sexta-feira, 23 de junho de 2023

Nós podemos mais


“O homem sábio é forte; o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

Os filósofos fazem distinção entre potencial e atual; entre o que se pode, e o que está sendo feito. Motejando da atuação de alguém se diz: “Você pode mais do que isso.”

O verso supra foi escrito pelo homem que, a Bíblia define como sendo o mais sábio, Salomão. “O homem sábio é forte...” Então, natural afirmarmos que foi o mais forte também.

Normalmente aquilatamos como força, a capacidade de mover, suster, carregar grandes pesos. Esse é o aspecto estritamente físico. A Bíblia não o apresenta como um segundo Sansão. Sua “força” se mostrou na posse de um intelecto privilegiado.

“Disse três mil provérbios; foram os seus cânticos mil e cinco.” I Rs 4;32 “Quanto mais sábio foi o pregador, tanto mais ensinou ao povo sabedoria; atentando, esquadrinhando, compôs muitos provérbios.” Ecl 12;9

Invés de outro aspecto da força concentrou-se no da sabedoria: “O home sábio é forte...” Conhecia a origem dessa força; “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11
O Único Pastor, O Senhor é que fortalece com saber, àqueles que lhe agrada. A revelação, oriunda da mesma “Fonte” também é uma força excelente.

Quando, Nabucodonsor, aflito pela interpretação de um sonho exigiu dos intérpretes, mais que o normal; que, além de interpretar, ainda revelassem o quê, tinha sonhado, ninguém se habilitou. Furioso o rei mandou executar a todos os “sábios”. Sabedor da sentença, Daniel pediu tempo para orar e colocar perante Deus a situação.

Recebida a resposta do Altíssimo, agradeceu assim: “Ó Deus de meus pais, Te dou graças e louvo, porque me deste sabedoria e força; agora me fizeste saber o que Te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei.” Dn 2;23 Sabedoria e força, lado a lado. A revelação foi forte o bastante para poupar as vidas de muitos “sábios” porque Daniel fora iluminado.

“... o homem de conhecimento consolida a força.” Voltando à linguagem dos filósofos podemos dizer que, o home sábio pode, e o de conhecimento atua conforme pode. Consolida, se faz sólido junto ao poder que possui.

Mas, a força em si não é sólida? Não necessariamente. O concreto armado, por exemplo, na devida mistura dos elementos sustém toneladas; porém, antes de estar sólido pode ser perfurado com os dedos. Um exemplo didático de poder ainda não solidificado.

O saber requer um segundo passo, que nem sempre, quem sabe, ousa. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17 O Salvador condicionou o conhecimento da verdade, à solidez em Sua doutrina; “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Tornar o potencial em atual, deixar o que sabemos moldar o que escolheremos, é o meio de consolidar a força que recebemos. Mas, nem sempre acontece assim; na verdade, mui raramente. Quanto aos “mestres” dos Seus dias Jesus aconselhou: “Todas as coisas que vos disserem que observeis, observai-as, fazei-as; mas não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não fazem;” Mat 23;3 Aqueles também podiam mais.

O próprio Salomão, o mais privilegiado com o dom da sabedoria, no final dos seus dias agiu de modo insano. “Das nações de que o Senhor tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor... Porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, Milcom, a abominação dos amonitas. Assim fez Salomão o que parecia mal aos Olhos do Senhor; não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai.” I Rs 11;2, 5 e 6

Assim, temos um homem que foi forte, mas não consolidou sua força, antes, se deixou corromper. Sua própria sabedoria condenaria suas escolhas; já na introdução aos provérbios o pintaria como louco; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Noutra parte mencionou um sábio pobre que, embora ignorado, desprezado, no momento oportuno livrou uma cidade pela sua sabedoria; então, filosofou: “... Melhor é a sabedoria que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e suas palavras não foram ouvidas. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais que o clamor do que domina entre tolos. Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9;16 a 18

Sabedoria ainda apela: “Deixai os insensatos e vivei; andai pelo caminho do entendimento.” Prov 9;6

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