quarta-feira, 21 de junho de 2023

A demora de Deus


“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Os hebreus estavam desanimando, na iminência de recuar, apostatar da fé; então, o autor evocou o começo deles; “Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, fostes participantes com os que assim foram tratados.” vs 32 e 33

Se, no prisma dos que mudam de vida por Cristo, o passado não importa, “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo..” Fp 3;13 e 14

No dos que, começaram bem e vacilam, aquele bom começo deve ser lembrado, para que o ânimo, então latente, torne a despertar. A certa igreja foi cobrado esse retorno: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras...” Apoc 2;4 e 5

Esse mundo corre sem tempo para refletir; segue sua desabalada carreira a competir com as sombras; os meios são modernizados a cada dia; os fins? se recusam a perguntar, onde essa insanidade veloz nos levará. As máquinas treinadas por mãos astutas são pródigas em saciar sede de coisas, para maquiar que, no fundo as pessoas têm sede de vida.

A velocidade virtual, com sua difusão de cultura inútil, mesclada a algumas coisas úteis para disfarçar, tem cansado às almas humanas, numa carreira sem meta. Essa “corrida” estraga também o andar de poucos que ainda ousam na vereda da fé; pois, como tudo é célere nesse sistema amoral, muitos devaneiam com a mesma rapidez no tocante ao usufruto das coisas espirituais.

“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”

Se, nossas bênçãos maiores vêm “depois de termos feito a Vontade de Deus...” Como elas irão ao encontro dos que, recusam-se a pagar o preço das renúncias para conhecê-la? Paulo ensina: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas sede transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Duas condicionais, pois; o tempo para sermos abençoados não é um curso de tempo, estritamente; antes, é o tempo necessário para que aprendamos à Vontade Divina, e a pratiquemos. Depois disso, poderemos esperar a “promessa”; O Eterno não se responsabiliza pelos desejos, devaneios; antes, pelo que prometeu.

Quando diz que, “todas as coisas são possíveis ao que crê”, atrela isso à certeza de que, os que creem verdadeiramente, não pedirão coisas opostas à Sua Vontade. “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Tudo é possível, mas nem tudo será concedido; “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam.” I Cor 10;23

No fundo, grande parte da insatisfação das pessoas que professam crer é derivada de uma relação pobre com Deus. Quanto mais Dele, houver em nós, menos coisas serão necessárias.

Como os levitas, que tinham privilégio e responsabilidade de cuidar das coisas santas, em Israel; a eles não foi dado possessões para o agro pastoreio; apenas o necessário ao ofício. “Por isso não terão herança no meio de seus irmãos; O Senhor é sua herança, como lhes tem dito.” Deut 18;2

Será que termos “apenas” O Senhor é pouco, e precisamos desejar grandezas terrenas ainda?

Não que não seja lícita a busca pelas coisas necessárias; trata-se de estabelecer prioridades pelos valores celestes, como O Salvador ensina: “buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia seu mal.” Mat 6;33 e 34

Quando nosso relacionamento com O Eterno se apequena, as causas estão sempre em nós. “... a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; os vossos pecados encobrem Seu Rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

Em casos assim, invés de parar de crer, desistir de esperar, que tal pararmos de pecar, começarmos a orar e vigiar mais? Na imensa maioria das vezes, as “demoras” de Deus são reflexos das nossas; “Por isso, O Senhor esperará, para ter misericórdia de vós...” Is 30;18

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