quarta-feira, 21 de junho de 2023

A demora de Deus


“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Os hebreus estavam desanimando, na iminência de recuar, apostatar da fé; então, o autor evocou o começo deles; “Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, fostes participantes com os que assim foram tratados.” vs 32 e 33

Se, no prisma dos que mudam de vida por Cristo, o passado não importa, “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo..” Fp 3;13 e 14

No dos que, começaram bem e vacilam, aquele bom começo deve ser lembrado, para que o ânimo, então latente, torne a despertar. A certa igreja foi cobrado esse retorno: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras...” Apoc 2;4 e 5

Esse mundo corre sem tempo para refletir; segue sua desabalada carreira a competir com as sombras; os meios são modernizados a cada dia; os fins? se recusam a perguntar, onde essa insanidade veloz nos levará. As máquinas treinadas por mãos astutas são pródigas em saciar sede de coisas, para maquiar que, no fundo as pessoas têm sede de vida.

A velocidade virtual, com sua difusão de cultura inútil, mesclada a algumas coisas úteis para disfarçar, tem cansado às almas humanas, numa carreira sem meta. Essa “corrida” estraga também o andar de poucos que ainda ousam na vereda da fé; pois, como tudo é célere nesse sistema amoral, muitos devaneiam com a mesma rapidez no tocante ao usufruto das coisas espirituais.

“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”

Se, nossas bênçãos maiores vêm “depois de termos feito a Vontade de Deus...” Como elas irão ao encontro dos que, recusam-se a pagar o preço das renúncias para conhecê-la? Paulo ensina: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas sede transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Duas condicionais, pois; o tempo para sermos abençoados não é um curso de tempo, estritamente; antes, é o tempo necessário para que aprendamos à Vontade Divina, e a pratiquemos. Depois disso, poderemos esperar a “promessa”; O Eterno não se responsabiliza pelos desejos, devaneios; antes, pelo que prometeu.

Quando diz que, “todas as coisas são possíveis ao que crê”, atrela isso à certeza de que, os que creem verdadeiramente, não pedirão coisas opostas à Sua Vontade. “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Tudo é possível, mas nem tudo será concedido; “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam.” I Cor 10;23

No fundo, grande parte da insatisfação das pessoas que professam crer é derivada de uma relação pobre com Deus. Quanto mais Dele, houver em nós, menos coisas serão necessárias.

Como os levitas, que tinham privilégio e responsabilidade de cuidar das coisas santas, em Israel; a eles não foi dado possessões para o agro pastoreio; apenas o necessário ao ofício. “Por isso não terão herança no meio de seus irmãos; O Senhor é sua herança, como lhes tem dito.” Deut 18;2

Será que termos “apenas” O Senhor é pouco, e precisamos desejar grandezas terrenas ainda?

Não que não seja lícita a busca pelas coisas necessárias; trata-se de estabelecer prioridades pelos valores celestes, como O Salvador ensina: “buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia seu mal.” Mat 6;33 e 34

Quando nosso relacionamento com O Eterno se apequena, as causas estão sempre em nós. “... a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; os vossos pecados encobrem Seu Rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

Em casos assim, invés de parar de crer, desistir de esperar, que tal pararmos de pecar, começarmos a orar e vigiar mais? Na imensa maioria das vezes, as “demoras” de Deus são reflexos das nossas; “Por isso, O Senhor esperará, para ter misericórdia de vós...” Is 30;18

domingo, 18 de junho de 2023

Stênio e a harmonização


Dizemos que as aparências enganam; mas, vivemos como se a essência fosse um imenso deserto, onde, mesmo a sombra do engano trouxesse algum lenitivo.

Nossa dificuldade de convívio com a verdade foi explorara pela arte. Séries como “O Super Sincero” com Luiz Fernando Guimarães, e filmes como “O Mentiroso” com Jim Carrey, retrataram de forma bem-humorada, o vício de mentir para preservar aparências, a “harmonia” dos ambientes e situações. Aparência, tanto tem seu aspecto estético, quanto, psicológico.

A Bíblia também a aborda: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” Jo 7;24 Os homens dos últimos dias “Terão aparência de piedade, mas negarão sua eficácia.” II Tim 3;5

O que é um hipócrita, senão, um que cultua aparência de virtudes como cosméticos pra disfarçar as marcas dos vícios?

Nem tudo precisa ou deve ser dito, nos relacionamentos interpessoais. Podemos omitir coisas, até conviver com pequenas “mentiras” certos exageros, em nome da boa convivência. Um “super sincero” espantaria às pessoas.

Agora adotar a mentira como filosofia de vida é encomendar-se à perdição. “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44

Certo grau de vaidade todos têm. Escolhemos vestes que combinem entre si e se possível, nos realcem; mulheres, sobretudo, (no meu mundo só há homens e mulheres, agindo com tais, ou, não) usam recursos como maquiagem para melhorar a aparência, o que, dentro de certo equilíbrio, nada tem de anormal. Algumas fazem reparos mediante cirurgias plásticas até.

O assunto da vez é a dita “harmonização facial,” feita pelo ator Stênio Garcia. Mesmo estando na casa dos 90 anos, ficou com uma aparência facial que beira aos cinquenta. Aos meus olhos ficou meio esquisito. Entretanto, as variáveis do gosto são da escolha arbitrária de cada um. O problema é que o restante do corpo seguirá tendo a idade que tem, de modo que, as vantagens disso, são discutíveis. Se ele gostou...

A coisa virou assunto de muitos. Mesmo aqueles indelicados que, ao menor conselho soltam seus porcos-espinhos, “Só fale de mim quando pagares minhas contas”, passaram a fazer memes, ou partilhá-los às custas do procedimento do ator, o que, me leva a concluir que, os tais, pagam as contas dele; quiçá à harmonização até.

Normalmente cito pessoas em meus escritos; quando as critico o faço no tocante às ideias esposadas; suas escolhas de cunho pessoal não me interessam.

Pois, quem ousa expor publicamente o que pensa, precisa aprender a conviver com o contraditório, com a opinião alheia, mesmo dissidente. Aqueles que rechaçam “palpites” geralmente palpitam nas vidas de outros; não têm problemas com a apreciação alheia, quando essa, os aprova. “As pessoas lhe pedem críticas, mas elas somente querem elogios.” W. Somerset Maugham

No fundo, são narcisistas, a postos para os aplausos, e entrincheirados contra toda crítica. “Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido.” Tácito

Enfim, é fato que lidamos mal com as marcas do tempo. O que haverá em nossos corações, que desde sempre devaneamos com a fonte da juventude, ou a máquina do tempo? “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.” Ecl 3;11

Uma beleza com prazo de validade, “em seu tempo”; um anseio insaciável, “o mundo no coração”. Algumas versões trazem, a eternidade; o que explicaria a infinda sede dos humanos.

As águas para essa sede não vertem do seio da terra. Aqui recebemos certa redoma de tempo e espaço, onde e quando, devemos aprender o caminho pra Fonte; “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Na verdade, em Cristo Deus nos busca; Ele disse: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

Nele recebemos harmonização espiritual por inteiro; nascemos de novo. Nossa vida toda será regenerada conforme o projeto original.

Se nos submetermos, aprenderemos amar à justiça, nela veremos Deus, e seremos feitos parecidos com Ele. “Quanto a mim, contemplarei a Tua face na justiça; eu me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

A doentia mão do homem


“Sucedeu que, vindo a Arca da Aliança do Senhor ao arraial, todo o Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu. Os filisteus, ouvindo a voz de júbilo, disseram: Que voz de grande júbilo é esta no arraial dos hebreus? Então souberam que a Arca do Senhor era vinda ao arraial.” I Sam 4;5 e 6

A primeira batalha tinha sido nefasta para Israel; aproximadamente quatro mil homens tinham morrido. Então, alguém sugeriu que Deus não fora à peleja com eles. Decidiram buscar Sua Arca, para que, também Ele participasse da luta.

Supondo que esse arranjo bastaria para que O Eterno os socorresse, ao verem a Arca comemoraram vitória, de modo que, até os inimigos ouviram e temeram.

Acontece que, aqueles dias eram mui sombrios em Israel. A profanação do sacerdócio pelos filhos de Eli e a omissão dele em colocar as coisas no lugar tinha acendido a Ira do Senhor, que os traria a juízo, como advertira mediante ao ainda jovem Samuel. “Porque já lhe fiz saber que julgarei sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia; porque, fazendo-se seus filhos execráveis, não os repreendeu.” Cap 3;13 A omissão dos pais em educar devidamente os filhos, sobretudo, pais envolvidos no ministério, é grave.

A primeira derrota era já o começo do Divino Julgamento, pela forma profana, relapsa e descompromissada com que tinham se portado, os que, deveriam ser exemplares, as lideranças.

Se, nas horas de calmaria virarmos as costas ao Poderoso, e apenas em tempos de aflição desejarmos seu socorro, deixaremos patente o reles interesse, não, fidelidade como convém.

“Devemos consertar o telhado em dias de tempo bom” B. Franklin. Assim, quando aflições externas não nos assolam, é prudente aproveitarmos essa calmaria, para bem ordenarmos nosso relacionamento com O Eterno.

Se estivermos em comunhão com Ele, não careceremos de arranjos de emergência ante eventuais ameaças. “Então temerão o Nome do Senhor desde o poente, e Sua glória desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, O Espírito do Senhor arvorará contra ele Sua Bandeira.” Is 59;19

Se, O Senhor quisesse defender a Israel já o teria feito, sem carecer de levar a Arca da Aliança ao front; nunca se fizera isso antes. Mas, em tempos de paz viverem às suas ímpias maneiras, na hora do aperto lançaram mão de uma astúcia, como se, isso colocasse O Poderoso a pelejar por eles, não passava de uma forma requintada de idolatria.

Por que idolatria, se envolvia ao Senhor? Porque o suposto “envolvimento” não passava de uma obra das mãos humanas; uma inglória tentativa de cooptar ao Todo Poderoso, como se Ele fosse manipulável.

A idolatria é multifacetada e ocorre sempre que o braço humano visa suplementar ou substituir ao Divino; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

A gritaria que os animados soldados fizeram ao ver a Arca no front é um triste retrato da tendência idólatra das nossas almas. Somos chamados a confiar no que não vemos; porém, nosso júbilo, confiança, só eclodem quando vemos alguma coisa palpável; pois, nossa alma hemiplégica parece carecer sempre de muletas. Desse “Calibre” todos os tipos de fetiches “góspeis” que se distribui por aí; ou, o apego desordenado ao dinheiro, que o converte num detestável ídolo. “Mortificai, pois... a avareza, que é idolatria;" Col 3;5

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não vê.” Heb 11;1 “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10 “... Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” Jo 20;29

As coisas invisíveis se tornam compreensíveis pelas que vemos, se formos honestos com as informações que recebemos; “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

O usufruto de graças genéricas que descem sobre justos e injustos não é testemunho de salutar relacionamento com Deus. Agora, um modo de vida avesso à iniquidade, zeloso na busca por santificação, certamente exercita sua “eloquência” no silêncio de uma consciência sem culpas. “... O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tom 2;19

Nossas casas espirituais são testadas pelas tempestades da vida; em dias de calmaria devemos fundá-las sabiamente. “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha;” Mat 7;24

sábado, 17 de junho de 2023

Máscaras rasgadas


“Tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos; a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago e afogou-se. Aqueles que os guardavam, vendo o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.” Luc 8;33 e 34


A Obra que Jesus fizera estava sendo anunciada na cidade e nos campos. Expulsara uma legião de demônios de um habitante de Gadara; os espíritos retirantes lançaram uma vara de suínos despenhadeiro abaixo, matando-os. Será que esse assombroso Poder do Senhor sobre os demônios despertara temor piedoso nos que viram aquilo, de modo a torná-los missionários voluntários? Infelizmente, não.
Quando viram o resultado, desejaram distância Dele; “Saíram a ver o que tinha acontecido e vieram ter com Jesus. Acharam então o homem, de quem haviam saído os demônios, vestido, em seu juízo, assentado aos pés de Jesus e temeram. Os que tinham visto contaram-lhes também como fora salvo aquele endemoninhado. E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles...” Vs 35 a 37
Há uma diferença entre medo, apenas, e temor piedoso, cujos escrúpulos, são em não ferir à Santidade do Senhor, não macular Sua Glória, tampouco, envergonhar Seu Nome.
O “temor” que roga a Ele que se afaste, apenas, não passa de medo.

Talvez, o prejuízo pela morte dos porcos, fosse mais impactante para eles, que a restauração do que fora possesso. Os que se gastam em busca de bens, e negligenciam a salvação, seguem na mesma senda, até hoje. “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma...” Mat 16;26
O temor que interessa, abre-nos as portas à sabedoria que Ele mesmo lega; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1;7

Quando a atuação do Salvador parecia algo espetaculoso apenas, sem ensejar maiores responsabilidades, presto o “telefone sem fio” espalhou a notícia na cidade e nos campos.
Porém, quando viram o antigo desterrado da sociedade, que vivera entre sepulcros, liberto e em pleno juízo, tiveram medo, e desejaram distância do Mestre, por quê? Porque temos paladar fácil para as coisas que nos divertem, espantam, distraem... mas, nenhum apreço para as que nos responsabilizam.
Se o que andara nu entre sepulcros poderia estar em paz e perfeito juízo, o que seria requerido dos “cidadãos de bem” daquela comunidade? Teriam também que emendar seus caminhos? Melhor não arriscar e manter “distância segura.” Que Jesus se afaste de nossos termos. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19
O episódio da mulher adúltera que todos queriam apedrejar, ilustra essa faceta da alma humana sem noção. As falhas alheias causam excitação, curiosidade, e despertam a sanha punitiva até, quando essa puder envernizar minhas falhas, com o falso brilho do zelo religioso. Convidados pelo Senhor a se autoavaliarem antes de arremessarem a primeira pedra, logo a brincadeira perdeu a graça.
O erro mais acalentado na sociedade atual, por ser o mais palatável à natureza perversa, é que, por mais vicioso que seja o porte de alguém, por mais diversos e infames que sejam seus crimes, deve ser tratado com benevolência, afinal é uma “vítima da sociedade”.
Essa balela até pode colar nas esferas da política, onde narrativas parecem contar mais que fatos; até o inverossímil posa de verdadeiro. No prisma espiritual, o “furo é mais acima”; “não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13
Deus trata com indivíduos, para efeito de julgamento, não com abstrações como “sociedade”. A Palavra pergunta: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39 Depois adverte: “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12
Acho que esse rasgar o véu dos que tentam se ocultar em subterfúgios é um dos motivos pelos quais as almas adoecidas preferem distância do Senhor, assim como fizera Adão, ao sentir que a relação com Deus fora rompida. “Onde estás?”
Os Adões atuais pedem que Jesus se afaste, vetando o anúncio de Suas Palavras; cancelam atletas, atores, artistas, tolhendo que expressem sua fé.
Muitos infiltrados falam em “atualizar” Seus ensinos, reescrever, de modo que não choquem tanto, aos porqueiros atuais. O espetáculo da porcada descendo ladeira abaixo até pode ficar. Mas, a regeneração, a plena restauração dos possessos, a mudança de vida que ilumina e desafia aos demais, aí já seria fanatismo, fundamentalismo religioso.
“Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas. Aquele que habita nos Céus Se rirá; O Senhor zombará deles.” Sal 2;3 e 4

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Vendo a banda passar


“Eu sou eu e minhas circunstâncias.” José Ortega Y Gasset

Isso não significa que as coisas ao meu redor me moldem; antes, que tenho que lidar com elas, gostando ou não.

Quando a mentira e a desonestidade se fazem a regra para o convívio, o alinhamento social, por exemplo, quem não compactua com essas coisas, certamente não possui o pejo de parecer “desalinhado”. Então, tornar-se-á um estranho no ninho das circunstâncias.

Para esse presumido “albino”, a necessária seletividade moral o afastará de muitos ambientes, como diz no Salmo primeiro: “... não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1 Pra tal têmpera, os valores internos serão mais persuasivos que os externos.

Natural pensarmos em Ló vivendo em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, pelo que via e ouvia sobre as suas obras injustas. II Ped 2;8

As coisas ao seu redor, não influenciavam seu modo de ser, de agir; apenas tocavam em seu sentir; afligia-se. A distância moral tinha que sofrer os danos da proximidade social.

Quem sucumbe ao desejo pela aceitação social a todo custo, como os asnos apreciados pelo Pré-socrático Estobeu, prefere palha ao ouro; e esse Mário indo com os outros, ao som do berrante, suicida-se para existir, como disse Nicolai Berdiaev: “Se, nos estados puramente emocionais da massa, o eu, não sente a solidão, não é porque se comunique com um tu; antes, porque perde-se. Sua consciência e individualidade são abolidos”.

Deus nos fez ímpares; que o digam as impressões digitais. Mas, a presente geração atua como se, temesse mais o “cancelamento social” ao inferno; rasa escala de valores que O Salvador deprecia. “... Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Quando O Salvador preceituou amar ao próximo como a si mesmo, tomou o amor-próprio como ponto de partida; como referencial do amor devido ao semelhante. Se, em determinados ambientes minha “aceitação” requer que eu me anule me tonando como os demais, é porque não sou aceito. Aquele que aplaude apenas as coisas com as quais concorda, no fundo aplaude a si mesmo. Essa masturbação psicológica impossibilita um relacionamento.

O espírito do tempo atual mostra ojeriza aos fatos, aos virtuosos pelo menos; e dá largas às vãs narrativas, às falácias doentias, desde que, essas se alinhem à ideologia hegemonizante que, se impõe ao bel prazer do sistema amoral vigente. Almas prostitutas estão sempre à venda, e assaltantes do poder com as chaves dos cofres fazem e acontecem, contra os que, como Ló, tudo o que podem é afligir-se pelo que ouvem e veem.

O sentido de muitas palavras foi esterilizado pelo cautério dos interesses, e a pós-verdade qual um câncer segue espraiando-se para completar a metástase social. Maduro é democrata, o ladrão é presidente, e Dallagnol é bandido. Bolsonaro um risco, que deve ser alijado da vida pública.

Sob seu governo vivemos breve utopia de patriotismo e honestidade; a vontade social foi amordaçada por um tribunal corrupto; pois, o último bastião da moralidade, segundo se supunha, as forças armadas, se revelou cancerígeno também. Digo, contaminado pelo câncer da corrupção, sepultando a utopia de construir um país de primeiro mundo, e lançando os frustrados patriotas na vala comum do salve-se quem puder.

Não é o medo que cala nossas vozes, silencia-nos as críticas; antes a desesperança, a sensação de que seria estúpido pedir que vampiros doassem sangue. Digo, que os patifes defensores de interesses rasos, por um momento se propusessem a defender a justiça.

Quem traz em seu íntimo, depósitos de valores, não chegará à “vergonha de ser honesto”, como ironizou Ruy Barbosa. Mas, acompanhar CPIs sob a batuta majoritária de bandidos, que invés de inquirir aos suspeitos blinda-os, ouvir noticiários falaciosos de uma imprensa igualmente prostituta, cansa a beleza das almas que ainda não se venderam ao Diabo.

O consolo de quem cultivou valores virtuosos em tempo oportuno, é que, a imensa passeata dos vícios, marchando garbosa na avenida da indecência sob a batuta da imunda banda dos interesses, não basta para arrastá-lo para a avenida. Como diria Buarque, ficará de longe vendo a banda passar.

Se as circunstâncias logram ser cruéis, o tempo é juiz sóbrio e lançará na devida lata de lixo, toda a banda podre. Poderoso É O Juiz que os julga!

Enquanto os biltres fazem suas precipitadas festas no plantio, os íntegros terão seus júbilos no devido tempo, da colheita.

Paixão pelas trevas



“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

“Deus não toma em conta os tempos da ignorância” Atos 17;30
Porém, a reação obstinada contra a luz, não pode ser adjetivada dessa forma. Trata-se de uma escolha consciente, iluminada; não, de um lapso.

Por isso, a apreciação da rejeição à luz começa com aquela palavra tão sisuda: “a condenação.” Sendo a opção de alguém, pelo que Deus abomina, a quem reclamará pela sua perdição. “... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

Mudarmos algo conceitualmente, não o cambia essencialmente. O Absoluto é rocha; o relativismo, neblina. O mal segue sendo o que é, as trevas, igualmente; mesmo se lhes colocarmos os rótulos de bem, ou, de luz, respectivamente. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

Aquilo que aprovamos ou reprovamos, deriva, necessariamente de duas premissas; digo, de uma, ou outra. Uma: Alinhamos nosso querer e aprovação às coisas que Deus revelou que aprova; outra: seguimos o conselho do inimigo que mandou romper num “brado de independência”; “Sereis como Deus, vós mesmos sabereis o bem e o mal.”
Os desdobramentos podem sofrer variações, mas os princípios, não. Agiremos segundo um, ou, outro.

A fonte da qual bebemos identifica quem somos, no reino espiritual, a despeito do aplauso ou das vaias que a “torcida” mundana oferece. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

A polêmica do momento é a tentativa dos movimentos LGBTs de ingerirem nas mensagens que os cristãos pregam. O direito de eles fazerem o que quiserem de suas vidas sexuais, ninguém nega. Cada um age como desejar.

A peleja se dá porque alguns desejam colocar o quadrado e o círculo na mesma forma geométrica. Cristianismo bíblico e práticas pecaminosas são coisas que não combinam.

Não significa que cristãos não pequem; antes, que devem ouvir A Palavra de Deus como Ele revelou, e, deparando com seus erros, mudarem suas posturas, até atingirem a regeneração que Deus deseja. Isso inclui héteros e homossexuais, vale para todos. O fato de que Deus É Amor, não anula ao “vá e não peques mais” que O Salvador dizia a cada pecador que se arrependia.

Ontem ouvi o pastor Hermes Fernandes chamar de “mensageiros de Satanás” aos que denunciam o homossexualismo como um erro.

Estaria o adversário interessado em anunciar A Palavra de Deus? Ela diz: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;” Lev 18;22 “... deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Rom 1;27
“Não erreis: nem devassos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o Reino de Deus." I Cor 6;10
etc.

Segundo o pastor, o “espinho na carne” dos gays seria a “homofobia”; e os que pregam contra, seriam “mensageiros de Satanás”, aludindo a um incidente pessoal de Paulo, que usou essas figuras.

Seja o que for que o referido espinho, ou mensageiro signifiquem, mesmo orando três vezes pela remoção, Paulo não foi atendido. “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza...” II Cor 12;8 e 9

Segundo a “exegese” do pastor Hermes, pois, Paulo seria um gay que estaria orando a Deus para silenciar quem denunciava seu comportamento como sendo um erro. Mas, não foi ele que escreveu o texto citado acima, de que os tais estariam fora do Reino?

A revolta contra a luz, a defesa apaixonada pelas obras das trevas faz isso; reduz alguém que pode ser brilhante em outros aspetos da interpretação, num ser bisonho, ridículo, com limitações de um neófito.

Cegar não procede de Deus. Antes do “Deus” alternativo, o príncipe do mundo. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Longe do verdadeiro cristão o discurso de ódio! Expor-se a mercê de ataques ferrenhos, como acontece, para advertir alguém que corre risco de perdição eterna é uma ousada demonstração de amor. Não creio que mensageiros de Satanás façam isso.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Esse estranho; o amor


“Portanto, deixará o homem pai e mãe, se unirá a sua mulher e serão dois numa só carne; assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Respondeu-lhes: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim.” Mat 19;6 a 8

Os religiosos debatendo com Jesus acerca do casamento. O Senhor o colocara como monogâmico, (os dois) heterossexual (o homem se unirá à sua mulher) e indissolúvel (não separe).

Como que, tendo achado um ponto fraco na Doutrina do Mestre alguém perguntou: “Então, por que Moisés mandou dar carta de divórcio?” O Salvador ensinou que, tal concessão tinha a ver com a ruindade humana, não com o projeto original. “por causa da dureza dos vossos corações... mas, no princípio não foi assim.”

As permissões Divinas têm a ver com nossas limitações, não com Sua Vontade que é “boa, perfeita e agradável.” Rom 12;2

Se, “o amor jamais acaba”, por que tantos casamentos se desfazem diariamente, sempre sob o estigma que ele acabou?

Se nos ativermos apenas à duração do amor, sem atentarmos para as demais características poderemos ver algum simulacro dele, e confundir com o próprio. “O amor é sofredor, benigno; o amor não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” I Cor 13;4 a 8

Se essas qualidades todas estiverem presentes num relacionamento, certamente ele permanecerá. Senão, pode ser que, mera atração física, paixão, tenham sido confundidos com amor; arrefecido o calor dessas febres, juras e promessas usadas como moedas de troca em busca da conquista também alçarão voo, deixando um vácuo a testemunhar que “o amor acabou”.

Somos compostos de corpo, alma e espírito, como admoesta Paulo: “... vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” I Tess 5;23

Deus não criou o homem para fracioná-lo; toda união que Ele abençoa deve contemplar os três aspectos da personalidade humana.

Os apelos do corpo são os mais elementares, atinentes, sobretudo, às formas, aos atrativos estéticos que despertam o desejo de outro, ao apelo sensual. As qualidades de alma atinam aos gostos musicais, intelectuais, esportivos, formas de lazer várias, ambientes, viagens, etc. As afinidades espirituais requerem que ambos creiam no mesmo Deus, tenham interesses parecidos, na adoração, oração, meditação na Palavra.

Se, dois formarem uma família identificados nos três níveis, então teremos algo unido por Deus, que o homem não separará. “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” Cant 8;7

Essas celebridades que exibem coleções de casamentos, beirando a duas dezenas, invés de uma procissão de amores, como poderia parecer ao incauto, deixam patente um deserto, uma busca inglória, infrutífera, por sequer saberem direito o que buscam. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Uma característica ensinada pelo Salvador sobre os últimos dias da humanidade seria essa; o arrefecimento do amor, pelo crescimento da iniquidade. “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Mat 24;12

O efeito colateral desse lapso se daria na banalização dos casamentos. “Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca e não perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também na vinda do Filho do homem.” Mat 24;38 e 39 Banalização nos relacionamentos e alienação espiritual, infelizmente.

A dureza do coração humano precisa ser tratada, pois, para que ele seja regenerado e volte à comunhão com O Criador, como foi no princípio. O único meio possível para isso é através do feito de Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Resolvida a questão do “divórcio” com Deus, pela escravidão ao pecado, poderemos pertencer a Cristo eternamente. Não sem motivo, pois, A Palavra figura a Igreja como a Noiva de Cristo.

A dureza dos corações, no âmbito espiritual também enseja separação; não, para novo casamento, antes, para perdição. “segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5