disse: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Quando A Palavra é pregada, Ele coopera; capacita a entender o necessário, e faculta escolhermos segundo Deus, sem forçar o homem a nada. Os que escolhem concordar com Ele se rendendo a Cristo, são guindados a uma esfera de liberdade espiritual, acima do feitor aquele. Nascem de novo. Então, já podem agir como filhos de Deus, caso o queiram. “A todos que o receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus.” Após isso, passam a ter livre arbítrio.

Ainda pecam motivados pela natureza carnal que permanece, mas não são mais escravos dos desejos dela. Tendo recebido vida espiritual, não precisam mais atuar forçados segundo a índole natural. A carne segue em sua escravidão, incapaz de escolhas probas; “Porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Para ela vale a sentença de Schopenhauer; não há arbítrio, apenas uma inclinação automática às circunstâncias.

Voltemos a Rousseau que disse: “Nunca acreditei que a liberdade do homem consiste em fazer o que quer; mas sim em nunca fazer o que fazer o que não quer. Foi essa liberdade que sempre reclamei.” Se, era mesmo um cristão, como dizia, estava chorando de barriga cheia. Não é justamente essa a liberdade que Cristo oferece? “... se vós permanecerdes nas Minhas Palavras, verdadeiramente sereis Meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Nosso arbítrio não atina apenas às escolhas pontuais; antes, a capitular aos desejos da carne, ou seguir Deus, andando em espírito.

Nos renascidos, quando a carne estiver no comando, teremos uma escravidão voluntária. “Portanto, agora, nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

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