terça-feira, 31 de dezembro de 2024

O novo


“Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no próprio entendimento. Reconhece -o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Em mudanças de calendário, como agora, a maioria das pessoas estipula metas que pretende atingir no ano vindouro; conquistas materiais, não reiteração de ingenuidades cometidas, abandono de vícios, adoção de melhores práticas atinentes à saúde, às finanças, à vida espiritual, etc.

Grande parte dos “propósitos” perde-se, sem sequer serem tentados. Os quais, serão renovados na próxima troca de ano. Paralelo a essas atitudes, a também repetitiva observação que, não adianta fazer planos virtuosos, se não houver atitudes correspondentes; e, não mudando isso, malgrado, a data, nada mudará, etc.

Por que essas coisas ocorrem? Primeiro, pela ingenuidade conveniente à cumplicidade coletiva, a qual, plasmou no imaginário social, que, mudanças de calendário são boas oportunidades para mudanças de atitudes. Não são. Mudanças de atitudes demandam em primeiro plano, uma mudança de mentalidade. “Deixe o homem ímpio seus caminhos, e o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor...” Is 55;7

Pessoas que levam essa ideia muito a sério, acabam como que traindo a si mesmas, “planejando” o que, sabem que não cumprirão, por se importar mais com a perspectiva externa, de figurar coisas “pertinentes” ante o social, que, com uma resolução interna, de mudar deveras, o que sabem que deveriam, mas não querem. O tetro da vida não é feito com script; antes, as atuações costumam ser de improviso tendo o querer, como diretor.

A humana vontade é prisioneira; lhe é permitido fazer planos de fuga por detrás das grades; fugir seria uma empresa, bem mais difícil.

Paulo expôs o conflito de um que, cheio de boas intenções, não obstantes essas, acaba coagido a realizar apenas coisas más. “Porque o que faço, não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço; se faço o que não quero, consinto com a Lei que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

Invés de homem livre, pois, apenas um locador, tendo o pecado como inquilino e feitor. Além do “Madruga” em apreço não pagar o aluguel, inda perverte as atitudes do dono da "casa" coagindo-o a fazer o que não quer.

Confrontado, se dirá livre; pois, a presunção de autonomia é o móvel básico da sua prisão.

Assim prossegue a sina dos portadores de bons planos para o ano novo, em apreço; cheios de boas vontades, porém, incapazes de as colocar em prática. Isso se verifica de modo mais intenso, sobretudo, nas resoluções que demandam uma mudança moral, espiritual.

Intimamente convencidas que carecem disso, as pessoas com suas vontades presas nos maus hábitos enraizados em suas naturezas, olham por entre as grades, para cenários que gostariam de visitar, mas, não tanto, ao ponto de pagar o preço para ser livres. Ficam “indo a Paris” sem saírem das suas celas.

A verdadeira liberdade, ensinou O Salvador, requer permanência na Sua Palavra. Carecemos ousadia santa para palmilhar na “Cidade Luz”. “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Sabedor O Senhor, da nossa escravidão e incapacidade para nos libertarmos, “turbinou” aos que lhe deram crédito assistidos pelo Espírito Santo, de modo que se possam comportar à altura da honraria que receberam mediante o novo nascimento; “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

“Deu-lhes, poder...”
As coisas virtuosas, em Cristo, não são mais um devaneio distante, uma espécie de “quem me dera”; Cristo Deu poder aos que Lhe deram ouvidos; os fez renascer da Água (palavra) e do Espírito (Santo).

Não carecemos uma lista de maus hábitos a abandonar, na nova vida que acontece após a conversão, a despeito do calendário. Pós o Novo nascimento, nosso espírito é vivificado e dirigido por santo caminho, pela Voz Bendita do Espírito Santo. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita, nem para a esquerda.” Is 30;21

Quem deseja uma mudança veraz, deve ousar mais que ficar decorando a roda do tempo, para que ela gire cheia de brilhos artificiais.

Tem, o ser humano, mais facilidade de arrostar o mundo, que enfrentar a si mesmo. Quem desejar sinceramente, ousar nessa direção, será ajudado pelo Senhor, que lhe dará a vida eterna, para que não careça mais, se importar tanto com a marcha do calendário terreno. Aos que se atreverem, enfim, feliz nascimento novo!!

Deus e o mal


“Porventura, da Boca do Altíssimo não sai, tanto o mal, quanto o bem? De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos próprios pecados.” Lam 3;38 e 39

Esse “mal” procedente do Altíssimo é um daqueles textos para deleite dos que sentem prazer em atribuir imperfeições ao Eterno.

Os filósofos antigos faziam distinção entre o “Númeno” e o “Fenômeno”. Aquele primeiro refere-se ao ser, à essência das coisas, e o fenômeno, à aparência, a manifestação.

Do ponto-de-vista do fenômeno, dizemos que o sol nasce e se põe todos os dias; pois, assim nos parece. Entretanto o ser é diferente; é a terra que gira sobre si mesma, produzindo essa sensação.

Um exemplo mais, e basta; quando nossos abdomens adquirem certa protuberância, de modo que algumas roupas não nos servem mais, dizemos que elas ficaram pequenas, embora permaneçam do mesmo tamanho. A mudança se deu em nós.

Porque A Palavra de Deus fala mediante homens, aos homens, natural que use o modo antropomórfico (forma humana) de falar, para facilitar a compreensão. Assim, aquilo que soa como um mal, aos nossos olhos, aos Dele, nem sempre é assim.

A relação do Eterno com o mal em si, com a essência do mesmo é absolutamente impossível. Abraão dissera: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; longe de Ti; não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Por Habacuque, disse: “Tu És tão puro de olhos que não podes ver o mal; a opressão não podes contemplar...” Hac 1;13

Tiago pontuou a absoluta aversão do Santo, para com o mal; “Ninguém, sendo tentado diga: Por Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um é tentado, quando é atraído e engodado pela própria cobiça.” Tg 1;13 e 14

A rigor, nem o pecador é atraído pelo mal; carece de um “engodo”, alguma nuance de bem, de prazer, vantagens, revanche, algo que, como uma isca, esconda o anzol da maldade, para que esse incauto o abocanhe.

O Eterno, É Santo e Onisciente. Assim, além da aversão pelo mal, dada a Sua Essência, também não pode, como nós, ser enganado por desejos doentios, em consórcio com o logro dos fenômenos.

Jeremias profetizara por mais de duas décadas, advertindo do juízo vindouro, se não houvesse arrependimento e mudança, na sociedade daqueles dias. Foi rejeitado, perseguido, agredido, preso.

A resiliência, mormente dos líderes, na maldade, tornara o juízo, o cativeiro, inevitáveis.

Num contexto de terra arrasada, o povo cativo em Babilônia, a cidade e o templo destruídos que Jeremias escreveu suas lamentações. Ele, pela demora do julgamento anunciado, fora testemunha da longanimidade Divina, da espera pelo arrependimento, para não carecer o julgamento.

Então, o “mal” em apreço só o era, do ponto-de-vista humano; do Divino era apenas justiça. O mesmo profeta testificara da difícil necessidade do Eterno; “Ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das Suas misericórdias; porque não aflige nem entristece de bom grado, aos filhos dos homens.” Lam 3;32 e 33

Não é algo que apraz ao Todo Poderoso, mas eventualmente, vê como necessário.
Quanto à Sua Essência e bondade, o simples fato de enviar sol e chuva, sobre justos e injustos já deixa ver nuances.

Logo, quando Ele Diz: “Eu formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio o mal, Eu, O Senhor faço todas essas coisas;” Is 45;7 Está O Santo reivindicando Seu direito Soberano de julgar às coisas como lhe aprouver, sem dar satisfação às criaturas; não, evidenciando alguma relação Sua, com o mal em si.

O contexto imediato do verso inicial das lamentações, nesse apreço, deixa ver o tipo do “mal” que era referido; também a causa do mesmo. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos próprios pecados.”

Quando o homem tiver consciência que, em geral, seus “males” são consequências, e eventuais limitações inatas serão recompensadas no porvir, invés de queixar-se contra Deus, colocará limites em si mesmo, será parcimonioso na semeadura. “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; tudo que o homem semear, isso ceifará; o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; o que semeia no espírito, ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Enfim, os caçadores de “contradições bíblicas”, que procuram erros na Palavra de Deus, já deixam, por essa escolha, patente sua preferência pelo mal. Quando o ceifarem terão que culpar a si mesmos.

Felizes os que leem À Palavra de Deus! mas que o façam como quem aprende, não, como quem julga ao Eterno. “Lendo A Palavra de Deus, encontrei muitos erros; todos, em mim.” Agostinho
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Os mortos, vivos


“Porque aquele que está morto, está justificado do pecado.” Rom 6;7

Isso, se deslocado do contexto, entendido de modo superficial, pode dar azo a interpretações distorcidas, heresias. Já existe no imaginário popular, uma espécie de sagração da morte; como se, ela trouxesse a correção dos erros de quem vive de modo ímpio, avesso ao Criador.

Aquele que fora alvo das mais ácidas críticas pelas escolhas na vida, uma vez morto, recebe elogios, leniências várias, como se, a cessação da existência terrena trouxesse um apagador e zerasse por inteiro, a lousa dos vícios. Machado de Assis usou isso: “Podemos elogiar à vontade; está morto.”

Basta frequentar autos fúnebres, ou, perceber como alguns citam a morte, para identificar traços dessa doença. O sujeito pode ter os desajustes que tiver, ter vivido os mais variados tipos de erros, quando morre, “Passou para o andar de cima; se tornou uma estrela; estará olhando por nós; no fundo era uma boa pessoa.” etc.]

O ambiente fúnebre deve ensejar reflexões nos que estão vivos. Lá vemos a exposição prática da nossa finitude. Analisar isso pode ajudar a curar alguns vícios, como arrogância, pretensão, egoísmo.

Está dito: “Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete; porque naquela está fim de todos os homens; os vivos aplicam isso aos seus corações; melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto, se faz melhor o coração.” Ecl 7;2 e 3

A tentativa de tornar ao profano, sagrado, apenas pelo seu fim, seria uma interpretação rasa, do verso, “Aquele que está morto, está justificado do pecado.” Visto mais de perto, o sentido é outro. As letras miúdas do contrato, não podem ser desprezadas.

Enquanto o sopro da vida pulsa, muitas coisas podem ser mudadas, refeitas; cessada sua incidência, não mais; donde vem o dito: “enquanto há vida, há esperança.” Se, alguém não fez a boa escolha em tempo, terá que se resignar a um dito expresso por Jeremias: “Passou o verão, findou a sega e não estou salvo.” Jr 8;20

O “morto” em apreço, que está justificado porque morreu, é um “morto voluntário” como prescreveu O Salvador; “... quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 10;39

Somos desafiados, por amor a Ele, à “crucificação da carne”, deixar o ego na submissão, no preceituado, “negue a si mesmo”; enfim, nossa identificação com O Salvador em renúncias e obediência ao Divino querer, deve ser tal, que é como se tivéssemos morrido.

Paulo esposa essa ideia; “Ou não sabeis que, todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos, na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele, pelo batismo, na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4
Não é algo que cessa a vida, pois; antes, renova, transforma.

Adiante, explica melhor o sentido: “Sabendo isto; que nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, e não o sirvamos mais.” V 6

Há três tipos de mortes, que devemos distinguir. O primeiro, aquele de conhecimento comum, quando cessou a existência terrena, separou-se a alma do corpo. O segundo, o que, mesmo respirando ainda, está espiritualmente morto, alienado de Deus; a sina da maioria.

Desses, O Salvador disse: “Em verdade em verdade vos digo que, vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem, viverão.” Jo 5;25 Aludindo à conversão e consequente, “Novo nascimento.”

Por fim, nosso morto voluntário em apreço, aquele que leva a obediência e santificação às últimas consequências; seu não! aos reclames ímpios da carne é tão decidido, que é como se ela estivesse morta. “Os que são de Cristo, crucificaram à carne, com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24 “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus.” Rom 6;10
Esses, pois, são os “mortos” que estão justificados dos seus pecados.

Isso visto sob outro aspecto, é tido por “andar em espírito”; não significa que deixaremos de ter um corpo natural como os demais; apenas, que os clamores desse e suas inclinações perversas não serão mais as diretrizes para as nossas vidas.

“Aquele que está morto está justificado do pecado”; deve ser visto no prisma espiritual; quem nasceu de novo e anda segundo o Espírito está livre de condenação; “Portanto, agora nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus; que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Não é um jazer, que o justifica; antes, um novo modo de andar.

domingo, 29 de dezembro de 2024

Porta fechada


“Porfiai por entrar pela porta estreita; porque vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” Luc 13;24

Que a salvação é pela fé, não pelas obras, fazendo a submissão e confiança, mais eficazes que o esforço, para fins de obtê-la, a maioria, bem sabe. Todavia, pra alguém procurar entrar, pressupomos que esse acredita, possui a fé necessária. Por que, tantos procurando, não poderão, então? Acaso O Eterno não estabeleceu os mesmos termos para todos?

Vejamos o contexto: “Quando o Pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, e respondendo Ele vos disser, não sei de onde vós sois...” V 25 esse detalhe deixa ver que os muitos que procurarão entrar, farão esforços para isso quando for tarde demais; quando a porta estiver fechada. Jeremias menciona um “acordar” tardio assim: “Passou a sega, findou o verão e não estamos salvos.” Jr 8;20 Os mesmos termos e o mesmo tempo, para todos.

Nos dias normais, esses não se preocuparam com integridade, obediência, comunhão; antes, viveram na religiosidade, mero teatro em ambientes cristãos, sem ser dos tais. “... temos comido e bebido na Tua presença, Tu tens ensinado nas nossas ruas.” Será o argumento desses retardatários. Frequentavam locais onde O Salvador ensinava; mas não se deixaram moldar pelos ensinos Dele.

Como disse alguém, morar numa garagem não nos transforma em carros; assim, frequentar igrejas, ouvir pregações, não muda ninguém. Como cada reage ao que ouve, é que faz diferença.

A resposta será sisuda: “... não vos conheço, nem sei de onde sois; apartai-vos de Mim, vós todos que praticais a iniquidade.” Luc 13;27 Se, mesmo frequentando ambientes santos, inda eram iníquos, desprezaram as veredas da vida.

A fé nem foi mencionada, então. Sendo ela o “firme fundamento das coisas que não se vê”, Heb 11;1 quando as realidades que ela apregoa se fizerem visíveis, como o juízo de uns e outros, não será mais útil, nem necessária.

Malgrado, a entrada à ventura da salvação seja por ela, se não tivermos, em tempo, as obras correspondentes, como testemunhas que ela vive, não passará de um cadáver como ensina Tiago: “Ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obras é morta?” Tg 2;20

A salvação é pela fé, a evidência dessa, pelas obras que patrocina; “Porque somos feitura Sua, criados em Jesus Cristo para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Quando O Senhor ensinou que “Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”, não estava aludindo a cidades. Usou uma figura eloquente para dizer que, Sua presença em determinada vida, terá que ser visível fatalmente; se não o for, é porque Ele não está. “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

Paulo explicou o que muda: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Escrevendo aos romanos, ampliou: “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo, na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim, andemos também, em novidade de vida.” Rom 6;4

Normalmente consideramos a exortação, “Porfiai por entrar pela porta estreita”, sob o prisma das renúncias necessárias, que reduzem a amplitude da porta. A ênfase, no “estreita”. Nesse caso, além disso devemos considerar a urgência em se abraçar a salvação. Esforçai-vos, porfiai, por entrar, invés de se satisfazer com mera teatralidade religiosa sem um compromisso real com O Salvador, olhando de fora, para o ambiente dos salvos. A ênfase deve ser, no “esforçai-vos por entrar.”

A vida eterna não tem vínculo apenas com o tempo; mas com o modo que vivemos. Pois, nos que se convertem deveras, começa desde já. Os que preferem existência segundo o mundo, quando esse for julgado, padecerão juntamente.

A longanimidade Divina que nos faculta tempo para arrependimento dos nossos erros é algo maravilhoso. Porém, a temeridade de protelar decisões urgentes apenas confiados nela, tem feito a desgraça de muitos. Salomão descreve esse mal: “Porque não se executa logo o juízo sobre as más obras, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Alguns conseguem piorar isso ainda; interpretem o silêncio de Deus como concordância, cumplicidade; Ele pontua: “Estas coisas tens feito e Eu me calei; pensavas que era tal como tu; mas Eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Certa frase de Rabelais, às vezes, se impõe: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram quando podiam.”

Ovelhas "selvagens"


“... vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu, ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros, mas Deus mostrou-me que, a nenhum homem chame comum, ou imundo.” At 10;28

Deus vetara casamentos com estrangeiros que tivessem outros deuses; em caso de adesão ao Deus de Israel, mesmo esses seriam aceitos, como vemos na saga de Rute, a moabita.

A Palavra do Santo prescrevia que estrangeiros fossem bem tratados pelos hebreus; “O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois, estrangeiros fostes na terra do Egito.” Ex 22;21

Caso desejassem participar do culto ao Senhor, conforme os ritos deveriam ser aceitos; “Se algum estrangeiro se hospedar contigo, e quiser celebrar a páscoa do Senhor, seja-lhe circuncidado todo o homem, então se chegara a celebrá-la; será como o natural, da terra...” Ex 12;48

Então, o “não é lícito” de Pedro, derivava mais das tradições arraigadas no judaísmo, que da Palavra de Deus. Talvez a ideia de “povo santo” não tenha sido bem entendida; a separação prescrita no salmo primeiro, “Não anda segundo o caminho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”, tenha sido desviada do propósito, passando a significar, não se misturar com gente de outros povos, embora, não seja isso que o texto diz.

Preconceituoso pensar que os do “povo santo” não cometem falhas; e, equacionar, necessariamente, os estrangeiros, com os adjetivos aqueles; ímpios, pecadores, escarnecedores.

Pedro estava com seu judaísmo ainda não depurado pelo Espírito Santo, que precisou trabalhar na vida dele, para lhe sanar a compreensão. Mostrou-lhe uma visão com animais de todas as espécies; ordenou que matasse e comesse, ao que, Pedro retrucou: “De modo nenhum, Senhor; porque nunca comi coisa alguma, comum ou imunda.” Atos 10;14 Então O Senhor respondeu: “Não faças tu, comum, ao que Deus purificou.” Isso, por três vezes.

Então, chegaram os enviados de Cornélio, o centurião estrangeiro, piedoso, que fora instruído por um anjo, a mandar chamar Pedro, para ouvir O Evangelho.

Foi exatamente quando chegou a casa desse, que Pedro disse as palavras que vimos no início; “... Deus mostrou-me que, a nenhum homem chame comum, ou imundo.”

Adiante, melhor inteirado da situação, deu sinais de cura de sua tradição, alienada do Divino propósito; “... Reconheço, na verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas, que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação O teme, e faz o que é justo.” Atos 10;34 e 35
No mesmo ambulatório, e ao mesmo tempo, O Médico dos Médicos curava Pedro e Cornélio.

O “Ide por todo o mundo, pregai O Evangelho a toda criatura”, ordenado pelo Salvador, estava devagar, quase parando, justamente por isso. A influência da tradição judaísta, na qual todos foram formados, retinha-os ao redor de Jerusalém, no máximo ousavam até Samaria. Embora tinham recebido a Cristo, ainda não tinham compreendido a Sua abrangência. O “Em ti será benditas todas as famílias da Terra”, dito a Abraão, começava, finalmente, a se cumprir.

Pois, O Senhor decidiu transformar o mais ferrenho perseguidor da Igreja, no mais ousado defensor. “Saulo, por que me persegues?” O mais intrépido defensor do Judaísmo foi transformado, pelo conhecimento de Jesus Cristo; naturalmente rejeitado, após convertido, pelos colegas da antiga fé, perseguido para morte, até; assim, um que tinha poucos motivos para ficar orbitando ao Sinédrio, recebeu a missão, não cumprida pelos demais apóstolos.

“Disse-me, vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;21

Ainda hoje, passados dois milênios, preconceitos religiosos, tradições, apegos a laços sanguíneos tolhem que muitos sejam abençoados como O Senhor deseja.

O conselho a se evitar o convívio com maus traços de caráter acaba, “convenientemente” ressignificado, como se prescrevesse evitarmos a companhia dos que não gostamos. Agir assim é um desserviço às nossas próprias almas, uma maximização dos nossos preconceitos, em consórcio com a ignorância sobre A Palavra de Deus.

O mesmo Espírito Santo que educara a Pedro, de modo que fosse à casa de um romano ensinar O Evangelho, “assinou a obra”, quando o apóstolo O obedeceu; “Dizendo Pedro, ainda essas palavras, caiu O Espírito Santo sobre todos os que ouviram a palavra; os fiéis, que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se que o dom do Espírito Santo se derramasse ‘também’ sobre os gentios.” Vs 44 e 45

É maravilhoso saber que não somos os favoritos de Deus; Ele pensa maior que nossos umbigos; O Salvador dissera: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também Me convém agregar estas; elas ouvirão Minha Voz, haverá um rebanho, e Um Pastor.” Jo 10;16

Muitos daqueles dos quais, eventualmente, não gostamos, O Senhor ama; vai salvar. Com ou sem nossa participação. A escolha é nossa.

sábado, 28 de dezembro de 2024

Questões loucas


“Rejeita as questões loucas, sem instrução, sabendo que produzem contendas.” II Tim2;23
“Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, debates acerca da Lei; porque são coisas inúteis e vãs.” Tt 3;9

A Timóteo e Tito, Paulo deu, mais ou menos as mesmas instruções. Evite as questões loucas. A Timóteo se limitou a adjetivá-las como “sem instrução”; a Tito ampliou um pouco; mencionou genealogias e debates, acerca da Lei.

Ora, a Lei veio do Próprio Deus; A Palavra Dele é ciosa em registrar as genealogias do povo eleito. Assim, necessária a conclusão que o adjetivo, “loucas” se refere ao propósito de discuti-las; não, ao fato de terem, as mesmas, alguma origem doentia.

Numa linguagem atual, talvez dissesse: “Cuidado para não gastar tempo com futilidades, se desviar do objetivo, perder o foco.”

Há pouco deparei com uma dessas. O “mestre” advogava que o Diabo não existe, foi uma criação do “sistema”. Pois, a palavra é mero adjetivo significando oponente, adversário. E nosso oponente à salvação é a carne, não, uma entidade espiritual.

Um caminhão de textos que ensinam a existência e detalhes da atuação desses, como a legião expulsa do Gadareno, a instrução de que temos que lutar contra eles, não contra carne e sangue, etc.

Qualquer iniciante na Palavra de Deus teria farto manancial de provas para desfazer a balela do sujeito.

Quando cogitava fazer isso, me ocorreu que seria mera questão louca. Após abelhas corre-se o risco das ferroadas, mas com o benefício do mel; assim, debates sob um jugo igual, com pessoas honestas, que pensam de modo diferente, pode produzir edificação de ambas as partes.

Mas com gente que nega o óbvio, pisa nos mais sólidos argumentos, os que não pode desfazer na arena das evidências joga na vala comum da velhacaria do “sistema”, perder tempo com um louco desses, seria como pretender mel, de marimbondos.

Gastaria meu latim altercando com doidivanas desses, para “provar que o diabo existe??” Apesar de “não existir” ele riria de mim, me vendo atarefado em trabalhar em favor dele, malgrado, chamando-o de adversário.

Dessa estirpe há, para todos os gostos. Os preteristas que afirmam que O Apocalipse se cumpriu cabalmente no ano 70; os nominalistas que defendem que “Jesus” é também uma velhacaria; o correto seria: YAUSHA. Jesus, significaria “Porco” (sic.) segundo esses “sábios”; em grego é IESUS. I e significa isto é, em latim, segundo ele. Sus significaria porco (?) em qual idioma? Sus é cavalo, em hebraico.

O sujeito pega iniciais de duas palavras em latim, uma palavra hebraica, cujo significado ignora, para compor outra, grega? Francamente!!

Nem se trata de questão louca; mas de 115 oportunidades de calar a boca, desperdiçadas.

O mesmo “mestre” ensina que, quando dizemos Deus, estamos usando o aportuguesamento do mitológico Zeus. Ora, a palavra grega para Deus é Theos, donde vem Teologia, por exemplo.

Basta ver as centenas de comentários de aprovação, de agradecimento pela “libertação” do engano, que o tal “Mestre” recebe, para ver que é mais encontrável o paladar das moscas, que o das abelhas, infelizmente.

Temos ainda os “fusionistas” que tentam fundir Lei e Graça, ignorando que isso estraga ambas. A Lei é o “ministério da condenação”, pelo qual, O Senhor julgará o mundo; a Graça, o socorro inefável de Cristo, que tira os que lhe obedecem, da rota de colisão com a Lei. “... vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que vos ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos frutos para Deus.” Rom 7;4

Há inumeráveis questões loucas, ainda; mas essas bastam para uma amostragem das muitas armadilhas com potencial para nos desviar do foco e nos fazer “dar socos no ar”, como disse Paulo.

Tantas coisas verazes a ensinar, erros doutrinários a corrigir, e perderíamos tempo, com esses desajuizados que tencionam verter ministros do Evangelho em “Ghostbusters”?

Quando Debora foi usada por Deus, para libertação do Seu povo, nem todos os convocados foram para a batalha. Da tribo de Rúben está dito: “... nas divisões de Rúben, houve grandes esquadrinhações do coração.” Jz 5;15 

A batalha em pleno curso, e o povo de Rúben dividido, filosofado, discutindo se iriam à guerra ou não. Não foram. Perderam seu tempo e a honrosa oportunidade, divididos por questões loucas.

Uma coisa é alguém estar errado pontualmente, o que pode acontecer com qualquer um de nós; outra, ser defensor, proponente do erro, como alternativa a verdade. Isso nos faria hereges.

Quanto a esses, não se deve perder muito tempo. “Ao homem herege, depois de uma ou outra admoestação, evita-o, sabendo que o tal está pervertido e peca, estando já, em si mesmo, condenado.” Tito 3;10 e 11

Valores


“Para que faça herdar bens permanentes, aos que me amam, e eu encha seus tesouros.” Prov 8;21

A Sabedoria personificada, explicando os motivos pelos quais faz seus alunos andarem pelas veredas da justiça. Todas as filosofias de botecos fazem menção aos “bens que o dinheiro não compra”. O simples fato de desfilarem nessas estranhas passarelas, onde se busca muitos males que o dinheiro compra, já evidencia que os que disso falam, não entendem.

Nada impede um agrilhoado de cantar louvores à liberdade.

A mesma Sabedoria faz questão de pontuar que seus valores demandam, acima de tudo, entendimento; “São justas todas as palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida; todas elas são retas para aquele que as entende bem; justas, para os que acham o conhecimento.” Prov 8;8 e 9

Os “bens permanentes” embora de graça, no que tange à força do dinheiro, são um pouco mais caros, nas renúncias que demandam, nos esforços necessários, rumo às riquezas eternas.

Remotamente convencidos do seu valor, e informados da sua essência, os dependentes de vícios mencionam a existência deles, malgrado, incapazes de os buscar, por preferirem uma sombra que lhes parece mais cômoda; “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Esteja um sábio ensinado em determinado lugar, aconselhando de graça, e um magnata noutro, distribuindo dinheiro, e veremos onde se formarão aglomerações.
As igrejas doutrinariamente sadias, pouco frequentadas, e filas lotéricas quilométricas, também, testificam sobre qual a sombra a maioria dos homens busca.

Naquele contexto a sabedoria fora personificada e falara assim. Mas, cerca de um milênio depois, se fez uma pessoa, literalmente. De Cristo está dito que Ele É “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3

Ele condicionou a verdadeira liberdade, à permanência na Sua Palavra, não, mera menção dos valores nela ensinados. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam Nele: Sé vó permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Logo, se o conhecimento da verdade requer a permanência na mesma, implica que ela não se deixa conhecer de modo teórico apenas. Pode se fazer menção aqui, ali, como os frequentadores de botecos vistos; mas o conhecimento vero, requer uma disposição de caráter reto, uma índole infantil, que se deixa ensinar, invés de presumir que já sabe. “Porque O Senhor dá a Sabedoria, da Sua Boca é que vem o conhecimento e o entendimento; Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos, escudo é, para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;6 e 7

O Salvador desafiou quem tinha dúvidas a “Pagar para ver”, obedecer à Palavra, mesmo por curiosidade, e ver onde isso levaria; “... A Minha Doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou; se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17 Os que ousaram, encontraram valores que não motivam a retroceder.

Notaria um leitor mais atento, que derivamos das considerações sobre a Sabedoria, para a verdade. Ora, a sabedoria respeita ao quê, senão, ao conhecimento da verdade? Enquanto Sophia tem nossa ignorância como material para o trabalho, a verdade se ocupa dos que estão presos pela mentira, com o fito de libertá-los.

Libertar da ignorância, ou da mentira, são bens similares. Logo, se a Verdade e a Sabedoria não são a mesma pessoa, devem ser gêmeas idênticas. Na Pessoa Bendita do Salvador, muitas coisas confluem, como versou o salmista: “A misericórdia e a Verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram; a Verdade brotará da Terra e ajustiça olhará desde os Céus.” Sal 85;10 e 11

Se, a Sabedoria ganhou com sobras, no cotejo com o dinheiro, porque dá vida, no que tange à remissão das almas, o que apenas Jesus Cristo faz, também os metais fazem um papelão. “Aqueles que confiam na sua fazendo, e se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum pode remir ao seu irmão, da a Deus o resgate dele. Pois a redenção da sua alma é caríssima, e cessará para sempre.” Sal 49;6 a 8

E não venham com essa balela rasa: “se não gostas de dinheiro dê o seu a mim”. Ninguém está negando a utilidade do dinheiro; mas nas mãos erradas, costuma comprar o que nem precisa.

Tantos encorajam a busca pelo sucesso, associando-o à posse de muito dinheiro. Ainda não entenderam a fala de Sophia. Einstein disse: “Tente ser uma pessoa de valor, não de sucesso.”

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

A apostasia


“Mas o espírito expressamente diz, que nos últimos dias apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizadas suas próprias consciências.” I Tim 4;1 e 2

Apostatar da fé não significa parar de crer; mas, mudar o teor daquilo em que se acreditava. A apostasia requer dar ouvidos a seres espirituais, abraçar suas doutrinas; não é uma negação da fé, estritamente; antes, uma substituição.

Quando a identificou na igreja da Galácia, Paulo censurou: “Maravilho-me que tão depressa, passásseis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para outro Evangelho.” Gál 1;6
Depois explicou: “O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam, e querem transtornar O Evangelho de Cristo.” V 7 Alterações na essência do que fora ensinado, fizeram da mensagem original, “outra”.

O traíra usa ajustar suas velas de acordo com os ventos; sabendo da afeição daqueles pelo judaísmo, fundira, o quanto pudera, O Evangelho da Graça, com nuances da Lei. Ora, cada um tem seu lugar e objetivo próprio. A Lei para manifestar os pecados; a Graça, para trazer salvação; cada aspecto, independente; a fusão estragava a ambos. Paulo explicou: “Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela Lei; da Graças tendes caído.” Gál 5;4

O inimigo conhece as cobiças humanas em detalhes; é consorte delas. Assim, não nega cabalmente a doutrina de Cristo, sob pena de perder a atenção dos mais escrupulosos; antes, perverte um pouco aqui, outro ali, de modo que, paulatinamente a doutrina vá perdendo a pureza; faz isso usando vidas humanas que estão sob seu domínio.

Implementa seu trabalho sujo, “... pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizadas as suas próprias consciências.”

Alguns desavisados acreditam que os humanos são inocentes, dado que, “não temos que lutar contra a carne e o sangue.” Como se, isso significasse que a culpa pelos erros fosse exclusivamente dos demônios.

Eles são os mentores. Homens hipócritas que os servem, são obreiros a serviço da oposição. O diabo aviva neles, orgulho, vaidade, autonomia, desejo de sucesso, aceitação; movidos desses “insumos”, caçam os incautos; desconectados da Voz do Espírito à qual, abandonaram, temperam seus descaminhos segundo os paladares próprios, e os dos tolos que lhes ouvem.

Por isso, “virá o tempo em que não suportarão à sã doutrina; mas tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Como as coisas tendem a progredir com o curso do tempo, o que começara como tênue alteração, cresce para um estágio maior, avança para a mudança total, por fim, acaba em dissolução. Esse processo não demanda muito tempo; viça à medida que os que deveriam estar vigilantes, adormecem. Judas identificara o mesmo “prontinho”, nos seus dias; “... convertem em dissolução a Graça de Deus, negam a Deus, Único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd v 4

Entre negar a si mesmos pela obediência, e negar ao Espírito Santo nas consciências, pela ímpia conveniência, esses escolhem a segunda opção. Aos ouvidos incautos, ineptos para valorar as coisas no âmbito espiritual, os proponentes de facilidades serão sempre mais “amorosos” que os que apontam ao “caminho estreito”.

Também amor e ódio, precisam de sintonia fina, se não quisermos ser enganados, quanto às suas presenças, ou não; A Palavra ensina: “Leais são as feridas feitas pelo amigo; mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;6

Pois, se servir a Cristo requer renúncia, “Negue a si mesmo”, a apostasia, após o conhecimento da verdade também demanda que se renuncie algo; que se deixe de ouvir a Voz do Espírito Santo, o qual fala em nossas consciências, valorando escolhas, fazendo-nos, apreciá-las segundo Deus, para ouvir facilidades falsas, de origem espúria.

Para afundar tanto assim, depois de ter renascido e aprendido de Cristo, carece o suicida em apreço, renunciar à consciência reiteradas vezes, até que ela cauterize e deixe de lhe falar.

Para atingir tal “estatura” na obra do canhoto, o homem necessita ser hipócrita; primeiro, fingindo não ouvir o que ouviu do Senhor; depois, ensinando algo que sabe que hauriu de fonte espúria.

Como o mentor dos tais é aquele que cega, quanto mais se aprofundam os servos dele, menos enxergam; acabam obrando para tolher o conhecimento do Santo, invés de disseminar.

Os que seguem fiéis ao Eterno, são capacitados para o devido contraponto, justo, nessa esfera; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.” II Cor 10;4 e 5

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Sinais


“O que guardar o mandamento guardará sua alma...”

A ideia vulgar é que os mandamentos são meras proibições, como se, O Eterno fosse sádico e nos quisesse ver “comendo do ruim.”

Nada mais distante da verdade. Assim como o conjunto de sinais, ao longo dos caminhos terrestres, são para os viajantes, os Divinos mandamentos para quem deseja se conduzir bem, na estrada da vida.

Aqueles, advertem dos perigos, prescrevem como nos conduzir em cada trecho. Ninguém reclama pela existência da sinalização. Antes, quando, determinado caminho está mal sinalizado, expondo viajantes a perigos, tende a haver reclamações junto às autoridades pelo desleixo comprometedor para com as vidas humanas.

Se tivermos em mente que os Divinos preceitos são as “placas” a orientar nosso percurso rumo à vida eterna, seremos gratos por eles, invés de reclamar.

Assim como, o que observar prudentemente os sinais de trânsito, tende a se conduzir de modo seguro, também o que for zeloso dos Divinos preceitos, bem ordenará seu caminho. “O que guardar o mandamento guardará sua alma...”

Desde a antiga Aliança, O Eterno expôs os motivos, para os limites que prescreveu aos Seus: “Agora, pois, ó Israel, o que é que O Senhor teu Deus pede de ti, senão, que temas ao Senhor teu Deus, que andes em todos os Seus caminhos, ames e sirvas ao Senhor teu Deus, com todo teu coração, toda tua alma, que guardes os mandamentos do Senhor, Seus estatutos que hoje te ordeno para o teu bem?” Deut 10;12 e 13 Ordenou minuciosamente o quê, e depois explicou o porquê; “para teu bem.”

Como cercas protetoras no entorno de lugares altos, que são colocadas ali para proteger às pessoas para que não caiam, o que lhes seria fatal, assim, os preceitos do Senhor. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8;5

Quando A Palavra figura o caminho da vida como estreito, e as renúncias necessárias como “jugo”, o faz em atenção à nossa natureza e as suas perversas e suicidas inclinações. “Pois Ele conhece nossa estrutura e lembra-se que somos pó.” Sal 103;14

No que concerne à perspectiva espiritual, o caminho é apenas limpo, santo; mas pela vigência das más inclinações em nós, o necessário tolher dessas, reconfigura o caminho como estreito, e as escolhas espirituais como renúncias. Quanto à carne está dito: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua morte?” Rom 6;3 Da vida espiritual a apreciação é outra: “Porque segundo o homem interior, (espiritual) tenho prazer na Lei de Deus.” Rom 7;22

Pedro alista virtudes que devemos desenvolver ao longo da caminhada ruma à casa do Pai: “... Acrescentai à vossa fé a virtude, à virtude, a ciência, à ciência, a temperança, à temperança, a paciência, à paciência, a piedade, à piedade, o amor fraternal.” II Ped 1;5 a 7

Esse conjunto de coisas é vital para que trabalhemos nossa vida espiritual, e possamos ser instrumentos de Deus para geração de outras vidas. “Porque, se em vós houver e abundarem essas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.” V 8

Pelo exercício nesses bens, pouco a pouco isso se torna o novo normal; o que fora renúncia difícil, enseja alento, prazer; e a vereda que soara demasiado estreita, começa a ganhar amplitude. “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada, no Reino Eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” V 11

Assim como o aprendiz dum instrumento de cordas, um violão, por exemplo, no início mal consegue aferir os dedos no devido local, de modo a produzir um som nítido, mas com o tempo e exercício, aprimora-se e consegue tocar harmonias mui rebuscadas sem sequer olhar para o instrumento, assim a edificação, o aprendizado espiritual.

As coisas difíceis, tanto na esfera prática, quanto, do entendimento, discernimento, pouco a pouco, passam a ser “naturais” se formos bons ouvintes, e sobretudo, praticantes do que ouvimos. Nossa dieta espiritual vai progredindo, à medida que a vida espiritual cresce; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados, para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14

“Perfeitos” aqui deve ser entendido como espiritualmente maduros, não, isentos de falhas, como apenas O Senhor É.

Enfim, carecemos nos submeter aos mandamentos, mesmo quando isso parece algo difícil, ruim, até; pelo exercício contínuo na obediência, acharemos deleites onde inicialmente houve pesos; por fim, a eterna recompensa. “... exercita a ti mesmo em piedade... a piedade para tudo é proveitosa tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8
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