sexta-feira, 16 de junho de 2023

Vendo a banda passar


“Eu sou eu e minhas circunstâncias.” José Ortega Y Gasset

Isso não significa que as coisas ao meu redor me moldem; antes, que tenho que lidar com elas, gostando ou não.

Quando a mentira e a desonestidade se fazem a regra para o convívio, o alinhamento social, por exemplo, quem não compactua com essas coisas, certamente não possui o pejo de parecer “desalinhado”. Então, tornar-se-á um estranho no ninho das circunstâncias.

Para esse presumido “albino”, a necessária seletividade moral o afastará de muitos ambientes, como diz no Salmo primeiro: “... não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1 Pra tal têmpera, os valores internos serão mais persuasivos que os externos.

Natural pensarmos em Ló vivendo em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, pelo que via e ouvia sobre as suas obras injustas. II Ped 2;8

As coisas ao seu redor, não influenciavam seu modo de ser, de agir; apenas tocavam em seu sentir; afligia-se. A distância moral tinha que sofrer os danos da proximidade social.

Quem sucumbe ao desejo pela aceitação social a todo custo, como os asnos apreciados pelo Pré-socrático Estobeu, prefere palha ao ouro; e esse Mário indo com os outros, ao som do berrante, suicida-se para existir, como disse Nicolai Berdiaev: “Se, nos estados puramente emocionais da massa, o eu, não sente a solidão, não é porque se comunique com um tu; antes, porque perde-se. Sua consciência e individualidade são abolidos”.

Deus nos fez ímpares; que o digam as impressões digitais. Mas, a presente geração atua como se, temesse mais o “cancelamento social” ao inferno; rasa escala de valores que O Salvador deprecia. “... Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Quando O Salvador preceituou amar ao próximo como a si mesmo, tomou o amor-próprio como ponto de partida; como referencial do amor devido ao semelhante. Se, em determinados ambientes minha “aceitação” requer que eu me anule me tonando como os demais, é porque não sou aceito. Aquele que aplaude apenas as coisas com as quais concorda, no fundo aplaude a si mesmo. Essa masturbação psicológica impossibilita um relacionamento.

O espírito do tempo atual mostra ojeriza aos fatos, aos virtuosos pelo menos; e dá largas às vãs narrativas, às falácias doentias, desde que, essas se alinhem à ideologia hegemonizante que, se impõe ao bel prazer do sistema amoral vigente. Almas prostitutas estão sempre à venda, e assaltantes do poder com as chaves dos cofres fazem e acontecem, contra os que, como Ló, tudo o que podem é afligir-se pelo que ouvem e veem.

O sentido de muitas palavras foi esterilizado pelo cautério dos interesses, e a pós-verdade qual um câncer segue espraiando-se para completar a metástase social. Maduro é democrata, o ladrão é presidente, e Dallagnol é bandido. Bolsonaro um risco, que deve ser alijado da vida pública.

Sob seu governo vivemos breve utopia de patriotismo e honestidade; a vontade social foi amordaçada por um tribunal corrupto; pois, o último bastião da moralidade, segundo se supunha, as forças armadas, se revelou cancerígeno também. Digo, contaminado pelo câncer da corrupção, sepultando a utopia de construir um país de primeiro mundo, e lançando os frustrados patriotas na vala comum do salve-se quem puder.

Não é o medo que cala nossas vozes, silencia-nos as críticas; antes a desesperança, a sensação de que seria estúpido pedir que vampiros doassem sangue. Digo, que os patifes defensores de interesses rasos, por um momento se propusessem a defender a justiça.

Quem traz em seu íntimo, depósitos de valores, não chegará à “vergonha de ser honesto”, como ironizou Ruy Barbosa. Mas, acompanhar CPIs sob a batuta majoritária de bandidos, que invés de inquirir aos suspeitos blinda-os, ouvir noticiários falaciosos de uma imprensa igualmente prostituta, cansa a beleza das almas que ainda não se venderam ao Diabo.

O consolo de quem cultivou valores virtuosos em tempo oportuno, é que, a imensa passeata dos vícios, marchando garbosa na avenida da indecência sob a batuta da imunda banda dos interesses, não basta para arrastá-lo para a avenida. Como diria Buarque, ficará de longe vendo a banda passar.

Se as circunstâncias logram ser cruéis, o tempo é juiz sóbrio e lançará na devida lata de lixo, toda a banda podre. Poderoso É O Juiz que os julga!

Enquanto os biltres fazem suas precipitadas festas no plantio, os íntegros terão seus júbilos no devido tempo, da colheita.

Paixão pelas trevas



“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

“Deus não toma em conta os tempos da ignorância” Atos 17;30
Porém, a reação obstinada contra a luz, não pode ser adjetivada dessa forma. Trata-se de uma escolha consciente, iluminada; não, de um lapso.

Por isso, a apreciação da rejeição à luz começa com aquela palavra tão sisuda: “a condenação.” Sendo a opção de alguém, pelo que Deus abomina, a quem reclamará pela sua perdição. “... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

Mudarmos algo conceitualmente, não o cambia essencialmente. O Absoluto é rocha; o relativismo, neblina. O mal segue sendo o que é, as trevas, igualmente; mesmo se lhes colocarmos os rótulos de bem, ou, de luz, respectivamente. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

Aquilo que aprovamos ou reprovamos, deriva, necessariamente de duas premissas; digo, de uma, ou outra. Uma: Alinhamos nosso querer e aprovação às coisas que Deus revelou que aprova; outra: seguimos o conselho do inimigo que mandou romper num “brado de independência”; “Sereis como Deus, vós mesmos sabereis o bem e o mal.”
Os desdobramentos podem sofrer variações, mas os princípios, não. Agiremos segundo um, ou, outro.

A fonte da qual bebemos identifica quem somos, no reino espiritual, a despeito do aplauso ou das vaias que a “torcida” mundana oferece. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

A polêmica do momento é a tentativa dos movimentos LGBTs de ingerirem nas mensagens que os cristãos pregam. O direito de eles fazerem o que quiserem de suas vidas sexuais, ninguém nega. Cada um age como desejar.

A peleja se dá porque alguns desejam colocar o quadrado e o círculo na mesma forma geométrica. Cristianismo bíblico e práticas pecaminosas são coisas que não combinam.

Não significa que cristãos não pequem; antes, que devem ouvir A Palavra de Deus como Ele revelou, e, deparando com seus erros, mudarem suas posturas, até atingirem a regeneração que Deus deseja. Isso inclui héteros e homossexuais, vale para todos. O fato de que Deus É Amor, não anula ao “vá e não peques mais” que O Salvador dizia a cada pecador que se arrependia.

Ontem ouvi o pastor Hermes Fernandes chamar de “mensageiros de Satanás” aos que denunciam o homossexualismo como um erro.

Estaria o adversário interessado em anunciar A Palavra de Deus? Ela diz: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;” Lev 18;22 “... deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Rom 1;27
“Não erreis: nem devassos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o Reino de Deus." I Cor 6;10
etc.

Segundo o pastor, o “espinho na carne” dos gays seria a “homofobia”; e os que pregam contra, seriam “mensageiros de Satanás”, aludindo a um incidente pessoal de Paulo, que usou essas figuras.

Seja o que for que o referido espinho, ou mensageiro signifiquem, mesmo orando três vezes pela remoção, Paulo não foi atendido. “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza...” II Cor 12;8 e 9

Segundo a “exegese” do pastor Hermes, pois, Paulo seria um gay que estaria orando a Deus para silenciar quem denunciava seu comportamento como sendo um erro. Mas, não foi ele que escreveu o texto citado acima, de que os tais estariam fora do Reino?

A revolta contra a luz, a defesa apaixonada pelas obras das trevas faz isso; reduz alguém que pode ser brilhante em outros aspetos da interpretação, num ser bisonho, ridículo, com limitações de um neófito.

Cegar não procede de Deus. Antes do “Deus” alternativo, o príncipe do mundo. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Longe do verdadeiro cristão o discurso de ódio! Expor-se a mercê de ataques ferrenhos, como acontece, para advertir alguém que corre risco de perdição eterna é uma ousada demonstração de amor. Não creio que mensageiros de Satanás façam isso.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Esse estranho; o amor


“Portanto, deixará o homem pai e mãe, se unirá a sua mulher e serão dois numa só carne; assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Respondeu-lhes: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim.” Mat 19;6 a 8

Os religiosos debatendo com Jesus acerca do casamento. O Senhor o colocara como monogâmico, (os dois) heterossexual (o homem se unirá à sua mulher) e indissolúvel (não separe).

Como que, tendo achado um ponto fraco na Doutrina do Mestre alguém perguntou: “Então, por que Moisés mandou dar carta de divórcio?” O Salvador ensinou que, tal concessão tinha a ver com a ruindade humana, não com o projeto original. “por causa da dureza dos vossos corações... mas, no princípio não foi assim.”

As permissões Divinas têm a ver com nossas limitações, não com Sua Vontade que é “boa, perfeita e agradável.” Rom 12;2

Se, “o amor jamais acaba”, por que tantos casamentos se desfazem diariamente, sempre sob o estigma que ele acabou?

Se nos ativermos apenas à duração do amor, sem atentarmos para as demais características poderemos ver algum simulacro dele, e confundir com o próprio. “O amor é sofredor, benigno; o amor não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” I Cor 13;4 a 8

Se essas qualidades todas estiverem presentes num relacionamento, certamente ele permanecerá. Senão, pode ser que, mera atração física, paixão, tenham sido confundidos com amor; arrefecido o calor dessas febres, juras e promessas usadas como moedas de troca em busca da conquista também alçarão voo, deixando um vácuo a testemunhar que “o amor acabou”.

Somos compostos de corpo, alma e espírito, como admoesta Paulo: “... vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” I Tess 5;23

Deus não criou o homem para fracioná-lo; toda união que Ele abençoa deve contemplar os três aspectos da personalidade humana.

Os apelos do corpo são os mais elementares, atinentes, sobretudo, às formas, aos atrativos estéticos que despertam o desejo de outro, ao apelo sensual. As qualidades de alma atinam aos gostos musicais, intelectuais, esportivos, formas de lazer várias, ambientes, viagens, etc. As afinidades espirituais requerem que ambos creiam no mesmo Deus, tenham interesses parecidos, na adoração, oração, meditação na Palavra.

Se, dois formarem uma família identificados nos três níveis, então teremos algo unido por Deus, que o homem não separará. “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” Cant 8;7

Essas celebridades que exibem coleções de casamentos, beirando a duas dezenas, invés de uma procissão de amores, como poderia parecer ao incauto, deixam patente um deserto, uma busca inglória, infrutífera, por sequer saberem direito o que buscam. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Uma característica ensinada pelo Salvador sobre os últimos dias da humanidade seria essa; o arrefecimento do amor, pelo crescimento da iniquidade. “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Mat 24;12

O efeito colateral desse lapso se daria na banalização dos casamentos. “Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca e não perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também na vinda do Filho do homem.” Mat 24;38 e 39 Banalização nos relacionamentos e alienação espiritual, infelizmente.

A dureza do coração humano precisa ser tratada, pois, para que ele seja regenerado e volte à comunhão com O Criador, como foi no princípio. O único meio possível para isso é através do feito de Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Resolvida a questão do “divórcio” com Deus, pela escravidão ao pecado, poderemos pertencer a Cristo eternamente. Não sem motivo, pois, A Palavra figura a Igreja como a Noiva de Cristo.

A dureza dos corações, no âmbito espiritual também enseja separação; não, para novo casamento, antes, para perdição. “segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Fábio de Melo e os aplausos

 

“Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” Luc 14;30

Sina comum dos que começam bem, mas cedem ao apelo das seduções; se tornam defensores dos erros que deveriam denunciar.
“Se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito; a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Deparei com um vídeo onde o padre Fábio de Melo fala o seguinte: “Muitos cristãos ainda não entenderam que uma das causas da morte de Jesus foi justamente combater o rigorismo religioso que oprimia de um lado, e favorecia a hipocrisia de outro.”
Reprovando ao que, a mídia e os globalistas comunistas, alinhados a ela, chamam de “discursos de ódio”; (ele chamou rigorismo religioso) quando, pregadores enfatizam que, certos comportamentos sexuais contrariam à Palavra de Deus.
Como ele parece gostar de sair bem na foto, ao lado dos ímpios e suas narrativas “inclusivas”, mais do que da verdade, emprestou sua voz e prestígio para discursar em favor dos ventos da mentira que sopram no mundo. Toda impiedade o aplaude.
Jesus ensinou a sermos cautelosos com a aprovação humana também; “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Que O nosso Salvador atuou contra a hipocrisia religiosa e o formalismo oco, as Escrituras testificam. Entretanto, em lugar nenhum fracionam os motivos pelos quais Ele deu Sua Vida. “... Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” I Cor 15;3 “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.” Rom 4;25 “Ele é a propiciação pelos nossos pecados...” I Jo 2;2
Esses textos e muitos mais, deixam patente por que Cristo morreu; todos os pecadores, com todos tipos de pecados. Portanto, qualquer tentativa de fracionar isso, fazer parecer uns erros mais nefastos que outros, não passa de um eufemismo barato, derivado de astúcia maligna, para defender o indefensável, parecendo defender virtude e justiça.
Óbvio que, quem ensina santidade e não pratica é um hipócrita; a Palavra adverte: “Tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as, escaparás ao juízo de Deus?” Rom 2;3 Por isso, a aplicação da disciplina está atrelada à coerência: “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6 Hipocrisia é um mal em qualquer lugar; sobretudo, nas vidas dos guias espirituais.
Quanto ao rigor, porém, algumas coisas precisam ser melhor entendidas. Quem pensa que a Graça de Deus, manifesta em Cristo significa portas abertas para licenciosidade e toda sorte de erros, ainda não leu a Bíblia; se o fez, não entendeu.
A Lei, cuja função não era salvar, mas conduzir ao Salvador, tratava das coisas superficialmente; Cristo aprofundou; requereu cuidado com as causas; “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; qualquer que disser ao seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” Mat 5;21 e 22
Mais: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” vs 27 e 28

Quanto à punição pelo agravo à graça, o rigor também cresceu: “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29
Portanto, caro frei, Jesus Cristo deu Sua Vida pelos nossos pecados; como nos deu O Espírito Santo como Ajudador, fez ainda mais severas exigências a quem quiser ver O Eterno. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14
Como não quero figurar bem perante a Globo, nem aos demais defensores do sistema, não tenho problemas com a verdade.

Ter grande influência como ele tem, não lhe dá maior autoridade, antes, responsabilidade. “... muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3;1

Figueira amaldiçoada


“De manhã, voltando para a cidade, teve fome; avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! A figueira secou imediatamente.” Mat 21;18 e 19

O Senhor estava reduzido à condição humana; portanto, sujeito às mesmas coisas que nós, como sentir fome.

Todavia, ensinou e viveu priorizando a Vontade de Deus, antes das necessidades naturais. “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

“... Seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come. Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer? Jesus disse-lhes: Minha comida é fazer a vontade daquele que Me enviou, realizar Sua Obra.” Jo 4;31 a 34

Quanto a comida, dela abriu mão por quarenta dias, priorizando as coisas espirituais; “quarenta dias foi tentado pelo diabo, naqueles dias não comeu coisa alguma;” Luc 4;2

Essas passagens fazem entender que, a fome do Salvador era diferente da nossa. Ele ensinou: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna...” Jo 6;27 Logo, concluirmos que, Ele estaria com tanta fome que, à impossibilidade de saciar-se, pela ausência de frutos na figueira o levasse a amaldiçoá-la seria uma estupidez.

Somos reputados plantação Dele; “... vós sois lavoura de Deus...” I Cor 3;9 Em Seus ensinos ampliou; “Não escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Os frutos que O Eterno deseja são de outro tipo; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão! Justiça; eis aqui clamor!” Is 5;7

O Salvador contou uma parábola; “certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque, se der fruto, ficará; se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;6 a 9

Quando do incidente da figueira amaldiçoada, o ministério do Senhor tinha passado de três anos já, tentando convencer os de Seu povo levando-os ao arrependimento. Havia cavado e estercado a planta e nada de frutos, apenas, rejeição, perseguição. Então, usou o episódio da figueira como uma parábola viva, tipificando Sua ruptura, com o establishment religioso hipócrita.

 Expressou claramente noutro momento: “Portanto, vos digo que o Reino de Deus vos será tirado; será dado a uma nação que dê seus frutos.” Mat 21;43

Tendo sido rejeitado pelos Seus, O Salvador “enxertou” na árvore da salvação, aos que creram, de qualquer nacionalidade; “Veio para o que era Seu, os Seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

Olhando para a “figueira” decepcionado pela sua rejeição O Senhor lamentou; “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis ajuntar teus filhos, como a galinha aos seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. Em verdade vos digo que não Me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em Nome do Senhor.” Luc 13;34 e 35

Folhas de figueira foram usadas no Éden, quando o primeiro casal pecou, para lhes encobrir a nudez. Esvaziar-se de Sua Glória e descer entre nós e ensinar as veredas da vida, em busca de frutos, e colher apenas rejeição, foi a gota d’água, destilada por aquela geração ímpia. “Nunca mais nasça fruto de ti!”

Israel continua sendo o povo da promessa, amado por Deus; mas, ainda não consegue ver ao Messias de modo a dizer: “Bendito o que vem em Nome do Senhor!”

Quanto aos gentios, o risco é o mesmo, caso sejamos omissos em produzir os frutos que O Eterno deseja. “... pela sua incredulidade (aqueles) foram quebrados; tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não poupe a ti também.” Rom 11;20 e 21

“Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.” Jo 15;2

terça-feira, 13 de junho de 2023

Brechas nos muros


"Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do Senhor. Viram vaidade, adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os enviou; fazem que se espere o cumprimento da palavra.” Ez 13;5 e 6

Antes de denunciar o que os falsos profetas faziam, O Senhor lembrou o que eles não faziam; “Não subistes às brechas nem reparastes o muro...” O omisso, relapso nas coisas mais elementares, por que seria diligente nas importantes? “Um abismo chama outro abismo.”

Quem é espiritual identifica que há uma disputa em tempo integral pelos nossos pensamentos, pelo domínio dos temas a ocuparem-nos a mente. Se negligenciarmos às coisas santas, de modo automático acabaremos mesclados às profanas. Quando se diz que, “mente desocupada é oficina de Satanás” a ideia é essa. Que sendo o homem alheio ao que deve, mais cedo ou mais tarde estará se ocupando do que não deve.

Devemos disciplinar nossos pensamentos; “... tudo o que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, se há alguma virtude, algum louvor, nisso pensai.” Fp 4;8

O mundo aplaude irreverência, independência, atrevimento, esperteza e coisas afins; a nós que somos de Cristo essas “virtudes” seriam brechas; não apenas devemos evitar a arrogância, o orgulho e similares, como, à medida que essas “cartas” forem postas à mesa, devemos “jogar” outras melhores; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Expor o que supostamente O Eterno dissera aos “profetas” óbvio que era mais fácil que organizar as coisas à luz do que fora dito em dias idos já, sobre a Vontade Divina e o dever dos que invocam Seu Santo Nome. Reparar as brechas, tem a ver com denunciar descaminhos do povo; chamá-lo de volta à obediência. Só um profeta idôneo faria assim. Os citados por Ezequiel estavam longe disso.

Quando compôs suas lamentações perambulando entre as ruínas de Jerusalém, Jeremias bem sabia de quem era a culpa: “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura; não manifestaram tua maldade, para impedirem teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs, motivos de expulsão.” Lam 2;14

Manifestar a maldade de quem se desencaminha, é reparar o muro, tapar as brechas. A mensagem de correção, exortação, nunca é popular. Porém, os falsos profetas laboram em causa própria, buscando aplausos, aceitação, não a correção de rumos de quem está errado. Nos dias de Paulo já havia os que evitavam os temas mais sisudos de olho apenas em facilidades; “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora repito chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, cuja glória é para confusão deles; pois, só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3;18 e 19

Os erros desses, além de mascararem suas mortes espirituais, servem muito bem aos interesses da oposição; pois, mais que ir minando a fé dos crédulos que lhes rodeiam, profanam ao Nome do Senhor, fazendo parecer que Ele falha em Suas promessas; O Senhor não os enviou, porém, usam O Nome Dele como fiador, fazendo os crédulos esperarem o cumprimento da suposta palavra do Eterno.

Se, então era necessário reparar o muro sanando as brechas para estar firme no dia da peleja, agora muito mais. Naqueles dias, falsos profetas viçavam quais ervas daninhas; agora a profusão é assustadora. Basta que alguém abra as redes sociais, onde esses salafrários semeiam seu joio, para ser informado que “O Senhor lhe reservou três bênçãos”; sempre incondicionais, no quesito, abandono de pecados; no máximo hão de requerer uma “curtida” ou a partilha da mentira em busca de outras vítimas.

Nossa fé nunca foi atacada como agora. Censura, coerção, afrontas, falsificações, deboches, blasfêmias, infiltrações de ministros da oposição, perversão da sã doutrina... porém, os “profetas” seguem “anestesiados” distribuindo facilidades! Pilantras!

“Não mandei esses profetas, contudo, eles foram correndo; não lhes falei, mas, profetizaram. Porém, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito o Meu povo ouvir as Minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Todos os dias os “aríetes” da imprensa a serviço do maligno tentam abalar nossos muros; os farsantes seguem ensinando edificar sobre a areia; desprezíveis, uns e outros.

Permanecemos firmados na Rocha. “Em Deus faremos proezas; porque Ele é que pisará nossos inimigos. Sal 60;12

domingo, 11 de junho de 2023

Natureza do combate


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

O bom combate. Essa distinção deixa evidente que há combates que não são bons. Que nem por todas as coisas vale a pena lutar. Há lutas que são inglórias, mesmo vencendo-as.

“Vitórias” que pessoas ímpias tiveram, conquistando altos degraus, e prazeres que lhes pareciam oportunos, necessários, uma vez convertidos se lhes tornaram vergonha. Paulo mencionou de passagem; “Que fruto tínheis então das coisas de que agora (convertidos) vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertos do pecado, feitos servos de Deus, tendes vosso fruto para santificação; por fim, a vida eterna.” Rom 6;21 e 22

As “conquistas” pretéritas dos que se converteram a Cristo, tinham a ver com a servidão deles, ao pecado. “agora, libertos do pecado...” Então, “vencer” nesse prisma não é conquistar algo, antes, perder-se sob o domínio de um feitor maligno que nos conduz à perdição.

A luta que vale à pena tem a ver com a eternidade que ela reserva aos vencedores. Na epístola aos hebreus, aos que pensavam em retroceder depois de terem tido um início promissor, foi posta a seguinte situação: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 Parte da peleja estava pendente.

Eis a identidade do “bom combate!” Tendemos a ver de longe os erros alheios. Combatermos contra o pecado requer que enfrentemos os vícios que se abrigam em nós, não, alhures.
O episódio da mulher adúltera registrado em João ilustra bem essa faceta da falta de noção humana. Todos estavam com pedras para atirarem na acusada; uma vez desafiados a olharem para si mesmos antes de julgarem-na, cada um recolheu sua fúria, dando assento à vergonha, à culpa.

“... acabei a carreira...”
às vezes confundimos terminar, com acabar. Terminar algo tem a ver apenas com encerrar, sem nenhum apreço sobre a perícia, a qualidade do que foi feito. Acabar é terminar com esmero, com toques refinados, que chamamos de acabamento.

No Velho Testamento, tempo de batalhas terrenas, havia uma maldição aos relapsos: “Maldito aquele que fizer a Obra do Senhor fraudulosamente; maldito aquele que retém sua espada do sangue.” Jr 48;10

No Novo, quando não devemos mais lutar contra carne e sangue, o bom combate é realizado dentro de nós mesmos; assim, o ser omisso na obra, tem a ver com acariciar ainda vícios na alma; abandonar alguns pecados, sem ser exaustivo, deixando a todos. A arma da vez é outra: “... a Espada do Espírito, que é A Palavra de Deus;” Ef 6;17

Podemos lançar longe alguns vícios mais rasteiros e conservar os de estimação, nos recônditos de ser. A luta agora, requer profundidade; retoques de acabamento em nossas almas, que A Palavra chama de santificação. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

O Salvador condicionou o vermos a Deus, a uma limpeza profunda em nós; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8

Paulo alinhou o direito a disciplinarmos, aos desobedientes, apenas, depois que os disciplinadores eventuais, se tornarem exemplares em suas posturas. “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10;6

Coerência necessária exposta ainda na Carta aos Romanos; “E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as, escaparás ao juízo de Deus?” Cap 2;3

Acabarmos nossa carreira, além da santificação demandada de cada um, tem a ver ainda com o cuidado de não sermos tropeço aos demais.

“... guardei a fé”. Não se trata do nosso inalienável direito de crer; antes, do conteúdo no qual nos cremos. Quando alguém, ou algo ameaça nossa fé, geralmente o faz pervertendo a mensagem na qual cremos, não vetando-nos de crer. Então, Judas, em sua epístola exortou a se batalhar pela fé, explicando o motivo: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” v 4

Todo ser humano crê em alguma coisa; mesmo os ateus acreditam que suas fantasias negacionistas da realidade têm algum sentido.

Sabedor disso, o inimigo não luta para negar-nos o direito de crer; antes, para perverter o teor daquilo em que cremos. Paulo adverte: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8

Paulo “cantou vitória” quando condenado à morte, porque entendia a natureza do combate no qual militava: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer.” Luc 12;4