quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O Processo


“Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;3

Óbvio que, “melhor” refere-se ao resultado; “faz melhor o coração”; embora, sentir mágoas, tristeza, seja pior, do que sentir alegria.

Os efeitos colaterais das tristezas, não são necessários; não basta que alguém as sofra, para que, por isso, torne-se uma pessoa melhor. O concurso da índole, das escolhas em face às dores, é muito importante também.

Eventualmente, deparo com uma frase que me faz pensar: “Antes de falar de mim, calce minhas botas, passe pelo que passei, sofra o que sofri.” Não sei o que a dita pessoa passou; mas, subentende-se que sofreu bastante.

Se não me engano foi Cícero que disse: “Os homens são como o vinho; uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.”

Óbvio que o tempo não labora sozinho; nas suas teias, os males da vida, incompreensões, privações, dores físicas, emocionais concorrem para um dos dois resultados previstos.

O “vinho que o tempo apura” requer a boa índole; quem aprende com as dores, tendo vivido “in loco” o mal que elas fazem, evita de ser causador delas, contra outrem.

Os que viram vinagre são pessoas amargas, ácidas, que invés de terem aprendido, melhorado durando o concurso das privações, são ressentidas, arrogantes, pretenciosas; quando falam deixam patente a impressão que continuam vítimas; que a vida lhes deve algo. Inclusive a frase em apreço é vertida do ácido acético de almas carentes de cura. Assim, a amostra, deixa evidente que, elas não aproveitaram os aprendizados possíveis, ao terem passado por estreitamentos na vida.

Além de que, uma frase feita, de alheia autoria, tende a refletir as experiências do autor; não, necessariamente, de quem se identificou em parte com dito e resolveu partilhar o todo. O que as pessoas mais se identificam é com qualquer malcriação feita, que mande os outros para bem longe, exceto, os que as bajulam.

Ora, quando alguém fala mal de nós, (ninguém se importa se falar bem) duas coisas são possíveis: Uma; ele está certo. Em algum momento agimos mal, e ele viu e nos denuncia por aquilo que viu; nesse caso, a culpa é nossa. Outra; ele está errado. Seu apreço não bate com a realidade, antes, verte de inveja, calúnia, despeito da dita pessoa; nesse caso, quem está doente é ele. Acaso devo sofrer as doenças alheias?

Claro que sermos alvo da maldade dos outros incomoda; mas não ao ponto de perdermos nossa paz; de descermos ao nível deles; caso, já galgamos um patamar mais alto no aperfeiçoamento de nossas almas. Se um cão te morder, não vais revidar mordendo-o também. Assim, não é sábio darmos às coisas subterrâneas, o mesmo espaço que damos às plantas do jardim.

Se alguém que sofreu bastante presume que, por isso se fez um intocável, está acima das críticas, que a vida lhe deve alturas especiais, perdeu a chance de haurir as porções medicinais das tristezas, que purgariam sua alma de muitos males; escolheu as sobras do ressentimento, que costumam se fazer fertilizantes para os ditos males. Optou pelo vinagre tendo meios para se tornar vinho.

As melhores pessoas, as que deveras aprenderam com as dores sofridas, em geral estão ocupadas com um íntimo anseio por aperfeiçoamento, buscando melhorar ainda mais. Têm alvos mais nobres que, afastar a pedradas, eventuais críticos.

As que, como o porco-espinho, não dão um passo sem a ostensiva exibição de suas “defesas” precisam urgente, descalçarem as botas do amor-próprio desmedido, e considerar a hipótese de existir outras formas de vida, após seus umbigos.

Muito do que os sem noção colocam na prateleira das dores da vida, ficaria melhor se guardado na gaveta das consequências. Fizeram escolhas errôneas, se perderam nos largos caminhos dos vícios; nada tendo aprendido, agora, melindrosos nos desafiam a “colocarmos suas botas.”

Qual o sentido de fugirmos da polícia, o carrearmos drogas para induzirmos as pessoas incautas aos vícios? Nosso aprendizado pode prescindir de “lições” assim.

Certo que as más ações precisam colher aflições, não, gozo; não combinaria com a Sabedoria e Prudência do Criador, que nos criou para a virtude, que encontrássemos nossa realização nas poluídas águas dos vícios. Assim, diz: “Eis que te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Ele perdoa todos, os que se arrependem e decidem mudar de vida; mas, demanda santificação, câmbio de rumos, aprendizado.

Quem, dizendo-se do Senhor, inda usa armas da carne para combater contra os que, pelo espírito visam ensinar, deixa patente que as dores ainda têm trabalho a fazer em sua alma. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9:18

A Lei de Cristo


“... Está escrito...” Luc 4:4

O contexto permite ver que, alude À Palavra de Deus; o que nela está escrito foi evocado pelo Senhor, em seu embate contra Satanás.

Embora, as Sagradas Escrituras sejam legítimo tribunal de apelação para dirimir dúvidas de cunho espiritual, não devemos levar às últimas consequência tudo o que está escrito, sem a devida compreensão do contexto e do propósito para o qual, determinada porção foi escrita.

Muitas coisas foram postas como sendo uma luz profética apontando para fatos que se cumpririam em Cristo. Mesmo A Lei de Deus, que segundo Paulo, nos serviu de aio para nos conduzir A Cristo, O Salvador.

Embora seus princípios permaneçam válidos, houve alterações; o Sábado foi abolido. A Lei dizia: “Não farás nele obra nenhuma.” Ex 20;10 O Salvador disse: “É lícito fazer o bem no sábado.” Mat 12;12

Honrar pai e mão sempre será necessário aos Divinos Olhos; o “não matarás” foi aperfeiçoado; ver Mat 5;22 assim como, o “não adulterarás” Mat 5;28. Ter outros deuses segue vetado; fabricar e adorar imagens, cobiçar, matar, roubar, dar falso testemunho idem. O sacrifício de animais, para perdão dos pecados, depois de Cristo, foi ultrapassado.

Por que essas mudanças? A Palavra explica: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12 Saímos do sacerdócio temporal de Levi, para o Eterno, de Cristo.

Se a “purificação” lograda segundo a Lei era meramente aparente, ritual, em Cristo é mais profunda. A Palavra explica: “Se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9:13 e 14

Antes era algo externo, agora devem ser purificadas as consciências; assim, quem imagina que a Lei era rigorosa em suas demandas, e a Graça é permissiva, leniente, não entendeu nada ainda.

Nos basta ver a pena pela transgressão de uma ou outra, para entender qual a mais séria; “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28 e 29

Aquelas coisas rudimentares apontavam para outras melhores em seu futuro. A Lei não aperfeiçoava; era uma “sombra” de algo que estava por vir, que aperfeiçoaria; “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferece cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Heb 10:1

A mesma Palavra pontua onde e quando mudou; “Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção.” Heb 9:11 e 12

Ele veio cumprir a Lei. Cumpriu integralmente e deixou novos mandamentos. “... fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado;” Mat 28:19 e 20

Paulo chamou de “... lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus...” Rom 8:2

Como o objeto da purificação, agora, é nossa consciência, já não há apenas um rígido código escrito ao qual devamos recorrer em caso de dúvidas; além do que está escrito, vige o que está sendo escrito pelo Espírito em nossos entendimentos. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele...” Is 30:21 

Até o que escrevemos com nossos lábios, nas sentenças que proferimos contra outros, será usado em juízo contra nós; “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37

Os que precisam arranjar explicações, atenuantes “cristãs”, para o que costumam fazer demonstram, que, estão ferindo as leis das ordens internas. Aquele que se defende antes de ser atacado externamente, o faz porque está sendo denunciado pela voz da própria consciência.

Perante a sociedade tudo pode se impor no grito, na marra, no bandeiraço, passeata, lacração. Ante Aquele que sonda os corações perscruta o íntimo do ser humano, a nudez das escolhas perversas estará patente; onde e quando, a voz do espírito foi ignorada. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” Rom 14:22

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Luz no painel


“Ele é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

“... Sábio de coração...”
Coração não é o órgão, estritamente. Deus É Espírito; seria impensável que tivesse um coração, como nós. Mesmo se tratando de nós, “coração” é uma figura de linguagem, que abarca o centro de nossa personalidade; mente emoção e vontade, coisas que “patrocinam” nossas atitudes, como disse o sábio Salomão. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Nosso coração, pois, é um manancial de onde jorram as iniciativas do nosso viver.

Quando algo é feito superficialmente, sem compromisso com essas fontes, o que pensamos, sentimos e decidimos, se diz que foi da boca pra fora, sem coração. De muitos dos Seus dias, Cristo falou: “Este povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.”

Se, essas falsificações são possíveis ao pecador, no caso do Eterno, falar algo sem coração, prometer e não fazer, significaria a própria negação. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tm 2:13

Devemos negar a nós mesmos em submissão a Cristo, pelo estrago que a queda fez; “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos; segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Nele, por causa da Sua Integridade e Perfeição, a perenidade se faz necessária; “Toda boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1:17

“... Forte em poder...”
Quando pensamos em poder, presto assoma a ideia da capacidade para fazer grandes coisas, comandar, ordenar. São nuances de poder; entretanto, no mundo como está, sobretudo nos ambientes religiosos que tomam sobre si O Nome do Santo, é mais admirável O Poder Divino de suportar as ofensas sem puni-las imediatamente, que, poder para fazer algo.

A ira humana costuma eclodir num arroubo imediato. Dado o motivo, “chutamos o balde”, damos “nomes aos bois”, “colocamos fogo no circo”, etc. Não significa que estejamos certos. A Palavra ensina: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4:26 e 27 Não é mandamento; é permissão.

A Ira Divina, pelo Poder do Eterno em sofrer afrontas, é como uma “poupança” que os ímpios fazem; cada dia lançam novos depósitos, aumentando a conta, que, será “sacada” de uma vez; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

“... quem se endureceu contra Ele...”
“se endureceu” traz a ideia de que a pessoa precisa agir contra si mesma, antes de o fazer, contra Deus. Há uma centelha Divina até nos ímpios, chamada consciência que, se ouvida faculta quem a ouve, agir segundo Deus; “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2:15

Logo, para alguém endurecer contra Deus, carece antes fazer isso consigo mesmo; resistir aos Divinos apontes que tentam separar a virtude do vício; esses obram valorando anseios inda antes de serem praticados; a resistência reiterada em obedecer, apaga a centelha; então se diz que nos tais, a consciência cauterizou.

Como, na conversão, quem nega a si mesmo pela obediência a Cristo renasce, tem seu espírito e consciência vivificados, quem endurece para com Deus, fecha-se ao dom da vida, encomenda a própria alma, à morte.

“... quem se endureceu para com Ele e teve paz?” A paz não é uma “cor primária;”, deriva de causas alheias a ela, como ensinou Isaías: “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32:17

Quando eu rejeito a ouvir Deus, coloco em lugar Dele a sugestão de autonomia do Capeta; acaso é justo que eu, que nada tive com minha existência, seja o mentor da minha vida, invés do Senhor que a Criou?

E quando tento “funcionar” diverso do propósito original, alguma anomalia surgirá no “sistema.” A falta de paz é a luz no painel, avisando que algo não está operando correto.

A inquietação denuncia a ímpia postura; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo; não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” 57:20 e 21

A vera paz é um patrimônio íntimo, do espírito; calmaria derivada das circunstâncias até o ímpio frui, eventualmente.

Obsessão sexual


“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? não estão aqui conosco suas irmãs? Escandalizavam-se Nele.” Mc 6:3

Por Jesus operar os milagres que operava, sendo conhecido com sua família, escandalizava; O Mestre viu naquilo, desonra; “... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes, e na sua casa.” V 4

Quatro irmãos dele são citados nominalmente, e “irmãs”; o que supõe, no mínimo, duas. Fez parte de uma família normal. O respeito de José pela missão excepcional dada a Maria pelo Eterno requeria que ele não a tocasse maritalmente até o nascimento do filho. Depois a vida seguiu seu curso. “José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara; recebeu sua mulher; e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito...” Mat 1:24 e 25

Para o catolicismo, Maria seguiu virgem para sempre. Talvez, pela ideia errônea que o pecado original seja o sexo; como ela era santa, criaram um dogma que padece na orfandade, por falta de filiação bíblica. Não é necessário que alguém seja casto para que seja santo. Basta que sua vida sexual se dê, dentro dos parâmetros Divinos.

Dizem os defensores do referido dogma, que os “irmãos” de Jesus seriam meros parentes. Assim eram chamados, num sentido amplo, os que vinham da mesma linhagem sanguínea.

De fato, havia menção de um líder, uma tribo, e os demais eram alistados como irmãos. “Seus irmãos, os levitas, foram postos para todo ministério do tabernáculo da casa de Deus.” I Cr 6:48

Isso quando se tratava de citação genérica. Há distinção entre “parentes” e irmãos, como vemos nos versos acima.

Quando são citados pelos nomes, um a um, isso elimina a ideia de uma menção genérica, por tratar-se de uma abordagem estrita. Além do que, quando quis se referir à prima de Maria, Isabel, o Anjo a chamou assim, invés de chamar de irmã, uma vez que era da parentela. “Eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice...” Luc 1:36

Houve um momento em que os irmãos dele, escandalizados com as coisas que Ele dizia e fazia, concluíram que Ele estava fora da casinha, precisava ser detido; “Quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Mc 3:21

Só teriam esses “escrúpulos” os da família; “se Ele seguir assim, o que pensarão de nós?” Caso fosse apenas da parentela, a “culpa” sendo diluída entre muitos, causaria menos pejo.

Quando a “comissão para zelo da honra da família” chegou onde Jesus estava, sabendo Ele, da intenção pela qual o buscavam, ignorou-os solenemente. “Chegaram, então, seus irmãos sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que Tua mãe e Teus irmãos Te procuram, estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele, disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.” Mc 3:31 a 35

Dada a errônea e indevida intenção da “comissão familiar” o Senhor abstraiu os laços sanguíneos, e guindou o parentesco para o âmbito espiritual. “qualquer que fizer a vontade de Deus, é Meu irmão...” Naquele momento, seus irmãos de sangue se opunham à Vontade Divina.

A obsessão pelo sexo, como vimos, fez com que, adotassem a errada ideia que o pecado original fosse o tal. Na verdade, foi apenas a desobediência. A mulher pecou sozinha; depois, convenceu seu marido a fazer o mesmo, o que elimina o ato conjugal, por óbvias razões.

O que é a imposição do celibato, senão, um desdobramento mais, dessa obsessão? Se alguém quiser “se fazer eunuco” por amor ao Reino de Deus, que o faça, voluntariamente, não, obrigado. Paulo era celibatário. “Porque quereria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem de Deus seu próprio dom... se não podem conter-se, casem-se.” I Cor7:7 e 9

Quando uma igreja decide que pode alterar, suprimir ou suplementar A Palavra de Deus, onde, quando, irá parar? No lado oposto da antiga obsessão, o “Papa” pretende abençoar uniões homoafetivas. Muitos que, concordaram com outras alterações da Palavra, achando que a Igreja podia, agora reclamam dos “avanços” do Papa.

Como sempre tivemos os limites da Palavra como muralha intransponível, seguimos no mesmo lugar. Não damos a Maria, funções que A Palavra não dá; é nosso modo de respeitar a ambas; nem às perversões sexuais, um nome diferente ao que a Bíblia já deu. O erro seguirá sendo erro, mesmo que todos o endossem.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Acessórios da Luz


“Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará e a inteligência te conservará;” Prov 2:10 e 11

“Quando a sabedoria entrar no teu coração...”
Postar verdades profundas que copiamos de acolá e colamos aqui, não requer que nos aprofundemos. Para uma abordagem superficial assim, não carecemos que verdades entrem no nosso cérebro, nem no coração.

Basta que as coisas nos pareçam interessantes, para que as “entreguemos” a outrem, como quem passa o bastão numa corrida de revezamento.

Mera repetição descompromissada de sentenças, filosóficas, espirituais, era o “Control V” da época. Cristo acusou os religiosos dos Seus dias, de falazes superficiais, sem compromisso com a verdade; “Este povo se aproxima de Mim com sua boca; Me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de mim.” Mat 15:8

A porta de acesso à sabedoria, requer como primeiro passo, algo que despreza a superficialidade artificial, tendo em mente que sua fonte é O Eterno; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1:7

O temor do Senhor nos leva a prezarmos as coisas que Ele ensina mediante Sua Palavra; por isso, seu nexo com a sabedoria. “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119:11

“... o conhecimento for agradável à tua alma...”
tendemos a nos agradar daquilo que nos traz aprovação, elogios; no entanto, o conhecimento de, como somos, à luz de Deus, não costuma ser agradável, em face do que nos mostra. Muitas coisas “inocentes” das quais gostamos, são definidas como réprobas aos Olhos Divinos. Ver-se alguém, no espelho pode ser agradável, estando esse, “bem na foto”; todavia, estando em maus lençóis, nossa feiura aparecerá. Ante O Santo, todos estamos mal; “não há um justo sequer.” Rom 3;10

Vistas as próprias falhas, duas alternativas se apresentarão. Quem ama a verdade se entristecerá, por estar mui aquém do que deveria; arrependido, pensará em mudar; o amante de si mesmo se ressentirá contra o ensino, até mesmo, contra quem ensina, como aconteceu nos dias do Mestre.

“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:19 e 20

Felizes os que conseguem ver as dádivas Divinas como elas são; com amor pela verdade, acima do amor próprio! “A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19:7 a 9

“... o bom siso te guardará...”
um sinônimo para bom senso, agir com sensatez, equilíbrio, antevisão das consequências. Aos cristãos de Éfeso foi recomendado: “Por isso não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor.” Ef 5:17

Tendo entendido pela Luz da Doutrina de Cristo, que não somos do mundo, embora estejamos nele, que devemos negar a nós mesmos em favor da submissão ao Senhor, não seria sensato seguirmos andando conforme o mundo, com suas devassidões, incredulidades, valores invertidos.

O preceito traz: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

Como uma antiga couraça, apenas vestindo-a o guerreiro estava protegido contra dardos e outras armas, assim A Palavra de Deus; apenas praticando-a estaremos por ela guardados da perdição.

“... a inteligência te conservará.” A inteligência em si é uma faculdade neutra; serve ao ateu, ao incrédulo, ao cristão. Porém a serviço do espírito, meditando nas coisas eternas, guinda-nos a um upgrade impensável, por trazer profundezas insondáveis para a mente comum, ao domínio daquele que medita no Senhor; “Tenho mais entendimento que todos os meus mestres, porque os Teus testemunhos são minha meditação.” Sal 119:99

Se a inteligência apenas, não logra alcançar às profundezas de Deus, carece de revelação, submissa ao Espírito Santo, será capacitada a fazer as melhores aplicações, das dádivas que receber.

A revelação ensina que ficarão de fora do Reino, os mentirosos; a sabedoria convence-nos a não mentir; a inteligência possibilita vermos a diferença entre uma e outra.

Oportunamente, faculta as melhores escolhas; “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.” Bertrand Russell.

Alucinados


“Também vi que todo trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo...” Ecl 4:4

Dizem: Ninguém joga pedras em árvore que não tenha frutos. Ou seja: Ninguém invejaria ao obtuso, bisonho, sem nenhuma habilidade. Todavia, a qualidade, a destreza em determinadas obras, costuma atrair aquela admiração maquiada, a inveja.

Um dos pecados mais antigos, superado talvez, em precocidade, apenas pela mentira e a desobediência.

Quando Abel e Caim decidiram prestar culto ao Senhor, cada um à sua maneira, pelo fato de O Eterno ter aceito a Abel e suas oferendas, e rejeitado a Caim, a inveja desse assomou de tal forma, que lhe desfigurou o rosto.

“Aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; atentou o Senhor para Abel e para sua oferta. Mas, para Caim e sua oferta não atentou. Irou-se Caim fortemente, descaiu-lhe o semblante. O Senhor disse a Caim: Por que te iraste? Por que descaiu teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? Se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4:3 a 7

Alguns teólogos especulam que a aceitação de um e rejeição de outro foi pelo tipo da oferta de cada um; Abel trouxe uma ovelha, e Caim frutos da terra. A necessidade de sangue para a reconciliação do homem com Deus, deveria ser tipificada desde então.

Com devido respeito, me permito discordar. Ofertas de cereais eram aceitas pelo Senhor, basta ler o Levítico. O motivo da distinção entre um e outro, não tem a ver com suas ofertas; antes com suas motivações. Basta observarmos o texto; O Senhor olhou antes para a pessoa, depois, para sua oferta. “Atentou O Senhor para Abel e, sua oferta; mas para Caim e sua oferta, não atentou...”

Que a situação espiritual do ofertante vem antes da oferta, O Salvador ensinou: “Portanto, se trouxeres tua oferta ao altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar tua oferta; vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; depois, vem e apresenta tua oferta.” Mat 5:23 e 24 Não pretendas estar em paz com Deus, estando em guerra com o semelhante.

João acrescentou; “Se alguém diz: Eu amo Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” Jo 4:20

Ao meu ver, pois, Abel manifestara gratidão a Deus, adoração, esse fora seu motivo; ao passo que, Caim, fora a emulação o ciúme do irmão que o levara a cultuar também; seu motivo era mesquinho, rivalidade, competição; Deus não aceitou para Si, aquilo que, a rigor não era para Ele.

“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” Perguntou O Criador ao indignado Caim. Em geral, o invejoso deseja a aprovação que seu invejado recebe, sem fazer as mesmas coisas. Anseia ser igual ou superior nos louvores, sem apresentar dignos motivos para isso.

Mas, se a inveja é tão grave assim, por que não aparece nos Dez Mandamentos? Não temos um que vete: Não invejarás.

Ora, tanto o falso testemunho pode derivar da inveja, quanto, a cobiça; e temos dois mandamentos vetando essas coisas; portanto, a Lei de Deus se encarregava de remover à inveja pelas raízes.

Acaso não foi a inveja pela aceitação popular que Jesus recebia que acendia aos brios dos religiosos de Sua época. Até Pilatos que observava de fora sabia que não era a justiça o motivo do clamor deles, contra O Salvador. “Porque ele bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” Mac 15:10

O que motiva ao traíra, a impor na marra, um império global, uma religião apenas; a suplementação de sua falta de onisciência mediante a tecnologia, senão, sua inveja de Deus?

Isaías retratou os desejos do coração poluído dele; “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono, no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14:12 a 14

A admiração nos convida a nos identificarmos, a sermos parecidos com aquele a quem admiramos; a inveja forja competição, desejo de ter o que não nos pertence. 

Quem se nega a ver as coisas como são, se faz refém de alucinações doentias, num escapismo da realidade, preferindo a futilidade das ilusões.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Os ventos; a palha


“... assopraram ventos, combateram aquela casa e caiu; foi grande sua queda.” Mat 7:27

Em geral, quando pensamos em nossas “casas”, testadas pelos ventos, cogitamos provações de cunho particular; maledicências, privações, incompreensões, carências, enfermidades, etc. Essas coisas todas acontecem; mas, os ventos que colocam a prova a nossa fé vão muito além das incidências pessoais.

Preceituando a necessidade de aprendizado para a edificação, Paulo apontou o alvo e o motivo: Devemos crescer, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que, não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:13 e 14

A negligência nisso foi constatada entre os hebreus, e eles levaram um puxão de orelhas bem rígido; “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.” Heb 5:11 a 13

Ventos de doutrinas sopram continuamente; fazem enormes estragos nas nossas caminhadas espirituais, caso não estejamos devidamente edificados em Cristo.

O obreiro preparado se faz uma barreira contra as poluídas águas das heresias; porém, o que foi relapso, facilmente pode ser cooptado por doutrinas espúrias; presto se fará um divulgador dos enganos aos quais capitulou.

Veja diuturnamente, gente que nada aprendeu quando deveria, agora, refém de um simulacro sem vida, ensinado o que pensa saber, estando na estúpida posse do “brinquedo novo”, mais distante de Cristo do que antes, quando era apenas omisso.

Sinto vergonha alheia, quando ouço que um “evangélico” finalmente descobriu a “verdade” no catolicismo; outro, enfim, “entendeu” que deveria guardar o sábado; um terceiro “aprende” que os dízimos eram coisas do Antigo Testamento; após ele, aquele que, finalmente descobriu o “Nome Verdadeiro” do Eterno, passando a atacar, desfazer dos que não esposam o que “só ele sabe”; isso sem mencionar as falácias amorosas das tais “Igrejas inclusivas”.

À sombra de alguma dessas perversões doutrinárias, certamente buscará abrigo, aquele que, por relapso, deixou de buscar a edificação em Cristo, no devido tempo. Ventos testando a casa que, deveria estar na Rocha, mas, os fatos mostram que estava na areia.

Paulo foi categórico: “Não vos movais facilmente do vosso entendimento...” II Tess 2;2 O contexto era o da volta do Senhor; mas, certamente se aplica, o conselho, sobre a permanência na doutrina aprendida, como disse noutra parte: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1:8

Não há novidades teológicas a serem descobertas. Tudo o que era necessário foi dado em tempo; ensinado, estabelecido pela Doutrina dos apóstolos. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3:11

Antigo é esse conselho: “Teme ao Senhor, filho meu, e ao rei; não te ponhas com os que buscam mudanças, porque de repente se levantará a sua destruição; a ruína de ambos, quem o sabe?” Prov 24:21 e 22

Desde os dias iniciais da Igreja, os ataques a ela começaram mediante infiltrados; foi preceituado o devido combate, em defesa da sanidade da fé. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

A novidade desejável, necessária, tem a ver com os frutos da transformação operada em nós por Cristo; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós em novidade de vida.” Rom 6:4

É muito mais fácil mudar nuances da fé, denominação, doutrina, que mudar o caráter pelas renúncias necessárias em submissão a Cristo. Esse tipo de mudanças, geralmente conta com incentivos externos; de gente de caminhos errôneos, e ousadas pretensões; cegos pretendendo guiar outros cegos.

Quem pretende acessar venturas na eternidade pelos degraus das facilidades, trai a si mesmo, sem fazer distinção entre o valioso e o vulgar. “... aquele que tem a Minha Palavra, fale Minha Palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.” Jr 23:28