domingo, 22 de dezembro de 2024

Falsos árbitros


“... Deus fez o homem reto; mas eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29 Algumas traduções alternam para, “buscaram muitas invenções”. Logo, temos o que O Criador fez, e o que o homem buscou.

A perfeição não comporta melhoramentos. Esses são lidos como “aperfeiçoamentos”, o que requer uma subida rumo à perfeição que lhes falta.

Quem galgou ao cume do Everest, já não pode subir mais; caso decida marchar, terá que fazê-lo para baixo. Assim, as coisas perfeitas, se sofrerem alteração serão avarias, não, melhorias. O homem foi criado reto significando, moral e espiritualmente perfeito; não carecendo nem podendo sofrer melhorias. A mudança tornou necessária, a queda, a perda da vida espiritual.

A sabedoria possui excelência tanto cognitiva, quanto essencial; a astúcia é um simulacro amoral, quando não, imoral. Permite tomar atalhos, forjar engenhos rumo a um fim, sem valorar, necessariamente, esse fim; apenas porque o deseja atingir. A astúcia pode urdir o como fazer? a sabedoria, além disso, considera o porquê. A nobreza de propósito, ou a falta dela, diferem uma coisa da outra.

É a ordem natural dos seres inteligentes, buscar às coisas que lhes falta, ou, que acreditam faltar. Se, mesmo tendo sido criado pleno, o homem ainda buscou algo mais, por certo, uma força interna ou externa o convenceu que precisava; senão, não buscaria.

Conhecemos a história da lábia do “profeta” do Éden, que fez o incauto homem crer que poderia ser melhor do que era, equiparando-se ao próprio Criador. Se, não tivesse sido convencido que isso era verdade, certamente, não teria buscado tal “upgrade”. Qual fato novo ensejou esse movimento para baixo?

As falácias do inimigo geraram dúvida; a promessa acendeu uma esperança, ainda que falsa; invés de ter A Palavra do Criador como norte, sentimentos e impressões gerados no coração humano tomaram para si a tarefa de decidir. “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu, deu também ao seu marido e ele comeu com ela.” Gn 3;6

Por um momento, sob a batuta do maestro do engano, a morte se vestiu de adjetivos como, boa, agradável, desejável. Diferente das invenções práticas que produzem mediante técnica, algum aparato útil, as invenções meramente verbais, produzem, num primeiro momento, mentira; depois as consequências que podem levar à morte até.

Tiago esmiúça o processo da morte buscada; “Cada um é tentado quando é atraído e engodado pela sua própria concupiscência; depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Quando ouço algum pregador dizendo: “Só faça o que sentires no coração”, por cristão que se pretenda, o tal, não passa de uma extensão do “profeta aquele”, que arrostou À Palavra do Criador, colocando os móveis e manipuláveis sentimentos humanos, no lugar. “Enganoso é o coração, mais todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá? Eu, O Senhor esquadrinho o coração...” Jr 17;9 e 10

Quem toma os sentimentos como aferidores onde deveria tomar A Palavra de Deus, abdica da luz, preferindo caminhar no escuro. “Lâmpada para meus pés é A Tua Palavra, e luz para meu caminho.” Sal 119;105

Enfim, quando o Senhor condiciona os que desejarem segui-lo ao soturno, “negue a si mesmo”, invés de nos tolher um direito como pode soar ao mais desavisado, nos está ordenando o despejar de um traidor; dar um pé na bunda daquele que, pela herança maldita em que o pecado o lançou, se tornou refém de uma madrasta que é inimiga do Criador. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

No estado de perfeita comunhão do homem reto com O Criador, tudo era permitido a ele, exceto, uma coisa, para manter patente que seu domínio era em submissão. Desviando-se da Palavra de Deus e escutando à oposição, deu no que deu; agora, como derivado da queda, tudo se fez impuro, maldito, exceto as coisas feitas em submissão a Cristo. “Sem Mim, nada podeis fazer.”

O homem que foi criado reto entortou em todos os sentidos. Por isso a regeneração em Cristo precisa atingir também, todos os aspectos da nossa vida; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Nossos sentimentos não são árbitros confiáveis; a quem nasceu de novo, foi dada a luz do Espírito Santo, para entender À Palavra que mostra o caminho.

Retidão foi um dom, e se perdeu; agora deve ser fruto de uma escolha; “... o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

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