“A quem proferistes palavras, de quem é o espírito que saiu de ti?” Jó 26;4
Quando alguém profere obviedades, coisas que até uma criança sabe, tal descuido, numa demanda que requer coisas melhores, está a portar-se abaixo do nível desejado, como se, por um momento esquecesse sobre o quê, e principalmente, com quem estava falando.
Num lapso desses de um dos conselheiros, Jó perguntou: a quem proferistes palavras? Ou seja: Ainda lembras de, com quem estás falando? Quando se precisa falar apenas por falar, não por ter algo a dizer, o silêncio faz melhor figura.
O cerne daquela disputa era que os amigos dele sem nenhuma revelação que apontasse nessa direção, tampouco, algum fato, atribuíam aos supostos pecados de Jó os infortúnios que ele sofria. Não vimos nada, nem sabemos; mas se está sofrendo assim, alguma deve ter aprontado.
Em seu “achômetro” casuísta diziam meras obviedades; como associar semeadura e colheita, coisas que o sofredor bem sabia; isso falavam como se estivessem dizendo uma grande coisa, “levantando uma lebre” que teria passado despercebida ao patriarca.
Assim, aquele que, além de educar seus filhos com ensinos e exemplo, ainda sacrificava a Deus, rogando perdão por eles, na hipótese de deixarem subir maus pensamentos aos seus corações, eventualmente, era tratado como um beócio alheio às coisas espirituais; “Para quem proferistes palavras?” Não se tratava de uma atitude arrogante; antes, de situar ao descuidado paroleiro, para que ele não perdesse o fio da meada. “Também eu tenho entendimento como vós, não vos sou inferior; quem não sabe de tais coisas como essas?” Cap 12;3
“Até o tolo quando se cala é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28
Quando, invés de um engajamento veraz, na empatia pela dor do semelhante, se descamba para o lugar comum, qualquer descuidado serve “comida fria” encontrada no prado dos chavões; a necessidade de silenciar ante o que ignoramos, assumindo isso, é desconsiderada, e facilmente nos perderemos na aridez das platitudes, apenas cansando que nos ouve, invés de ajudar a lenir seu sofrimento. Se incomodar com a dor do próximo é uma qualidade; mas contribuir para agravá-la, nos faz pesos.
Foi numa precipitação assim, que Jó identificou um “plágio” pulsando nas balelas rasas que teve que ouvir; ... de quem é o espírito que saiu de ti? Noutra parte dissera que o ouvido prova as palavras como o paladar aos alimentos; tendo provado àquelas as encontrou sem o necessário tempero. “Comer-se-á sem sal o que é insípido, ou haverá gosto na clara do ovo? Minha alma recusa a tocá-los; para mim, são como minha comida repugnante.” Jó 6;6 e 7
Pois, seja alegria ou tristeza que verta no coração do semelhante, não foi facultado aos que observam de fora, ingerir nas emoções alheias. Somos desafiados à empatia; “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram.” Rom 12;15 Afinal, “O coração conhece sua própria amargura; o estranho não participará, no íntimo, da sua alegria.” Prov 14;10
Os plágios nunca foram tão fáceis. Além do antigo sistema, copia e cola, onde qualquer um "filosofa”, sem conhecer filosofia, ou serve profundos conselhos espirituais, estando espiritualmente morto, agora a chamada Inteligência Artificial filtra, altera, edita, escreve, modifica ao bel prazer do usuário.
Já existem “pregadores virtuais”; até um “Jesus” gerado por essa inteligência, que, alimentado por dados coletados das redes, “revela, aconselha, ensina” como se, deveras, conhecesse as vidas que o buscam.
A Palavra de Deus anteviu o plágio mor, e deu nomes aos bois: “Foi lhe concedido que desse espírito à imagem da besta para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos que não adorassem à sua imagem.” Apoc 13;15
Sabendo e vivendo o básico, poderemos, como Jó, recusar alimentos insossos, identificar as fraudes da oposição. Entretanto, essa geração sonolenta que pergunta às máquinas, sobre o significado “oculto” do nome, sobre as maiores virtudes e defeitos que possui, e pasmem! quem foi em “vidas passadas” e partilha as respostas, como identificará e denunciará o engano, se aprendeu a viver nele, e dele, gosta?
A pergunta de Jó será oportuna quando esse “Jesus” pretender dar pitacos em nossas vidas: “... de quem é o espírito que fala em ti?”
Todos os dons dados por Deus são preciosos; mas nada supera o discernimento, que fruem aqueles que vivem todo o tempo em comunhão com O Espírito de Deus. “Não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus para que pudéssemos conhecer, o que nos é dado gratuitamente por Deus.” I Cor 2;12
Quando o “Jesus” de plástico se insinuar, discerniremos; sabendo que é o diabo que tenta falar por detrás.
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