quinta-feira, 30 de março de 2023

Olhar para trás


“No Senhor Deus de Israel confiou, de maneira que depois dele não houve quem lhe fosse semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.” II Rs 18;5

Ezequias empossado aos 25 anos tomou medidas que, veteranos, antes dele, não ousaram. Despedaçou ídolos, desfez bosques usados como lugares de culto; até mesmo a serpente de metal, que Moisés fizera nos dias dos murmuradores, a qual, também se tornara um ídolo.

É próprio do homem, buscar referências horizontais para justificar suas escolhas. Das feitas, defende-se: Eu fiz, mas fulano também o fez; das desejadas: Também quero, todo mundo tem, só eu que não.

Contudo, nossa peleja por “isonomia” geralmente se dá na questão dos direitos; não, dos deveres, do custo de algo. Até anelamos os bens alheios; nunca, o custo, as responsabilidades.

Ezequias não olhou para os feitos de reis pretéritos, como justificativa aos seus. Agiu por suas próprias motivações e foi além; “não houve quem lhe fosse semelhante, nem entre os que foram antes dele.”

Felizes os que, invés de dependerem da mediocridade adjacente como parâmetros, olham para Deus, tendo na Sua Expressa Pessoa, Jesus Cristo, como exemplo a seguir, a imitar. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;5 Sentimento, e consequente modo de agir.

O risco de nos satisfazermos com os míseros degraus que ascendemos é atrofiarmos nossos “músculos” pela falta de movimento. “... exercita a ti mesmo em piedade...” I Tim 4;7

As aflições têm um efeito colateral positivo, se, delas lograrmos algum aprendizado; por outro lado, a ausência delas poderia ser deletéria, em prejuízo da têmpera já infundida em nossas almas; como disse alguém: “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.”

Olharmos horizontalmente, tendo eventual semelhante como parâmetro pode ser uma inspiração, dependendo de nossa estatura em relação ao tal; ou, mero comodismo, se nos presumirmos estar no lugar de repouso, no topo da escalada.

A Palavra de Deus colocou um Parâmetro inatingível, para que não nos conformemos com rasas conquistas. Devemos crescer, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes...” Ef 4;13 e 14

Tanto, o que uns estão fazendo, num sentido positivo, não deve ser nosso teto, quanto, o que outros desfazem em detrimento dos próprios ministérios e da Obra, deve nos desanimar. “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.” Oswaldo Cruz.

Quando O Salvador “encorajou” a se dizerem inúteis os que fizessem apenas o ordenado, ou, desafiou a andar duas milhas quando a demanda fosse por uma, tinha em mente isso: Ir além do lugar comum, dar asas à criatividade; ousar em direção ao alto.

O bom exemplo é vital, mais eloquente que a mais completa das pregações! Não se trata de negar isso; é indispensável para quem é infante, ou adolescente espiritual, o estímulo de bons referenciais. Algo visível também desperta fé; “... muitos verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;3

Porém, o alvo desse escrito são os obreiros, para que, não se deem à acomodação, olhem para o alto e ousem segundo O Espírito Santo os inspirar.

Embora a ousadia normalmente aponte para a frente, nos tempos presentes, onde, tanto o modernismo, quanto, o liberalismo solaparam à sã doutrina, corajosos são os que olham para trás; para um tempo em que dormiram os que deveriam vigiar, e infiltrados da oposição disseminaram seu joio doutrinário. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Se, quanto à forma e os meios, todas as novidades podem ser úteis, no que tange ao conteúdo, à essência, não há espaço para “melhoramentos”, muito menos, para aberrações “inclusivas” onde se presume que, pintando a coruja de verde, a mesma se tornará papagaio.

Que a máquina do tempo mova suas engrenagens! Quem lida com valores eternos deve ter como meta permanecer, perseverar, não “evoluir”. Afinal, “Jesus Cristo É O Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8

A Ló e sua família foi ordenado não olhar para trás, porque o juízo estava em curso (sua mulher desobedeceu e pereceu); na inversão de valores que grassa, o que vem pela frente porá a perder quem se deixar persuadir.

Não é questão estrita de tempo; mas, de quem ensina, e o quê. “Olhai para Mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu Sou Deus, não há outro.” Is 45;22

A oposição


“Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem seus caminhos, não permanecem nas suas veredas.” Jó 24;13

Após descrever feitos dos ímpios, Jó sintetizou com essas palavras os mesmos; oponentes da luz, ignorantes sobre seus caminhos, avessos às suas veredas.

Adiante, prosseguiu: “De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, de noite é como o ladrão. O adúltero aguarda o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum; oculta o rosto, nas trevas minam as casas, que de dia marcaram; não conhecem a luz.” vs 14 a 16

Seu negócio é com a noite, ainda que, de madrugada, já às barras de um novo dia. O escuro lhes é um sócio, um estímulo a fortalecer as mãos, “não conhecem a luz.”

Somos exortados pela Palavra de Deus, a andar na luz. Não termos nada a esconder, nem mesmo, nossos erros; “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Os renascidos em Cristo devem deixar o antigo habitat, rumando ao novo. “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13;12

A conversão é uma migração de um reino para outro; “Para lhes abrires os olhos, das trevas os converteres à luz, do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em Mim.” At 26;18 Disse O Salvador

A idônea mensagem evangélica não flui para que os homens se sintam bem, ouvindo-a; antes, se sintam mal. “Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2;37

Ouvir que andou errado o tempo todo, está espiritualmente morto e se prosseguir assim, irá à perdição, não traz alento nenhum a ninguém. Por isso, os que ouviram o “chaveiro abrindo as portas do Céu” compungiram-se; sentiram aflição moral, pesar, arrependimento.

A vinda do Salvador foi descrita assim: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” Jo 1;5

Entenderam que a luz significava a revelação de seus descaminhos, e a rejeitaram. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Porque, o homem anseia por aprovação, mesmo vivendo de modo réprobo. Como a luz insiste em reprovar seus passos, torna-se avesso à mesma. “Trocaram a noite em dia; a luz está perto do fim, por causa das trevas.” Jó 17;12

A inversão de valores, a profanação das coisas sagradas, se dá, porque os poderes aqui estão nas mãos dos maus. Assim, pouco a pouco “ganham terreno” na rejeição global Àquele que É a Luz do Mundo, Cristo. “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

O mundo, em sua adesão suicida ao pai da mentira consegue viver e promover, total inversão de valores. Mas, com quais argumentos dobrará, aos que, chamados por Cristo, deixaram o reino das trevas onde viviam e passaram a andar com Ele? Chamam de “discursos de ódio” às pregações da Justiça Divina, que, junto ao amor que perdoa, desafiam a um novo modo de vida, os que foram perdoados.

Tal pecha deixa patente o que eles chamam de “amor”. Se, a correção em justiça lhes equivale ao ódio, naturalmente, dar asas a toda sorte de perversões, e libertinagens, ao gosto de cada um, seria o amor. Não o de Deus. Ele diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;5 e 6

Pois, “se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos.” v 8

Se fossem apenas inclinações humanas a incentivar suas ações, tenderiam, os ímpios, a manter “distância segura” da luz, como Adão fez: “Ouvi Tua voz e me escondi, porque estava nu.”

Porém, há um espírito por detrás disso, que pretende o lugar de Deus. Esse, detentor do poder sobre a impiedade, mais que fugirem dela, faz seus títeres se oporem à luz.

Pregadores até; gente que trocou a verdade pela mentira, agora trabalha para novo pai. Desprezam os Divinos Juízos em nome do “amor” de Deus. Vimos acima, a que tipo de amor se referem.

O que se fez, de novo se fará, nada novo debaixo do sol. “Viu Deus que era boa a luz; e Fez separação entre luz e trevas.” Gn 1;4

quarta-feira, 29 de março de 2023

Religiosidade vã


“O sacrifício dos ímpios já é abominação; quanto mais oferecendo-o com má intenção!” Prov 21;27

O caráter dos ofertantes, ímpios; e a intenção má. Não raro, a impiedade também se manifestava na qualidade do que seria sacrificado.

Malaquias denunciou uns que pecavam religiosamente, em seus dias: “Ofereceis sobre Meu altar pão imundo, e dizeis: Em que Te havemos profanado... Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? Quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? aceitará a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos.” Mal 1;7 e 8

Então, o caráter do ofertante, a intenção da oferta, bem como, a qualidade da mesma eram aspectos relevantes.

Porém, vivemos nos dias da Nova Aliança, isso não tem a ver conosco; será? “Jesus Cristo é O Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8 Aquilo que é errado diante Dele, o é, em qualquer tempo.

O que mudou entre um e outro pactos, é que, após O Sacrifício Perfeito e Eterno de Cristo, já não há espaço nem necessidade de outro. “... porque permanece eternamente tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Heb 7;24 e 25

O ministério dos “sacerdotes” que anunciam Cristo, foi figurado como se, estivessem aplicando sobre as pessoas, a eficácia do Seu Sangue, oferecido de uma vez por todas. Pedro, escrevendo aos judeus crentes, na dispersão, os chamou de “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para obediência e aspersão do Sangue de Jesus Cristo...” I Ped 1;2

Santificação pelo Espírito, “obediência”, depois, convidar outros a entrarem na Nova Aliança, “aspergindo o Sangue de Cristo.”

Quando reiteramos nossos pecados, não carecemos sacrificar outro animal, como na Antiga Aliança. Nosso arrependimento e confissão ao Senhor, evocam outra vez, a eficácia do Redentor, se, nosso ato contrito é sincero. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, O Justo.” I Jo 2;1

Impiedade, má intenção ou sacrifício defeituoso eram motivos para rejeição; na Nova Aliança, ainda é assim. A graça não tornou as coisas mais fáceis, “apenas” fez possível o que, antes dela não era.

Da má intenção quando alguém ora, por exemplo, Tiago advertiu que dará em nada; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3 O Salvador ensinara qual deve ser a prioridade dos Seus: “buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Quando os samaritanos rejeitaram a Jesus, mesmo os que andavam com Ele se deixaram seduzir por um mau intento; “Seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias fez?” Luc 9;54

Nos dias de Elias o rei mandara soldados para que o “buscassem”, o que significava, prender; Jesus, apenas não fora aceito; eram momentos e circunstâncias distintas, no prisma da Vontade Divina. “... Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las...” Luc 9;55 e 56 Muitas vezes, a ignorância acerca do querer de Deus “patrocina” maus passos.

Quanto aos ímpios, mesmo que façam muitos milagres no Nome do Senhor, sua sorte não mudará; “... Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;23

Esses que enganam com pretensos dons, manipulações e profetadas, estão enganados pelo inimigo, que os convenceu que isso é esperteza. “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.” II Tim 3;13

A “prosperidade dos ímpios” não resiste a um breve escrutínio da luz. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição.” Sal 73;17 e 18

Sacrifícios defeituosos são possíveis ainda, embora, o de Cristo seja Perfeito, Eficaz e Eterno. Quando, os maus motivos ou a impiedade ainda se abrigam naqueles que invocam ao Santo Nome, invés da “Aspersão do Sangue de Cristo”, como ilustrou Pedro, ocorre, a profanação do Mesmo, por gente que ignora a distância que deve separar o santo do profano. “... o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Enfim, o sacrifício aceitável proposto é: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

segunda-feira, 27 de março de 2023

Escarnecedores


“O escarnecedor busca sabedoria e não acha, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14;6

Um provérbio antitético, onde, a segunda parte se opõe à primeira. O que busca pela sabedoria e não a encontra, e outro que, a descobre fácil. Embora o tradutor tenha posto “conhecimento” a estrutura mostra tratar-se da mesma coisa, sabedoria.

Conhecimento é uma posse amoral, que pode muito bem habitar no ímpio ou, no justo; a sabedoria não é tão pródiga assim.

Os dois sujeitos em apreço são opostos por razões morais, não intelectuais; escarnecedor e prudente. O primeiro causa aversão tal, no Eterno, que há uma bênção prometida aos que evitam sua companhia; “Bem-aventurado o homem que... não se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Atitudes réprobas aos Divinos Olhos, O Santo espera que sejam também assim, aos nossos; “Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? Aquele... a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra aos que temem O Senhor...” Sal 15;1 e 4

A falácia que, por Deus Ser Amor aceita tudo, não chega nem perto da verdade. Corresponder ao Seu Amor requer obediência; “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23 Essa bendita habitação nos responsabiliza de tal forma, que devemos manter larga distância, de posturas e ambientes, que esse mundo imoral e “inclusivo” glamouriza.

Honrar alguém pela manifestação de sua fé, está longe de ser um feito dos escarnecedores. Esses, mais facilmente tacharão nossa crença de “discursos de ódio”, ou coisa pior.

Todavia, o prudente leva sua vida de outra forma; “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; o conhecimento do Santo a prudência.” Prov 9;10

Em nome da prudência, aliás, O Salvador ensinou a nem se pregar Sua Palavra onde o nível moral fosse demasiado baixo; “Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis aos porcos vossas pérolas, não aconteça que as pisem e, voltando-se, vos despedacem.” Mat 7;6

Embora, na forma e meios, o Evangelho possa desfilar mediante gente de pouco conhecimento, expressão não mui esmerada, lábios de pecadores como somos, na essência, seus ensinos tratam de coisas santas, com as quais, os escarnecedores não têm menor intimidade.

Dadas as nuances do caráter desses, nasce uma estranheza a perguntar: Por que, os tais, buscariam sabedoria? Para melhor escarnecer? Praticar essa baixaria em “alto nível”?

A sabedoria, por sua essência, recusa-se a atuar como ferramenta de destruição. Mantém distância segura dos habitats da má índole.

O prudente garimpa pelo saber com motivos melhores; a esse Sophia facilita o trabalho; “Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas. Pois, quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará, a inteligência te conservará;” Prov 2;4 a 11

Notemos que, antes de se haurir a sabedoria, precisamos conhecer sua fonte; “... entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus.” O Eterno É cuidadoso ao escolher para quem a lega; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos...”

Os que o mundo reputa sábios, muitas vezes não passam de astutos, velhacos. Há uma diferença diametral entre a “Sabedoria do Alto” e as artimanhas rasas dos espertalhões da terra.

Paulo pontuou essa discrepância: “Mas falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 e 8

Tiago ampliou: “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3;17

Se nenhum dos príncipes do mundo conheceu, foi por Divina escolha; “... Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e revelaste aos pequeninos.” Mat 11;25

Paulo reitera e anexa o motivo: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas para confundir as fortes... Para que... Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.” I Cor 1;27 e 31

O escarnecedor procura sabedoria e não acha, porque “... Deus não se deixa escarnecer...” Gál 6;7

domingo, 26 de março de 2023

Os pastores


“Porque os pastores se embruteceram, não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram; todos seus rebanhos se espalharam.” Jr 10;21

“O mercenário que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, não tem cuidado das ovelhas.” Jo 10;12 e 13

Dois cenários: Um, onde as ovelhas se dispersam, por causa dos maus pastores; outro, onde os maus pastores fogem e abandonam-nas. Os dois são preocupantes, pois, em se tratando de nossas vidas, sempre é um risco colocarmos nossa confiança em guias desleais.

Se tivesse que escolher o menos grave, optaria pelo que, as ovelhas fogem vendo a ruindade dos “pastores”. Pois, no outro, elas são abandonadas pelos líderes, ficam à deriva.

Nos dias de Jeremias a dispersão era literal, espalhavam-se mesmo, por causa do sacerdócio corrupto, e das mensagens de falsos profetas, (hoje muita dispersão ocorre velada, por abandono da sã doutrina, seguem agrupados, mas distantes de Deus) houve um período que aqueles preferiram ser enganados pelos farsantes; “Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” Cap 5;31

Então, entre se dispersar por não compactuar com a maldade, ou, seguir maus obreiros, traindo a si mesmo, a primeira escolha parece a menos ruim. Tal dispersão é uma fuga da aridez espiritual, em busca, quiçá, de melhores águas e pastagens.

“Maldito aquele que fizer a Obra do Senhor fraudulosamente; e maldito aquele que retém sua espada do sangue.” Jr 48;10

No contexto do Velho Testamento, pela conquista da terra, a espada era literal. Fazer a Obra do Senhor, em muitos casos, demandava se dispor para o combate.

Débora desprezou alguns que fugiram da luta. Os que ficaram filosofando sobre agruras da guerra, enquanto o pau quebrava; “Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração.” Jz 5;16 e os que se recusaram decididamente a pelejar. “Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor, acremente amaldiçoai aos seus moradores; porquanto não vieram ao socorro do Senhor, ao socorro do Senhor com os valorosos.” Jz 5;23

Vemos que, fugir da luta necessária implicava em maldição.

Na Nova Aliança, já não é a conquista da terra, mas, do céu que está em jogo. A parte que nos era impossível, O Salvador já fez por nós; a que podemos, devemos; porém, “... não temos que lutar contra a carne e sangue, mas, contra os principados, potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12

Então, “Revesti-vos de toda armadura de Deus... também o capacete da salvação, e a Espada do Espírito, que é A Palavra de Deus;” Ef 6;11 e 17 

O combate se dá no âmbito do entendimento; qualquer perversão da verdade semeada aí, deve ser desfeita pelos que podem ver na dimensão espiritual. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

A oposição faz seus ataques aí; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Sendo esse combate com a “Espada do Espírito” a Palavra de Deus, essa, necessariamente, apontará para a cruz de Cristo e Seu Sangue Imaculado, nela derramado por nós. Qualquer mensagem pretensamente salvífica, que, não tenha a redenção de Cristo como fator central, é só o derivado do engano, de um falso pastor, que, no afã de agradar, entreter, fabrica alternativas espúrias, retirando sua espada do sangue. Isto é: Deixando de tributar a Cristo nossa salvação.

Paulo denunciou-os desde seus dias já; “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3;18 e 19

A importância de pastores idôneos não pode ser exagerada. Nenhum homem prudente se atreveria sem O Divino Chamado; “... porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas...” Heb 13;17

Se me perder pela influência de um mau líder, perdemos os dois. Porém, mestres fiéis terão galardão eterno. “... os que a muitos ensinam a justiça, resplandecerão como estrelas sempre, eternamente.” Dn 12;3

sábado, 25 de março de 2023

Os que voltam atrás


“Lembra-te de onde caíste e arrepende-te; pratica as primeiras obras; senão, brevemente a ti virei, tirarei do seu lugar teu castiçal, se não te arrependeres.” Apoc 2;5

Embora o pecado se disfarce com prazeres, sensação de liberdade, triunfos, a única coisa que ele opera necessariamente, é a queda dos que a ele se entregam. “lembra-te de onde caíste...”

Paulo adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” I Cor 10;12

O pecador pode fruir por um pouco, os píncaros da glória, a sedução dos prazeres, comodidade, desconhecer restrições; todavia, se não se arrepender em tempo, não passa de um morto-vivo, futuro hóspede do inferno aguardando na antessala; traidor de si mesmo, perdulário com seu mais precioso bem, a vida.

Nosso pecador em apreço conheceu ao Senhor, viveu nele por certo tempo e retrocedeu; isso fica subentendido na exortação: “... pratica as primeiras obras...” restava a encenação religiosa, sem devido compromisso com O Senhor.

Mais: O chamado ao arrependimento trazia junto a ameaça de se remover seu brinquedo favorito. “... tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.”

A carta fora endereçada ao anjo de certa igreja, (pastor) o castiçal significava a igreja. “... os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” Apoc 1;20 Assim, o não arrependimento do líder abalaria toda a coletividade a ele ligada e poria a perder seu ministério.

Normalmente pensamos, ante uma chamada ao arrependimento, que alguém deve parar de praticar determinadas coisas que ofendem a Deus. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13 O arrependimento é uma mudança de mente, que, necessariamente terá reflexos no agir.

Entretanto, em se tratando de apostasia, a abordagem é diferente. Invés de exortarmos alguém a parar de fazer algo, devemos exortá-lo a parar de não fazer, de ser omisso; “... pratica as primeiras obras...” Isso implica que, o alvo da correção andara bem, e pouco a pouco mudara seu proceder.

Desgraçadamente, alguns, invés de se arrependerem dos pecados, se arrependem de os ter abandonado. Sentem saudades do “Egito”, como muitos no êxodo. A isso se chama apostasia, retroceder, voltar atrás. A Palavra de Deus é categórica: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Embora nem sempre ousemos pensar nisso, O Eterno deseja ter prazer conosco. Como no ato conjugal, a excelência está em ser o prazer partilhado por ambos os cônjuges, também na relação espiritual, O Criador deseja ter prazer conosco.

Primeiro nos abençoa sem termos méritos, depois espera que correspondamos ao Seu Amor, escolhendo às coisas que O aprazem. Ele denunciou ao povo do Antigo Pacto: “Também Eu escolherei suas calamidades, farei vir sobre eles seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus olhos; escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

A ênfase exagerada no Amor Divino muitas vezes serve como “camuflagem” cretina, dos que se recusam a abandonar seus pecados prediletos. Ora, todo amor anseia ser correspondido. No caso do amor de Deus, tal correspondência requer nossa renúncia das vontades carnais, e obediência ao Divino querer. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

Quem supõe que a Graça ampliou uma porta que a Lei estreitara, ainda não entendeu as funções de uma e outra. A Lei colocou os “sinais de trânsito” para nosso andar na estrada da vida; como dirigimos muito mal, estávamos com estrondoso excesso de “pontos na carteira” e multas impagávei, O Salvador veio e com Sua Graça nos “anistiou”, para que, então, deixemos que Ele dirija nossas vidas; abandonamos nosso “carro” suicida da autonomia, e entramos para um coletivo, (igreja) onde seremos guiados pelo mais hábil condutor, se, apenas seguirmos Suas diretrizes. “... as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua voz.”

A Lei não foi dada para salvar; antes, para deixar patente nossa necessidade do Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

A caminhada com Ele, num mundo que se lhe opõe não é uma jornada fácil.

Contudo, dificuldades vistas da perspectiva correta devem nos aproximar mais, invés de nos afastar. Alguns retrocedem; outros, no entanto, mesmo com lutas, se esforçam para fazer ainda melhor; “... tuas últimas obras são mais do que as primeiras.” Apoc 2;19

Como águas paradas se corrompem, assim a vida espiritual estagnada. O comodismo estacionário não apenas nos tolhe de crescermos; canta canções de ninar, enquanto embala o leito da morte espiritual.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Nossa paz


“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti.” Is 26;3

Isaías apresenta a paz como uma consequência. “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Cap 32;17

Perseverarmos firmes em Deus, quando a justiça nos sorri, não é uma tarefa difícil.

Mas, “dona Justa” nem sempre nos convida à sua mesa. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5;6 Prometeu O Salvador. Devemos seguir fiéis, mesmo quando não fruímos nossos direitos.

Fartura para os que têm fome e sede de justiça será realidade no porvir. No lugar das devidas recompensas, segundo O Divino Juízo. “Porque o Filho do homem virá na glória de Seu Pai, com Seus anjos; então dará a cada um segundo suas obras.” Mat 16;27

Qual o sentido de ajuntarmos tesouro nos céus, se as recompensas fossem todas aqui? Paulo ensina: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cro 15;19

Uma mente firmada no Eterno, necessariamente, terá vigoroso componente de fé; pois, vendo e padecendo injustiças, aflições de toda sorte, o venturoso perseverante continua “vendo” a certeza das promessas, firmado na Integridade Divina, não nas circunstâncias.
“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das que se não veem.” Heb 11;1

O homem natural pode estranhar a paz do que é espiritual, bem como, sua firmeza mesmo em face a eventuais decepções. Ouçamos Paulo outra vez: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

O fato de o Criador conservar alguém em paz, refere-se, sobretudo, ao relacionamento consigo. Pois, “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Tal paz é um patrimônio interior, portanto, não depende do que ocorre nas relações interpessoais.

Quando O Eterno nos ordena algo, a rigor está construindo uma cerca ao nosso redor; se O obedecermos de modo a preservar nossa paz com Ele, assim será; porém, nem sempre estaremos também em paz com quem nos rodeia.

De nossa iniciativa devemos ser promotores da paz. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14 O convívio com semelhantes nem sempre é pacífico, não por nosso desejo, mas, porque, algumas vezes não é possível. “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

Fazermos ouvidos moucos quando O Eterno fala, também é uma forma de jogar fora esse bem, precioso, nossa paz. O Santo lamentou, no tocante a Israel: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar!” Is 48;18

De novo, encontramos justiça e paz de mãos dadas. Sendo o outro lado da moeda, dos injustos em atritos, igualmente verdadeiro: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Nos provérbios encontramos breve apreço da mulher adúltera, como alguém errante e sem paz; “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Quando alguém “procura” algo que sequer sabe o que é, no fundo, foge e disfarça sua fuga apenas. “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

A consciência foi colocada em nós como um aferidor moral. Adverte antes de maus passos, e traz seu peso, depois que os damos. Samuel Bolton definiu assim: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

O homem que confia em Deus, necessariamente O obedece; tendo puxado o freio no tempo certo, nenhum açoite resta a roubar-lhe a paz.

Pregadores lisonjeiros, que acenam com Divinas promessas, sonegando o necessário compromisso, apenas traem aos inimigos de Deus, invés de promover a paz mediante reconciliação. “Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6;14

Que o mundo siga exaltando ímpios, glamourizado devassidões, promovendo injustiças, legitimando pecados... nossa paz não está pela impiedade adjacente; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1